Em nossa caminhada pela história do ouro e por Serra Pelada, pudemos estabelecer uma relação direta entre a importância e a influência do ouro em nossa sociedade, desde as civilizações mais antigas até os dias atuais.

Esse metal, tão almejado e valorizado por todos, leva as pessoas a se submeterem às mais absurdas condições de vida, movidas por sua ganância e pelo desejo cego de enriquecimento denominado fácil e rápido.

Sebastião Salgado, com seu olhar único e sua sensibilidade excepcional, retratou através de suas fotografias a realidade vivenciada pelos garimpeiros em Serra Pelada, na década de 80, no Pará. Denunciando por meio do projeto "Gold", inicialmente incluso na obra "Trabalhadores", a exploração e devastação do local e, principalmente, a exploração do homem pelo homem. A exposição percorreu diversos países, surpreendendo a todos com suas fotos chocantes e até mesmo perturbadoras, delatando o sofrimento movido pela febre do ouro, a febre da ganância.

Em nossas pesquisas e observações, pudemos estabelecer um vínculo de continuidade histórica entre a importância atribuída ao ouro pelas civilizações antigas e a febre do ouro, vivenciada em diversos momentos da história. O ser humano, por natureza, tende a buscar sempre enriquecer da forma mais fácil possível, mesmo que isso signifique ter de se submeter às mais absurdas condições de vida, como aconteceu  no garimpo em Serra Pelada, onde cerca de cem mil homens foram tentar a sorte mergulhando no abismo de lama e ganância. Essa gana por “bamburrar” foi o que moveu milhares de pessoas a deixarem suas famílias, amigos e vida para trás, para imergir no abismo da febre do ouro que, até os dias atuais, apanha as pessoas e as afoga com suas promessas.