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CDE 30-05-2015
CDE 25-05-2015
Ao CDE
Colegas
O que temos, diante de nós, é um verdadeiro desmonte moral e material da sociedade.
Estamos, a meu ver, patinando num lodaçal de incompetência gestora, para a qual se impõe uma reação, que seria, quanto mais não fosse, em nome da nossa própria sobrevivência como sociedade, mas, cujo alcance é muito mais amplo.
As pretendidas soluções propostas, a curto prazo, que venham a ser tomadas, elas virão apenas para impedir que a água que nos afoga, não ultrapasse o limite das nossas bocas,.
O de que se trata também é pensar na reconstrução da sociedade, em horizontes mais remotos, mas indispensáveis para atingir um necessário status material que nos permita comparecer ao cenário mundial, com a competência necessária para terçar armas no cruel cenário geopolítico global.
Até o momento, nesse cenário, todo confronto, que se nos depara fazer, em termos de produtividade, economia e indicadores sociais, o posicionamento tem sido, para dizer o mínimo, sempre desastroso.
Não há como não procurar explicações, que nos levem a um confronto com o que foi realizado em outros países, mais bem-sucedidos.
E é nesse momento em que constatamos que os nossos graves problemas institucionais, éticos, morais e matérias se vinculam necessariamente com a qualidade do nosso sistema educacional.
O Banco Mundial e o FMI preveem, para daqui a 5 meses, uma reunião , no Peru, em que serão discutidos , com a presença dos respectivos ministros da Fazenda de vários países, os gargalos que impedem o progresso social e econômico, particularmente os países da América Latina., onde, especificamente, os problemas educacionais assumem um papel fundamental, “sine qua non”.
Educação infantil de qualidade passa a ser a pauta mais importante a ser considerada, já que, comprovadamente, ela tem sido o indispensável alicerce, capaz de alterar a nossa triste realidade social.
“Dados contundentes mostram que o modo de estimular efetivamente o crescimento e combater a pobreza e a desigualdade é investir no capital humano” são as palavras do atual presidente do banco Mundial, Jim Yong Kim.
O Estadão promoveu em abril p.p. um evento denominado Educação: O futuro do Brasil ,em que se ressaltou que a nossa má qualidade do ensino básico começa a se refletir na própria economia do País.
No entanto, praticamente navegando na contramão do caminho adequado, o governo empulha a sociedade, apresentando um ilusório PNE, que em nada irá contribuir para essa indispensável recuperação do precioso capital humano.
Por outro lado, Alexandre Schneider (ex-secretário municipal da educação, em São Paulo) afirma, em artigo, no Espaço Aberto do Estadão de 25/4/15 que “A tarefa de resolver a crise das universidades federais e do Fies não pode, contudo, tomar o lugar do principal desafio do Brasil: a melhoria da sua educação básica... O seu enfrentamento exige um novo pacto entre Estados, municípios e a União.”
Esta seria a efetivação do pretensioso mote: Brasil, Pátria Educadora, que a demagogia petista nos quis empulhar, no discurso de posse da presidente, em 2010.
É evidente que há, no meio da sociedade brasileira, manifestada, não através dos seus “soi disant “representantes, que “não nos representam”, mas do grito da rua, um enorme anseio por uma educação nacional de qualidade.
Rubem Klein, do Instituto de Matemática do MIT, assinala algumas das pedras do caminho a serem enfrentadas, mostrando o fosso que nos separa da excelência no ensino básico, que vale a pena enumerar, apenas com o intuito de confirmar alguns dos óbices que nos afastam desse objetivo fundamental :
1. Nas condições atuais, não há condições de estimular as boas cabeças a seguirem a carreira de professor, o que é fundamental. Estão aí os exemplos do Japão, Coreia do Sul, Finlândia.
2. A inoperância dos currículos, de modo a ser capaz de aprender a pensar.
3. Muita matéria e pouco resultado, no ensino médio
4. Sindicatos se posicionando, quanto à excelência do ensino., como assunto secundário e a meritocracia como assunto pouco relevante.
5. Somos todas testemunhas em que nível as reivindicações do professorado estão sendo conduzidas, pela delinquência sindical. Tudo no benefício salarial, nada na excelência do ensino.
6. Currículo menosprezando os indispensáveis pilares do aprendizado da língua materna, “essa língua inculta e nada bela” e da sua capacitação na aritmética básica, essenciais para o resto das vidas ,quer no ensino médio, quer no superior.
7. O culto à repetência. A reprovação deve ser avaliada, não só do lado do aluno, mas também da qualidade do professor, criando os indispensáveis estímulos pedagógicos.
Afinal, a falta de uma solução adequada, com visão como problema de Estado e não de governo, leva claramente à decorrência trágica da criminalidade do menor, pela condição de uma juventude nem-nem (nem estuda, nem trabalha).
Não sem propósito, surgiu, na voz da rua, o mote: “Mais escolas menos prisões”.
De repente, um episódio como o do bárbaro assassinato de um ciclista, na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, trouxe à tona essa verdadeira tragédia, que põe a segurança pública em xeque, ao se defrontar com um problema que não é só da esfera policial, como pretende o prefeito do Rio de Janeiro.
Em resumo, sendo reconhecidamente esse problema não só do Brasil, será necessário observar e avaliar as causas e consequências, para que possamos, nós, supostamente a parte mais esclarecida da sociedade, pugnarmos para a cobrança e efetivação das medidas necessárias, diante desse desvio ideológico (uma ideologia de botequim, segundo o prof. José de Souza Martins, prof. da USP) e dessa estranha “sonolência gestora”, que assola e compromete o futuro deste país.
A verdadeira Pátria Educadora só será alcançada se nós, a sociedade civil, cobrarmos esse compromisso que implica em seriedade, visão de horizontes mais largos e uma postura de Estado e não de um governo de plantão.
S.Paulo, 25/05/2015
p/Marcello Kutner