Alfabetização na perspectiva discursiva
Alfabetização na perspectiva discursiva
Para Gontijo (2002), como o desenvolvimento da linguagem escrita não é um processo puramente mecânico, não se pode reduzi-lo a simples aquisição de habilidades. A autora afirma que ensinar a ler e a escrever é um processo de reconstrução pelo professor, com as crianças, das operações cognitivas que estão na base desse conhecimento. Ela enfatiza que o ensino dessas operações precisa estar integrado à significação social da escrita e a educação escolar deve ser um processo que abarque concomitantemente a apropriação de operações intelectuais humanas e ações motoras que estão na base dos conhecimentos integrados a sua significação (GONTIJO, 2002).
A alfabetização precisa ser um processo que não se restrinja à aquisição de habilidades mecânicas, mas que supere a reprodução de formas concretas de atividades práticas, pois deve contribuir para que se operem mudanças nas formas e se ampliem as possibilidades de as crianças lidarem com níveis mais amplos e superiores de objetivações do gênero humano.
Smolka (1991) defende que o ensino da língua escrita na escola deve ser organizado em função das questões: Por quê? Para Quê? Como? Por que é preciso ensinar e aprender a ler e a escrever? Qual a funcionalidade da escrita?
Desse modo consideramos que as crianças reproduzem no discurso escrito as relações sociais (materiais e imateriais) que vivenciam, deste modo, destacamos a necessidade de a escola ensinar a produção de textos mais elaborados e que superem o cotidiano imediato e pragmático dos alunos.
O ensino da língua escrita vai muito além da aprendizagem da escrita de letras, palavras, frases e textos, ou seja, além dos aspectos morfológicos da língua, envolve as questões semânticas, discursivas, enfim, o sentido, o significado, a constituição, o uso e a função social e histórica da língua escrita. (CARVALHO, 2019, p. 64).
Para Gontijo, o texto é o eixo articulador dessas dimensões na modalidade tanto oral quanto na escrita. O texto é a unidade de ensino da língua materna, a unidade de sentido.
Leitura: Como alfabetizar utilizando textos
O trabalho sistemático com a leitura tem papel fundamental no processo de ensino aprendizagem. Leitura é parte essencial do cotidiano da alfabetização. Essa forma de trabalhar o processo de alfabetização implica uma nova forma de relação docente, baseada em uma prática de leitura e escrita discursiva, com interação verbal, momentos ricos de diálogo, relação recíproca professor/aluno, em que o professor está em constante interação e inovação, desde a organização do espaço físico da sala de aula até as metodologias e dinâmicas nela utilizadas.