Título: Pôr a Escrita em Noite
Autor: Davi Reis
Género: Poesia
Editora: Corpos Editora
Colecção: O Espelho desta Hora
Design: Ângela Pereira Jr.
Imagem (capa): Eagle Nebula
Fotografia (contracapa): Ricardo Pinto
Impressão: Cromotema
ISBN: 978-989-617-380-7
Depósito Legal: 273723/08
Primeira edição: Março de 2008
Número de páginas: 91
Sinopse
"Pôr a Escrita em Noite" é a estreia poética de Davi Reis, um compêndio de 55 poemas forjados na cumplicidade da noite, na inquietude dos anos de transição da adolescência para a idade adulta. Neste livro, a palavra é confissão e reinvenção, pulsando com musicalidade própria e sensibilidade literária, em paradoxal intimismo universalista.
Os poemas são microcosmos de vida, entretecendo memórias, epifanias e reflexões, numa busca por significado que transforma o desassossego em criação e o silêncio em som. A noite, cúmplice e catalisadora, não é apenas cenário destas páginas: é céu, chão e confidente, um espaço-tempo onde o caos se reconcilia e a introspeção ganha voz.
Revisitado hoje, “Pôr a Escrita em Noite” revela-se mais do que uma estreia: é um marco inaugural de uma voz poética em formação, cuja ousadia e autenticidade prenunciam a singular evolução de Davi Reis, que, num trilho espinhoso de auto-conhecimento, acolhe o leitor em pacto cúmplice e silencioso, desafiando-o a refletir, sentir e encontrarem-se.
Podem ser encomendados a Davi Reis exemplares autografados através do e-mail hugofsimoes@gmail.com. O autor aprecia e agradece.
Papelanário (Lisboa)
X-Acto (Penafiel)
Vício das Letras (St.ª M.ª da Feira)
Livraria Orpheu (Guimarães)
Braga Books (Braga)
Livraria Bracara (Braga)
Análise Crítica
"Pôr a Escrita em Noite" é uma travessia íntima e inaugural pelas sombras e pelos clarões da condição humana, conduzida por um olhar que simultaneamente observa, reflete e transforma. Numa abordagem instintiva e multidimensional, o jovem Davi Reis captura nos seus versos a autenticidade impulsiva própria de uma transição abrupta da adolescência para os primeiros anos de vida adulta. Esta obra de estreia, nascida de agendas preenchidas em silêncios tardios, guarda ainda a pulsação crua e evolutiva de uma poesia que se descobre enquanto se escreve.
Em "Pôr a Escrita em Noite", a noite não é apenas cenário, mas cúmplice, céu e chão. É no silêncio das horas tardias que os poemas encontram a sua génese, em diletantismo que o autor descreve como libertário, num espaço-tempo onde a introspeção ganha voz e o caos é criativamente reconciliado. Esta cumplicidade confere ao livro uma qualidade oscilante entre a marginalidade criativa e o rigor intuitivo, permitindo que a palavra, frequentemente musical, explore universos de metáforas siderais, narrativas viscerais e observações sociais.
A escrita de Davi Reis, ainda em maturação, já revela aqui pluralidade estilística notável. Em poemas como "Janine et Marcel à la Gare Saint-Lazare", o autor conjuga memória e comoção para narrar encontros que transcendem o tempo, ao passo que em "A Liberdade Está Lá Fora" transcorre o quotidiano, fazendo de pequenas epifanias universos poéticos. Este diálogo entre a intimidade e a exposição, o pessoal e o coletivo, o micro e o macro, confere à obra uma dimensão extra-confessional, posicionando-se como testemunho de um jovem e atento olhar à imensurabilidade da existência.
A multiplicidade formal do livro não esconde a inquietação de quem experimenta e descobre, mas equilibra-se com sensibilidade estética apurada. O autor transita entre versos narrativos e epifanias líricas, explorando simultaneamente personagens tangíveis e abstrações metafóricas. Este trânsito literário, marcado pela intrépida ousadia da juventude, anuncia, no entanto, o surgimento de uma voz poética distintiva, cujo potencial se confirma e amadurece nas obras posteriores.
Em "Pôr a Escrita em Noite", Davi Reis inaugura uma carreira literária com a sinceridade de quem escreve não apenas para ser lido, mas para encontrar sentido no acto de criar. É um livro que pulsa com a energia fremente da descoberta e a promessa de uma evolução criativa, onde a noite, a memória e o verbo se entrelaçam numa dança visceral entre silêncio e som, luz e sombra, numa busca que é, antes de mais, pessoal e profundamente humana.
Jeremias Cabrita da Silva, viajante
"Seguro o cigarro,
condão de amparar o momento
com dedos amestrados
e o tremor incógnito do futuro,
desafiando o cadeado da vida"
Dedicatórias. Apresentação de "Pôr a Escrita em Noite" na Fábrica Braço de Prata, em Lisboa, a 27 de Março de 2008. Foto: João Trigo
"As alegrias não o são, se solitárias, se não partilhadas - e os mistérios desta praia deserta a que venho naufragar só talvez escondam tesouros nas areias que outrora formaram a grande escarpa da minha fronte, quando nada me resta senão procurar por mim próprio"
27 de Março de 2008
Lançamento de "Pôr a Escrita em Noite" na Fábrica Braço de Prata
Registo e edição vídeo de Ricardo Girão
“No porto de partida tem-se um vislumbre da felicidade.
Diria que bastava, para tanto, a absorção de um fotão
que m'iluminasse bruscamente mudado de intensidade”
Rita Medina ao piano
"Há sempre uma verdade em cada mentira,
mas o coração e a pele não enganam
quando as mãos sobrevoam um piano,
o atacam, orgástico, sem misericórdia,
e atingem toda a plateia, deixando um rasto
arrepiado à passagem do cometa com cauda"
João Pimenta, Paulo Amaral, Hugo Simões (Davi Reis) e Gustavo Silva apresentaram a obra
"A felicidade é uma quimera que passa à flor da pele
e arrepia no horizonte o pôr-do-sol, ao entardecer,
visto da proa de uma galera para não-sei-onde"
Muitas dezenas de dedicatórias assinadas
"Palavras nem sempre estão aquém
da dureza das pedras, do desapego do olhar,
do murro na mesa, do grito,
mas não conseguem igualar
este silêncio aflito"
"O tempo termina, caramelizado, na ponta do cigarro,
para se despir de novo a teimosia de existir"