cap.11 em diante

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* não entendidas * * * * *

Capítulo 11

1 . Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta.

2 . Maria era quem ungira o Senhor com o óleo perfumado e lhe enxugara os pés com os seus cabelos. E Lázaro, que estava enfermo, era seu irmão.

3 . Suas irmãs mandaram, pois, dizer a Jesus: Senhor, aquele que tu amas está enfermo.

4 . A estas palavras, disse-lhes Jesus: Esta enfermidade não causará a morte, mas tem por finalidade a glória de Deus. Por ela será glorificado o Filho de Deus.

5 . Ora, Jesus amava Marta, Maria, sua irmã, e Lázaro.

6 . Mas, embora tivesse ouvido que ele estava enfermo, demorou-se ainda dois dias no mesmo lugar.

7 . Depois, disse a seus discípulos: Voltemos para a Judéia.

8 . Mestre, responderam eles, há pouco os judeus te queriam apedrejar, e voltas para lá?

9 . Jesus respondeu: Não são doze as horas do dia? Quem caminha de dia não tropeça, porque vê a luz deste mundo.

10 . Mas quem anda de noite tropeça, porque lhe falta a luz.

11 . Depois destas palavras, ele acrescentou: Lázaro, nosso amigo, dorme, mas vou despertá-lo.

12 . Disseram-lhe os seus discípulos: Senhor, se ele dorme, há de sarar.

13 . Jesus, entretanto, falara da sua morte, mas eles pensavam que falasse do sono como tal.

14 . Então Jesus lhes declarou abertamente: Lázaro morreu.

15 . Alegro-me por vossa causa, por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos a ele.

16 . A isso Tomé, chamado Dídimo, disse aos seus condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com ele.

17 . À chegada de Jesus, já havia quatro dias que Lázaro estava no sepulcro.

18 . Ora, Betânia distava de Jerusalém cerca de quinze estádios.

19 . Muitos judeus tinham vindo a Marta e a Maria, para lhes apresentar condolências pela morte de seu irmão.

20 . Mal soube Marta da vinda de Jesus, saiu-lhe ao encontro. Maria, porém, estava sentada em casa.

21 . Marta disse a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!

22 . Mas sei também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá.

23 . Disse-lhe Jesus: Teu irmão ressurgirá.

24 . Respondeu-lhe Marta: Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia.

25 . Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá.

26 . E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá. Crês nisto?

27 . Respondeu ela: Sim, Senhor. Eu creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, aquele que devia vir ao mundo.

28 . A essas palavras, ela foi chamar sua irmã Maria, dizendo-lhe baixinho: O Mestre está aí e te chama.

29 . Apenas ela o ouviu, levantou-se imediatamente e foi ao encontro dele.

30 . (Pois Jesus não tinha chegado à aldeia, mas estava ainda naquele lugar onde Marta o tinha encontrado.)

31 . Os judeus que estavam com ela em casa, em visita de pêsames, ao verem Maria levantar-se depressa e sair, seguiram-na, crendo que ela ia ao sepulcro para ali chorar.

32 . Quando, porém, Maria chegou onde Jesus estava e o viu, lançou-se aos seus pés e disse-lhe: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido!

33 . Ao vê-la chorar assim, como também todos os judeus que a acompanhavam, Jesus ficou intensamente comovido em espírito. E, sob o impulso de profunda emoção,

34 . perguntou: Onde o pusestes? Responderam-lhe: Senhor, vinde ver.

35 . Jesus pôs-se a chorar.

36 . Observaram por isso os judeus: Vede como ele o amava!

37 . Mas alguns deles disseram: Não podia ele, que abriu os olhos do cego de nascença, fazer com que este não morresse?

38 . Tomado, novamente, de profunda emoção, Jesus foi ao sepulcro. Era uma gruta, coberta por uma pedra.

39 . Jesus ordenou: Tirai a pedra. Disse-lhe Marta, irmã do morto: Senhor, já cheira mal, pois há quatro dias que ele está aí...

40 . Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu: Se creres, verás a glória de Deus? Tiraram, pois, a pedra.

41 . Levantando Jesus os olhos ao alto, disse: Pai, rendo-te graças, porque me ouviste.

42 . Eu bem sei que sempre me ouves, mas falo assim por causa do povo que está em roda, para que creiam que tu me enviaste.

43 . Depois destas palavras, exclamou em alta voz: Lázaro, vem para fora!

44 . E o morto saiu, tendo os pés e as mãos ligados com faixas, e o rosto coberto por um sudário. Ordenou então Jesus: Desligai-o e deixai-o ir.

45 . Muitos dos judeus, que tinham vindo a Marta e Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.

46 . Alguns deles, porém, foram aos fariseus e lhes contaram o que Jesus realizara.

47 . Os pontífices e os fariseus convocaram o conselho e disseram: Que faremos? Esse homem multiplica os milagres.

48 . Se o deixarmos proceder assim, todos crerão nele, e os romanos virão e arruinarão a nossa cidade e toda a nação.

49 . Um deles, chamado Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano, disse-lhes: Vós não entendeis nada!

50 . Nem considerais que vos convém que morra um só homem pelo povo, e que não pereça toda a nação.

51 . E ele não disse isso por si mesmo, mas, como era o sumo sacerdote daquele ano, profetizava que Jesus havia de morrer pela nação,

52 . e não somente pela nação, mas também para que fossem reconduzidos à unidade os filhos de Deus dispersos.

53 . E desde aquele momento resolveram tirar-lhe a vida.

54 . Em conseqüência disso, Jesus já não andava em público entre os judeus. Retirou-se para uma região vizinha do deserto, a uma cidade chamada Efraim, e ali se detinha com seus discípulos.

55 . Estava próxima a Páscoa dos judeus, e muita gente de todo o país subia a Jerusalém antes da Páscoa para se purificar.

56 . Procuravam Jesus e falavam uns com os outros no templo: Que vos parece? Achais que ele não virá à festa?

57 . Mas os sumos sacerdotes e os fariseus tinham dado ordem para que todo aquele que soubesse onde ele estava o denunciasse, para o prenderem.

Capítulo 12

1 . Seis dias antes da Páscoa, foi Jesus a Betânia, onde vivia Lázaro, que ele ressuscitara.

2 . Deram ali uma ceia em sua honra. Marta servia e Lázaro era um dos convivas.

3 . Tomando Maria uma libra de bálsamo de nardo puro, de grande preço, ungiu os pés de Jesus e enxugou-os com seus cabelos. A casa encheu-se do perfume do bálsamo.

4 . Mas Judas Iscariotes, um dos seus discípulos, aquele que o havia de trair, disse:

5 . Por que não se vendeu este bálsamo por trezentos denários e não se deu aos pobres?

6 . Dizia isso não porque ele se interessasse pelos pobres, mas porque era ladrão e, tendo a bolsa, furtava o que nela lançavam.

7 . Jesus disse: Deixai-a; ela guardou este perfume para o dia da minha sepultura.

8 . Pois sempre tereis convosco os pobres, mas a mim nem sempre me tereis.

9 . Uma grande multidão de judeus veio a saber que Jesus lá estava; e chegou, não somente por causa de Jesus, mas ainda para ver Lázaro, que ele ressuscitara.

10 . Mas os príncipes dos sacerdotes resolveram tirar a vida também a Lázaro,

11 . porque muitos judeus, por causa dele, se afastavam e acreditavam em Jesus.

12 . No dia seguinte, uma grande multidão que tinha vindo à festa em Jerusalém ouviu dizer que Jesus se ia aproximando.

13 . Saíram-lhe ao encontro com ramos de palmas, exclamando: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor, o rei de Israel!

14 . Tendo Jesus encontrado um jumentinho, montou nele, segundo o que está escrito:

15 . Não temas, filha de Sião, eis que vem o teu rei montado num filho de jumenta (Zc 9,9).

16 . Os seus discípulos a princípio não compreendiam essas coisas, mas, quando Jesus foi glorificado, então se lembraram de que isto estava escrito a seu respeito e de que assim lho fizeram.

17 . A multidão, pois, que se achava com ele, quando chamara Lázaro do sepulcro e o ressuscitara, aclamava-o.

18 . Por isso o povo lhe saía ao encontro, porque tinha ouvido que Jesus fizera aquele milagre.

19 . Mas os fariseus disseram entre si: Vede! Nada adiantamos! Reparai que todo mundo corre após ele!

20 . Havia alguns gregos entre os que subiram para adorar durante a festa.

21 . Estes se aproximaram de Filipe (aquele de Betsaida da Galiléia) e rogaram-lhe: Senhor, quiséramos ver Jesus.

22 . Filipe foi e falou com André. Então André e Filipe o disseram ao Senhor.

23 . Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora para o Filho do Homem ser glorificado.

24 . Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caído na terra, não morrer, fica só; se morrer, produz muito fruto.

25 . Quem ama a sua vida, perdê-la-á; mas quem odeia a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna.

26 . Se alguém me quer servir, siga-me; e, onde eu estiver, estará ali também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará.

27 . Presentemente, a minha alma está perturbada. Mas que direi?... Pai, salva-me desta hora... Mas é exatamente para isso que vim a esta hora.

28 . Pai, glorifica o teu nome! Nisto veio do céu uma voz: Já o glorifiquei e tornarei a glorificá-lo.

29 . Ora, a multidão que ali estava, ao ouvir isso, dizia ter havido um trovão. Outros replicavam: Um anjo falou-lhe.

30 . Jesus disse: Essa voz não veio por mim, mas sim por vossa causa.

31 . Agora é o juízo deste mundo; agora será lançado fora o príncipe deste mundo.

32 . E quando eu for levantado da terra, atrairei todos os homens a mim.

33 . Dizia, porém, isto, significando de que morte havia de morrer.

34 . A multidão respondeu-lhe: Nós temos ouvido da lei que o Cristo permanece para sempre. Como dizes tu: Importa que o Filho do Homem seja levantado? Quem é esse Filho do Homem?

35 . Respondeu-lhes Jesus: Ainda por pouco tempo a luz estará em vosso meio. Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos surpreendam; e quem caminha nas trevas não sabe para onde vai.

36 . Enquanto tendes a luz, crede na luz, e assim vos tornareis filhos da luz. Jesus disse essas coisas, retirou-se e ocultou-se longe deles.

37 . Embora tivesse feito tantos milagres na presença deles, não acreditavam nele.

38 . Assim se cumpria o oráculo do profeta Isaías: Senhor, quem creu em nossa pregação? E a quem foi revelado o braço do Senhor (Is 53,1)?

39 . Aliás, não podiam crer, porque outra vez disse Isaías:

40 . Ele cegou-lhes os olhos, endureceu-lhes o coração, para que não vejam com os olhos nem entendam com o coração e se convertam e eu os sare (Is 6,10).

41 . Assim se exprimiu Isaías, quando teve a visão de sua glória e dele falou.

42 . Não obstante, também muitos dos chefes creram nele, mas por causa dos fariseus não o manifestavam, para não serem expulsos da sinagoga.

43 . Assim preferiram a glória dos homens àquela que vem de Deus.

44 . Entretanto, Jesus exclamou em voz alta: Aquele que crê em mim, crê não em mim, mas naquele que me enviou;

45 . e aquele que me vê, vê aquele que me enviou.

46 . Eu vim como luz ao mundo; assim, todo aquele que crer em mim não ficará nas trevas.

47 . Se alguém ouve as minhas palavras e não as guarda, eu não o condenarei, porque não vim para condenar o mundo, mas para salvá-lo.

48 . Quem me despreza e não recebe as minhas palavras, tem quem o julgue; a palavra que anunciei julgá-lo-á no último dia.

49 . Em verdade, não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele mesmo me prescreveu o que devo dizer e o que devo ensinar.

50 . E sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto, o que digo, digo-o segundo me falou o Pai.

Capítulo 13

1 . Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou.

2 . Durante a ceia, - quando o demônio já tinha lançado no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de traí-lo -,

3 . sabendo Jesus que o Pai tudo lhe dera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava,

4 . levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela.

5 . Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido.

6 . Chegou a Simão Pedro. Mas Pedro lhe disse: Senhor, queres lavar-me os pés!...

7 . Respondeu-lhe Jesus: O que faço não compreendes agora, mas compreendê-lo-ás em breve.

8 . Disse-lhe Pedro: Jamais me lavarás os pés!... Respondeu-lhe Jesus: Se eu não tos lavar, não terás parte comigo.

9 . Exclamou então Simão Pedro: Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.

10 . Disse-lhe Jesus: Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar-se; está inteiramente puro. Ora, vós estais puros, mas nem todos!...

11 . Pois sabia quem o havia de trair; por isso, disse: Nem todos estais puros.

12 . Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: Sabeis o que vos fiz?

13 . Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou.

14 . Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros.

15 . Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós.

16 . Em verdade, em verdade vos digo: o servo não é maior do que o seu Senhor, nem o enviado é maior do que aquele que o enviou.

17 . Se compreenderdes estas coisas, sereis felizes, sob condição de as praticardes.

18 . Não digo isso de vós todos; conheço os que escolhi, mas é preciso que se cumpra esta palavra da Escritura: Aquele que come o pão comigo levantou contra mim o seu calcanhar (Sl 40,10).

19 . Desde já vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, creiais e reconheçais quem sou eu.

20 . Em verdade, em verdade vos digo: quem recebe aquele que eu enviei recebe a mim; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.

21 . Dito isso, Jesus ficou perturbado em seu espírito e declarou abertamente: Em verdade, em verdade vos digo: um de vós me há de trair!...

22 . Os discípulos olhavam uns para os outros, sem saber de quem falava.

23 . Um dos discípulos, a quem Jesus amava, estava à mesa reclinado ao peito de Jesus.

24 . Simão Pedro acenou-lhe para dizer-lhe: Dize-nos, de quem é que ele fala.

25 . Reclinando-se este mesmo discípulo sobre o peito de Jesus, interrogou-o: Senhor, quem é?

26 . Jesus respondeu: É aquele a quem eu der o pão embebido. Em seguida, molhou o pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes.

27 . Logo que ele o engoliu, Satanás entrou nele. Jesus disse-lhe, então: O que queres fazer, faze-o depressa.

28 . Mas ninguém dos que estavam à mesa soube por que motivo lho dissera.

29 . Pois, como Judas tinha a bolsa, pensavam alguns que Jesus lhe falava: Compra aquilo de que temos necessidade para a festa. Ou: Dá alguma coisa aos pobres.

30 . Tendo Judas recebido o bocado de pão, apressou-se em sair. E era noite...

31 . Logo que Judas saiu, Jesus disse: Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é glorificado nele.

32 . Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará em breve.

33 . Filhinhos meus, por um pouco apenas ainda estou convosco. Vós me haveis de procurar, mas como disse aos judeus, também vos digo agora a vós: para onde eu vou, vós não podeis ir.

34 . Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros.

35 . Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.

36 . Perguntou-lhe Simão Pedro: Senhor, para onde vais? Jesus respondeu-lhe: Para onde vou, não podes seguir-me agora, mas seguir-me-ás mais tarde.

37 . Pedro tornou a perguntar: Senhor, por que te não posso seguir agora? Darei a minha vida por ti!

38 . Respondeu-lhe Jesus: Darás a tua vida por mim!... Em verdade, em verdade te digo: não cantará o galo até que me negues três vezes.

Capítulo 14

1 . Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim.

2 . Na casa de meu Pai há muitas moradas. Não fora assim, e eu vos teria dito; pois vou preparar-vos um lugar.

3 . Depois de ir e vos preparar um lugar, voltarei e tomar-vos-ei comigo, para que, onde eu estou, também vós estejais.

4 . E vós conheceis o caminho para ir aonde vou.

5 . Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?

6 . Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

7 . Se me conhecêsseis, também certamente conheceríeis meu Pai; desde agora já o conheceis, pois o tendes visto.

8 . Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta.

9 . Respondeu Jesus: Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai...

10 . Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que vos digo não as digo de mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, é que realiza as suas próprias obras.

11 . Crede-me: estou no Pai, e o Pai em mim. Crede-o ao menos por causa destas obras.

12 . Em verdade, em verdade vos digo: aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas, porque vou para junto do Pai.

13 . E tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, vo-lo farei, para que o Pai seja glorificado no Filho.

14 . Qualquer coisa que me pedirdes em meu nome, vo-lo farei.

15 . Se me amais, guardareis os meus mandamentos.

16 . E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco.

17 . É o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós.

18 . Não vos deixarei órfãos. Voltarei a vós.

19 . Ainda um pouco de tempo e o mundo já não me verá. Vós, porém, me tornareis a ver, porque eu vivo e vós vivereis.

20 . Naquele dia conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós.

21 . Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele.

22 . Pergunta-lhe Judas, não o Iscariotes: Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao mundo?

23 . Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada.

24 . Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou.

25 . Disse-vos estas coisas enquanto estou convosco.

26 . Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito.

27 . Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe o vosso coração, nem se atemorize!

28 . Ouvistes que eu vos disse: Vou e volto a vós. Se me amardes, certamente haveis de alegrar-vos, que vou para junto do Pai, porque o Pai é maior do que eu.

29 . E disse-vos agora estas coisas, antes que aconteçam, para que creiais quando acontecerem.

30 . Já não falarei muito convosco, porque vem o príncipe deste mundo; mas ele não tem nada em mim.

31 . O mundo, porém, deve saber que amo o Pai e procedo como o Pai me ordenou. Levantai-vos, vamo-nos daqui.

Capítulo 15

1 . Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que não der fruto em mim, ele o cortará;

2 . e podará todo o que der fruto, para que produza mais fruto.

3 . Vós já estais puros pela palavra que vos tenho anunciado.

4 . Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim.

5 . Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.

6 . Se alguém não permanecer em mim será lançado fora, como o ramo. Ele secará e hão de ajuntá-lo e lançá-lo ao fogo, e queimar-se-á.

7 . Se permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito.

8 . Nisto é glorificado meu Pai, para que deis muito fruto e vos torneis meus discípulos.

9 . Como o Pai me ama, assim também eu vos amo. Perseverai no meu amor.

10 . Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor.

11 . Disse-vos essas coisas para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa.

12 . Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo.

13 . Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos.

14 . Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando.

15 . Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai.

16 . Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais fruto, e o vosso fruto permaneça. Eu assim vos constituí, a fim de que tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, ele vos conceda.

17 . O que vos mando é que vos ameis uns aos outros.

18 . Se o mundo vos odeia, sabei que me odiou a mim antes que a vós.

19 . Se fôsseis do mundo, o mundo vos amaria como sendo seus. Como, porém, não sois do mundo, mas do mundo vos escolhi, por isso o mundo vos odeia.

20 . Lembrai-vos da palavra que vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, também vos hão de perseguir. Se guardaram a minha palavra, hão de guardar também a vossa.

21 . Mas vos farão tudo isso por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou.

22 . Se eu não viesse e não lhes tivesse falado, não teriam pecado; mas agora não há desculpa para o seu pecado.

23 . Aquele que me odeia, odeia também a meu Pai.

24 . Se eu não tivesse feito entre eles obras, como nenhum outro fez, não teriam pecado; mas agora as viram e odiaram a mim e a meu Pai.

25 . Mas foi para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Odiaram-me sem motivo (Sl 34,19; 68,5).

26 . Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.

27 . Também vós dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio

Capítulo 16

1 . Disse-vos essas coisas para vos preservar de alguma queda.

2 . Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus.

3 . Procederão deste modo porque não conheceram o Pai, nem a mim.

4 . Disse-vos, porém, essas palavras para que, quando chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo anunciei. E não vo-las disse desde o princípio, porque estava convosco.

5 . Agora vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: Para onde vais?

6 . Mas porque vos falei assim, a tristeza encheu o vosso coração.

7 . Entretanto, digo-vos a verdade: convém a vós que eu vá! Porque, se eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se eu for, vo-lo enviarei.

8 . E, quando ele vier, convencerá o mundo a respeito do pecado, da justiça e do juízo.

9 . Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim.

10 . Ele o convencerá a respeito da justiça, porque eu me vou para junto do meu Pai e vós já não me vereis;

11 . ele o convencerá a respeito do juízo, que consiste em que o príncipe deste mundo já está julgado e condenado.

12 . Muitas coisas ainda tenho a dizer-vos, mas não as podeis suportar agora.

13 . Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e anunciar-vos-á as coisas que virão.

14 . Ele me glorificará, porque receberá do que é meu, e vo-lo anunciará.

15 . Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse: Há de receber do que é meu, e vo-lo anunciará.

16 . Ainda um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver, porque vou para junto do Pai.

17 . Nisso alguns dos seus discípulos perguntavam uns aos outros: Que é isso que ele nos diz: Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver? E que significa também: Eu vou para o Pai?

18 . Diziam então: Que significa este pouco de tempo de que fala? Não sabemos o que ele quer dizer.

19 . Jesus notou que lho queriam perguntar e disse-lhes: Perguntais uns aos outros acerca do que eu disse: Ainda um pouco de tempo, e não me vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver.

20 . Em verdade, em verdade vos digo: haveis de lamentar e chorar, mas o mundo se há de alegrar. E haveis de estar tristes, mas a vossa tristeza se há de transformar em alegria.

21 . Quando a mulher está para dar à luz, sofre porque veio a sua hora. Mas, depois que deu à luz a criança, já não se lembra da aflição, por causa da alegria que sente de haver nascido um homem no mundo.

22 . Assim também vós: sem dúvida, agora estais tristes, mas hei de ver-vos outra vez, e o vosso coração se alegrará e ninguém vos tirará a vossa alegria.

23 . Naquele dia não me perguntareis mais coisa alguma. Em verdade, em verdade vos digo: o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo dará.

24 . Até agora não pedistes nada em meu nome. Pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja perfeita.

25 . Disse-vos essas coisas em termos figurados e obscuros. Vem a hora em que já não vos falarei por meio de comparações e parábolas, mas vos falarei abertamente a respeito do Pai.

26 . Naquele dia pedireis em meu nome, e já não digo que rogarei ao Pai por vós.

27 . Pois o mesmo Pai vos ama, porque vós me amastes e crestes que saí de Deus.

28 . Saí do Pai e vim ao mundo. Agora deixo o mundo e volto para junto do Pai.

29 . Disseram-lhe os seus discípulos: Eis que agora falas claramente e a tua linguagem já não é figurada e obscura.

30 . Agora sabemos que conheces todas as coisas e que não necessitas que alguém te pergunte. Por isso, cremos que saíste de Deus.

31 . Jesus replicou-lhes: Credes agora!...

32 . Eis que vem a hora, e ela já veio, em que sereis espalhados, cada um para o seu lado, e me deixareis sozinho. Mas não estou só, porque o Pai está comigo.

33 . Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo.

Capítulo 17

1 . Jesus afirmou essas coisas e depois, levantando os olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora. Glorifica teu Filho, para que teu Filho glorifique a ti;

2 . e para que, pelo poder que lhe conferiste sobre toda criatura, ele dê a vida eterna a todos aqueles que lhe entregaste.

3 . Ora, a vida eterna consiste em que conheçam a ti, um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste.

4 . Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer.

5 . Agora, pois, Pai, glorifica-me junto de ti, concedendo-me a glória que tive junto de ti, antes que o mundo fosse criado.

6 . Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e deste-mos e guardaram a tua palavra.

7 . Agora eles reconheceram que todas as coisas que me deste procedem de ti.

8 . Porque eu lhes transmiti as palavras que tu me confiaste e eles as receberam e reconheceram verdadeiramente que saí de ti, e creram que tu me enviaste.

9 . Por eles é que eu rogo. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus.

10 . Tudo o que é meu é teu, e tudo o que é teu é meu. Neles sou glorificado.

11 . Já não estou no mundo, mas eles estão ainda no mundo; eu, porém, vou para junto de ti. Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, a fim de que sejam um como nós.

12 . Enquanto eu estava com eles, eu os guardava em teu nome, que me incumbiste de fazer conhecido. Conservei os que me deste, e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura.

13 . Mas, agora, vou para junto de ti. Dirijo-te esta oração enquanto estou no mundo para que eles tenham a plenitude da minha alegria.

14 . Dei-lhes a tua palavra, mas o mundo os odeia, porque eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo.

15 . Não peço que os tires do mundo, mas sim que os preserves do mal.

16 . Eles não são do mundo, como também eu não sou do mundo.

17 . Santifica-os pela verdade. A tua palavra é a verdade.

18 . Como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo.

19 . Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade.

20 . Não rogo somente por eles, mas também por aqueles que por sua palavra hão de crer em mim. Jesus rezou por mim... O b r i g a d a

21 . Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste.

22 . Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um:

23 . eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim.

24 . Pai, quero que, onde eu estou, estejam comigo aqueles que me deste, para que vejam a minha glória que me concedeste, porque me amaste antes da criação do mundo.

25 . Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes sabem que tu me enviaste.

26 . Manifestei-lhes o teu nome, e ainda hei de lho manifestar, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles.

Capítulo 18

1 . Depois dessas palavras, Jesus saiu com os seus discípulos para além da torrente de Cedron, onde havia um jardim, no qual entrou com os seus discípulos.

2 . Judas, o traidor, conhecia também aquele lugar, porque Jesus ia freqüentemente para lá com os seus discípulos.

3 . Tomou então Judas a coorte e os guardas de serviço dos pontífices e dos fariseus, e chegaram ali com lanternas, tochas e armas.

4 . Como Jesus soubesse tudo o que havia de lhe acontecer, adiantou-se e perguntou-lhes: A quem buscais?

5 . Responderam: A Jesus de Nazaré. Sou eu, disse-lhes. (Também Judas, o traidor, estava com eles.)

6 . Quando lhes disse Sou eu, recuaram e caíram por terra.

7 . Perguntou-lhes ele, pela segunda vez: A quem buscais? Disseram: A Jesus de Nazaré.

8 . Replicou Jesus: Já vos disse que sou eu. Se é, pois, a mim que buscais, deixai ir estes.

9 . Assim se cumpriu a palavra que disse: Dos que me deste não perdi nenhum (Jo 17,12).

10 . Simão Pedro, que tinha uma espada, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, decepando-lhe a orelha direita. (O servo chamava-se Malco.)

11 . Mas Jesus disse a Pedro: Enfia a tua espada na bainha! Não hei de beber eu o cálice que o Pai me deu?

12 . Então a coorte, o tribuno e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o ataram.

13 . Conduziram-no primeiro a Anás, por ser sogro de Caifás, que era o sumo sacerdote daquele ano.

14 . Caifás fora quem dera aos judeus o conselho: Convém que um só homem morra em lugar do povo.

15 . Simão Pedro seguia Jesus, e mais outro discípulo. Este discípulo era conhecido do sumo sacerdote e entrou com Jesus no pátio da casa do sumo sacerdote,

16 . porém Pedro ficou de fora, à porta. Mas o outro discípulo (que era conhecido do sumo sacerdote) saiu e falou à porteira, e esta deixou Pedro entrar.

17 . A porteira perguntou a Pedro: Não és acaso também tu dos discípulos desse homem? Não o sou, respondeu ele.

18 . Os servos e os guardas acenderam um fogo, porque fazia frio, e se aqueciam. Com eles estava também Pedro, de pé, aquecendo-se.

19 . O sumo sacerdote indagou de Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina.

20 . Jesus respondeu-lhe: Falei publicamente ao mundo. Ensinei na sinagoga e no templo, onde se reúnem os judeus, e nada falei às ocultas.

21 . Por que me perguntas? Pergunta àqueles que ouviram o que lhes disse. Estes sabem o que ensinei.

22 . A estas palavras, um dos guardas presentes deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que respondes ao sumo sacerdote?

23 . Replicou-lhe Jesus: Se falei mal, prova-o, mas se falei bem, por que me bates?

24 . (Anás enviou-o preso ao sumo sacerdote Caifás.)

25 . Simão Pedro estava lá se aquecendo. Perguntaram-lhe: Não és porventura, também tu, dos seus discípulos? Negou-o, dizendo: Não!

26 . Disse-lhe um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha: Não te vi eu com ele no horto?

27 . Mas Pedro negou-o outra vez, e imediatamente o galo cantou.

28 . Da casa de Caifás conduziram Jesus ao pretório. Era de manhã cedo. Mas os judeus não entraram no pretório, para não se contaminarem e poderem comer a Páscoa.

29 . Saiu, por isso, Pilatos para ter com eles, e perguntou: Que acusação trazeis contra este homem?

30 . Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti.

31 . Disse, então, Pilatos: Tomai-o e julgai-o vós mesmos segundo a vossa lei. Responderam-lhe os judeus: Não nos é permitido matar ninguém.

32 . Assim se cumpria a palavra com a qual Jesus indicou de que gênero de morte havia de morrer (Mt 20,19).

33 . Pilatos entrou no pretório, chamou Jesus e perguntou-lhe: És tu o rei dos judeus?

34 . Jesus respondeu: Dizes isso por ti mesmo, ou foram outros que to disseram de mim?

35 . Disse Pilatos: Acaso sou eu judeu? A tua nação e os sumos sacerdotes entregaram-te a mim. Que fizeste?

36 . Respondeu Jesus: O meu Reino não é deste mundo. Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus súditos certamente teriam pelejado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu Reino não é deste mundo.

37 . Perguntou-lhe então Pilatos: És, portanto, rei? Respondeu Jesus: Sim, eu sou rei. É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz.

38 . Disse-lhe Pilatos: Que é a verdade?... Falando isso, saiu de novo, foi ter com os judeus e disse-lhes: Não acho nele crime algum.

39 . Mas é costume entre vós que pela Páscoa vos solte um preso. Quereis, pois, que vos solte o rei dos judeus?

40 . Então todos gritaram novamente e disseram: Não! A este não! Mas a Barrabás! (Barrabás era um salteador.)

Capítulo 19

1 . Pilatos mandou então flagelar Jesus.

2 . Os soldados teceram de espinhos uma coroa e puseram-lha sobre a cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura.

3 . Aproximavam-se dele e diziam: Salve, rei dos judeus! E davam-lhe bofetadas.

4 . Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação.

5 . Apareceu então Jesus, trazendo a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Pilatos disse: Eis o homem!

6 . Quando os pontífices e os guardas o viram, gritaram: Crucifica-o! Crucifica-o! Falou-lhes Pilatos: Tomai-o vós e crucificai-o, pois eu não acho nele culpa alguma.

7 . Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei, e segundo essa lei ele deve morrer, porque se declarou Filho de Deus.

8 . Estas palavras impressionaram Pilatos.

9 . Entrou novamente no pretório e perguntou a Jesus: De onde és tu? Mas Jesus não lhe respondeu.

10 . Pilatos então lhe disse: Tu não me respondes? Não sabes que tenho poder para te soltar e para te crucificar?

11 . Respondeu Jesus: Não terias poder algum sobre mim, se de cima não te fora dado. Por isso, quem me entregou a ti tem pecado maior.

12 . Desde então Pilatos procurava soltá-lo. Mas os judeus gritavam: Se o soltares, não és amigo do imperador, porque todo o que se faz rei se declara contra o imperador.

13 . Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado Lajeado, em hebraico Gábata.

14 . (Era a Preparação para a Páscoa, cerca da hora sexta.) Pilatos disse aos judeus: Eis o vosso rei!

15 . Mas eles clamavam: Fora com ele! Fora com ele! Crucifica-o! Pilatos perguntou-lhes: Hei de crucificar o vosso rei? Os sumos sacerdotes responderam: Não temos outro rei senão César!

16 . Entregou-o então a eles para que fosse crucificado.

17 . Levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava a sua cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota.

18 . Ali o crucificaram, e com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio.

19 . Pilatos redigiu também uma inscrição e a fixou por cima da cruz. Nela estava escrito: Jesus de Nazaré, rei dos judeus.

20 . Muitos dos judeus leram essa inscrição, porque Jesus foi crucificado perto da cidade e a inscrição era redigida em hebraico, em latim e em grego.

21 . Os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: Não escrevas: Rei dos judeus, mas sim: Este homem disse ser o rei dos judeus.

22 . Respondeu Pilatos: O que escrevi, escrevi.

23 . Depois de os soldados crucificarem Jesus, tomaram as suas vestes e fizeram delas quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura.

24 . Disseram, pois, uns aos outros: Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela, para ver de quem será. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as minhas vestes e deitaram sorte sobre a minha túnica (Sl 21,19). Isso fizeram os soldados.

25 . Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena.

26 . Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho.

27 . Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa.

28 . Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir plenamente a Escritura, disse: Tenho sede.

29 . Havia ali um vaso cheio de vinagre. Os soldados encheram de vinagre uma esponja e, fixando-a numa vara de hissopo, chegaram-lhe à boca.

30 . Havendo Jesus tomado do vinagre, disse: Tudo está consumado. Inclinou a cabeça e rendeu o espírito.

31 . Os judeus temeram que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque já era a Preparação e esse sábado era particularmente solene. Rogaram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados.

32 . Vieram os soldados e quebraram as pernas do primeiro e do outro, que com ele foram crucificados.

33 . Chegando, porém, a Jesus, como o vissem já morto, não lhe quebraram as pernas,

34 . mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança e, imediatamente, saiu sangue e água.

35 . O que foi testemunha desse fato o atesta (e o seu testemunho é digno de fé, e ele sabe que diz a verdade), a fim de que vós creiais.

36 . Assim se cumpriu a Escritura: Nenhum dos seus ossos será quebrado (Ex 12,46).

37 . E diz em outra parte a Escritura: Olharão para aquele que transpassaram (Zc 12,10).

38 . Depois disso, José de Arimatéia, que era discípulo de Jesus, mas ocultamente, por medo dos judeus, rogou a Pilatos a autorização para tirar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu. Foi, pois, e tirou o corpo de Jesus.

39 . Acompanhou-o Nicodemos (aquele que anteriormente fora de noite ter com Jesus), levando umas cem libras de uma mistura de mirra e aloés.

40 . Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no em panos com os aromas, como os judeus costumam sepultar.

41 . No lugar em que ele foi crucificado havia um jardim, e no jardim um sepulcro novo, em que ninguém ainda fora depositado.

42 . Foi ali que depositaram Jesus por causa da Preparação dos judeus e da proximidade do túmulo.

Capítulo 20

1 . No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro.

2 . Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!

3 . Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro.

4 . Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro.

5 . Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou.

6 . Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão.

7 . Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte.

8 . Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu.

9 . Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos.

10 . Os discípulos, então, voltaram para as suas casas.

11 . Entretanto, Maria se conservava do lado de fora perto do sepulcro e chorava. Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro.

12 . Viu dois anjos vestidos de branco, sentados onde estivera o corpo de Jesus, um à cabeceira e outro aos pés.

13 . Eles lhe perguntaram: Mulher, por que choras? Ela respondeu: Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram.

14 . Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu.

15 . Perguntou-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem procuras? Supondo ela que fosse o jardineiro, respondeu: Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste e eu o irei buscar.

16 . Disse-lhe Jesus: Maria! Voltando-se ela, exclamou em hebraico: Rabôni! (que quer dizer Mestre).

17 . Disse-lhe Jesus: Não me retenhas, porque ainda não subi a meu Pai, mas vai a meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.

18 . Maria Madalena correu para anunciar aos discípulos que ela tinha visto o Senhor e contou o que ele lhe tinha falado.

19 . Na tarde do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco!

20 . Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se ao ver o Senhor.

21 . Disse-lhes outra vez: A paz esteja convosco! Como o Pai me enviou, assim também eu vos envio a vós.

22 . Depois dessas palavras, soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo.

23 . Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos.

24 . Tomé, um dos Doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus.

25 . Os outros discípulos disseram-lhe: Vimos o Senhor. Mas ele replicou-lhes: Se não vir nas suas mãos o sinal dos pregos, e não puser o meu dedo no lugar dos pregos, e não introduzir a minha mão no seu lado, não acreditarei!

26 . Oito dias depois, estavam os seus discípulos outra vez no mesmo lugar e Tomé com eles. Estando trancadas as portas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse: A paz esteja convosco!

27 . Depois disse a Tomé: Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem de fé.

28 . Respondeu-lhe Tomé: Meu Senhor e meu Deus!

29 . Disse-lhe Jesus: Creste, porque me viste. Felizes aqueles que creem sem ter visto!

30 . Fez Jesus, na presença dos seus discípulos, ainda muitos outros milagres que não estão escritos neste livro.

31 . Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

Capítulo 21

1 . Depois disso, tornou Jesus a manifestar-se aos seus discípulos junto ao lago de Tiberíades. Manifestou-se deste modo:

2 . Estavam juntos Simão Pedro, Tomé (chamado Dídimo), Natanael (que era de Caná da Galiléia), os filhos de Zebedeu e outros dois dos seus discípulos.

3 . Disse-lhes Simão Pedro: Vou pescar. Responderam-lhe eles: Também nós vamos contigo. Partiram e entraram na barca. Naquela noite, porém, nada apanharam.

4 . Chegada a manhã, Jesus estava na praia. Todavia, os discípulos não o reconheceram.

5 . Perguntou-lhes Jesus: Amigos, não tendes acaso alguma coisa para comer? Não, responderam-lhe.

6 . Disse-lhes ele: Lançai a rede ao lado direito da barca e achareis. Lançaram-na, e já não podiam arrastá-la por causa da grande quantidade de peixes.

7 . Então aquele discípulo, que Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor! Quando Simão Pedro ouviu dizer que era o Senhor, cingiu-se com a túnica (porque estava nu) e lançou-se às águas.

8 . Os outros discípulos vieram na barca, arrastando a rede dos peixes (pois não estavam longe da terra, senão cerca de duzentos côvados).

9 . Ao saltarem em terra, viram umas brasas preparadas e um peixe em cima delas, e pão.

10 . Disse-lhes Jesus: Trazei aqui alguns dos peixes que agora apanhastes.

11 . Subiu Simão Pedro e puxou a rede para a terra, cheia de cento e cinqüenta e três peixes grandes. Apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.

12 . Disse-lhes Jesus: Vinde, comei. Nenhum dos discípulos ousou perguntar-lhe: Quem és tu?, pois bem sabiam que era o Senhor.

13 . Jesus aproximou-se, tomou o pão e lhos deu, e do mesmo modo o peixe.

14 . Era esta já a terceira vez que Jesus se manifestava aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado.

15 . Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu ele: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.

16 . Perguntou-lhe outra vez: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta os meus cordeiros.

17 . Perguntou-lhe pela terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: Amas-me?, e respondeu-lhe: Senhor, sabes tudo, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas.

18 . Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais moço, cingias-te e andavas aonde querias. Mas, quando fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá e te levará para onde não queres.

19 . Por estas palavras, ele indicava o gênero de morte com que havia de glorificar a Deus. E depois de assim ter falado, acrescentou: Segue-me!

20 . Voltando-se Pedro, viu que o seguia aquele discípulo que Jesus amava (aquele que estivera reclinado sobre o seu peito, durante a ceia, e lhe perguntara: Senhor, quem é que te há de trair?).

21 . Vendo-o, Pedro perguntou a Jesus: Senhor, e este? Que será dele?

22 . Respondeu-lhe Jesus: Que te importa se eu quero que ele fique até que eu venha? Segue-me tu.

23 . Correu por isso o boato entre os irmãos de que aquele discípulo não morreria. Mas Jesus não lhe disse: Não morrerá, mas: Que te importa se quero que ele fique assim até que eu venha?

24 . Este é o discípulo que dá testemunho de todas essas coisas, e as escreveu. E sabemos que é digno de fé o seu testemunho.

25 . Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.

Leitura da Bíblia Sagrada a partir do Site do Santuário do Divino Pai Eterno - Trindade / Goiás - Brasil