Dos princípios do raciocínio geológico à tectónica de placas
Ao longo do século XIX houve duas perspetivas a cerca da natureza dos processos geológicos.
Catastrofismo: as alterações verificadas na Terra são o resultado de eventos súbitos, de grande violência. Sendo assim, as variações do registo fóssil, verificadas em diferentes estratos de um mesmo local, seriam uma consequência de várias catástrofes ocorridas em diferentes momentos.
Uniformitarismo: as alterações ocorridas na superfície terrestre resultam do efeito acumulativo de fenómenos naturais que mudam a face do planeta de maneira uniforme, lenta e gradual (gradualismo).
Para os uniformitaristas, o conhecimento dos fenómenos que alteraram a Terra ao longo do tempo pressupõe a compreensão dos fenómenos que se verificam atualmente. Esta ideia é conhecida como atualismo ou princípio das causas atuais, em que o presente pode ser
entendido como uma “chave do passado”.
A partir do catastrofismo, na atualidade. Há uma corrente designada por neocatastrofismo que discute sobre as causas das extinções em massa. A Geologia moderna considera fundamental a influência que as grandes catástrofes tiveram ou terão na evolução da Terra. Deste modo, concilia estes fenómenos com os processos lentos e graduais enquadrados numa visão uniformitarista.
· Hipótese da Deriva Continental
De acordo com esta hipótese, os continentes atuais teriam estado unidos, formando o supercontinente Pangeia, rodeado por um único oceano chamado Pantalassa. Esta hipótese era baseada em quatro argumentos.
Argumento litológico- a semelhança entre as cadeias montanhosas e as rochas existentes em zonas continentais, separadas pelo oceano Atlântico.
Argumento morfológico- algumas margens continentais se ajustam como as peças de um puzzle.
Argumento paleontológico- a presença de fósseis da mesma espécie em continentes afastados atualmente por oceanos e que pertencem a animais que seriam capazes de os atravessar.
Argumento paleoclimático- em algumas áreas continentais, atualmente localizadas em zonas quentes, existem vestígios da ação de glaciares.
Mafalda Vieira (10.º ACT)
·Expansão dos fundos oceânicos
Através de sonares, conheceu-se a morfologia detalhada dos fundos oceânicos e formulou-se a hipótese da expansão dos fundos oceânicos, segundo a qual o fundo oceânico se forma nos riftes, expandindo-se em direções opostas. Esta formação e expansão é compensada pela destruição dos fundos oceânicos na região das fossas oceânicas.
A expansão dos fundos oceânicos foi comprovada por estudos do paleomagnetismo baseados nos registos magnéticos preservados nas rochas basálticas da crusta oceânica. O campo magnético terrestre tem polaridade normal mas o basalto formado noutras fases da história da Terra apresenta polaridade inversa, assim é possível através do estudo das rochas datar as variações do campo magnético ocorridas no passado.
A espessura da camada de sedimentos no fundo oceânico aumenta com a distância ao rifte, reforçando a ideia da idade crescente do fundo oceânico a partir da dorsal.
·Teoria da Tectónica de Placas
Esta teoria considera que a litosfera está fragmentada em placas litosféricas que se movem umas em relação às outras sobre a astenosfera. O movimento das placas litosféricas está dependente de correntes de convecção. Estas correntes resultam da diferença de temperatura entre os materiais que compõem o manto, sendo a causa da ascensão do magma nas zonas de rifte e de deslocação das placas litosféricas. A subducção, que corresponde ao afundamento das placas litosféricas na região das fossas oceânicas.
Tipos de limites de placas
Limites divergentes - corresponde aos riftes, onde ocorre formação de nova rocha a partir de magma que ascende do manto à superfície. São também chamados de limites construtivos por haver então formação de nova rocha.
Limites Convergentes – ocorre a colisão e a destruição de placas litosféricas e por isso são também classificados de limites destrutivos. Neste tipo de limite verifica-se o afundamento da placa mais densa.
Limites entre placas oceânicas: a placa mais antiga que é mais densa sofre subducção formando-se uma fossa oceânica e na placa que não ocorre subducção forma-se um arco insular.
Limites entre placa oceânica e placa continental: subducção da placa continental e formação de cadeia montanhosa, com intensa atividade vulcânica, na placa continental.
Limites entre placas continentais: resulta no espessamento crustal e na formação de uma cadeia de montanhas. Ocorrem sismos em ambas as placas.
Limites conservativos- as placas deslizam horizontalmente, não ocorre nem formação nem destruição de placa litosférica. Ao longo destes limites não se verifica atividade vulcânica, mas o atrito entre as placas origina intensa atividade sísmica.
A teoria da tectónica de placas é uma teoria unificadora que explica e relaciona processos geológicos. Por um lado, o movimento das placas gera fenómenos que podem assumir um carácter catastrófico, como os sismos ou as erupções vulcânicas, por outro, a formação de montanhas ou a abertura e o fecho dos oceanos resultam de alterações lentas e graduais de carácter uniformitarista.
Mafalda Vieira, 10ACT