Laboratório móvel

Em 2020, o estudo preliminar de um acervo bibliográfico de proporções consideráveis, localizado na cidade de Belém (PA) foi o ponto de partida para um trabalho mais sistemático de digitalização de fontes que envolvesse também voluntários(as). Em iniciativa conjunta de docentes da Escola de Música da UFPA e da Licenciatura em Música da UEPA, foram reunidos equipamentos para a atividade. Na primeira fase do trabalho de digitalização, o laboratório móvel – então instalado nas dependências da entidade custodiadora – contou com duas câmeras DSLR, duas câmeras compactas, dois celulares com foco automático, dois pares de ring lights pequenos, um ring light grande com suporte para celular, uma mesa dobrável pequena, celular e tablet para controle sem fio da câmera fotográfica, uma grua, um suporte para celular criado com a finalidade de fotografar documentos, dois notebooks, HD externo, caixas de papelão dobradas de maneira a possibilitar a higienização manual dos itens, espátulas, trinchas e uma grande quantidade de fios, cabos, carregadores e baterias.

Para além dos equipamentos, foi de essencial importância o engajamento dos(as) voluntários(as), atuantes nas práticas musicais regulares da entidade custodiadora, mas oriundos(as) de diversos campos do conhecimento: graduandos(as) e graduados(as) das áreas de Psicologia, Serviço Social, Filosofia, além da Música. Já no Sistema Integrado de Museus do Pará, em projeto voltado ao fundo Altino Pimenta, o projeto conta com a presença de bolsistas dos cursos técnicos em Música da EMUFPA. Em suas atividades, esses(as) colaboradores(as) passaram a descobrir no próprio acervo temas de interesse e possibilidades de investigação científica, de maneira a se interessarem também pela participação formal no PatriMusi. Tais participações têm reforçado ainda mais o caráter interdisciplinar do grupo, que é – ao lado da abrangência territorial, da representatividade das cinco regiões do país – uma de suas principais características. Os méritos pela sistematização da equipe de trabalho são, na Sé de Belém, de Taynara de Sousa, discente da Licenciatura em Música pela UEPA, e no Sistema Integrado de Museus do Pará, do docente da EMUFPA Rômulo Queiroz. 

Como nem todo o conteúdo dos acervos se resume a documentos – textuais e/ou musicográficos – em suporte de papel, a localização de discos de vinil levou à ampliação do equipamento do laboratório: gravadores de campo, que serviam ao registro de práticas musicais ao vivo ou mesmo a entrevistas, passarão a funcionar em conjunto com uma vitrola com conversor de áudio, além de um conversor de fitas cassete – adquirido preventivamente, pelo fato de as gravações nesse tipo de suporte terem sido muito recorrentes ao longo de algumas décadas. Quando os trabalho – hoje, interrompidos pelo recrudescimento da pandemia no Pará – reiniciarem, a conversão dos itens fonográficos será realizada.

Além dos aparelhos para a digitalização em áudio, mais uma câmera DSLR foi adquirida e, junto com ela, um suporte e mais itens para iluminação, além de uma mesa grande dobrável. Se a entidade custodiadora em que os trabalhos têm sido desenvolvidos possui diversas mesas, sabe-se que muitas outras não possuem mesas suficientemente grandes para o trato com as fontes. Foram adquiridas ainda duas placas de alumínio, a fim de serem utilizadas em ações de formação que envolvam o corte de invólucros. Finalmente, tem sido desenvolvida uma mesa de higienização (capela) desmontável, a partir de um projeto próprio. Note-se que todos os equipamentos aqui listados são de propriedade do docente Fernando Lacerda (EMUFPA) e de docentes envolvidos em projetos específicos – Tainá Façanha (UEPA), na Sé de Belém, e Rômulo Queiroz (EMUFPA), no Sistema Integrado de Museus –, não pertencendo, portanto, às instituições às quais estão ligados.

Assim, é possível afirmar que o laboratório móvel possui hoje uma das maiores estruturas do país com destinação específica ao trabalho com a documentação musical – entendida como processo e como produto –, possibilitando não apenas a realização de ações mais eficientes em campo, mas, principalmente, o envolvimento e a formação das comunidades locais para a salvaguarda de seu patrimônio musical.