FARMACÊUTICO
A atuação do farmacêutico na Atenção Primária à Saúde (APS) inclui ações de dispensação de medicamentos e orientação farmacêutica, visitas domiciliares, apoio matricial às equipes de saúde, atendimentos individuais e compartilhados, participação em grupos de saúde interdisciplinares, além da participação na Comissão de Farmácia e Terapêutica. O farmacêutico, além de atuar na gestão do medicamento, auxilia na construção do cuidado da saúde dos usuários, acompanhando seus tratamentos, contribuindo com a equipe na promoção da saúde e qualidade de vida dos pacientes.
O QUE VOCÊ VERÁ AQUI:
Assistência Farmacêutica
A Assistência Farmacêutica trata de um conjunto de ações voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletivo, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o acesso e ao seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população (Resolução nº 338, de 06 de maio de 2004).
São responsabilidades comuns a todas as esferas de governo: desenvolver as ações de assistência farmacêutica e do uso racional de medicamentos, garantindo a disponibilidade e acesso a medicamentos e insumos em conformidade com a RENAME, os protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas, e com a relação específica complementar estadual, municipal, da união, ou do distrito federal de medicamentos nos pontos de atenção, visando a integralidade do cuidado (Portaria n° 2.436, de 21 de setembro de 2017, Art. 7°, XVII).
Atualmente, não temos medicamentos/insumos para diabetes no componente estratégico da assistência farmacêutica. Segue abaixo um quadro identificando quais são os medicamentos e insumos para diabetes do componente básico (que o paciente pega na farmácia básica do município apenas apresentando receita) e quais são os medicamentos do componente especializado (que o paciente precisa fazer solicitação via abertura de processos):
Veja nos botões abaixo as orientações específicas para solicitação de medicamentos do componente especializado:
Dispensação de Medicamentos
Até o momento, o SUS fornece à população algumas opções para o tratamento da Diabetes. Todas as dispensações devem ser registradas em sistema de informação próprio. Em Minas Gerais, as farmácias vinculadas ao SUS utilizam o Sistema Integrado de Gerenciamento da Assistência Farmacêutica - SIGAF, que é um software que existe há mais de 10 anos, e teve seu inicio no ano de 2007.
Além disso, o farmacêutico deve realizar a dispensação correta de acordo com a prescrição e realizar as seguintes orientações:
Como aplicar a insulina:
Acompanhamento Farmacoterapêutico
Método SOAP: Permite que você possa ordenar as informações do atendimento em uma sequência lógica para rápida consulta quando necessário. O processo clínico deve ser documentado de acordo com a metodologia SOAP pois a documentação da prática é essencial para o provimento de um cuidado contínuo com consistência e qualidade.
Subjetivo (S): Registram-se características como os sintomas relatados pelo paciente/cuidador e sinais observados pelo profissional de saúde.
Objetivo (O): Coletam-se as informações comprobatórias de diagnóstico, tanto dos exames físicos quanto dos exames complementares, incluindo os laboratoriais e de imagem disponíveis.
Avaliação (A): O profissional identifica o problema principal, elenca os outros problemas, se existirem, e estipula metas para resolução destes.
Análise dos Problemas Relacionados a Medicamentos (PRMs):
PRM 1: O paciente não usa os medicamentos que necessita;
PRM 2: O paciente usa medicamentos que não necessita;
PRM 3: O paciente não responde ao tratamento;
PRM 4: O paciente usa uma dose e/ou intervalo inferiores aos necessários para um medicamento corretamente selecionado;
PRM 5: O medicamento provoca RAM;
PRM 6: Interação fármaco-fármaco, fármaco-alimento ou fármaco-testes de laboratório;
PRM 7: Relacionado ao cumprimento; Ao abandono do tratamento.
Plano (P): São propostas as medidas terapêuticas a serem seguidas e que devem ser observadas posteriormente, como, por exemplo, pedidos de exames complementares.
FONTE: Assistência Farmacêutica na Atenção Básica, 2023.
Plano de Cuidado
Após analisar os Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM) definir, com a participação ativa do paciente, a melhor maneira de resolver/controlar os problemas identificados e garantir que os objetivos terapêuticos para cada problema de saúde sejam alcançados.
O farmacêutico deve identificar, resolver e prevenir os problemas relacionados ao uso de medicamentos, estabelecer objetivos terapêuticos e prevenir outros possíveis problemas.
Podem ser feitas algumas intervenções farmacêuticas:
Farmacológicas – Medicamentos isentos de prescrição
Modificação do estilo de vida
Encaminhamento (Profissional ou Serviço)
A partir do plano de cuidado traçado, avaliar se os PRMs foram resolvidos e se houve melhora nos resultados do paciente.
Orientações sobre Automonitoramento
Para os pacientes realizarem o automonitoramento em casa:
Fornecer os insumos;
Fornecer ficha para acompanhamento das medições;
Realizar a orientação sobre a forma de monitorar a glicemia:
Como medir: Inserir uma fita de teste no aparelho de glicemia; Espetar o dedo com a agulha do aparelho; Encostar a fita de teste à gota de sangue até preencher o depósito da fita de teste; Esperar alguns segundos até que o valor de glicemia apareça no monitor do aparelho.
Quantas vezes medir: De 4 a 6 vezes por dia.
Quando medir: Em jejum e 1h ou 2h após as refeições principais (café da manhã, almoço e jantar).
Anotar todas os valores medidos na ficha oferecida e apresentar na próxima consulta.
Programação / Solicitação de medicamentos em Minas Gerais
O Sistema Integrado de Gerenciamento da Assistência Farmacêutica (SIGAF) é o sistema de informação para gestão e acompanhamento da Assistência Farmacêutica no âmbito do SUS no Estado de Minas Gerais, constituindo assim uma ferramenta de gestão disponibilizada de maneira gratuita, de modo a permitir que os municípios registrem o conjunto de dados no que compete planejamentos, programações e pedidos, movimentações de estoque, entradas, distribuições, dispensações, ou ajustes de outras naturezas dos medicamentos e insumos constantes na RENAME e na Relação Municipal de Medicamentos (REMUME), conforme Resolução SES/MG nº 6.942, de 04 de dezembro de 2019. A Autorização de Execução de Compra (AEC) e a Autorização de Fornecimento (AF) de medicamentos do CBAF referentes às ARPE deverão ser emitidas necessariamente por meio do SIGAF, pelos Municípios aderentes, de acordo com os manuais operacionais do sistema. Caberá ao Município realizar a solicitação dos medicamentos constantes no elenco disponível nas ARPE, conforme cronograma previamente divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES/MG).
Trabalho Integrado Com Equipe de Saúde
Apoio matricial: gestão de casos e educação permanente.
A parceria multiprofissional e interdisciplinar para atendimentos em grupos proporciona um olhar ampliado, objetivando promover saúde e bem-estar, prevenir e tratar doenças e/ou agravos.
Atribuições do Farmacêutico:
Realizar trabalho integrado com a equipe de saúde no atendimento as pessoas com DM;
Dispensar medicamentos com apresentação de receita;
Orientar sobre o uso correto das medicações, efeitos colaterais e interações medicamentosas;
Fornecer glicosímetro, tiras reagentes e lancetas, bem como orientar sobre o uso;
Orientar sobre o uso correto do glicosímetro, preenchimento do diário de automonitorização;
Participar das reuniões de equipe para realização de plano de cuidado e atividades de educação permanente;
Organizar com a equipe ações intersetoriais de promoção da saúde;
Promover educação em saúde.
Educação em Saúde
A Educação em Saúde é uma ferramenta de muita importância para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A prática educativa baseada em diálogo e troca de saberes valoriza o conhecimento popular, estimula e respeita a autonomia do paciente no cuidado de sua própria saúde. É o principal instrumento que temos para a garantia do autocuidado que possibilitará o autocontrole por parte do paciente.
Estratégias:
Podem ser feitas atividades educativas-pedagógicas com os pacientes e/ou cuidadores, com foco no uso correto e racional dos fármacos.
Grupos terapêuticos para uso correto de insulina e insumos para controle do diabetes.
Grupos voltados para educação alimentar e nutricional e redução de peso (devido ao uso indiscriminado de medicamentos para a “perda” de peso).
Realização de grupos terapêuticos para incentivo à cessação tabágica.
Grupo terapêutico que aborde questões de educação e orientação sobre diabetes com encontros semanais, por quatro semanas consecutivas. Em cada encontro, um assunto é abordado por um profissional diferente. Ao final do grupo, o indivíduo estaria empoderado em relação à desmistificação da doença crônica, ao diabetes e à necessidade da farmacoterapia, além do cuidado dos pés e estímulo para o autocuidado e alimentação saudável.
FONTE: (“Práticas Farmacêuticas no Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (Nasf AB) 1a Edição Revisada -Versão Preliminar”, [s.d.])