A avaliação de risco consiste, como estudamos anteriormente, em um processo sistemático que avalia o impacto, as ocorrências e as consequências das atividades humanas, enquanto a análise de risco é o processo que auxilia na identificação e no gerenciamento dos potenciais riscos associados a um determinado evento ou situação, e na decisão sobre as ações preventivas, corretivas e mitigadoras a serem implantadas.
A definição de análise de risco como sinônimo da avaliação de risco é comum, devido a divergências de suas definições em diferentes países. Nos Estados Unidos, por exemplo, a avaliação de risco é definida como etapa da análise de risco, sendo o contrário no Canadá. Para a Society of Risk Analysis (Sociedade de Análise de Risco):
A análise de risco é amplamente definida para incluir avaliação de risco, caracterização de risco, comunicação de risco, gerenciamento de riscos e políticas relacionadas ao risco, no contexto de riscos de interesse para os indivíduos, para organizações públicas e privadas e para a sociedade no âmbito regional, nacional ou global (SRA, 2017, on-line - traduzido pelos autores)¹.
A análise de risco descreve o risco associado a cada possibilidade existente, cenários de falha, probabilidades, acidentes e consequências, tendo como foco os perigos agudos, as condições químicas e físicas com potencial para causar a morte de trabalhadores e perdas econômicas para as empresas (CASAL, 2017). Basicamente, deve responder a questões como:
• O que pode dar errado e por quê?
• Qual a probabilidade de dar errado?
• Qual a magnitude das consequências?
• Quais ações poderão ser aplicadas?
Neste contexto, analisar um risco envolve a determinação de valor quantitativo ou qualitativo para o risco. A valoração quantitativa é realizada por meio de cálculo da probabilidade de ocorrência e da gravidade das consequências potenciais, enquanto a análise qualitativa considera as ameaças identificadas, a extensão da vulnerabilidade e as medidas de ação utilizadas em caso de ocorrências, com base na percepção da equipe responsável pela segurança e sem o uso de métodos matemáticos (BROWN, 1998; CARDELLA, 2008; CASAL, 2017).
Para tanto são utilizadas metodologias ou técnicas de análise que permitem a identificação, a mensuração, a identificação, a correção, a prevenção e o tratamento dos riscos, possibilitando ao gestor identificar, ainda, os pontos vulneráveis no sistema de proteção.
A partir dessas informações, é possível equilibrar o nível de risco de forma adequada às operações da empresa, considerando um conjunto de fatores ambientais, físicos, humanos e operacionais que compõem a situação no momento de um acidente (cenário ambiental), de forma a evitar o desperdício de recursos na prevenção e mitigação dos riscos (CARDELLA, 2008; SILVA, 2011; NUNES, 2016).
Tipos de Análise de Risco
A análise de risco pode ser dividida em áreas diferentes: segurança (processos e instalações); saúde e ecológica (ou ambiental).
Análise de Risco na Segurança (Processos e Instalações)
O estudo da análise de risco na segurança consiste na avaliação da relação causa- efeito do perigo e seu risco, compreendendo as situações de baixa probabilidade, acidentes de alta consequência e efeitos imediatos. O foco é a segurança do indivíduo e a prevenção de perdas que possam ocorrer no ambiente de trabalho, principalmente dentro dos limites da empresa. As etapas do processo de análise de risco na segurança contemplam:
• Identificação dos perigos relacionados:
Materiais, equipamentos e procedimentos, considerando a localização, armazenamento, tipo do material, substâncias utilizadas nos procedimentos, frequência de uso, número de pessoas envolvidas;
Início das ocorrências identificadas (mau funcionamento, falhas, erro humano).
• Estimativa de Probabilidade e Frequência:
Probabilidade de ocorrência de acidentes e suas causas internas e externas.
• Análise de Consequência:
Avaliação da natureza e magnitude dos efeitos adversos resultantes dos eventos identificados.
• Avaliação e Determinação de Risco:
Análise integrada de probabilidades de ocorrências e consequências, resultando em estimativa de riscos de segurança.
A análise de risco na segurança, geralmente, é aplicada à segurança de processos químicos, transporte de produtos perigosos, na gestão ambiental, entre outros.
Análise de Risco na Saúde
Com foco na saúde humana, principalmente fora do ambiente de trabalho, sendo que as relações de causa e efeito não são facilmente estabelecidas e devem ser consideradas tanto as características inerentes ao risco quanto à susceptibilidade do organismo exposto ao risco (ANVISA, 2017).
Segundo Moraes (2010), o processo de análise de risco na saúde deve contemplar em suas etapas:
• Análise dos Dados e Identificação do Perigo:
• Características específicas de agentes químicos, físicos e biológicos no meio ambiente do local ou área em estudo;
• Quantidades e concentrações;
• Condições ambientais.
• Estudos de Dose-Resposta ou Toxicidade:
• Relação exposição e dose;
• Relação dose e efeitos adversos.
• Estudo de Exposição:
• Condições de exposição, rotas e dispersão;
• Potenciais de contaminação em relação aos indivíduos, incluindo subgrupos sensíveis;
• Tempo de exposição, quantidade e concentração.
• Caracterização de Risco:
• Análise da toxicidade e dados de exposição para qualificação e quantificação dos riscos;
• Análise de incertezas.
A aplicação da análise de risco na saúde é verificada em casos de contaminação do subsolo, no vazamento de gases tóxicos, na contaminação de alimentos, entre outros.
Análise de Risco Ecológico ou Ambiental
Nesse caso, a análise risco está focada nos impactos em habitats e ecossistemas e é caracterizada por interações complexas e sinergias entre ecossistemas, diferentes populações e comunidades, em âmbitos macro e micro, considerando também a cadeia alimentar. Outra especificidade é a grande incerteza na relação causa-efeito das ocorrências, uma vez que a área afetada depende do tipo de ocorrência, do local e ainda das condições climáticas, entre outros fatores que podem influenciá- la direta e indiretamente. As considerações nas etapas do processo de análise dos riscos ecológicos são:
• Formulação do Problema:
• Identificação da fauna e flora existente na área de estudo, com destaque às espécies ameaçadas de extinção;
• Identificação dos meios aquáticos;
• Estudos terrestres, como tipo de solo, relevo etc.;
• Identificação dos potenciais contaminantes e possíveis alterações na área em estudo.
• Estudos de Exposição:
• Identificação das comunidades, população e habitats expostos ao risco ou perigo;
• Tempo e concentrações de exposição.
• Estudos de toxicidade e efeitos ecológicos:
• Análise das águas superiores e subterrâneas, análise de solo e da atmosfera local;
• Determinação da toxicidade.
• Caracterização do Risco e Perigo:
• Identificação do risco ou perigo a partir da integração das informações coletadas em campo;
• Estabelecimento da causa-efeito;
• Identificação do grau de incerteza para os riscos
A análise de risco ecológico ou ambiental é utilizada em estudos ambientais, controle de fabricação de substâncias, licenciamento ambiental, determinação de locais para instalação de atividades industriais, monitoramento ambiental.
RELATÓRIO DE ACIDENTES AMBIENTAIS 2020
Anualmente a CGEMA compila e disponibiliza o “Relatório – Acidentes Ambientais registrado pelo Ibama” no link: <http://www.ibama.gov.br/ documentos/publicacoes>. O intuito do Relatório de Acidente Ambientais é o de reunir e analisar as informações sobre acidentes ambientais ocorridos no Brasil e informados ao Ibama. Os dados são apresentados de forma a facilitar a compreensão, por meio de gráficos, tabelas e explicações de fácil entendimento. O objetivo do relatório é orientar os envolvidos, direta ou indiretamente, no tema sobre os tipos de acidentes de maior ocorrência no país.
Fonte: Ibama (2020, on-line)².
A determinação do risco é realizada por meio de estimativas da probabilidade de ocorrência do dano e da sua gravidade potencial. Algumas metodologias utilizam o agrupamento de categorias para gravidade e probabilidade, o que permite a comparação e avaliação dos danos em conjunto (BSI, 2004, on-line)³.
Para tanto é necessário que sejam definidas as categorias de forma a permitir uma aplicação consistente por diferentes gestores em diferentes momentos. A BS 8800:2004, guia de Sistemas e Gerenciamento de Saúde e Segurança Ocupacional, da British Standard adota termos como “provável”, “improvável” e “muito improvável” para estimar de forma simplificada a probabilidade do dano e uma variação de “muito baixo” a “muito alto” para determinação da gravidade do risco e a categoria do risco em relação à sua tolerância.
Risco é qualquer ocorrência que resulte em perdas, prejuízo ou danos aos envolvidos, sendo o risco operacional a possibilidade de ocorrência de perdas resultantes de falha, deficiência ou inadequação de processos internos, pessoas e sistemas, ou de eventos externos.
Fonte: os autores.
Categorização do Risco
A definição das categorias dos danos deve ser realizada com cautela e deve garantir que reflita as consequências do dano em relação à saúde e à segurança em curto prazo e os efeitos sobre a saúde em longo prazo. A equipe responsável pela avaliação e análise de riscos no ambiente de trabalho deve ser treinada de forma a estar apta a considerar esses dois tipos de risco, sem que seja focado apenas um ou outro (BSI, 2004, on-line)³. No Quadro 1, é apresentado o exemplo de categorização da gravidade dos níveis de danos segundo a BS 8800:2004.
Quadro 1 - Exemplo de categoria de danos
Fonte: BSI (2004, on-line, traduzido pelos autores)³.
A empresa ou organização deve considerar sua realidade e objetivos na definição das categorias de riscos que serão utilizados, uma vez que cada tipo de atividade apresenta características específicas e nem sempre o que vale para uma valerá para outra, mesmo que sejam do mesmo setor.
Probabilidade de Ocorrência do Dano
Para determinar a probabilidade do dano, é necessário levar em consideração as medidas de controle existente e possíveis alterações, o que implica também a consideração de recursos disponíveis para as adequações necessárias. Caso seja uma empresa nova, a análise inicial deve considerar uma previsão dos riscos e as medidas de controle que serão implementadas.
As medidas devem ser embasadas na legislação vigente, seguindo as práticas e orientações publicadas pelas agências reguladoras e implementando controles apropriados a riscos específicos. Segundo a BSI (2004, on-line)3, além das informações específicas das atividades, a análise da probabilidade do risco deve considerar questões, como:
a. frequência e duração da exposição de um indivíduo ao perigo;
b. vulnerabilidade do indivíduo ou grupo de indivíduos (por exemplo, pessoal jovem ou inexperiente, mães grávidas, pessoas que trabalham sozinhas);
c. falhas potenciais de serviços, como fornecimento de água e energia;
d. falhas potenciais de componentes de instalações e máquinas e dispositivos de segurança;
e. exposição aos elementos;
f. proteção oferecida pelo EPI e se este é usado corretamente;
g. erros não intencionais ou violações intencionais de procedimentos, cometidos pelo indivíduo que realiza a atividade ou por terceiros, seja por falta de conhecimento, capacidade física, por subestimar os riscos, por comportamento, entre outros. Destaca-se que deve ser considerado o comportamento das pessoas em tarefas de rotina ou situações de emergência;
h. falhas potenciais de causa comum que aumentem a probabilidade de ocorrência de danos.
Vale ressaltar que as organizações não devem confiar apenas em dados históricos uma vez que não podem refletir as condições atuais de equipamentos, da forma de trabalho, do ambiente e das pessoas. Entretanto, para os casos de danos à saúde, uma análise histórica pode apresentar informações úteis sobre os padrões de ausência, facilitando a priorização do risco (BSI, 2004, on-line)³. O Quadro 2 traz uma categorização dos danos simplificada indicada pela norma BS 8800:2004:
Quadro 2 - Exemplos de categorias para probabilidade de danos.
Fonte: BSI (2004, on-line, traduzido pelos autores)³.
As organizações podem utilizar diferentes definições para as categorias de probabilidade e de risco, desde que sejam adequadas à realidade e às circunstâncias da organização, garantindo que “o intervalo seja apropriado tanto para incidentes específicos relacionados à segurança como para efeitos da saúde que possam se manifestar após uma exposição prolongada ao perigo ou algum tempo após a ocorrência do perigo” (BSI, 2004, on-line)³:
Onde existe uma série de formas possíveis de desenvolver um cenário perigoso, é apropriado selecionar uma amostra representativa para avaliação de risco. Deve-se tomar cuidado, no entanto, para garantir que a amostra selecionada seja efetivamente representativa e que as medidas de controle adequadas e suficientes para os casos amostrados também sejam adequadas e suficientes em outros casos potenciais (BSI, 2004, p. 48, traduzido pelos autores)³.
Segundo o dicionário da Língua Portuguesa, estimativa é: avaliação ou cálculo aproximado de algo; parecer sobre uma pessoa ou situação, baseado nas evidências existentes. De forma genérica, podemos afirmar que a estimativa é uma previsão do que, como e quando algo pode ocorrer e quais as consequências resultantes do fato. A estimativa varia de uma situação ruim, passando pela ideal, culminando na situação ótima e possibilita determinar o quanto um risco é aceitável ou não e, então, decidir sobre as medidas de controle e redução do risco e de seus danos potenciais a serem implementadas.
Por exemplo, a Polícia Rodoviária Federal realiza a Operação Carnaval com base no número de acidentes e locais de maior frequência que ocorreram em anos anteriores, no mesmo período. A partir dessas informações, conseguem montar um plano de ação preventiva e corretiva (legislação de trânsito com multas, por exemplo) e de ação efetiva, como mais policiamento no período para fiscalizar e coibir as infrações, visando reduzir os riscos e minimizar as consequências, em caso de ocorrência.
Utilizando a analogia, seria uma situação ruim o aumento do número de acidentes e de mortes nas estradas durante o período. Situação ideal seria a redução dos números em relação ao ano anterior, e situação ótima seria uma grande redução (40% ou mais) no número de acidentes e mortes em relação ao ano anterior, conforme determinado pela equipe responsável da elaboração do plano aplicado.
Estimativa do Risco
Na análise de riscos, deve-se dar atenção especial aos riscos associados a consequências mais nocivas e extremamente prejudiciais, estimando e classificando, também, os riscos que tenham ou não controle no local, o que deixa ainda mais claro a importância de manter os controles para as situações críticas (BSI, 2004, on-line)³. No Quadro 3 é apresentado um método simples para estimar os riscos, considerando a probabilidade e gravidade potencial de danos, combinadas aos níveis de gravidade e categoria do risco, já estudadas na aula anterior.
Quadro 3 - Estimador de risco simples
Fonte: BSI (2004, on-line, traduzido pelos autores)³.
Nos casos em que um evento perigoso tenha potencial para causar danos a vários indivíduos, ou em que um número de pessoas esteja exposto ao mesmo risco individual, embora realizem atividades em momentos e locais diferentes, deve-se avaliar se o risco é tolerável para o indivíduo. Ao identificar as medidas a serem adotadas, deve-se levar em consideração que quanto maior o número de indivíduos expostos maior será o benefício alcançado pela medida implementada, sendo maior o benefício do investimento.
As medidas de controle a serem implementadas devem considerar a susceptibilidade específica de cada indivíduo para avaliar se haverá necessidade de adaptação, como usar um painel com divisão em cores em locais onde trabalham pessoas com daltonismo (pessoas que não enxergam cores, ou têm limitações para enxergá-las).
Aceitabilidade do Risco (Tolerabilidade)
A análise de risco permite avaliar o risco antes de determinar qual o nível de risco deve ser considerado aceitável, tolerável ou inaceitável. Para um resultado mais exato acerca dessa aceitabilidade são utilizadas metodologias quantitativas. Nas metodologias semi-quantitativas ou qualitativas, a condição de aceitabilidade deve ser pré-estabelecida, conforme a realidade da organização e com consulta aos trabalhadores diretamente envolvidos nas atividades, além de respeitar os limites e padrões estabelecidos na legislação vigente. A BS 8800:2004 apresenta uma avaliação simplificada da tolerabilidade ao risco com base em uma relação entre o nível do risco e a avaliação da aceitabilidade, conforme demonstrado no quadro a seguir.
Quadro 4 - Exemplo de avaliação da tolerabilidade ao risco
Fonte: BSI (2004, on-line, traduzido pelos autores)³
A tolerabilidade dos riscos de perigos específicos deve considerar o total de indivíduos expostos ao risco, aos riscos associados e a diferentes perigos atribuídos ao mesmo risco, além da exposição ao risco individual de pessoas pertencentes aos grupos especiais e vulneráveis (BSI, 2004, on-line)³.
Controle e Redução do Risco
Regras gerais podem ser estabelecidas para a tomada de decisão em relação às ações de controle e redução do risco, considerando as várias categorias de tolerabilidade, a prioridade das ações, a realidade e condições de cada organização, incluindo capital humano e financeiro disponível para a aplicação em segurança e saúde dos trabalhadores (BARSANO; BARBOSA, 2014). As organizações devem determinar seus próprios níveis de risco e escolher o nível de detalhamento das informações, que pode, ainda, incluir metas e prazos para a implementação de controles adicionais (BSI, 2004, on-line)³.
O risco de riscos individuais deve ser tolerável, independentemente da exposição individual ao perigo. Um risco inaceitável não se torna tolerável se a exposição for limitada a pouco tempo.
Fonte: BSI (2004, on-line)³.
A determinação dos níveis do risco é a base para decidir sobre a necessidade de implantação de controles aprimorados e a escala de tempo para a ação, sendo que o controle e sua urgência são proporcionais ao risco. Outro fator importante a ser considerado é o número de indivíduos expostos, diretamente relacionados ao risco e aos riscos associados. No Quadro 5, são apresentadas as orientações básicas para a seleção de controle de riscos da norma BSI 8800:2004.
Quadro 5 - Um plano simples de controle baseado em risco
Fonte: BSI (2004, on-line, traduzido pelos autores)³
O processo de avaliação e análise de risco deve ser a base para a identificação das situações e cenários que exigem planos de emergência e de evacuação, incluindo equipamentos, assistência de emergência e outras ações necessárias para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores.
Embora a identificação de perigos e riscos sejam elementos essenciais do processo de análise de risco, apenas a aplicação de medidas de controle adequadas reduz os riscos. Em muitos casos, isso não exigirá mais do que comparar os controles em vigor em relação ao que é exigido por boas práticas estabelecidas e autorizadas (BSI, 2004, p. 58, on-line)³.
A análise de risco deve ser detalhada o suficiente para a identificação dos perigos e medidas de controle necessárias para redução dos danos potenciais. Desta forma, pode-se afirmar que seu “resultado deve ser um inventário de ações, em ordem de prioridade, para elaborar, manter ou melhorar controles” (BSI, 2004, on-line)³.
A análise de risco possibilita o planejamento antecipado de riscos, perigos e recursos a serem aplicados em segurança, o que pode gerar, além de bem-estar do trabalhador tanto pela segurança em si quanto pela participação no processo, uma economia de somas consideráveis em dinheiro, considerando os prejuízos potenciais relacionados à falta de segurança. Há uma diversidade nos procedimentos de análise de risco e técnicas adequadas para diferentes circunstâncias e pode ser dividida em três categorias:
As técnicas qualitativas baseiam-se em processos de estimativa analítica e na capacidade dos gerentes de segurança-engenheiros. De acordo com técnicas quantitativas, o risco pode ser considerado como uma quantidade, que pode ser estimada e expressa por uma relação matemática, sob a ajuda de dados de acidentes reais registrados em um local de trabalho. As técnicas híbridas apresentam uma grande complexidade devido ao seu caráter ad hoc que impede uma ampla divulgação (MARHAVILAS; KOULOURIOTIS; GEMENI, 2011, p. 478).
Análise Qualitativa de Riscos
A análise de risco qualitativa utiliza uma classificação de riscos pré-estabelecida e prioriza os riscos, considerando a probabilidade de ocorrência e o impacto dos danos resultantes dos perigos identificados. Para Sotille (2013, on-line)⁴, a análise qualitativa implica avaliação da medida do entendimento do risco, a qualidade, a confiabilidade e a integridade das informações disponíveis sobre o risco, considerando que prioriza os riscos a partir dos danos potenciais. Parte de uma análise subjetiva que deve:
• Documentar os riscos por nível e prioridade;
• Determinar que eventos de risco terão resposta;
• Determinar a probabilidade e as consequências dos riscos identificados, incluindo os riscos associados;
• Determinar quais riscos devem ser quantificados ou quais devem receber ação imediata;
• Determinar a classificação geral de riscos e suas respectivas medidas preventivas, corretivas ou de mitigação.
A análise de risco qualitativa define os perigos potenciais, determina a extensão de vulnerabilidades e consequências possíveis e as medidas a serem adotadas quando houver ocorrências. Não envolve probabilidades numéricas ou previsões de perda e se constitui na base para a decisão do uso da análise quantitativa.
Análise Preliminar de Riscos (APR), Lista de Verificação (Check-List), Estudo de Perigo e Operabilidade - HAZOP (do inglês, Hazard and Operability Studies) são algumas das técnicas de análise de risco qualitativa mais utilizadas.
Análise Quantitativa de Risco
A análise quantitativa pode ser entendida como uma análise numérica dos riscos de maior prioridade, utilizada para desenvolver a análise probabilística dos riscos identificados e já priorizados em uma análise qualitativa anterior. Tem por objetivo a determinação do nível exato de exposição dos trabalhadores ao risco (VOSE, 2008). Para tanto, são utilizados equipamentos específicos para identificar a exposição do indivíduo a determinado risco e, a partir da análise dos números, são estabelecidas as medidas de controle, tempo de exposição de exposição do trabalhador e ações de monitoramento.
A confiabilidade, por exemplo, é definida quantitativamente e pode representar a probabilidade de um sistema desempenhar, adequadamente, suas funções, considerando determinadas condições de operação em certo período de tempo (VOSE, 2008). Entre as técnicas de análise de risco quantitativa mais utilizadas, podemos citar o Modelo de Risco Proporcional (ou modelo de Cox), Matriz de Decisão e Avaliação Quantitativa de Riscos (QRA).
Análise Híbrida de Risco
As técnicas híbridas ou análise quali-quantitativa fazem uso das duas análises explicadas anteriormente: a partir da priorização da análise qualitativa, analisa-se, numericamente, a probabilidade de ocorrência do dano em relação àquele risco. As técnicas mais utilizadas na análise de risco ocupacional são Análise de Árvore de Falhas (AAF), Processo Hierárquico Analítico (AHP - do inglês Analytic Hierarchy Process) e Análise de Modos de Falhas e Efeitos (FMEA - do inglês Failure Mode and Effect Analysis).
Análise Qualitativa:
• Riscos agrupados por categorias;
• Priorização dos riscos;
• Identificação dos riscos que exigem resposta em curto prazo;
• Lista dos riscos de maior prioridade para análise e respostas adicionais;
• Lista de observação dos riscos de baixa prioridade.
Análise Quantitativa:
• Análise numérica da probabilidade de ocorrência do dano e suas consequências;
• Lista por prioridade dos riscos quantificados.
Análise Híbrida ou Análise Quali-Quantitativa:
• Uso de uma ou mais técnicas de análise qualitativa e quantitativa na avaliação de riscos, resultando na priorização e na análise probabilística de ocorrência do dano.
Fonte: os autores.
De forma geral, podemos afirmar que a análise qualitativa é uma metodologia subjetiva, baseada na percepção do indivíduo em relação às características dos riscos presentes no ambiente ou de informação prévia de determinado produto, equipamento ou determinada substância. Enquanto a análise quantitativa é a mensuração do risco, é medir por meio de instrumentos e analisar numericamente de forma a determinar com maior exatidão o grau de comprometimento da saúde do trabalhador ou do ambiente.