História

O ensino da Gravura na Escola Nacional de Belas Artes é iniciado em 1950, com a indicação do Professor Raimundo Cela como regente da cadeira Gravura de Talho doce, Água-forte e Xilografia. Até então, a prática da gravura, dentro e fora da Escola, era entendida como uma atividade meramente funcional, com finalidades comerciais, editoriais e de reprodução, portanto sem grandes interesses para uma instituição de ensino artístico. Com a virada para o século XX essa visão começa a se transformar, e diversos artistas passam a praticar a gravura como meio de pesquisa visual. Com Raimundo Cela essa transformação adentra o espaço da Escola e, então, para além daqueles usos, a gravura começa a ser praticada na instituição como uma forma de expressão artística autônoma e como possibilidade de pesquisa plástica e cultural. 

Vindo o professor a falecer em 1954 é então escolhido para substituí-lo o artista suíço naturalizado brasileiro Oswaldo Goeldi. Esse foi um importante momento para a afirmação da prática da gravura artística no meio cultural brasileiro e, especificamente, dentro da Escola de Belas Artes, uma vez que Goeldi já era então reconhecido como um dos mais importantes gravadores brasileiros, e como um dos principais fomentadores da modernização cultural e artística em nosso país. Sua atuação, apesar de curta, foi marcante na formação de toda uma geração de artistas que se interessaram pela prática da gravura. Após sua morte, ocorrida em 1961, o seu assistente, Adir Botelho, assume a cadeira, perdurando e atualizando os ensinamentos de Goeldi por várias décadas. Nesse momento é criado também o Ateliê de Litografia, com o Professor Ahmés de Paula Machado como responsável. Estas disciplinas são incorporadas ao curso de Desenho e Artes Gráficas, então existente. No âmbito da Reforma do Ensino de 1969, é criado e implantado no ano seguinte o Curso de Gravura, onde o corpo principal de disciplinas é composto por: Gravura em Relevo (com conteúdo relacionado à xilogravura), Gravura em Côncavo (com conteúdo relativo à gravura em metal) e Litografia (com conteúdo relativo ao processo litográfico), além de disciplinas de formação geral de caráter prático como: desenho artístico, modelo vivo e de caráter teórico como história da arte, estética, etc. 

Desde o início, o curso de Bacharelado em Gravura caracterizou-se por ser o único especificamente voltado à gravura em nível superior (bacharelado) no país. Sua finalidade foi, desde sua formação, fornecer, a partir dos procedimentos tradicionais de reprodução de imagens, o instrumental para o desenvolvimento de uma pesquisa artística autoral. 

Hoje, o curso de Artes Visuais - Gravura tem, assim, por finalidade formar profissionais com experiência especializada nas técnicas tradicionais de impressão de imagens e em procedimentos híbridos e digitais de produção imagética; profissionais com competência técnica, conceitual e artística para inserirem-se em diversas áreas das artes visuais, atuando na produção e na difusão de bens culturais materiais portadores de valor artístico e cultural. 

Em 2019 o curso passou por uma Reforma Curricular, elaborada pelos professores Marcos Varela e Pedro Sánchez, tendo considerado, como orientação geral, a flexibilização do currículo, com o intuito de permitir uma maior personalização da formação, levando em consideração as diferentes habilidades, interesses e trajetórias dos estudantes. Ao oferecer uma gama mais ampla de disciplinas eletivas, os alunos têm a oportunidade de explorar áreas mais ou menos específicas das artes visuais que mais lhes interessam, seja técnica, conceitual ou histórica, contribuindo para um aprendizado mais significativo e motivador. A Reforma envolveu a atualização das disciplinas obrigatórias existentes, a criação de novas disciplinas, assim como a redistribuição das cargas horárias, a mudança de pré-requisitos e obrigatoriedade de disciplinas existentes e esteve fundamentada na necessidade de contemplar o amplo espectro de procedimentos que compõem o cenário da arte contemporânea e das artes visuais.