História Ovar

O litoral de Ovar encontrava-se compreendido no maior segmento de costa baixa e lisa do país, mas nem sempre isso aconteceu, porque primitivamente a ria não existia e o mar avançava mais para o interior, formando uma baía. Aliás, conforme ensinam Amorim Girão, Alberto Souto e Jaime Cortesão, todos os terrenos do concelho de Ovar, a oeste da linha do caminho-de-ferro (actualmente a estação da CP de Ovar dista cerca de 5.200 metros do litoral, estando a uma altitude de 17,24 metros do nível do mar) foram domínio do mar.

A formação da Ria é contraditória, pois há quem lhe dê uma longevidade de quatro milénios, mas também quem lhe aponte os meados do século X ou mesmo XI, como início da sua sedimentação. Tudo leva a crer que, no século X, a linha da costa passava em Ovar. No entanto, o afastamento progressivo da linha da maré fez com que Ovar ficasse cada vez mais no interior, decaindo como porto de mar.

Porto salineiro e de pesca na Idade Média, é citado num documento laudatório com data de 12 de junho de 922, inserto no Livro Preto da Sé de Coimbra, tendo resultado da aglutinação de vários lugares, entre os quais a vila de Cabanões (28 de abril de 1026), São Donato (1101) e de Ovar (24 de fevereiro de 1046).

Povoação antiga, terá em 922 sido doada por Ordonho II de Leão ao mosteiro de Castromire. Já era vila em 1600, e tinha dois juízes ordinários, três vereadores, três escrivães do judicial e notas, e quatro companhias de ordenanças.

Antigamente era o cabido da sé do Porto que lhe apresentava o parocho, com o titulo de vigário. O primeiro abbade foi o actual, collado em 7 de fevereiro de 1854. O padroado da egreja de S. Christovào de Cabanôes (Ovar) o deu D. Affonso m, em agosto de 1250, ao bispo do Porto D. Vicente e ao seu cabido, em troca de Sancta Maria do Lamegal. D. Diniz confirmou este escambo por carta regia de 9 de junho de 1292. Em 12 de setembro de 1446, por accordo entre o bispo do Porto, D. João de Azevedo, e o cabido da sua sé, ficou pertencendo a este. Paulo n confirmou este contracto em junho de 1468, pela bulia Pastor alis officii.

Ovar constituiu-se em Concelho desde 1251, com foral passado por Manuel I de Portugal em 10 de fevereiro de 1514.

Nos séculos XVIII e XIX destacou-se pela atividade piscatória, tendo os seus pescadores povoado grande parte do litoral português, fundado a Torreira, As Areias (São Jacinto), Espinho, e fixando-se ainda na Afurada, na Caparica, em Olhão, Paramos e no Ribatejo.

Em 1877, a freguesia de Ovar tinha 2 776 fogos, e 10 359 habitantes.

Foi em Ovar que Júlio Dinis redigiu "As Pupilas do Senhor Reitor" e esboçou "A Morgadinha dos Canaviais".

Por ter resistido aos monárquicos à época da chamada "Traulitânia" (1919), a vila foi feita Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito a 26 de Abril de 1919.