RS 030 - Uma Viagem ao tempo 1939 a 2024

A Rodovia Cristóvão Pereira de Abreu, antiga RS-17, surgiu da necessidade de ligação entre os municípios da região do Litoral Norte com a Capital. Antes da abertura da estrada, esse trajeto era percorrido de carroças e carretas, atravessando rios, arroios e muitos atoleiros, principalmente no inverno. 

Desde a época em que o Brasil era comandado pelo Imperador D. Pedro I - já havia estudos para a construção de um porto em Torres. Anos mais tarde, o projeto ganhou novos contornos, com um corredor fluvial interligando as lagoas da região, inclusive a Lagoa dos Barros, desembocando em uma ferrovia entre Osório e Palmares do Sul, completando o trajeto através do Rio Palmares, a Lagoa dos Patos e culminando no Rio Guaíba, fazendo com que os moradores, produtores e comerciantes pudessem negociar seus produtos e abastecerem suas casas e comércios. Esse sistema só passou a funcionar no ano de 1921, e não resolveu o problema do isolamento de Santo Antônio da Patrulha. 

Em 24 de agosto de 1934, o Governador do Estado, General Flores da Cunha, assinou o contrato com a firma Dahne, Conceição & Cia para a construção de uma estrada de rodagem que ofereceria trânsito seguro e rápido, em qualquer época do ano, ligando Gravataí à Conceição do Arroio (hoje Osório), com extensão de 82 quilômetros, iniciando na ponte sob o Rio Gravataí. As obras de construção da estrada avançaram lentamente e ela só foi inaugurada em julho de 1939. A finalização da Rodovia proporcionou o crescimento do Bairro Pitangueiras, com o surgimento de novos comércios e casas no que antes era o subúrbio da Vila. 

A abertura da nova estrada também facilitou a chegada dos veranistas ao litoral, encurtando o trajeto e o tempo de deslocamento. Também a indústria automobilística teve significativo crescimento em suas vendas de automóveis de passeio neste período. A partir daí, Santo Antônio da Patrulha viu surgir indústrias às margens da Rodovia, além de pequenos comércios e prestadores de serviços que ali se instalavam para atender toda essa movimentação que a nova estrada trazia. 

Na área industrial, em 1936 surgiu a filial da firma Osório, Lopes & Cia, que tinha sua matriz em Porto Alegre, com comércio de cereais, bebidas, miudezas, máquinas agrícolas e veículos automotores, passando mais tarde para a área de beneficiamento de arroz. Nessa linha, também surgiram a Cooperativa Rizícola em 1951 e depois a Cooperativa Arrozeira em 1960. 

Em 1946, abriu as portas à empresa Randazzo e Cia Ltda., que atendia principalmente os agricultores, com oferta de artigos agropecuários, sementes, ferragens, materiais elétricos e mecânicos, além de peças para tratores. Mais tarde, passou a produzir também artefatos de cimento. Em 1953 nasceu a MASAL, inovando na produção de máquinas e implementos para as lavouras de arroz. Afastadas das margens da Rodovia, mas também impulsionadas pela facilidade de acesso, surgiram a Fábrica de Massas Santo Antônio em 1950 e a Confecções Sônia em 1953.

Para atender a crescente demanda de veículos que passavam por ali, surgiu o Posto de Combustíveis Energia, da Shell, em 1940, tornando-se parada obrigatória para abastecimento. Junto ao posto, instalou-se o Bar Boas Vindas, que ofertava o tradicional café com sonhos, iguaria que ficou famosa entre os frequentadores. As instalações serviam também como “paradouro” para os ônibus que faziam as linhas entre Porto Alegre e o litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Devido ao sucesso do bar, logo o espaço foi ampliado, inaugurando um restaurante e depois um hotel.

Ainda na década de 50, devido ao fluxo de veículos na RS-030, foram instaladas ao longo de seu percurso guaritas para o controle de velocidade, sendo que duas delas ficavam dentro da cidade de Santo Antônio da Patrulha: uma próxima ao local onde hoje é a Praça Nossa Senhora da Boa Viagem e outra nas proximidades da atual Rua Paraná. Essas guaritas serviam de abrigo aos soldados da Polícia Rodoviária do DAER - Departamento Autônomo de Estradas de Rodagens que faziam o controle da velocidade através de cartões que recebiam carimbos a cada posto alcançado, sendo possível calcular a velocidade média que os motoristas andavam pela Rodovia. Para evitarem as multas, os motoristas faziam paradas nos bares e restaurantes do Bairro Pitangueiras. Assim, surgiram o City Bar, o Restaurante Isola de Capri, o Bar Turista, a Churrascaria Santo Antônio, Restaurante Mira ao Mar, Café Comercial, Bar e Restaurante Elite, Churrascaria e Galeto Rancho Alegre, Café Ipibaé, Churrascaria Frango na Brasa, Churrascaria Rincão Gaúcho, Bar Taco de Ouro, Café, Bar e Churrascaria do Waldemar Bier e Restaurante Mar Del Plata. 

Esse movimento de pessoas passando pelas Pitangueiras, as paradas nos bares e postos de combustíveis, fez nascer um novo tipo de comércio: os vendedores ambulantes de rapaduras. Na sua grande maioria meninos de pouca idade, vendiam as rapaduras produzidas no interior, além de frutas e flores. Alguns também ofereciam os serviços de engraxate e de vigilância dos carros. Até a década de 90, ainda era possível ver alguns meninos oferecendo rapaduras, pés-de-moleque e puxa-puxa nas portas dos ônibus que estacionavam no pátio da Estação Rodoviária, junto ao Bar Turista.

Com a abertura da BR-290, a “Free Way”, em 1973, muitos dos estabelecimentos que recebiam os turistas em deslocamento viram sumir seus clientes. Com a conquista do trevo de acesso no ano de 1975, logo as esperanças voltaram.

Hoje, o Bairro Pitangueiras, às margens da RS-030, está consolidado como a principal via econômica da cidade.

A duplicação da RS-030 no perímetro urbano de Santo Antônio da Patrulha vem atender às novas demandas do município, dando maior organização e fluidez à via. Isso só foi possível através da promulgação da Lei nº 15.681/2021, repassando do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (DAER) - vinculado à Secretaria de Logística e Transportes (SELT) -, para a Prefeitura de Santo Antônio da Patrulha a gestão do segmento da rodovia. As obras de duplicação dentro dos sete quilômetros municipalizados foram divididas em 4 (quatro) trechos, sendo iniciadas em 18 de abril de 2022 e entregues à comunidade em 21 de março de 2024, com valor total de R$ 15.424.109,43 (quinze milhões, quatrocentos e vinte e quatro mil, cento e nove reais e quarenta e três centavos). Os recursos utilizados vieram do Ministério do Desenvolvimento Regional, do Governo do Estado através do Programa Pavimenta, de financiamento da Caixa Econômica Federal através do Financiamento à Infraestrutura e Saneamento (FINISA), e de recursos próprios da Prefeitura.


Pesquisa: Carla Cristiane Souza da Cunha - Fundação Museu Antropológico Caldas Júnior.


DEPOIMENTOS HISTÓRICOS SOBRE A RS-030:

LINK: https://bit.ly/3TcqNtH

PARCERIA: Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Patrulha, através da Secretaria Municipal da Cultura, Turismo e Esportes e Fundação Museu Antropológico Caldas Júnior.

PERÍODO: 07 de julho a 03 de novembro de 2022.

PARTICIPAÇÕES: Senhores Diumer Juarez Medeiros Ramos, Marcolino Gomes, Odilon Ramos, Sérgio Airoldi e Victor Sérgio Pereira da Rosa.


LIVES “RS-030 PEDE PASSAGEM”:

LINKS:

https://fb.watch/qNA2zvkILp/

https://fb.watch/qNAbdaAo-b/

https://fb.watch/qEuhTqEJD1/

https://fb.watch/qEuhTqEJD1/

https://fb.watch/qEtAOfLBbr/

PARCERIA: Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Patrulha, através da Secretaria Municipal da Cultura, Turismo e Esportes e Fundação Museu Antropológico Caldas Júnior.

EXIBIÇÕES: 14 de julho e 05 de agosto de 2022 e 31 de janeiro, 07 de fevereiro e 1º de março de 2023.


FONTES DE PESQUISA:

- Livro Raizinha/2009: “Rodovia Gravataí-Osório-Tramandaí: o sonho da estrada dos sonhos”, Nilza Huyer Ely, páginas 58 a 69.

- Livro Raizinha/2019: “Bairro Pitangueiras”, Fernando Rocha Lauck, páginas 107 a 113.

- Facebook/Prefeitura Municipal de Santo Antônio da Patrulha: https://www.facebook.com/prefasap

- Site Departamento Autônomo de Estradas de Rodagens - DAER: https://www.daer.rs.gov.br/inicial

- Acervo Iconográfico do Museu Caldas Júnior.

- Facebook/Fotos Antigas de Santo Antônio da Patrulha: https://www.facebook.com/groups/257876040974783



Santo Antônio da Patrulha-RS, 26 de março de 2024.

Prefeito: Rodrigo Gomes Massulo.

Secretária do Planejamento e Desenvolvimento Econômico: Katiane Costa da Silva.


Vice-prefeito: Marcelo Santos da Silva.

Secretária da Administração e Finanças: Cléia Juçara Airoldi.

Secretária da Agricultura e Meio Ambiente: Suelen Braga de Andrade Kalbach.

Secretária do Trabalho e Desenvolvimento Social: Milena de Assis Mohr.

Secretária da Cultura, Turismo e Esportes: Jassira Castro Ramos.

Secretária da Educação: Josélia Maria Lorence Fraga.

Secretário das Obras, Trânsito e Segurança: Daniel Cândido da Silva

Secretário da Saúde: Antônio Fernando Selistre.

Presidente do Poder Legislativo: Sérgio Alexandre Airoldi.


Vereadores:

André Luís de Oliveira Selistre.

Antônio Irapon Vieira Dias.

Diego Gomes Portal.

Ezequiel Peixoto Muniz.

Gabriel Menezes Diedrich.

Gilberto Ferreira de Souza.

Jacira Conceição dos Santos.

João Luís Moreira da Silva.

Jorge Eloy de Oliveira.

Ricardo Zullmann Pires.

Valdir Portal da Silva.

Valtair Coelho de Andrade.

Presidente: Maria Rosalva Oliveira Rocha.

Diretor Administrativo e Financeiro: Rafael Barcela Gudaites.

Auxiliar de Museu: Carla Cristiane Souza da Cunha.

Auxiliar de Serviços Gerais: Isaura Beatriz Oliveira Peixoto.