Figuras de Linguagem

             Figuras de linguagem são recursos de expressão, utilizados por um escritor, com o objetivo de ampliar o significado de um texto literário ou também para suprir a falta de termos adequados em uma frase. É um recurso que dá uma grande expressividade ao texto literário.

As mais comuns são: metáfora, comparação, metonímia, antítese, paradoxo, personificação (ou prosopopeia), hipérbole, eufemismo, ironia, elipse, zeugma, pleonasmo, polissíndeto, assíndeto, onomatopeia, anáfora, sinestesia, gradação e aliteração.

Metáfora

A metáfora é um tipo de comparação, mas sem os termos comparativos (tal como, como, são como, tanto quanto, etc). Na metáfora, a comparação entre dois elementos está implícita, trazendo uma relação de semelhança entre eles. Exemplo:

Tempo é dinheiro.

Comparação

A comparação consiste na aproximação entre dois objetos por meio de uma característica semelhante entre eles, dando a um as características do outro. Difere da metáfora porque possui, obrigatoriamente, termos comparativos. Em suma, é uma comparação explícita. Exemplo:

Tempo é como dinheiro.

Neste exemplo vemos o principal definidor de uma comparação: a palavra como traz explicitamente a ideia de que o tempo é valoroso como o dinheiro.

Antítese

A antítese consiste no uso de palavras, expressões ou ideias que se opõem. Exemplo:

Soneto da Separação

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se a espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto

Vinícius de Moraes

Neste soneto vemos claramente a antítese por trás da temática da separação amorosa: o que antes era riso trouxe lágrimas com a separação; as bocas unidas pelo beijo no amor se separam como a espuma que se espalha e se dissolve. A oposição de sentimentos e atos forma claramente a antítese.

Personificação (ou prosopopeia)

A personificação, também chamada prosopopeia, consiste na atribuição de características humanas, como sentimentos, linguagem humana e ações do homem, a coisas não-humanas. Exemplo:

Congresso Internacional do Medo

Provisoriamente não cantaremos o amor,

que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.

Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,

não cantaremos o ódio, porque esse não existe,

existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro.

Carlos Drummond de Andrade

Neste exemplo, o medo, uma sensação, é transformado em pai e companheiro, algo que só é atribuído a um ser humano.

Hipérbole

Esta figura de linguagem consiste no emprego de palavras que expressam uma ideia de exagero de forma intencional. Exemplo:

Ela chorou rios de lágrimas.

Chorar rios remete a um choro contínuo, exagerado e o termo rios vem para enfatizar a ideia de que foi um choro intenso.

Eufemismo

O eufemismo ocorre quando utilizamos palavras ou expressões que atenuam e substituem outras que produzem um efeito desagradável e chocante. Exemplos:

A expressão e o impacto negativo que a palavra menti traz é ""suavizado" ao dizer que "faltei com a verdade".

Ironia

É a expressão de ideias com significado oposto ao que se realmente pensa ou acredita. Exemplo:

Moça linda, bem tratada,

Três séculos de família,

Burra como uma porta:

Um amor!

Mário de Andrade

O trecho é o exemplo claro de ironia: a moça é descrita como, bonita e bem tratada, tradicional, conservadora (é de família) e burra. O destaque em "um amor", apoiando-se na descrição da moça, mostra que ela, ao contrário de ser esse "amor de pessoa", é, na verdade, alguém sem atrativos, sem graça.

Onomatopeia

Temos onomatopeia quando há o uso de palavras que reproduzem os sons de seres vivos e objetos. É mais comum em história em quadrinhos.

Metonímia

A metonímia é uma figura de linguagem que muitas vezes é confundida com a metáfora, mas o termo substituído na metonímia tem estreita relação com o sentido que ele carrega. Na metáfora, o sentido real da palavra é substituído, enquanto na metonímia, o sentido permanece, mas a palavra é substituída.

A substituição por metonímia pode ser utilizada dos seguintes modos:

Do símbolo pela coisa que ele simboliza:

Ele jamais deixou a cruz. (Ele jamais deixou a religião)

Do autor pela sua obra:

Na minha cabeceira, somente Cecília Meireles! (Na minha cabeceira, somente a obra literária de Cecília Meireles)

Do inventor pela coisa inventada:

Comprei um Ford. (Comprei um carro)

Do lugar pelo produto do lugar:

Fumei um cubano e bebi um bom português! (Fumei um charuto e bebi um bom vinho!)

Da marca pelo produto:

Ele comeu muito biscoito de maizena. (Ele comeu muito biscoito de amido de milho)

Da parte pelo todo:

Várias mãos trabalharam naquele projeto. (Várias pessoas trabalharam naquele projeto)

Da causa pelo efeito (ou do efeito pela causa):

Seus cabelos brancos não o permitiam dançar. (Sua velhice não o permitia dançar)

Da espécia pelo indivíduo:

Em 1961, o homem foi ao espaço pela primeira vez. (Em 1961, alguns homens foram ao espaço pela primeira vez)

Do singular pelo plural

Lutou pelos direitos da mulher! (Lutou pelos direitos das mulheres)

Do continente pelo conteúdo

Bebeu toda a garrafa e se embriagou. (Bebeu toda a bebida que estava na garrafa e se embriagou)