LISTA DE GRUPOS DE TRABALHO
GT 1 - Patrimônio e segurança alimentar
Isabela Barbosa (PPGAS -UFRN)
Thágila Maria de Oliveira (PPGAS -UFRN/ ISTHIA - Université de Toulouse II - Jean Jaurès)
A partir de 2003, com a criação da convenção da UNESCO para a preservação do Patrimônio Cultural Imaterial, os sistemas alimentares e culinários foram incluídos nas políticas de preservação como conhecimentos, técnicas e processos de produção. Mesmo que alguns sistemas culinários não sejam especificamente designados como patrimônios alimentares, há muitos pratos considerados como emblemas pelos seus detentores, especialmente entre os povos e comunidades tradicionais; alguns deles são reelaborados para o consumo de elites locais e como atrativos para o turismo. Por outro lado, alimentos surgiram em contextos de fome e escassez ou correspondem a produtos específicos que servem de base alimentar para comunidades tradicionais, como é o caso da farinha de mandioca ou dos cogumelos yanomamis que foram transformados em produtos exóticos no mercado gastronômico. Da mesma forma, os processos de patrimonialização nem sempre correspondem às expectativas das comunidades tradicionais e dos detentores desses saberes. Neste grupo de trabalho, iremos avaliar propostas relacionadas aos descompassos ou conflitos entre os atores do patrimônio, as políticas de patrimonialização, os conhecimentos, as práticas, as memórias e os processos que promovem a segurança alimentar.
GT 2 - Gênero e soberania alimentar
Ângela Facundo (Professora no DAN/PPGAS/UFRN)
Janaína Henrique (doutoranda do PPGAS/UFRN)
Ester Paixão (doutoranda do PPGAS/UFRN)
O GT propõe refletir sobre as diferentes perspectivas da soberania alimentar frente ao avanço da fome e das desigualdades sociais que têm sido acentuadas pela crise política, econômica e sanitária, pelo avanço do agronegócio e da “monocultura da mente” (SHIVA, 2003). Iremos debater trabalhos desde a perspectiva das mulheres e de demais sujeitas/os políticos atravessadas/os pelos marcadores de diferença: gênero, raça, origem social e territórios, e que tenham como contextos de origem e/ou de atuação os meios rurais e/ou pertencentes a povos e comunidades tradicionais e contextos periféricos. Nesses lugares, o empobrecimento e as desigualdades sociais são a norma, uma vez que muitas das unidades familiares têm sido fortemente afetadas pela insegurança alimentar, em particular durante a pandemia. Consideramos importantes as estratégias de sobrevivência, em particular a partir das experiências individuais das mulheres e chefes de família, a partir dos saberes, práticas e lutas, que tenham como princípios a ecologia, agroecologia, agricultura urbana, agroflorestas, agriculturas sustentáveis, entre outras diferentes perspectivas, e, que apontem para modelos de sociedade com alternativas para o alcance da soberania alimentar e igualdades de gênero.
GT 3 - Sistemas alimentares e povos tradicionais
Rianna Carvalho (PPGAS/UFRN)
Adinei Crisóstomo (PPGAS/UFRN)
O processo de expansão colonial legou ao Brasil uma situação econômica que perdura até o presente, estabelecendo no atual território brasileiro limites geográficos determinados pelos interesses da Coroa portuguesa. Tal restrição territorial dificulta a manutenção das formas históricas de usos e manejos tradicionais da terra por povos indígenas, quilombolas e outras comunidades tradicionais. Não obstante, ao longo do tempo de lutas e resistências, esses grupos elaboraram estratégias de manutenção, transmissão e resgate de conhecimentos que constituem valores e permitem a reprodução de formas específicas e situadas de estar e existir no mundo. Neste GT, interessa-nos reunir trabalhos que se proponham a pensar a dimensão política da comida, da alimentação e dos sistemas alimentares de povos tradicionais, buscando perceber as histórias que aí são narradas. Além disso, também encorajamos reflexões acerca da importância da transmissão dos saberes que envolvem produção e consumo de alimentos, relações estabelecidas com a terra e os territórios, memória e as diversas dimensões que permeiam a temática da alimentação.
GT 4 - Políticas públicas, fome e agroecologia
Cimone Rozendo (PPGCS/UFRN)
Catarine Santos da Silva (FACISA/UFRN)
Carine de Jesus (PPGCS/UFRN)
A literatura sobre sistemas agroalimentares contemporâneos têm dado ênfase ao papel das ações públicas na constituição de modelos agroalimentares mais sustentávéis. Nesse quadro são destacados o papel do Estado como indutor de políticas estruturantes e o protagonismo de organizações sociais que buscam se articular em diferentes níveis e com múltiplos atores, propondo projetos e colocando novas pautas na agenda política sobre os bens alimentares. Observa-se a emergência e consolidação de inúmeras iniciativas de produção, de consumo e de abastecimento alimentar com foco nos saberes locais, na tradição, na agroecologia que conformam verdadeiras redes alternativas ao modelo agroalimentar globalizado. Contudo, esses processos vêm sendo ameaçados: a volta da fome no mundo, em especial no Brasil, consubstanciada com o aumento dos índices de insegurança alimentar (RedePensan, 2020), evidenciam um Estado cada vez mais refratário às demandas sociais. No caso brasileiro, observam-se ataques sistemáticos ao conjunto de políticas públicas com foco na segurança alimentar e no enfraquecimento dos mecanismos de controle social. Este GT pretende reunir trabalhos que reflitam sobre ações públicas, alimentação, agroecologia, segurança alimentar em diferentes contextos ou temas transversais que dialoguem com as questões aqui colocadas.