Os ambientes de manguezal, por serem amplamente distribuídos no mundo, possuem características climatológicas muito distintas entre si, possuindo cada ambiente um conjunto de condições especificas aos quais as suas espécies estão adaptadas.
As análises mais antigas denotavam que, por ser um ecossistema de aguas salobras, a salinidade do ambiente que cerca o ecossistema de manguezal é muito particular, derivada tanto do fluxo de agua dos deltas dos rios aos quais estão associados, como também do fluxo marítimo e quantidade de sal do oceano associado, formando um ambiente único em cada ponto de ocorrência, resultando em espécies que possuam um determinado gradiente de tolerância as mudanças do ambiente, favorecendo as com maiores tolerâncias ao sal.
Mesmo com estas análises estando corretas e a vegetal dos mangues esteja diretamente relacionada a sua tolerância ao sal, uma análise mais recente da biodiversidade dos manguezais, conduzidos pela U.S Geological Survey (OSLAND et al. 2017), demonstraram que, num geral, os dois fatores de maior influência na diversidade de espécies do ecossistema de mangues são Precipitação Anual (PA) e a Temperatura Mínima (TM), que influenciam diretamente a quantidade de sal presente nos manguezais. Segundo esta revisão, estes dois fatores se mostravam reversamente correspondentes, mas também relacionadas a fatores geográficos. Num geral, PA é o fator limitante nas costas ocidentais dos grandes continentes do mundo, enquanto TM seria o fator limitante nas costas orientais.
Principal fator de risco em caso de mudança climatica (Retirado de OSLAND et al., 2017)
Isso se deve, num geral, pelas correntes marítimas que perpassam estas regiões, sendo as espécies das costas ocidentais, regiões onde normalmente correntes frias são encontradas, mais adaptadas ao frio, ainda que com redução drástica na fitodiversidade. O principal exemplo desta relação se encontra no oeste da América do Norte, região limítrofe para os manguezais no mundo, apenas 1 espécie arbórea é encontrada. Contudo, ainda que esta região possua TM de -4,5ºC, isso se trata de um evento climático extremo e pontual, não representando o caráter térmico geral desta região. De maneira geral, a temperatura média mais baixa encontrada para os manguezais é 12ºC, com demais mangues subtropicais de oceanos frios (Oeste da Australia e Nova Zelandia) possuindo média de 16,5ºC. Contudo, a maioria dos mangues situadas nos trópicos se mantem entre 20ºC (mangues de correntes frias) e 26ºC (Mangues de correntes quentes).
Nos mangues de correntes quente, a PA se torna o maior limitante. Uma vez que há disponibilidade energética e o estresse térmico possui menor relevância, a menor salinidade do mar e a disponibilidade hídrica trazidas pelo alto índice de precipitação se tornam componentes essenciais para a manutenção de mangues biodiversos.
Ainda que a maioria dos manguezais tropicais e subtropicais prospere sob uma PA superior a 1m, com a maioria na zona dos 1,2-1,6m/ano, os manguezais do nordeste africano sobrevivem com míseros 0,43m de precipitação anual, suportando períodos extensos de seca, muito quando comparado as condições do árido e semiárido, mas pouco quando comparado com os demais manguezais do mundo.
Há ainda o caso dos manguezais presentes em golfos de baixa circulação marítima, como é o caso dos manguezais do golfo Pérsico, afetados tanto pela temperatura quanto pela precipitação, já que a salinidade destes golfos está associada diretamente tanto com a evaporação quanto com a chegada de água doce.
O caso dos mangues do Leste da Australia é ainda mais especial, uma vez que seu ambiente é seco, mas não tão quente, tornando os dois fatores limitantes para a diversidade dos manguezais.