Santo Antônio da Patrulha viveu uma tarde de grande emoção no sábado, 16 de agosto, com a abertura oficial da exposição “A Noiva da Lagoa: um crime que virou lenda”, realizada no Jardim Imperial da Fundação Museu Antropológico Caldas Júnior. O evento reuniu autoridades, comunidade e familiares de Maria Luiza Haussler, jovem assassinada em 1940, em Porto Alegre, cujo corpo foi lançado na Lagoa dos Barros.
A exposição apresenta fotografias, diários, desenhos e objetos pessoais de Maria Luiza, conhecida como “Lisinka”, que tinha apenas 17 anos quando foi morta. O crime, ocorrido naquela madrugada de 17/18 de agosto de 1940, completa agora 85 anos.
Entre os presentes, esteve Ingrid Luciana Franetta Emmer, cunhada da vítima e carinhosamente chamada de “Vovó Ingrid”. Ela foi casada com o irmão de Maria Luiza e, aos 85 anos, emocionou o público ao participar da homenagem. Ingrid esteve acompanhada por Joceli Lopes Roldão, Cristina Maria Iocksch e Evandro Miguel Feranti, que compartilharam com ela este momento histórico.
MEMORIAL MARIA LUIZA HAUSSLER
O ponto alto da tarde foi a doação do acervo da família ao Museu Caldas Júnior. Ingrid Emmer e seus familiares entregaram oficialmente os objetos históricos à Fundação, gesto que foi recebido com forte emoção pelo público presente.
Durante a cerimônia, foi realizada a assinatura do termo de doação do acervo de Maria Luiza Haussler à Fundação Museu Antropológico Caldas Júnior.
O documento estabelece que os materiais passam a integrar o acervo permanente da instituição, estando disponíveis para futuras gerações como forma de preservar a memória e reforçar o compromisso de Santo Antônio da Patrulha com a cultura, a história e a luta contra o feminicídio.
A doação prevê ainda a criação do Memorial Maria Luiza Haussler, espaço permanente no Museu voltado à preservação, divulgação e contextualização da história da jovem conhecida como “A Noiva da Lagoa”. O memorial terá como objetivo não apenas valorizar a memória de Maria Luiza, mas também promover ações educativas e culturais relacionadas à temática do feminicídio e à valorização da vida.
PRONUNCIAMENTOS
A solenidade contou com pronunciamentos que emocionaram os presentes.
O presidente do Museu Caldas Júnior, Rafael Barcela, destacou a importância histórica e simbólica da exposição: “a exposição não relata apenas um dos crimes mais marcantes do Rio Grande do Sul, mas também convida à reflexão sobre a violência contra a mulher, tema ainda tão atual. Ao transformar a tragédia em memória preservada, o Museu reafirma seu papel como guardião da história e cultura de nossa cidade”.
O secretário Sérgio Canário reforçou o valor da preservação da memória coletiva e da cultura patrulhense.
Com grande emoção, Ingrid Emmer, acompanhada de Joceli Lopes Roldão, deixou sua mensagem de gratidão, lembrando que “Lisinka” finalmente encontra um espaço de memória que perpetua sua história. Em sua fala, Ingrid fez um alerta para que todos estejam atentos aos sinais ocultos de violência doméstica contra crianças, adolescentes e mulheres, destacando que o silêncio muitas vezes esconde sofrimentos profundos. Ao final, emocionou o público ao realizar a oração da ponte, gesto simbólico que uniu passado e presente em um momento de fé e reflexão coletiva.
O jornalista Joceli Lopes Roldão também se pronunciou, ressaltando a relevância do ato para a história do município e do Estado.
Em seguida, o presidente da Câmara de Vereadores, André Selistre, prestou saudação oficial em nome do Legislativo, anunciando a concessão da Medalha Mérito Patrulhense à senhora Ingrid Emmer, em reconhecimento por sua valorosa contribuição à preservação da história de Santo Antônio da Patrulha.
A deputada federal Franciane Bayer, destacou a importância de ações que resgatem a memória de mulheres vítimas de violência. A parlamentar ressaltou que a história de Maria Luiza Haussler permanece atual, pois simboliza a luta contra o feminicídio e a necessidade de políticas públicas efetivas para a proteção das mulheres.
Encerrando os pronunciamentos, o prefeito Rodrigo Massulo celebrou a tarde histórica e agradeceu à família pela confiança e reforçou o compromisso da gestão com a valorização do patrimônio cultural. “Quero organizar junto com a SEMED, em parceria com o Museu, visitas de nossas vinte e seis escolas no Memorial Maria Luiza para que não só conheçam a história, mas que neste momento, nós tenhamos um representante da Segurança Pública e também da Secretaria da Educação para falar sobre feminicídio e formas de divulgação e de como a gente denúncia”, afirmou o prefeito.
PRESENÇA DE AUTORIDADES
Num Jardim Imperial lotado, com mais de 80 pessoas, a cerimônia contou com a presença de diversas autoridades e representantes da sociedade civil. Entre elas, o prefeito Rodrigo Massulo, a deputada federal Franciane Bayer, integrante da Comissão Externa de Combate ao Feminicídio da Câmara dos Deputados, o presidente da Câmara Municipal, vereador André Selistre, o presidente do Museu Caldas Júnior, Rafael Barcela, o secretário municipal da Cultura, Turismo e Esportes, Sérgio Canário e a secretária municipal da Administração e Finanças, Cléia Airoldi.
Também participaram o vereador Valtair Pelado, a Soberana da FENACAN, Érica Magali, a presidente do Instituto Histórico e Geográfico, Maria Helena Gil Peixoto, a presidente do Conselho Municipal do Idoso, Alexandra Lucena; a representante do Grêmio Literário Patrulhense, Ana Clara Maciel, a representante da Associação Moenda, Carmem Monteiro, o pesquisador e guardião do Caminho Gaúcho de Santiago, Jaime Müller, a presidente do Conselho Superior do Museu, Daniela Jacques, além da imprensa, representada por Hermogenes Silveira (Jornal Folha Patrulhense), Joceli Lopes Roldão (Jornal Fato em Foco) e Vilson Schaefer (Rádio Itapuí).
HOMENAGENS À INGRID EMMER
A tarde também foi marcada por gestos simbólicos de reconhecimento. O grupo de artesãs do Museu presenteou Ingrid Emmer com um mimo especial, em agradecimento pela sua generosidade e contribuição à exposição. O Conselho Municipal do Idoso, representado por Alexandra Lucena, entregou uma lembrança acompanhada de produtos da terra, como gesto de acolhida e gratidão. Encerrando as homenagens, o prefeito Rodrigo Massulo entregou a Ingrid uma lembrança em nome do município, como forma de gratidão pela valiosa contribuição da família Haussler para história e cultura de Santo Antônio da Patrulha.
RESGATANDO MEMÓRIAS
Antes do encerramento, foi realizada a assinatura da lei regulamenta o Projeto Resgatando Memórias, reforçando o compromisso do município com a preservação da história local e a valorização da memória coletiva.
Na sequência, o público foi convidado a prestigiar o episódio especial do Projeto Resgatando Memórias com Ingrid Emmer, nos canais oficiais da Prefeitura no YouTube e Facebook.
Após a solenidade no Jardim Imperial, os convidados foram conduzidos ao interior do Museu, onde puderam visitar a exposição aberta simbolicamente. O público teve acesso a peças de grande valor histórico e afetivo, agora preservadas como patrimônio de Santo Antônio da Patrulha.
VISITAS AO MUSEU
Com entrada gratuita, a exposição está aberta à visitação de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h às 17h, no Museu Caldas Júnior. Sábados e domingos, das 14 às 18 horas, por tempo indeterminado. Escolas e excursões podem agendar visitas pelo whatsApp 9160-3549.
Fotos: Divulgação