Sismologia
A sismologia é a área da geologia que se dedica ao estudo dos sismos.
Um sismo é um movimento brusco e vibratório da superfície terrestre, resultante de acontecimentos no interior da terra, causados pela súbita libertação de energia armazenada nas rochas do interior da Terra.
Os sismos podem ter origem:
Antrópica - provocados pelo homem (por exemplo devido a explosões em minas, ou a explosões nucleares)
Natural - provocados pela natureza (por exemplo devido a vulcões, ao colapso e desabamento, ou à tectónica de placas)
A Teoria do Ressalto Elástico explica o mecanismo de formação de um sismo tectónico. Segundo esta teoria, as rochas acumulam energia e sofrem deformação elástica, e se continuar a haver pressão e acumulação de energia, quando a rocha atingir o seu limite de elasticidade, irá ocorrer a sua fraturar e irá dar origem a um movimento brusco. É neste contexto que se dá a libertação de energia, ou seja, o sismo.
Os pequenos sismos que antecedem o sismo principal são os abalos premonitórios e os que ocorrem posteriormente são as réplicas, que ocorrem do reajuste das rochas e são tão ou mais perigosos que o sismo principal.
O local do interior da Terra onde ocorre a rutura das rochas e onde se gera o sismo, é denominado de hipocentro ou foco sísmico. Já o ponto à superfície situado na vertical do hipocentro é o epicentro. A distância entre estes designa-se por profundidade ou distância focal.
Quando os sismos se geram no fundo marinho, devido ao epicentro se localizar no fundo oceânico, podem gerar-se tsunamis. A energia é transmitida para a água e forma ondas gigantes que apresentam elevado poder destrutivo.
Imagem retirada de Dias, A.; Guimarães, P.; Rocha, P.; GeoFoco 10, Areal Editores
Em resultado da fricção dos blocos ao longo da falha, gera-se calor e liberta-se energia sob a forma de ondas sísmicas. Estas são geradas a partir do hipocentro e podem ser:
Ondas de profundidade ou de volume- Estas estão divididas em ondas P e ondas S; propagam-se a partir do hipocentro e em todas as direções; e quando chegam à superfície dão origem às ondas de superfície
Ondas de superfície- estão divididas em ondas L e ondas R; resultam da interação das ondas de volume com a superfície terrestre; propagam-se à superfície ou próximo dela.
As ondas P, também conhecidas como ondas longitudinais ou primárias, são as mais rápidas e por isso são as primeiras a serem registadas; alteram o volume dos materiais que atravessam, paralelamente à direção de propagação; propagam-se em todos os meios; e a sua velocidade aumenta com o aumento da rigidez do meio e diminui com o aumento da sua densidade.
As ondas S, também conhecidas como ondas transversais ou secundárias, são mais lentas que as ondas P e por isso são as segundas a serem registadas; alteram a forma dos materiais que atravessam, perpendicularmente à direção de propagação; apenas se propagam em meios sólidos; a sua velocidade também aumenta com o aumento da rigidez do meio e diminui com o aumento da sua densidade.
As ondas superficiais ou longas resultam da interação entre as ondas S e as ondas; propagam-se apenas à superfície, ou seja, a partir do epicentro; são as mais lentas e por isso são as últimas a serem registadas; provocam uma grande deformação dos materiais devido à sua elevada amplitude, e por isso, estas ondas são as mais destrutivas.
Os sismógrafos são os instrumentos que registam os movimentos que são causados pelas ondas sísmicas e o registo efetuado por ele, é um sismograma. Um sismograma permite:
· Determinar o desfasamento de chegada das ondas P e S, o intervalo S-P;
· Identificar as diferentes ondas sísmicas e a sua velocidade de propagação;
· A profundidade do hipocentro e a localização do epicentro;
· A distância epicentral, que é a distância entre o epicentro e a estação sismológica.
Um sismo pode ser avaliado através de escalas de magnitude ou de intensidade.
A magnitude sísmica é um parâmetro objetivo que traduz a quantidade de energia libertada no hipocentro. A Escala de Richter é uma escala quantitativa, aberta, e logarítmica, ou seja, não é avaliada em graus. Independentemente de estarmos juntos ou afastados do hipocentro, a magnitude vai ser sempre a mesma.
A intensidade sísmica é um parâmetro subjetivo que avalia as consequências da destruição de um sismo numa determinada região. Esta mede a grandeza do sismo qualitativamente em função dos efeitos que produz nas populações e pelos estragos que causa. A Escala de Mercalli modificada classifica os efeitos de um sismo em 12 graus, nas quais o grau mais elevado reflete uma maior destruição. É uma escala qualitativa, pois baseia-se em inquéritos às populações sobre observações feitas durante o sismo, avalia a intensidade em função do grau de perceção das pessoas e do grau de destruição visível. Para um mesmo sismo, existem várias intensidades.
A intensidade de um sismo permite traçar uma carta de isossistas, mapas que permitem identificar as zonas de grande risco sísmico. Os isossistas são linhas curvas que mostram as regiões que o sismo afetou com a mesma intensidade. O ponto de maior intensidade será o mais próximo do epicentro.
Os sismos podem ser interplaca, quando ocorrem nos limites das placas tectónicas, ou intraplaca quando ocorrem dentro das placas. A maioria dos sismos é interplaca e os de maior magnitude ocorrem nos limites convergentes.
O registo das ondas e a sua interpretação permitiram deduzir que o interior da Terra não é homogéneo nem uniforme, devido aos materiais que o constituem, ou seja, as trajetórias das ondas sísmicas sofrem desvios devido às características do meio que atravessam. Ao passarem para meios com propriedades físicas diferentes, as ondas sofrem reflexões e refrações.
O trajeto e a velocidade das ondas P e S permitiram identificar superfícies de descontinuidade, que correspondem a meios de propriedades físicas e composição química diferentes.
Existem 3 descontinuidades:
Descontinuidade de Mohorovicic: Verificou-se que ao atravessarem camadas mais profundas, as ondas aumentavam a velocidade, o que indicava um aumento da rigidez. Assim, as ondas que sofreram refração e percorreram uma trajetória mais profunda, foram mais rápidas que as ondas direitas que percorreram uma trajetória menor e menos profunda. Esta separa a crusta do manto.
Descontinuidade de Gutenberg: As ondas S deixam de se propagar e as ondas P diminuem a velocidade, devido à mudança de um meio sólido para um meio liquido. A zona de sombra sísmica é a área do planeta onde não se registam ondas sísmicas. Entre o 103º e o 142º de D.E. não são registadas ondas P, pois estas foram refratadas. Entre o 103º e o 103º de D.E. não são registadas ondas S, pois estas deixam de se propagar. Esta separa o manto do núcleo externo.
Descontinuidade de Lehamnn: Esta separa o núcleo externo do núcleo interno. Verificou-se que as ondas P voltam a propagar-se no núcleo interno a uma velocidade superior à do externo, o que mostra que o estado físico volta a alterar-se, passando do líquido para o sólido.
(imagem retirada de: Reis, J.; Guimarães, A.; Saraiva, Ana Bela, Odisseia 10 – Geologia, Porto Editora)
Os sismos são fenómenos que tendem a causar muitos estragos e vitimas. Ainda não é possível prever a ocorrência de um sismo, no entanto já é possível ter uma ideia do risco. A previsão sísmica consiste na observação de dados e alterações geológicas, como por exemplo: alterações no campo magnético, anomalias no comportamento dos animais, sucessivos microssismos, e modificações na densidade das rochas.
A prevenção sísmica faz-se através de estudos geológicos dos diferentes terrenos, na aposta em construções antissísmicas e na educação da população.
Apesar da prevenção e da previsão contribuírem para a diminuição das consequências dos sismos, existem comportamentos a assumir pelas populações antes, durante e após um sismo.
Inês Costa (10.º ACT)