música e litertura

MÚSICA

A Música típica de Mato Grosso do Sul é um conjunto de manifestações musicais, uma mistura de várias contribuições das muitas migrações ocorridas em seu território.

"O processo de revisão mnemônica e identitária motivado pela criação de Mato Grosso do Sul, entre 1977 e 1979, permitiu que, no âmbito artístico, um grupo de músicos e compositores, influente desde o final dos anos 1960, encontrasse naquele contexto a oportunidade de se estabelecer como legítimo representante da música regional sul-mato-grossense. Mesmo que a referência estético-musical mais popular nessa região tenha sido, ao menos desde a metade do século XX, a música sertaneja de raiz, com Délio & Delinha, Zacarias Mourão, Zé Corrêa, entre outros, esse ‘novo’ contexto inaugurou uma cena musical inédita, designada como “A moderna música popular urbana de Mato Grosso do Sul”, na obra de José Octávio Guizzo, importante personagem das artes sul-mato-grossenses. A característica fundamental dessa produção, gestada desde os Festivais de Música Popular de Campo Grande, entre os anos de 1968 e 1972, foi a fusão de elementos universais da música pop (rock, blues, folk, jazz, bossa nova, etc.), amplamente difundidos através de grandes veículos de comunicação (TV, rádio, cinema, imprensa escrita, etc.), com informações inerentes à linguagem musical dos países latinos, especialmente do Paraguai (polca paraguaia, guarânia e chamamé). Deve-se considerar também a influência da música gaúcha, cultivada nos CTGs, bem como a música sertaneja de raiz. Todas essas informações foram importantes no arranjo desse novo universo sonoro, experimentalista e híbrido. Além disso, os artistas envolvidos nesse circuito acabaram desempenhando um papel fundamental na história do Estado. Se Luis Gonzaga, a partir da difusão do baião, pode ser considerado uma espécie de ‘inventor’ da cultura regional do sertão nordestino, é inquestionável que artistas como Geraldo Espíndola, Paulo Simões, Almir Sater, Geraldo Roca, Guilherme Rondon, nesse mesmo sentido, também tenham ‘inventado’ a cultura regional de Mato Grosso do Sul. Tornaram-se inventores e difusores das identidades culturais e das belezas naturais da região sul-mato-grossense, ancorados, sobretudo, no ícone Pantanal, chegando a se autointitularem músicos pantaneiros."


Trecho do trabalho 'A música regional urbana de Mato Grosso do Sul', de Gilmar Lima Caetano

A cultura musical do MS, portanto, surge do aspecto histórico de duplas ou grupo que se utilizam de ritmos de todos os cantos da América do Sul para produzirem suas músicas. Paulo Simões, Geraldo Roca, Geraldo e Tetê Espíndola e Almir Sater, por exemplo, flertam com guarânias, polcas e chamamés, misturam o guarani com o português e utilizam fatos da história como inspiração. Pela década de 70, um forte movimento de músicos e artistas da terra apresentava Mato Grosso do Sul para o Brasil através de canções como Comitiva Esperança, tema da novela Pantanal, e Trem do Pantanal, considerada hino de nosso Estado. Os estilos musicais mais conhecidos no estado são o Chamamé (une raízes culturais dos povos indígenas guaranis, dos exploradores espanhóis e até de imigrantes italianos, na língua indígena guarani, chamamé quer dizer improvisação e utiliza o acordeão e o violão como instrumentos principais), a Guarânia (de origem paraguaia, em andamento lento, com canções renomadas como: Índia, Ne rendápe aju, Panambi Vera e Paraguaýpe), a Moda de viola (expressão da música caipira brasileira formado a partir das toadas, cantigas, viras, canas-verdes, valsinhas e modinhas, união de influências européias, ameríndias e africanas. Com uma estrutura que admite solos de viola e versos longos, intercalados por refrões, com letras extensas e que contam fatos históricos bem como acontecimentos marcantes da vida das comunidades onde são feitas), a Polca paraguaia (também conhecida como Danza Paraguaya, é um estilo musical criado no Paraguai no século XIX), o Sertanejo (antes chamada genericamente de modas, toadas, cateretês, chulas, emboladas e batuques, cujo som da viola é predominante, se propagou com violas e dueto vocal), o Sertanejo universitário (Munhoz e Mariano, João Bosco e Vinicius, Victor e Vinicius, Maria Cecilia e Rodolfo, Luan Santana, Michel Teló, Ramiro e Rafael e muitos outros nomes) e o Vanerão (também conhecido como limpa-banco, andamento mais rápido do que a vanera, é muitas vezes um tema instrumental. Quando cantado, dependendo do andamento e da divisão rítmica da melodia, exige boa e rápida dicção por parte dos intérpretes. Na dança as pessoas usam roupas originárias da Europa e Oriente Médio).

LITERATURA

Diz-se que em MS a literatura nasce, sobretudo, no meio rural, onde a solidão pantaneira e o brilho da paisagem são reinventados pelas palavras de Manoel de Barros, Augusto Cesar Proença, Abílio de Barros, Geraldo Ramon Pereira, Cláudio Valério, Raquel Naveira, Lucilene Machado, Paulo Coelho Machado, Orlando Antunes Batista, Flora Thomé, Adail José de Aguiar, José Pedro Frazão, Brígido Ibanhes, Pedro Nava, Elpídio Reis, Reginaldo Araújo, Rubenio Marcelo, Heliophar Serra, Maria da Glória Sá Rosa, José Couto Pontes, Emmanuel Marinho, Henrique Medeiros, Maria Adélia Menegazzo, Marcelo Marinho, Pe. Afonso de Castro, Paulo Nolasco, Hildebrando Campestrini, Hélio Serejo, Ulisses de Almeida Serra, Jorge Antonio Siuf, e outros muitos que se propõem traduzir em verbo as experiências interioranas em tantos diferentes âmbitos.

Nos sites da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras e da UBE – União Brasileira de Escritores é possível encontrar boas referências de escritores regionais. Há também uma nova safra de jovens romancistas com arcabouço muito próprio, sem preocupação com a regionalidade, mas com fortes características sul-mato-grossenses como Raphael Lugo Sanches, André Alvez, Zélia Nolasco, Alex Domingos, Fábio Gondim ...

Para Zélia Nolasco S. Freire, refletir sobre literatura é reforçar que o conhecimento literário produzido historicamente ocupa na prática cultural um lugar de privilégio, pois se coloca como objeto de interrogação, de dúvida e de pesquisa. “O que a literatura permite é ‘ir às raízes’, analisando autores, comentando textos, descendo às entranhas dos fenômenos, que atestam o modo de ser de sucessivas gerações (...) matéria viva de situações simbólicas geradoras de mundos desconhecidos” (Academia Sul-Mato-Grossense de Letras).