Ushuaia 2023

Mais uma vez os seis amigos se reúnem para decidir a próxima viagem, Ushuaia. A icônica cidade argentina que fica lá no Fim do Mundo, na Terra do fogo, no final do continente americano, no último trecho com estrada possível de se chegar antes do mar antártico ...

Para mim seria a segunda vez (Ushuaia 2012), então pensei em um roteiro por caminhos diferentes, lugares que ainda não conhecia e conhecer mais os que já tinha visitado. Opções não faltam por lá, poderia facilmente ficar meses e ainda assim não conhecer metade.

Começamos então a elaboração do roteiro e cronograma. A saída ficou para início de outubro, o que já era um desafio a se pensar, pois sendo início da primavera o clima ainda está bem frio, baixa temperaturas, possíveis nevascas, gelo, ventos... ah os ventos!

Em paralelo começamos as revisões das motos e compra e manutenção dos equipamentos de viagens. Minha gorda já com 80.000 km precisou de uma manutenção mais detalhada, troquei bateria, pneus, velas, regulagem de válvula, óleos e filtros, ficou perfeita. Trabalho sempre muito especial do amigo Daniel da concessionária Top Car de Blumenau, antes era o amigo Renato que cuidava bem dela. Comprei também um conjunto de calça e jaqueta da Texx, pois o meu antigo de frio já tinha mais de 10 anos e se desfez literalmente.

Data de saída marcada para dia 11 de outubro, uma quarta, mas...

Dias antes o sul do país começou a sofrer muito com o El Niño, muitas chuvas em toda a região e consequentemente começaram as enchentes. As previsões de nível do Rio Itajaí-Açu mostravam que no dia 11 alguns de nós estariam ilhados, então antecipamos nossa saída. Eu e o Adelar moramos perto e resolvemos na noite de domingo, meia-noite do dia 08, já dormir num hotel na saída de Blumenau, na BR470, de onde seguiríamos.

Dia 01, 9/out, Segunda - Blumenau até Vacaria - 655 km

Moto na garagem de cima do prédio por causa do risco de enchente


Nos encontramos todos no posto às 6h30 para a saída. Não comecei bem o dia, escorreguei manobrando a moto e inaugurei a compra de terrenos da viagem, que foi grande hehe

Antes de sair verificamos as notícias no Insta e Twitter da PRF e da Estadual sobre as estradas, e constavam liberadas. Pegamos a BR470 sentido RS com tempo relativamente tranquilo, seco ao menos, até chegarmos em Rio do Sul, onde verificamos que faltava atualização das notícias... rodovia interditada com 1m de água na pista, nem caminhões passando, e previsão de uma semana para baixar.

Aí entra a administração de problemas de viagem, muita calma, reunião com o grupo, vamos analisar a melhor alternativa. Resolvemos voltar tudo, seguir até a BR101 e subir a BR282, que teria menos possibilidade de água na pista, mas tinha possibilidade de desbarrancamentos. Assim fizemos.

O trajeto foi tranquilo, em Porto Belo, de depois na BR282 uma garoa, mas nem chegou a molhar, até chegarmos em Vacaria onde ficamos no Hotel São Bernardo, muito bom. Destaque para o pátio cheio de grandes e gordos coelhos e aves soltas.

Saída antecipada já com água fechando a rua

Posto da BR470 para início da viagem

BR470 alagada, 1m de água na pista em Rio do Sul

Vacaria RS

Dia 02, 10/out, Terça - Vacaria até Passo de Los Libres - 762 km

Como foi padrão na viagem acordamos bem cedo, 6h nesse dia para sairmos às 7h30. Um ótimo café da manhã e pegamos estrada.

Caminho já bem conhecido, mas que exige muita atenção pois a estrada está péssima em vários trechos. Tempo bom, meio calor, chegou a fazer 33 graus. Rodamos 560km até São Borja, fronteira que sempre gostamos de atravessar por ser muito rápida e organizada. Não levou 10min e já estávamos na Argentina.

Ali mesmo na Aduana já fizemos o primeiro câmbio, que foi com pix R$ 1 para 160 PA$, em efetivo R$ 1 para 170 PA$ e 1 US$ para 930 PA$. Um saco de dinheiro...

Fizemos mais 200km pela Ruta Nacional 14, na saída da RN3 o grupo se dividiu, eu, Vitor e Adelar seguimos até Paso de Los Libres onde fomos até o Hotel Cassino Rio Uruguayo onde fiquei em maio com a família. Zé, Rubem e Dieter pararam no posto YPF da bifurcação.

Vitão comprou seu terreno perto do hotel, no trecho de rípio da via de acesso. O Hotel estava cheio de motociclistas que também entrariam na Argentina para os mais variados destinos. Primeiro disseram não ter quartos, depois nos chamaram e conseguiram os seis quartos individuais por 15000 PA$ ( R$ 89,00). Quando chegaram no hotel o trio nos informou que não tinha combustível no posto e que em Paso de Los Libres também seria difícil, isso por ser fronteira e brasileiros vêm em caravanas para abastecer por 1/3 do valor do Brasil.

Uma senhora que estava de recepcionista de um evento no hotel disse ter um conhecido que tinha posto de combustível. Zé fez contato com o "Pulga" e conseguiu gasolina para nós, muy amabile!

Um bom banho, roupas lavadas e penduradas, fomos jantar. Pedi um bife de Chorizo rujoso, delicioso! Para acompanhar uma cerveza, estava calor.

Só 400.000 PA$

Segundo terreno comprado, dessa vez pelo Vitor

Bife de Chorizo com papas

Dia 03, 11/out, Quarta - Passo de Los Libres até Venado Tuerto - 767 km

Acordei às 5h, arrumei as coisas, fui tomar café com o grupo, voltei para o banheiro e depois saímos 7h30 para a estrada. A previsão era de chuva, mas estava só nublado com 25 graus, então optamos por não colocar as capas ainda. A roda da frente foi desviando a chuva por uns 250km aí apontou pra água, mas foi pouca, a temperatura caiu para uns 14 graus.

Numa paradinha em baixo de um viaduto, quase comprei terreno na saída para a pista, a moto dançou pra tudo que é lado, e como o Vantuir Bopré sempre falou, na dúvida acelera que ela levanta, ufa! O Zé viu a cena.

Já nesse dia pegamos muito vento, e olha que era o comecinho da Patagônia. Vento frontal esquerdo, quando passam os caminhões (que agora ainda são bitrem)  é um redemoinho, primeiro ele corta o vento forte e a moto é puxada para a pista, depois vem a turbulência que parece dar um tapa no capacete e chacoalhar a moto toda, delícia, #sqn. 

Lá para a província de Santa Fé o tempo já estava seco novamente, que nos acompanhou por muitos dias.

Chegamos umas 16h na cidade de Venado Tuerto (veado machucado) e fomos procurar hotel. Ficamos no Hotel Miro Park, pagamos 20000 PA$ por quarto Individual (R$120,00), ótimo hotel.

Fomos jantar Ojo de Bife muito bom, uma das melhores carnes da viagem, acompanhado de uma Patagonia Amber Larger de 1 litro. A conta foi de 8500 PA$ (R$ 50,00) no Henry Cook.

Voltamos para descansar com 11 graus já, e tive que separar as roupas de mais frio para adiante. Um perro nos acompanhou até o hotel fazendo festa, a recepcionista deixou ele entrar e brincar ali, um galgo guapeca.

Dia 04, 12/out, Quinta - Venado Tuerto até Colonia Catriel - 880 km

Dia de deslocamento, retões, vento, corpo dolorido de uma gripe querendo incomodar. chegamos em Catriel até cedo, umas 16h.

O Zé quase ficou sem combustível nesse dia, precisamos fazer uma transfusão de gasolina da moto do Rubem para o Zé.

Fomos procurar hotel e pegamos o Hotel Stellato, não era dos melhores, mas tudo certo.

Depois de nos organizarmos fomos jantar no Resto Benevento.

Transfusão de combustível, ainda não tínhamos reservas cheias

YPF Full, grande parceiro da viagem, ótimo café e guloseimas

Dia 05, 13/out, Sexta - Catriel até El Bolson - 679 km

Saímos mais tarde nesse dia, eu tomei um remédio para gripe e fiquei um pouco mais na cama para fazer efeito. 9h pegamos estrada. Em Neuquen paramos para abastecer e aproveitamos para encher os tanques reservas de gasolina, por garantia.

O caminho começou a ficar mais bonito, entrada da Patagônia, sempre tem muitos locais para parar e tirar fotos. A barragem do Rio Limay, a ponte do Corral de Piedra, depois o Paso Chacabuco, tudo lindo demais. Mesmo já tendo passado algumas vezes por esse caminho, não me canso da beleza.

Numa das paradas a Adelar pisou em uma toiça de espinhos que perfurou a bota e furou o pé, não foi nada muito grave, mas exigiu cuidados até o final da viagem.

Pastelito e café

Retirando o espinho da bota

Piedra del Águila, Neuquén, AR (acho que foi minha 5a vez nesse posto)

Puente Collon Cura, Corral de Piedra, Embalse Piedra del Aguila

Paso Chacabuco

Tá morto mas passa bem...

Lago Nahuel Huapi

Entre Bariloche e El Bolson pegamos um trecho horrível de estrada, muitas crateras na pista, tenso. Até entendemos que era pós inverno, mas mesmo assim sendo um dos locais mais turísticos de toda Argentina, estava lastimável. 

Chegamos tarde, 19h, quase escurecendo, e ainda para complicar era feriado prolongado desde quinta, e  domingo seria dia das mães, então todos estavam lotados os hotéis que tínhamos anotado. 

Fomos conseguir um Hostal somente depois das 20h, o Hostal La Casa del Arbol. O proprietário, Sergio, muito atencioso nos deixou colocar as motos na área interna até de manhã cedo, pois era a área de café da manhã. Pegamos dois quartos bem grande com banheiro privativo e ficamos em três cada, deu 9000 PA$ cada. Nem tomamos banho, já fomos jantar com as roupas de moto mesmo para adiantar. (Eu tomei banho sim, seus porquinhos).


A cidade é muito simpática, merece mais tempo, eu tinha ótima expectativa dela. Saímos para jantar e fomos até um restobar e pizzaria. A pizza estava muito boa, nem demos conta direito das três pizzas que pedimos.

El Bolson é a capital do lúpulo argentino, então boas cervezas artesanais não faltaram. Pedi uma negra muito gostosa. 

Retornamos, tomei banho e cama. A gripe já melhorou bastante.

Dia 06, 14/out, Sábado - El Bolson até Gobernador Costa - 400 km

Acordamos as 7h para tirar as motos da área de café do Hostal, conforme combinado. 

Já aproveitamos para tomar o café da manhã.

Aproveitamos o agradável local para procurarmos hospedagem em Esquel ou Trevelin, onde iríamos ver os campos de Tulipas que estão floridas em outubro. 

Aí deu ruim, pois não tinham vagas por causa do feriado. 

Sergio do Hostal La Casa del Arbol preparando o Desayuno

Dia lindo, céu azul e muito frio.

De qualquer forma era caminho, então tocamos até Esquel e fomos na secretaria de turismo, e realmente não tinham vagas mais na cidade, que não é pequena.

Paramos uma lanchonete para comer algo, um sand de carne. O local estava bem frequentado pois o pessoal estava assistindo a Argentina jogar em um torneio de Rugby, bem entusiasmados. 

Depois rodamos até Trevelin, estava lotada, para ver as tulipas, que não estavam lá... tiramos uma foto de um canteiro hehe

Resolvemos seguir até a próxima pequena cidade, que não era turística, Teka. Mas acreditem, estava tendo um  evento religioso na cidade e tudo também estava lotado hehe.

Seguimos então mais 80km até a cidade de Gobernador Costa, chegando lá às 19h. Lá tinham várias vagas.

Vale comentar que a estrada estava osso, com muitos buracos no trecho todo, cerca de 30% do trecho rodado no dia estava muito ruim.

Pegamos o Hotel & Restaurant Roca, bem simples, mas de boas. Pegamos quartos duplos que eram os disponíveis, por 13000 PA$ cada. Jantamos mesmo no hotel, milanesa com purê de batata e vinho tinto.

Mais um lote... o terceiro

 Dia 07, 15/out, Domingo - Gobernador Costa até Gobern. Gregores - 713 km

Acordamos cedo e como não tinha desayuno no hotel às 7h30 saímos e fomos abastecer e tomar café com tostadas. Rubem comprou terreno do hotel manobrando na saída.

Seguimos a RN40 até Rio Mayo, temperatura 5 graus, média boa mas teve uns 30 km de crateras novamente. Tomamos um café e continuamos. Passamos por Perito Moreno onde abastecemos para garantir autonomia até Gobernador Gregores, pois o "posto" de Bajo Caracoles é sempre uma roleta russa se vai ter ou se vão atender para colocar combustível.

Mas chegando lá tinha e fomos sim atendidos, bem rápido até. Nem precisamos então usar a reserva para chegar em Gob. Gregores.

Tostadas e café

Parada para lanche e drone, Rio Senguer

Cafeteria em Rio Mayo

Esse casal tem um canal no youtube. Eles que depois ajudaram o Junior que teve a moto incendiada, explicado mais a frente aqui na página.

A chegada, apesar dos buracos, é bastante bonita, uma região um pouco mais alta, lindo visual.

18h paramos no posto logo na entrada da cidade, abastecemos e bem na frente já estava o hotel que ficamos, novinho, Parador Ruta 40. Pegamos quartos individuais, enormes e tudo muito novo.

Tomamos um banho e fomos jantar. Como era domingo só encontramos uma opção, mas estava legal (exceto pela música ruim e alta). Mata Negra Restobar, pedi um bife de chorizo a lo pobre com dos huevos e tomei uma cerveza negra.

O caminho na rua principal é muito agradável, apesar de pequena a cidade é bem charmosa.

Dia 08, 16/out, Segunda - Gobernador Gregores até El Chaltén - 297 km

Tomado o café da manhã, padrão argentino, pelas 8h.

Andamos cerca de 60km por um bom asfalto, com tempo bom e inicialmente sem vento, chegando nos muito falados 73 Los Malditos, um trecho de rípio da RN40 que já não é muito utilizado e por isso têm pouca manutenção.

Paramos para fazer a calibragem dos pneus, 28 libras dianteiro e 34 libras traseiro. Fizemos fotos, uma filmagem de drone e seguimos.

Os primeiros 20km estavam bem tranquilos, mais terra batida do que rípio. Deu impressão de ter chovido, lameou e depois passaram a máquina, quando secou ficou bem bom o trecho. Por ali vimos uma placa escrito Café e entramos na Estancia La Siberia, onde vive um casal (Matias e sua esposa) e um cachorro. Eles já moraram no México, Estados Unidos e sei lá mais onde, e agora tinham arrendado a estância por cinco anos. O local é muito lindo, tem vista para o Lago Cardiel. Serviram um nescafé e pão na chapa do fogão a lenha. Bate papo, mais uma filmagem de drone, fotos e seguimos de novo pelo rípio.

Os 73 Los Malditos

Tronco de árvore petrificado

Esquece Adelar, não segura mais... lote comprado com estilo.

Alguns trechos pequenos tinham bastante rípio acumulado, normalmente nas retas. No final, os últimos 10km foram mais tensos pois começou a ventar consideravelmente, e vai jogando a moto para fora dos trilhos da estrada. Mas foi tudo bem com todos e os 6 los benditos superaram os 73 los malditos!

Só o Adelar resolveu comprar um lote, mas foi mais bem devagar, numa descuidada fazendo foto pra gravação hehe

Calibramos os pneus novamente usando os compressores a bateria, meu e do Vitor, que vale comentar que foi um ótimo investimento.

Mais uns quilómetros à frente e paramos em Tres Lagos, no posto abastecemos somente pois estava em reforma e não tinha lanchonete. Ali encontramos um casal de brasileiros de van com um cachorrão, e também o Junior, do canal As aventuras de Júnior S. que com uma Vstrom estava viajando pela Argentina e Chile. Infelizmente poucos dias depois, na ruta chilena de Chile Chico, bateu com a moto no guardrail da pista e a moto pegou fogo completamente, menos mal que ele não se machucou.

Continuamos pela magnífica RN40 sentido El Chalten. No caminho algo estranho e triste, muitos e muitos guanacos mortos perto das cercas da estrada. Depois tivemos a explicação que quando tem nevascas eles perdem impulso por causa da neve e acabam não conseguindo saltar e se enroscando nas cercas, morrendo ali.

Saindo da RN40 e entrando na RP23 o cenário muda bastante quando começa a beirar o lago Viedma, logo em seguida ao longe já se pode ver o majestoso Fitz Roy e o Poicenot (os dois maiores da cadeia de picos).

Uma das vistas mais lindas que já vi na vida, e pela segunda vez tive esse privilégio. Dessa vez totalmente de céu limpo, sem nenhuma nuvem. El Chalten para os primitivos significava na língua deles montanha que solta fumaça, pois achavam ser um vulcão, pois quase sempre tem uma nuvem cobrindo o pico do Fitz Roy.

Paramos para muitas fotos, o drone não foi possível por causa dos ventos muito fortes. Chegamos na cidade 15h30 e fomos comer algo, restaurante Pagea. Pedi uma truta.

Depois fomos procurar hotel, muitas opções, e como o lugar era muito especial optamos também por um hotel especial, Los Cerros de Chalten, um hotel padrão 4 estrelas, sensacional. O mais legal dele foi o atendimento de toda a equipe, fizeram a diferença. Pegamos quartos duplos, bem espaçosos e confortáveis.

Reservamos o spa para o grupo, que contava com duas grandes jacuzzi, saunas e massagens para quem quisesse, com vista para as montanhas nevadas, nada mal. 

Fomos até uma das áreas de convivência para tomar uma cerveja apreciando o quadro natural da janela. Veio conversar com a gente o guia de turismo do hotel, que dá toda uma assessoria nos roteiros que poderíamos fazer nos outros dias. O cara é formado em ciências sociais, ou algo assim, e tivemos um bom papo.

Jantamos no hotel mesmo nesse primeiro dia.

Dia 09, 17/out, Terça - El Chaltén

Nas minhas expectativas, aqui começou a viagem. A Patagônia exuberante, grandes montanhas, lagos, geleiras... até aqui curtimos muito, mas não deixa de ser deslocamento até chegar na cereja do bolo, que é a Patagônia Sul.

O café da manhã do hotel é sensacional, tanto pela variedade de salgados e doces, quanto pelo atendimento diferenciado de todos.

Zé, Adelar e Vitor foram de moto fazer um trecho até o Lago do Deserto. Eu, Rubem e Dieter fomos fazer uma das trilhas de El Chalten, trilha do Mirador Cerro Torre, 5km de senderos. Consegui soltar o drone um pouco somente, num local que estava menos vento.

Depois de retornar, já umas 14h fomos almoçar  num restaurante, Monte Rojo, bem perto do hotel, muito gostoso, pedi um bife de chorizo e uma cerveja artesanal.

Depois de descansar, fazer um spa novamente, fomos jantar. 

No caminho paramos para comprar algumas coisas para comer no trekking do dia seguinte, na saída encontramos um casal de holandeses muito simpáticos e comunicativos, até bem fora do padrão.

Pedi um cordeiro estofado (ensopado) com pure de calabaza, pois ali eles não tem muito costume de comer cordeiro assado. Para acompanhar uma cerveja artesanal, óbvio hehe.

Droneando no Mirador Cerro Torre

Dia 10, 18/out, Quarta - El Chaltén

Depois do ótimo café da manhã, nós cinco (Adelar não foi por causa do pé) pegamos o micro ônibus que nos levou até a Puente sobre el Río Eléctrico que é um dos pontos de início de trilha na região. O guia nos informou que a subida para a laguna de las torres estava com a subida com gelo e neve e que precisaria de grampones para subir, e que não se conseguiria mais para alugar ou comprar na cidade. Então a ideia era fazer outra trilha de 28 km, mas que passava na entrada da trilha da laguna de las torres.

Impossível descrever com palavras e até com fotos e vídeos as paisagens do caminho, tentei. Fomos subindo, e no caminho fomos nos informando e nos disseram que alguns estavam subindo os 4km de pedras com gelo e neve sem equipamento. Quando chegamos na bifurcação resolvemos arriscar a subir, ao menos onde iniciava o gelo.

A imagem acima é do SPOT, dispositivo de segurança por satélite. Abra em uma nova janela para ter mais detalhes dos trekkings locais.

A caminhada se inicia na Puente sobre el Río Eléctrico, segue por um grande vale e depois começa a subir.

Mirador del Glaciar Piedras Blancas

Mais a frente uma bifurcação indicando o caminho para a Laguna de Los Tres, dali, depois e passar pela ponte do Rio Blanco, inicia a subida de 4km até a laguna.

Decidimos, mesmo com os avisos de nove e gelo, e sem grampões ou bastões tentar subir. 

Na base do rio o Dieter resolveu ficar pois a subida seria sabidamente bastante puxada. A trilha é considerada de nível difícil. 

Chegando no início do gelo o Vitor decidiu retornar com o Dieter e dali seguimos eu, Zé e Rubem.

A subida inicial vai num caminho de pedras, soltas, bem puxado. Depois começou a parte de gelo, neve e pedras, e a dificuldade foi aumentando. Tanso não levei os bastões, pois a ideia era fazer a trilha mais plana. A bota ajudou, mas mesmo assim a coitada já mais velinha escorregou algumas vezes.

Teve um trecho muito forte de subida, com muito gelo escorregadio, ali foi o mais complicado na subida, e pior ainda na descida. Na sequência veio um trecho de neve mais fofa onde a perna enterrava acima do joelho, e dava medo de pegar uma pedra nessa hora.

Passando esse trecho, outra subida e chegamos até o topo com a vista para o lago. Estava um vento absurdo, forte o bastante para derrubar uma pessoa. O lago estava totalmente congelado, se misturando com a montanha de neve em volta e os picos por trás. Mesmo não estando verdinho como vemos em muitas fotos, é tudo muito lindo. Como comentei, impossível descrever, apenas sentir o local.

Depois de apreciar o local, se equilibrando para não cair de tanto vento, começamos a volta. Logo que sai do topo o vento para, ele fica naquela região do lago. A descida foi muito complicada, pois escorregava demais e exigia muito do joelho e panturrilha. Algumas bundadas para a conta. No final do dia a perna já estava no limite. E a volta foram uns 15 km, nada fácil.

Interessante que vendo inúmeros vídeos do pessoal que subiu, mesmo no inverno, cada um tem o trajeto diferente. Um casal conhecido subiu dois dias antes e como estava com muito mais neve, mais fofo, foi muito mais tranquilo. Não tem regra ali, a montanha é viva, e dependemos sempre do seu humor.

Chegamos moídos pelas 17h30 no hotel, e por sorte os amigos tinham reservado o spa novamente, amém.

Nesse dia jantamos novamente no hotel, todos bem cansados.

Dia 11, 19/out, Quinta - El Chaltén até Torres del Paine - 447 km

Dia de estrada, paramos no único posto da cidade, na saída, em um container com a bomba bem abrigada do vento. Em 2017 foi preciso dois ajudar a segurar a moto para conseguirmos abastecer. No dia estava mais tranquilo o vento. 

Percorremos novamente a RP23 agora vendo o gigante Fitz Roy pelo retrovisor, com nuvens dessa vez. Entrando na Ruta 40 os ventos mudam de direção mas continuam persistentes. 

Passamos pela entrada da RP11 que leva até El Calafate, pois todos já conheciam ali, e seguimos em direção a La Esperanza, que é o caminho por asfalto pela RN40. Já estive naquele posto outras quatro vezes, em 2012 e 2017.

Antes de abastecer descarregamos a gasolina dos tanques reservas, pois não se pode entrar com combustível reserva no Chile, aí sim depois completamos nossos tanques. O local cresceu, tem um hotel e restaurante muito legal, que aproveitamos para almoçar. Tinha um prato do dia que era uma carne ensopada, bem gostosa.

Dali, mais 120km por um caminho de tirar o fôlego, pois já se enxerga ao longe a imponência da cadeia de Torres del Paine, chegamos até o Paso Río Don Guillermo, fronteira com o Chile. Tem um pequeno trecho de rípio bem tranquilo e a primeira parada na aduana argentina, que foi muito rápido, estava vazia e todos foram bem gentis. Mais um lindo pequeno trecho de 8km e chegamos na aduana chilena, já na localidade de Cerro Castillo. Tudo bem rápido também sem revista ou nenhum entrave.

Logo na entrada tem um grande comércio, El Ovejero, onde paramos para tomar um café e ver de hotel. Ali tomamos uma facada hehe R$ 18,00 um café. O proprietário estava no local, Juan Carlos, depois ficamos sabendo que é dono de quase toda a localidade, inclusive o hotel que escolhemos.

Uma possibilidade seria ficar em Puerto Natales, como em 2017, mas fica longe 60km da entrada do parque Torres del Paine, então encontramos o hotel El Ovejero, quase na porta do parque, nessa localidade. Não foi o mais barato, afinal é Chile, mas 1/3 do valor dos hotéis dentro do parque. O hotel é muito legal, estilo mais rural, mas tudo muito novo e bem cuidado. Restaurante anexo e uma equipe muito atenciosa. Como referência, gastei US$ 150 por duas noites em quarto duplo e dois jantares com cerveja, então nada absurdo.

Nesse dia nos organizamos, aproveitei para fazer os backups, depois fomos jantar. Fui de milanesa e uma cerveja helles bock, muito boa.

Fomos dar uma volta na localidade que é charmosa e pitoresca, ventava bastante e estava muito frio.

Voltamos e fomos descansar para aproveitar bem o dia seguinte.

Dia 12, 20/out, Sexta - Torres del Paine - 210 km

O café da manhã foi bom, não dos melhores, mas bom. Abastecemos com eles no hotel, combustível suficiente para fazermos o passeio no parque, que foram 200km quase todo de rípio. Noeh que foi abastecer, uma venezuelana que foi visitar a irmã e na pandemia acabou ficando, já três anos, hoje é braço direito do proprietário.

O trekking não seria possível pois tinha muito gelo e neve, e o nível também era difícil. Assim resolvemos fazer uma volta completa pelo parque, mais completa do que fiz em 2017 (eu e o Zé).

Umas 9h partimos e fomos em direção a Portaria da Laguna Amarga. Consegui fazer uma boa filmagem com o drone. Essa portaria é aberta, não paga ali, e sim na outra que para nós foi a saída. Tem muitos "espertinhos" que entram e saem por ela sem pagar a visita no parque, cada um com sua consciência não é mesmo...

Volto a comentar, Torres del Paine é um dos lugares mais lindos que visitei na vida, tem uma energia poderosa, uma grandeza monumental. As cores, texturas, ventos, cheiros... é algo único!

Em outro ponto soltei o drone, por sorte era uma área aberta ainda num trecho de asfalto. Logo depois de subir e transpor um monte o vento pegou o drone e começou a levar para trás e ele não tinha força para retornar, fui baixando, não estava alto, e desci na pista uns 150m pra frente, tudo certo apesar do susto. Não soltei mais o drone na região, os ventos não perdoam ali.

O rípio no parque é bem cuidado, então não tem grandes desafios, mas o vento é sempre uma surpresa, e é sempre muito forte.

Dessa vez fomos até o lago Grey, mas estava bem seco e o Glaciar bem longe. 

Como já era meio tarde, não daria tempo para fazer a caminhada até mais perto. 

O trecho de rípio até o lago Grey foi o mais desafiador, muito pelos ventos. 

Paramos no hotel e restaurante e tomamos um lanche.

Retornamos pela Y200 uma via de rípio muito agardável, com belíssimas paisagens.

Retornamos ao hotel por um caminho de rípio também, muito lindo, condores e guanacos aos montes. Chegamos já às 18h.

Jantamos novamente no hotel, até acho que era a única opção aberta. Pedi um sande de carne que estava muito gostoso, acompanhado de uma cerveja chilena.

Seguem as compras de lotes

Outro lote no mesmo hotel, pode isso Adelar?

Dia 13, 21/out, Sábado - Torres del Paine até Punta Arenas - 320 km

Dia de partir. Estávamos com o cronograma adiantado ainda, pois além dos dois dias que antecipamos por causa das enchentes no Vale do Itajaí, ainda ficamos um dia a menos em Torres del Paine, pois para esse dia estava reservado o trekking que não foi possível fazer.

Tomamos o café e seguimos direção sul, primeiro passando pela adorável Puerto Natales.

Estava bem frio, a parada foi ótima. Na orla, banhada pelo Golfo Almirante Montt, paramos para algumas fotos, tem uma escultura de mão saindo do chão que inicialmente achei que fosse do mesmo artista da mão de Montevideo e de Antofagasta (Mario Irarrázabal), mas não, foi obra do artista plástico Don Juan Carlos Andrade Velásquez. Tem também uma estátua do Milodon (um tipo de preguiça gigante pré-histórico).

Tinha um cachorro lindo e muito divertido que pedia para jogarmos trocos e um chinelo para ir buscar, fofo.

Depois fomos abastecer, 1350 PC$, R$ 7,24 o litro :/ 

Paramos ainda na praça central para umas foto e uma andada e depois seguimos.

Holandeses na Patagônia

Um pouco antes de Punta Arenas, uns 25km, a Ruta 9 começa a margear o histórico Estreito de Magalhães.

Chegamos cedo, antes das 16h, e fomos já procurar hotel, que tínhamos mais ou menos marcado. No terceiro que paramos, o Almasur, bem estiloso, primeiro disseram não ter vaga para nós, aí entrei no booking e reservei por lá três quartos e voltamos, e aí foi tudo tranquilo.

Difícil de entender a atitude de alguns chilenos do comércio, eles não se importam muito com turistas, não fazem um mínimo de esforço para agradar. Não são todos, e os moradores é outra história, sempre muito queridos.

Mais um que morreu, mas passa bem...

Pneus com cravos para neve, obrigatórios nos meses com neve

Bem acomodados, tomamos um bom banho e depois já nos reunimos para fazer as reservas da balsa do dia seguinte. Fomos coletando informações no caminho e decidimos em fazer a balsa de Punta Arenas até Porvenir, e depois o trecho de rípio até a Ruta 257 na Tierra del Fuego. A compra foi feita pelo celular e pago com cartão de crédito, US$ 25,00 por moto.

Pegamos as motos e fomos abastecer pois a saída da balsa era cedo, e depois de deixarmos novamente as motos no hotel fomos caminhar para encontrar um lugar para comer. Paramos numa lanchonete e pedi um sande de porco com barbecue e uma cerveja para acompanhar.

Dia 14, 22/out, Domingo - Punta Arenas até Ushuaia - 499 km

Depois do ótimo café da manhã do hotel, apesar da má vontade deles novamente em liberar 5 min antes, conforme instruções chegamos no porto às 8h, com saída agendada 9h30. O leitor de QRcode do funcionário da fila não estava funcionando então pediram para imprimir o ticket. Chegando na oficina fomos prontamente atendidos por um jovem muito atencioso que em 2min imprimiu tudo e nos encaminhou para o início da fila novamente. 

Embarcamos as motos, que não precisaram ser amarradas pois o estreito estava de bom humor, quase sem ventos. A embarcação é bem grande, e ficamos durante a travessia, de cerca de 2h, na parte de fora, que estava bem agradável.

A chegada em Porvenir é muito bonita, tem um farol na entrada do canal e a parada em um porto muito simpático. Desembarcamos, paramos para foto, depois atravessamos a pequena localidade e seguimos ainda por asfalto uns 10km sentido leste, até iniciar o rípio.

Que dia, muitas emoções hehe 

O rípio estava ótimo, mais para estrada de chão batido, alguns trechos de retas com um pouco mais de cascalho, mas de boa, sem sustos. A paisagem é linda, vai beirando a Bahia Inútil (?!?!) que faz parte do Estreito de Magalhães, muitas criações de ovelhas, me chamou atenção. Pela velocidade e o pouco vento as motos fizeram mais de 20 km/l ali. 90km depois chegamos na ruta 257, perfeitamente concretada dessa vez. Em 2012 fiz toda ela, ida e volta, 300km com rípio!

Nesse trecho o vento se mostrou presente. Paramos para comer algo no trecho, em San Sebastian Chile, uma empanada de champignon e um café, mais uns km a frente chegamos no Paso San Sebastian, primeiro no Chile, depois na Argentina. Abastecemos, tomamos um café com sande na única hosteria do local e continuamos viagem.

Adelar resolveu comprar terreno em Rio Grande, mais um...

De San Sebastian até Rio Grande foram 80km de muito vento, mas a paisagem compensa pois vem boa parte beirando o Atlântico. A autonomia da moto baixa muito com os ventos fortes, em média 13 km/l, então fomos abastecer. Ali pitocamos, pois não olhamos no maps onde tinham postos. Entramos na cidade e atravessamos ela inteira, era domingo e o movimento estava grande. O posto estava com filas enormes e "perdemos" um bom tempo para abastecer e tomar um café.

Domingo, dia de votação do primeiro turno para presidência da Argentina, ainda tínhamos receio de como seria a entrada no país.

Depois na estrada novamente vimos que tem uma pista nova que contorna a cidade com um posto bem na esquina, vazio.

220km até o Ushuaia, com um caminho lindo padrão patagônia. Passando e relembrado o Lago Fagnano, Lago Escondido, Paso Garibaldi que tinha neve ainda nas encostas.

Lago escondido

Chegamos no portal 19h, já baixando o sol. Fotos e filmagens e seguimos até um posto para procurarmos hotel. Não reservamos hotéis pelo booking pois senão o câmbio é o oficial, e também não conseguimos negociar quartos individuais. Depois de tentarmos alguns chegamos no Hotel Campanilla. O proprietário, Marcelo, foi bem atencioso e primeiro informou não ter para todos, depois foi tentar umas opções e conseguiu 6 quartos individuais, mas para um dia, no outro teríamos que liberar ao menos dois quartos. Foi 25000 PA$ por pessoa a noite.

Como estávamos cansados, topamos. Valeu a pena, pois o hotel é bem aconchegante, nada de luxo, mas muito bom. Depois de tomar um relaxante banho fomos dar uma caminhada para procurar algo para comer.

Paramos no Food Almacén de Comidas Café. Ótima comida, preço meio salgado para o padrão da viagem, mas estava delicioso. Pedi um lomo ao hongos, cuscuz e cerveza negra.

Dia 15, 23/out, Segunda - Ushuaia - 43 km

O dia começou agitado, o hotel realmente não conseguiu dois quartos para o dia. Encontrei uma casa na quadra ao lado do hotel, três quartos, dois banheiros, bem legal. O Adelar e o Vitor toparam dividir, ficou 10000 PA$ cada por dia. Liberamos os quartos, deixando tudo no quarto do Rubem e à tarde fizemos a mudança.

Fomos passear na Bahia Lapataia. Para os viajantes em veículo próprio, o ponto mais mítico da viagem, pois é o final da estrada da América do Sul, fim da RN3, 17848km do Alaska uau! Depois das fotos na placa, caminhamos pela passarela até Puerto Arias, com vista para a bahia e as montanhas nevadas. 

Paramos numa castoreira, bonito, mas mostra bem o estrago que o castor faz na região. 

Os Castores castores deveriam "enriquecer" a Patagônia, do ponto de vista econômico e ecológico. Pelo menos essa era a meta do exército argentino quando trouxe 10 casais de castores canadenses de Manitoba a Tierra Del Fuego, a província mais ao sul da Argentina, em 1946. Mas não havendo predadores, se tornou uma praga e causa desde então muito estrago.

Tentamos visitar o Correio do fin del mundo, mas estava fechado para manutenção, o trem também. Voltamos para o centro, estacionamos as motos no estacionamento público central, sem problemas. O pessoal foi reservar o passeio de barco pelo canal de beagle, como eu já conhecia preferi ficar e organizar algumas coisas, backups etc. Depois de reservarem aproveitamos para almoçar e indiquei a Tia Elvira, uns dos mais tradicionais.

Eles pediram, acho que todos, Merluza Negra, bem típico dali, disseram estar sensacional. Eu fui entupir minha lombrigas com uma Centolla. Iria pegar uma inteira, daquelas do aquário, que tem que ir quebrando e fazendo lambança... mas o pessoal cheio de mimimi, respeitei e peguei uma igual comi em 2012, já vem preparada com alho toda "descascada". Delícia, delícia, mil vezes delícia!!! Para referência, a Merluza foi 11500 PA$ cada e a Centolla 24000 PA$.

De bucho cheio fomos dar uma volta, no presídio. Não tínhamos visitado em 2012, e foi muito legal, a história é interessante. Pagamos 12000 PA$ a entrada (R$ 60).

Voltamos para a casa, aproveitamos e fomos no posto que ficava na esquina e abastecemos as motos e já paramos no mercado na outra esquina para comprar as coisas para o café da manhã. Ali mandei uma mensagem para o pessoal se eles não queriam fazer o jantar na casa, e acharam boa ideia.

Comprei os ingredientes e eu e o Zé cozinhamos. Talharim com molho de queijo azul e bife ancho na manteiga, novamente Delícia, delícia, mil vezes delícia!!!

Terminamos já tinha passado quase da meia-noite, Zé, Rubem e Dieter retornaram para o hotel, Vitão o aproveitou para lavar muitas roupas na máquina da casa, muito prático, eu deixei para fazer de manhã.

Dia 16, 24/out, Terça - Ushuaia

O pessoal foi fazer o passeio do canal de Beagle, lindo como sempre.

Eu fiquei na casa organizando minhas coisas. Primeiro aproveitei a mangueira do jardim e dei uma geral na moto que estava escura, claro que bem superficial, mas faróis, bolha, bauletos, estavam grossos de sujeira.

Enquanto estava fora, a porta bateu e fiquei preso do lado de fora, tanso... usei meus dotes de MacGyver e consegui entrar por uma janela dos fundos, com um arame consegui abrir a tranca.

Iniciei os backups do drone, das duas gopro, máquina digital, celular... Enquanto isso aproveitei que não tinha vento nenhum e soltei o drone, que deu uma filmagem bem legal da cidade e das montanhas ao redor.

Do jantar tinha sobrado dois pedaços grandes de ancho e macarrão, a ideia era refazer para o pessoal no almoço. 

Fui ao mercado e mudei de ideia, comprei bondiola (sobrepaleta de porco), vinho, azeite, cebola, cenoura, páprica e fiz um goulash, daquele bem caprichado. 

Delícia, delícia, mil vezes delícia!!! hahaha modéstia não é meu forte. 

Toda a compra saiu 11000 PA$!

Descansamos e quando foi umas 16h30 pegamos dois táxi para o centro, para turistar. Visitamos lojas, compramos besteiras e fizemos câmbio no cassino, US$ 1 para 950 PA$.

Fomos jantar na Parrila la Estancia, que é muito boa. Eu e Adelar fomos de rodízio. Um farto buffet de entrada com muitos escabeches (língua, lula, peixe, mariscos), depois empanadas de cordeiro, cordeiro patagônico assado (estava perfeito), depois ainda tem carnes e sobremesa, caraca, nem consegui comer de tudo.

Retornamos para casa para organizar as coisas para partir no dia seguinte.

Dia 17, 25/out, Quarta - Ushuaia até Tolhuin - 112 km

Dia de deixar o Ushuaia, a previsão do tempo não era boa, chuva e ventos. E assim foi, garoa logo na saída que já engrossou rápido. Parei no portal de entrada para colocar as capas. Paramos logo em seguida no 3005 Moto Cafe, uma parada bem interessante. Tem um pequeno museu onde além de muitas motos antigas tem homenagens aos grandes viajantes da história motociclística, como por exemplo Juan Jose Degratti que em 1960 fez do Ushuaia ao Alaska com uma Alpino de 175 cc.

O Alfredo que é o dono do local faz Gin artesanal, trouxe uma garrafa para a Milene. Tem outras instalações no local, mas estavam fechadas e em reforma, mesmo assim vale a parada.

Pegamos estrada novamente, chuva moderada, muito frio (3 graus) e vento mais forte ainda. Na verdade, vendaval, com rajadas acima de 80 km/h. 

Parada programada em Tolhuin, apenas 100km do Ushuaia, na La Unión Panadería & Confitería que é muito bem comentada pelos viajantes. Quando chegamos o vento estava bravo, postes e fios balançavam. Ali mesmo na chegada, na rua, um morador que estava de carro nos abordou e nos disse para não sairmos da cidade, que era muito perigoso, que o vento aumentaria ainda mais a tarde.

Entramos e tomamos um café delicioso, acompanhado de muitos salgados e doces ainda mais deliciosos, realmente o lugar é fantástico. Ali também um senhor nos falou a mesma coisa, para não sairmos e que o vento iria piorar. Já começamos a procurar algum lugar para ficar, um dos atendentes da padaria nos conseguiu também duas cabanas e vimos outras duas opções no booking.

Fomos primeiro nas Cabañas Khami, e como de costume, primeiro disseram não ter, aí vai negociando e sempre aparece algo. Conseguimos duas cabanas grandes muito legais. O vento estava mesmo surreal, derrubou postes pelo caminho e outros estragos, mas ali às margens do Lago Fagnano era um espetáculo à parte ver as ondas altas quebrando na encosta e subindo para mais de metro, com uma cor linda azul.

A cabana tinha um janelão que parecia uma grande tela de TV com aquela vista, surreal.

O local ainda tinha pileta aquecida (piscina), coberta, com vista para o lago e as montanhas nevadas... nada mal ter ficado por ali hehe

O Vitor se ofereceu para ir no mercado da cidade, de táxi, para fazer umas compras para o café da manhã e para o jantar.

Como nem tudo pode ser tão perfeito, nosso banheiro estava ruim, entupido e água morna só, mas mesmo assim tomei um banho. Esperei o pessoal e eu e o Zé iniciamos o jantar.

Dessa vez, Bondiola na cerveza negra com hongos e espaghetti con queso azul, acompanhado de vinho tinto. Delícia, delícia, mil vezes delícia!!!

Dia 18, 26/out, Quinta - Tolhuin até Rio Gallegos - 491 km

Tomamos o café na nossa cabaña bem cedo, 5h30, que como sempre é muito caprichado e divertido, como come essa turma de manhã. Pegamos estrada com bastante vento, não o vendaval do dia anterior, mas estava bem forte, e muito frio também.

A primeira parada foi no posto da entrada de Rio Grande, onde abastecemos e o Rubem garantiu mais um lote. Ali seguimos pelo contorno da cidade, pista nova, perfeita, rapidinho já tínhamos passado Rio Grande.

Próxima parada foi no posto ACA de San Sebastian e na sequência fazer as aduanas de saída da Argentina e entrada no Chile, que foram todas rápidas e tranquilas.

O trecho chileno não foi tão fácil, apesar da Ruta 257 estar toda concretada os ventos fortes e o frio castigaram. Fizemos uma parada em Cerro Sombrero e colocamos só uns 4 litros de gasolina para garantir a tranquilidade.

Chegamos na balsa do Estreito de Magalhães, Bahia Azul, Puerto Progresso era 13h. Pegamos logo o início da fila e o pagamento era dentro da balsa. Aguardamos a balsa, carros e caminhões embarcaram primeiro, fomos praticamente os últimos. Perto das 16h já estávamos em terra do outro lado, onde ameaçou chover, mas caiu somente umas pedrinhas de chuva congelada. Uns 50km a frente a outra aduana, Paso Integración Austral, para a saída do Chile e entrada da Argentina.

Mais uns 70 km chegamos em Rio Gallegos, minha quinta vez por lá, era 18h. Paramos no posto YPF, tomamos um café com empanadas e depois fomos para o Hotel Patagonia, que o Rubem já conhecia. Negociamos quartos individuais.

Jantamos perto do hotel para adiantar as coisa, comi filét de merluza frita com papas e cerveza negra. Fomos descansar pois o dia seguinte já tinha previsão de ser difícil, pelo windguru (app) marcava outro dia de vendaval e para ajudar ainda saiu notícia que começava uma crise de abastecimento na argentina.

Dia 19, 27/out, Sexta - Rio Gallegos até Três Cerros - 497 km

Pela quilometragem do dia parece que foi tranquilo, mas não... cogitamos nesse dia chegar em Comodoro Rivadavia, que seria uma boa opção de pernoite, seriam 780km.

8h pegamos estrada, e já na saída o bicho pegou. Ventos realmente muito fortes, foram nos acompanhando, junto o frio intenso. Estava bem complicado manter a moto de pé e na pista, alguns trechos baixei para 90 km/h, tentava aumentar pra ver se estabilizava melhor, mas não tinha jeito de ficar mais agradável a coisa.

A primeira parada foi em Comandante Luiz Piedra Buena já 237km percorridos, para abastecer, tomar um café, descansar e já trocar uma ideia se seguiríamos. Ali tinha um hotel que ficamos em 2017, seria uma opção.

Estava tão tenso que nem paramos para fazer fotos da entrada da cidade, com o rio muito lindo. Resolvemos seguir mais um pouco. O Problema é que ali naquele trecho são poucas as opções, Puerto San Julian 125 km a frente, depois uma parada menor em Tres Cerros e depois Caleta Oliva já perto de Comodoro Rivadavia.

Nesse dia nem fiz gravações com a Gopro, pois com o vento forte daquele jeito fica impossível colocar a gopro no capacete, aumenta demais o desgaste. E como é um trecho de retas muito parecidas acabei não fazendo. 

Bora planar de novo, sim, o vento era tanto que quem mandava era o vento, o consumo perto dos 12 km/h, e o frio continuava.

Paramos em Puerto San Julian, abastecemos novamente, um café e decidimos tentar mais estrada. Nessa perdi na votação, pois eu teria ficado por lá. Já ficamos ali também em 2017 e a cidade é bem charmosa.

Próxima parada Tres Cerros. Ali depois de tomarmos um café fizemos uma nova reunião e paramos por ali mesmo o dia. Decisão acertada pois uns minutos depois a polícia fechou a RN3, sendo registrados rajadas de 100 km/h já tombando até caminhões.

O posto tem um hotel anexo, bem simples, mas estava melhor do que em 2012 quando também ficamos ali, com a Milene e as crianças.

Reservamos três quartos, PA$ 15000 por cabeça, e no 2 ou 1, dessa vez compartilhei o quarto com o Adelar. Era cedo, nem 16h. Aproveitei e tomei um banho e fui na recepção fazer umas gravações de áudio do registro da viagem. O posto não serve cerveja, creio que por segurança dos motoristas, então peguei um pomelo Paso de los Toros. Depois fui dar uma descansada de uma horinha para relaxar.

Anexo do hotel tem o restaurante que só abriu às 20h, padrão Argentina.

Encontramos ali outro brasileiro, o João,  goiano, também voltando do Ushuaia, mas ainda encontraria com o irmão e amigos em Mendoza. Convidamos para jantar junto, gente boa.

O restaurante é bem caseiro, comida gostosa, tinha poucas opções. Pedi uma carne de forno , acho que era uma ponta de peito, estava muito macia e saborosa. Para acompanhar arroz, salada e uma cerveza negra.

Fomos descansar para estarmos bem para o dia seguinte.

Dia 20, 28/out, Sábado - Três Cerros até Puerto Madryn - 770 km

De manhã o vento é sempre mais fraco, então decidimos sair muito cedo, 5h já fomos tomar café. O hotel não tem desayuno pois o posto é 24h, um YPF Full, e sempre tem comidas e café. Antes das 6h já estávamos rodando, com muito frio.

210km até Caleta Oliva onde faríamos o primeiro abastecimento, mas não tinha gasolina na cidade, o que nos preocupou. Tocamos mais 80km até Comodoro Rivadavia onde encontramos no centro combustível. Aproveitamos e enchemos novamente os tanques reservas e tomamos café.

Os ventos estavam mais tranquilos, graças, ainda fortes mas sem exagero. Paramos 180 km à frente numa localidade chamada Garayalde, para abastecer no YPF na ruta e seguimos até Trelew.

Ali paramos em um posto que estava com filas gigantes, imaginamos ser por causa do desabastecimento, mas era falta de energia na região.

Como era ali perto, e estava na planilha de viagem, fomos até uma cidade próxima chamada Gaiman, uma colônia Galesa com algumas casas de chá bem famosas. Chegamos umas 14h30 e fomos numa das casas, que estava lotada e tinha fila de espera de mais de 1h. A moça muito atenciosa nos indicou outra perto que abriria às 15h, perfeito.

Casa de Té Plas y Coed, numa charmosa construção de 1880. Fomos muito bem atendidos por uma moça que entendemos ser a proprietária, Augustina, nova, mas muito competente. Logo em seguida vieram os salgados, doces e chá. Tudo muito gostoso, e o lugar muito agradável.

Enquanto isso o tempo lá fora mudou, começou a ventar e muito, e choveu. Logo parou. Aproveitamos e fizemos câmbio na primeira casa de chá que fomos, fizeram US$ 1 para PA$ 980, ótimo.

A chuva, com poeira e vento fortíssimo deixou as motos em um estado lamentável, mas faz parte. Seguimos de volta com muito vento e chuva moderada até Puerto Madryn, cerca de 80km somente. No caminho, parada para fotos no dinossauro da estrada e depois passamos ao lado de um grande parque eólico.

Chegando em Puerto Madryn, já perto das 19h, fomos procurar hotel. Aí deu um estresse. A cidade estava sem combustível,  um sábado, e a maioria dos hotéis estavam lotados e sem previsão de desocupar pois muitos aguardavam chegar combustível. 

Paramos na orla para procurar na internet opções, e um senhor nos abordou para falar do restaurante, papo vai e papo vem, ele ligou para um conhecido que tinha hospedagens.

Enquanto isso, olhando para o mar, avistamos as baleias! Caraca, sonho realizado, ver as baleias ao vivo. Mãe e filhote, não estavam perto, mas mesmo assim é um espetáculo.

Nos deslocamos até a hospedagem. Uma sala com duas camas de solteiro, um quarto com uma cama de casal, banheiro e cozinha simples, e as motos no pátio interno com portão fechado, perfeito. O proprietário Gustavo nos atendeu muito bem, muito atencioso, apreciador de viagens, conversou muito com a gente (whatsapp do Gustavo +5492804716001). Mais tarde, nos acompanhou até a orla para indicar um restaurante, que estava lotado, aí nos levou no outro do mesmo grupo.

Cantina el Nautico, muito boa, estava bem cheia e fomos atendidos pelo Pedro um senhor uruguaio muito divertido. Eu e o Zé dividimos dois pratos, um  Chupin de pescado (um tipo de caldeirada de frutos do mar) e uma Picada de mariscos. Delícia, Delícia, mil vezes Delícia!!!

Nos informaram e disseram ter combustível em um posto ali perto, mas com fila grande, resolvemos ir mesmo assim. Chegamos lá meia-noite, cinco quadras e saímos 2h da madrugada, mas ao menos com combustível. 

Aproveitando as 2h de fila fizemos uma reunião e decidimos ficar domingo na cidade, tínhamos dias de folga, assim poderíamos tentar ver mais baleias e saindo depois na segunda poderia ser mais tranquilo abastecimentos. Rubem precisava adiantar um trabalho e resolveu sair mesmo no domingo.

Que dia!

Dia 21, 29/out, domingo - Puerto Madryn

Obviamente acordamos quase todos tarde no domingo, exceto o Rubem que saiu bem cedo pra estrada. Fomos fazer um tardio desayuno numa padaria e depois dar uma volta na orla, que é um charme a parte.

Fomos até o final do pier, vimos os folgados leões marinhos que aproveitam as escadarias para tirar uma soneca. 

A maré alta seria somente pelas 19h, a de manhã perdemos as 7h. A ideia era ir para a Praya el Doradillo que fica só 15km do centro da cidade, lá as baleias são vistas bem de pertinho. Mas a estrada para lá estava em obras, teria que ser fazer um desvio de cerca de uns 100km e com a falta de combustível inviabilizou.

Tomamos um café, depois um helado retornamos para a pousada para organizar umas coisas, eu no caso fiz meus backups. Quando foi umas 18h fomos jantar, pois queríamos dormir cedo para rodar bem no outro dia, considerando que para cima os ventos já seriam bem mais tranquilos.

Fomos agora no Nautico Bistro a beira mar, que naquele horário estava mais tranquilo. Pedi um espeto grelhado de lagostin com batatas francesas. Delícia, Delícia, mil vezes Delícia!!!

Essa foi uma das viagens que melhor comi, demos sorte na escolha dos locais.

Enquanto estávamos no restaurante o Rubem nos ligou dizendo que iria nos esperar no caminho, ele estava na cidade de Trenque Lauquen, 930km dali.

Terminamos de jantar já passado das 19h que era o pico da maré, então seguimos rápido até o pier para ver mais um show das baleias.

Não é fácil filmar e fotografar elas, nossos equipamentos não são próprios para isso, e ainda estava escurecendo, o que dificulta mais ainda. 

Mesmo assim consegui uma boa filmagem usando kuma Sony com zoom ótico de 30x,  problema foi conseguir focar sem tripé.

Baleia Franca

Dia 22, 30/out, Segunda - Puerto Madryn até Trenque Lauquen - 934 km

Bem cedinho tomamos café num dos apartamentos e saímos antes mesmo do nascer do sol. Paramos na orla para fazer umas fotos e seguimos. Outro dia muito frio pela frente, mas com bem menos ventos.

De manhã sempre rende muito, a primeira parada foi num posto 260km a frente em San Antonio Este, onde encontramos combustível sem problemas, e foi providencial, os dedos estavam congelando.

Mais 230km e outra parada, agora em Rio Colorado, também sem problema para encontrar gasolina.

Outra pegada de 200km e mais uma abastecida para garantir, agora no entroncamento da RN3 com a RP152 que vem de General Acha.

E pelas 18h30 chegamos em Trenque Lauquen, onde estava nos esperando o Rubem, já com hotel reservado, que maravilha. 

Hotel Sorrento, muito bom, quartos individuais gigantes com muito conforto.

Depois de um relaxante banho de banheira e uma boa descansada saímos para jantar. Rubem já tinha também reservado na Parrilla Lo de Pedro. Ali comi o melhor bife de chorizo bien jugoso da viagem, e olha que foram muitos.

Rubem virando latifundiário

Dia 23, 31/out, Terça - Trenque Lauquen até Concordia - 776 km

As voltas são sempre voltas, maior quilometragem, menos fotos, menos filmagens. 

Fizemos duas paradas para abastecimento nesse dia, uma em Zárate e a outra perto de Concepcion del Paraguay, já na RN14.

Pensamos até em tentar chegar em Paso de los Libres, mas não deu, e paramos no Hotel Hathor em Concórdia, bem na RN14, onde fiquei com a Milene no ano passado. Também pegamos quartos individuais.

Nesse dia pegamos chuvas, chegamos bem molhados, então primeira providencia foi esticar tudo no quarto, ligar o ar condicionado no quente e torcer para secar tudo até o dia seguinte.

Jantamos no hotel e pela primeira vez na viagem todos pediram o mesmo prato, um peixe assado com verduras, acompanhado de um vinho tinto.

Dia 24, 1/nov, Quarta - Concordia até Ijuí - 673 km

As previsões de tempo para o território brasileiro não eram boas, os rios do sul continuavam altos, em alguns lugares ainda subindo e previsão de chuvas.

Mas demos sorte, não choveu praticamente nada no dia que rendeu muito bem.

Primeiro paramos em Paso de los Libres para fazer umas compras e abastecer. Comprei vinhos e azeite, espaço sempre damos um jeito para isso.

Pagamos a gasolina o dobro da média da viagem, mas no caso por ser fronteira. No posto tinha 11 ônibus de torcedores do Boca que iam para o Brasil para fazer a final da Libertadores contra o Fluminense. Perdemos um bom tempo esperando nossos lanches ficarem prontos.

Tocamos pela RN14 para entrar por São Borja já pelas 16h. Nossa meta era chegar em Ijuí antes do escurecer.

Cansou, de novo...

Não é fácil nossas estradas, buracos, caminhões, trânsito... sempre a mesma loucura. Chegamos no Hotel 44 escurecendo, já passava das 19h.

O hotel foi uma agradável surpresa, tudo muito novo, quartos gigantes com garagem coberta anexa no apartamento intermediário, cama king e chuveiro ótimo. Só não ganhou 10 pois de manhã tinha duas baratas no box do meu quarto. O atendente falou que é o único quarto que elas aparecem, quarto 102, justo o meu.

Jantamos no hotel, comida bem gostosa, pedi um bife a parmegiana acompanhado de cerveja.

Dia 25, 2/nov, Quinta - Ijuí até Blumenau - 671 km

Mais um dia que demos sorte com a chuva, só mesmo em Blumenau que peguei uma garoa forte.

No caminho o Vitor ficou em Vacaria onde aproveitamos para almoçar numa churrascaria que estava ótima, só não comi mais pois depois de barriga cheia dá muito sono.

Numa das paradas para abastecimento e café o Rubem que tinha compromisso seguiu na frente para adiantar. O Zé ficou por Rio do Sul e nós três tocamos para Blumenau com muito trânsito e estradas péssimas.

A serra da Santinha foi algo surreal, não tem um pedaço de asfalto inteiro, é só grandes buracos, um verdadeiro off-road. Muito complicado pois as motos além de pesadas estavam com os pneus quadrados, o que dificulta muito.

Cheguei em casa um pouco antes das 18h, cansado e realizado!

Que venha a próxima! 

Tenho que falar dessas motos!  Acho que essa foi a minha viagem mais técnica, não só os quase 300km de rípio, mas o vento foi o mais forte e desafiador. E as motos não poderiam ser mais perfeitas, a percepção de segurança o tempo todo torna tudo mais fácil. Nenhuma das motos estressaram em nada, tudo perfeito, mesmo em condições climáticas adversas como baixas temperaturas, chuva, areia. Minha GS voltou com 90.000km, e aí um Bravo para os meninos da TopCar. Durante muitos anos o Renato que cuidou dela, sempre muito cuidadoso (@renato_freios_blumenau). Hoje é o Daniel, outra fera que está sempre atento a todos os detalhes, e o João que faz o atendimento, sempre solicito e atencioso. Obrigado a toda equipe que permite uma viagem tranquila, sem preocupação com a moto, o foco fica na pilotagem.

Saímos meados de outubro com receio do clima, que ainda poderia ser muito frio, gelo e neve eram uma preocupação, o El Niño sempre assusta. Apesar dos ventos muito fortes que pegamos, até com dois dias de vendavais, a temperatura estava boa, pegamos um dia 1.5 graus e outros por volta de 3 a 5 graus. Uma pequena chuva congelada e só. Logo que voltamos, já em novembro a região toda da Patagônia enfrentou nevascas, muito gelo, ventos fortes também, certamente teríamos alguns perrengues. Novamente fomos agraciados nessa viagem!