A rasga mortalha é o nome popular que se dá , na região norte e nordeste, à uma pequena coruja, de cor branca, de vôo baixo. O atrito de suas asas , ao voar, produzem o som de um pano que está sendo rasgado. O povo acredita que, quando ela passa sobre a casa de alguma pessoa doente, ela esteja rasgando a mortalha do doente, que , assim está prestes à morrer.
Diz a Lenda que uma jovem chamada Suindara, moça de pele muito branca de trinta e poucos anos, era Carpideira (pessoa que era paga para chorar em enterros) e filha de um feiticeiro.
A jovem iniciou um namoro com um rapaz, porém a mãe deste rapaz jamais aceitaria esse romance por ser uma pessoa muito preconceituosa e a profissão de carpideira não era muito bem vista.
A mãe do rapaz descobriu o romance e arquitetou um plano para matar a jovem, plano este que foi devidamente executado por um de seus empregados.
Seu pai jurou vingança pela morte da filha e usando de seus feitiços descobriu quem era a mandante de seu assassinato. O feiticeiro utilizou-se de seus rituais e ressuscitou a alma de Suindara que entrou em uma grande estátua de coruja que ganhou vida.
Na mesma noite, a coruja com a alma de Suindara foi até a janela do quarto onde sua assassina dormia e iniciou um canto estranho e sombrio, com som semelhante ao do rasgar de roupas.
Na manhã seguinte, a mulher estava morta e suas roupas rasgadas. A partir deste dia a fama da "Rasga-Mortalha" se espalhou pelas cidades.