ENFERMEIRO
É papel dos enfermeiros realizar consulta de enfermagem, solicitar exames, avaliar a sensibilidade do pé diabético, monitorar o tratamento, registrar as informações no prontuário, encaminhar os usuários com DM para avaliação dos demais profissionais na APS, assim como planejar, coordenar e avaliar as ações desenvolvidas pelos ACS e técnicos de enfermagem, além de realizar visita domiciliar, se necessário. Além disso, esse profissional é responsável por verificar mensalmente a relação de diabéticos na planilha de acompanhamento para avaliar a demanda, possibilitando o planejamento e reformulações de ações em saúde. Por fim, deve-se estabelecer junto com a equipe, estratégias que possam favorecer a adesão ao tratamento, além de promover educação em saúde.
O QUE VOCÊ VERÁ AQUI:
Consulta de Enfermagem
Caso Suspeito:
Investigar sinais e sintomas;
Solicitar glicemia de jejum;
Encaminhar para o médico os casos confirmados;
Registrar no prontuário.
Paciente inserido na planilha de acompanhamento:
Anamnese
Investigar:
Sinais e sintomas e resultados de exames laboratoriais;
Padrão alimentar, estado nutricional, histórico de crescimento, desenvolvimento (criança e adolescente) e ganho ou perda de peso;
Uso de medicamentos que podem promover hiperglicemia;
Tratamentos prévios: medicação, nutrição, educação;
Tratamento atual: medicação, dieta, uso de glicosímetro, medidas domiciliares;
Infecções prévias e atuais: pele, pé, dentes e sistema genitourinário;
Frequência, gravidade e causas de complicações agudas, como cetoacidose;
Sintomas sugestivos de complicações crônicas: coração, olhos, rins, bexiga, função gastrointestinal;
Avaliação de desordens do humor;
Histórico de atividade física e história reprodutiva, contracepção;
Hábitos de vida: tabaco, álcool, substâncias controladas, drogas ilícitas;
História familiar: diabetes, doenças cardiovasculares, doenças endócrinas, etc.
Exame Físico
Pesar, verificar altura, medir circunferência abdominal, aferir PA e ausculta cardíaca;
Avaliar estágio de maturação sexual (crianças e adolescentes);
Realizar palpação da tireóide, fígado, pulsos periféricos;
Examinar cavidade oral, mãos, pele e pés;
Inspecionar os pés em cada consulta para avaliar:
-Úlceras;
-Hiperemia; hidratação da pele; ausência de sudorese;
-Aspecto das unhas (encravadas e/ou deformadas);
-Deformidades dos dedos e deformidades do arco plantar (alteração aguda acompanhada de hiperemia e inchaço ou alteração crônica acompanhada de ulceração (pé de Charcot);
-Mobilidade articular limitada; áreas de calosidades, rachaduras, fissuras e bolhas;
-Medir sensibilidade a cada 03 meses.
Fechamento da consulta
Orientar quanto à auto aplicação de insulina, se necessário;
Seguir o manejo do pé diabético e orientar o paciente;
Avaliar manejo terapêutico;
Orientar quanto aos fármacos que promovem hiperglicemia;
Monitorar controle glicêmico, metabólico e cardiovascular;
Recomendar modificações no estilo de vida;
Encaminhar para programa de tabagismo, grupos de apoio ao alcoolismo e outros se necessário;
Agendar retorno para médico, com resultado de exames, se necessário, consulta de enfermagem e grupo educativo;
Registrar o atendimento no prontuário;
Fazer controle e avaliação de cada paciente diabético.
Fonte: Protocolo de Enfermagem: Atenção à Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus, 2021.
Orientação e Monitoramento do Tratamento
A abordagem quanto ao tratamento do paciente com diabetes deve preconizar a orientação de medidas que comprovadamente melhorem a qualidade de vida: hábitos alimentares saudáveis, estímulo à atividade física regular, redução do consumo de bebidas alcoólicas e abandono do tabagismo. Todos os profissionais da saúde podem e devem orientar essas medidas!
Diagnóstico das necessidades de cuidado
É a interpretação e suas conclusões quanto às necessidades, aos problemas e às preocupações da pessoa para direcionar o plano assistencial. É importante reconhecer precocemente fatores que podem vir a interferir no tratamento, visando atuar prevenindo e intervindo nesses problemas.
Planejamento da assistência
A partir de fragilidades detectadas em etapas anteriores, é necessário estratégias para prevenir, minimizar ou corrigir os problemas identificados.
Avaliação do processo de cuidado
Avaliar com a pessoa e a família o quanto as metas de cuidados foram alcançadas e o seu grau de satisfação em relação ao tratamento;
Observar se ocorreu alguma mudança a cada retorno à consulta;
Avaliar a necessidade de mudança ou adaptação no processo de cuidado e reestruturar o plano de acordo com essas necessidades;
Registrar em prontuário todo o processo de acompanhamento.
Estratégias de Adesão
É fundamental compreender que cuidar da pessoa com diabetes não é apenas responsabilidade dos profissionais de saúde. É necessário ter a pessoa como coparticipante e ator principal no cuidado. As práticas educativas e o cuidado centrado na pessoa são cruciais para a adesão ao plano terapêutico e para a sustentação das mudanças de comportamento.
Algumas estratégias para melhorar a adesão do paciente:
Educação do paciente: fornecer informações claras e precisas sobre a doença e seu tratamento, incluindo os riscos associados à falta de adesão;
Cuidado centrado na pessoa: envolver o paciente no processo de tomada de decisão sobre seu tratamento e personalizar o plano de cuidados de acordo com suas preferências, necessidades e habilidades;
Monitoramento da glicemia: fornecer aos pacientes ferramentas para monitorar regularmente sua glicemia em casa, como glicosímetros, pode ajudá-los a entender melhor os efeitos de suas escolhas de estilo de vida e medicação sobre seus níveis de glicemia;
Acompanhamento regular: garantir o agendamento de consultas regulares com os profissionais de saúde para revisar o plano de tratamento e monitorar o progresso do paciente;
Reforço positivo: reconhecer e recompensar as conquistas do paciente, como melhorias nos níveis de glicemia ou adesão ao tratamento.
Educação em Saúde
A Educação em Saúde é uma ferramenta de muita importância para melhorar a qualidade de vida dos pacientes. A prática educativa baseada em diálogo e troca de saberes valoriza o conhecimento popular, estimula e respeita a autonomia do paciente no cuidado de sua própria saúde. É o principal instrumento que temos para a garantia do autocuidado que possibilitará o autocontrole por parte do paciente.
Orientações para melhoria de indicadores do Previne Brasil
O Previne Brasil tem uma proposta de financiamento para a Atenção Primária que tem como base 3 critérios para o cálculo dos recursos:
Número de pessoas cadastradas;
Desempenho das equipes;
Adesão a ações estratégicas do Ministério da Saúde.
Logo, os enfermeiros devem:
Cadastrar no e-SUS os pacientes com DM na unidade de saúde onde trabalha;
Solicitar exame de hemoglobina glicada (essa solicitação deve ser marcada na ficha e-SUS como "Solicitado");
Coletar exames;
Agendar consultas de acompanhamento e sinalizar a periodicidade do retorno (este deve ser provisionado no cartão do paciente);
Registrar as ações desenvolvidas visando o alcance das metas dos indicadores.
Fonte: Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS)