GREVE DAS MULHERES PELA IGUALDADE
GREVE DAS MULHERES PELA IGUALDADE
Greve das Mulheres pela Igualdade em Nova York, 29 de agosto de 1970.
Fonte: https://passapalavra.info/2018/10/122996/Um dos eventos mais marcantes da década de 1970 foi a “Greve das Mulheres pela Igualdade”, realizada em 26 de agosto de 1970, nos Estados Unidos. Organizada pela National Organization for Women (NOW), sob a liderança de figuras como Betty Friedan, a manifestação expressou a insatisfação crescente das mulheres diante das desigualdades persistentes, especialmente no ambiente de trabalho e em relação aos salários.
O principal objetivo da greve era chamar a atenção para a disparidade salarial, a dupla jornada de trabalho e o tratamento discriminatório enfrentado pelas mulheres no mercado profissional. Em um ato de solidariedade e protesto, trabalhadoras de diversas cidades interromperam suas atividades para mostrar que a luta pela igualdade de gênero ainda estava longe de ser concluída.
Em mais de 90 cidades, marchas, protestos públicos e ações simbólicas — como vigílias e debates — evidenciaram o poder coletivo feminino e a urgência de mudanças legislativas e culturais. Esse movimento não apenas expôs as contradições do sistema vigente, mas também impulsionou debates no Congresso sobre emendas que buscavam garantir direitos iguais, abrindo caminho para conquistas futuras.
LUTAS E DEMANDAS
O movimento feminista dos anos 1970 não se limitou a uma única pauta, mas abraçou uma série de demandas que refletiam a complexidade da desigualdade de gênero. Com a popularização da pílula anticoncepcional na década anterior, a luta pelos direitos reprodutivos e pela autonomia corporal ganhou destaque, já que a possibilidade de controlar a maternidade passou a ser vista como condição fundamental para que as mulheres pudessem participar plenamente da educação e do mercado de trabalho.
As feministas também denunciaram as desigualdades no ambiente profissional, como a dupla jornada e a diferença salarial entre homens e mulheres que exerciam funções semelhantes. A luta buscava não apenas a equidade econômica, mas também o reconhecimento e a valorização da contribuição feminina no mundo do trabalho.
Paralelamente, a participação política tornou-se uma reivindicação essencial: o movimento exigia maior presença das mulheres em espaços decisórios — governos, conselhos e comissões —, ressaltando que as políticas públicas deveriam refletir as necessidades e demandas de toda a população, incluindo as mulheres.
Reivindicação criada por mulheres para garantir seus direitos.
Fonte: https://shre.ink/lutadosanos70Luta sindical feminina pela igualdade de direitos.
Fonte: https://www.cspb.org.br/fullnewsO MOVIMENTO FEMINISTA NO BRASIL NOS ANOS 70 E 80
No Brasil, entre as décadas de 1970 e 1980, o regime militar marcou a história do país, impondo obstáculos adicionais à mobilização social e à expressão pública das reivindicações feministas. Apesar da censura e do risco constante de perseguição, grupos de mulheres passaram a se organizar discretamente em universidades, associações culturais e redes de solidariedade, articulando críticas contundentes aos papéis tradicionais impostos pela sociedade.
A resistência ocorria, muitas vezes, de forma clandestina, em espaços informais que mesclavam debates com ações voltadas à ampliação dos direitos trabalhistas, ao combate à violência doméstica e à conquista da liberdade sexual. Influenciadas por movimentos internacionais, como a Greve das Mulheres pela Igualdade, realizada nos Estados Unidos, as feministas brasileiras adaptaram essas pautas ao contexto local, dando origem a um feminismo que dialogava tanto com demandas regionais quanto com ideais globais de igualdade.
Mesmo sob repressão, o movimento fomentou debates que questionaram o papel da mulher na educação, na mídia e nas artes, preparando o terreno para transformações culturais mais profundas nas décadas seguintes.
Manifestação no Brasil para lutar contra o machismo.
Fonte: https://shre.ink/lutanobrasilCONVERGÊNCIAS, DESAFIOS INTERNOS E LEGADO
O movimento feminista do Brasil em ação.
Fonte: https://multi.rio/andar/index.php/94-editorial-8-de-marco-feminismo-um-movimento-socialOs anos 1970 também evidenciaram que a experiência feminina não era homogênea, abrindo espaço para discussões que, ainda que iniciais, ressaltavam a importância de considerar fatores como raça, classe e etnia dentro da luta feminista. Embora o movimento tenha se fortalecido sobretudo entre mulheres de classe média, surgiram críticas quanto à representatividade e à necessidade de contemplar as múltiplas dimensões da opressão de gênero.
Os debates daquela década ultrapassaram os protestos e alcançaram a cultura de forma mais ampla, questionando estereótipos reproduzidos pela mídia e pela educação tradicional. Essas críticas contribuíram para transformar a imagem da mulher, que deixou de ser vista apenas como objeto passivo e passou a ser reconhecida como sujeito ativo na construção social.
O legado desse período é duradouro: as conquistas e a organização dos movimentos feministas da década de 1970 estabeleceram as bases para mudanças legislativas e culturais significativas, influenciando políticas de igualdade no trabalho e na saúde reprodutiva, além de ampliar a participação feminina em espaços políticos e decisórios até os dias atuais.
A PÍLULA ANTICONCEPCIONAL
A pílula anticoncepcional representa um marco revolucionário tanto na história da medicina quanto na trajetória da emancipação feminina. Seu desenvolvimento teve início na década de 1950, impulsionado por mulheres visionárias como Margaret Sanger e Katharine McCormick, que dedicaram recursos e esforços para viabilizar pesquisas científicas com o objetivo de criar um método contraceptivo eficaz, seguro e acessível. Em 1960, a comercialização da primeira pílula mudou radicalmente a vida das mulheres ao oferecer-lhes controle sobre a própria reprodução, possibilitando o planejamento consciente da maternidade e maior autonomia sobre seus corpos e futuros. Essa inovação não apenas transformou hábitos e perspectivas pessoais, mas também provocou profundas mudanças sociais, culturais e econômicas, ao abrir caminho para a ampliação da participação feminina na educação e no mercado de trabalho.
Atualmente, o funcionamento da pílula baseia-se na administração de hormônios sintéticos — principalmente estrogênio e progesterona — que regulam o ciclo menstrual e inibem a ovulação. Existem duas modalidades principais: a pílula combinada, que contém ambos os hormônios, e a minipílula, composta exclusivamente por progesterona, indicada especialmente para mulheres que não podem utilizar estrogênio. Quando usada corretamente, sua eficácia ultrapassa 95%, embora fatores como esquecimentos e interações medicamentosas possam comprometer o desempenho. Além do papel contraceptivo, a pílula também é amplamente prescrita para o tratamento de diversas condições de saúde feminina, como síndrome dos ovários policísticos, endometriose e distúrbios menstruais, oferecendo benefícios que vão muito além do controle da natalidade e contribuindo para o bem-estar físico e emocional das mulheres.
Assim, a pílula anticoncepcional não se resume a um simples método contraceptivo: ela simboliza um avanço crucial na luta pela liberdade, pela saúde e pelos direitos das mulheres, refletindo uma conquista que impacta diretamente a qualidade de vida e a igualdade de gênero em todo o mundo.
Diferentes tipos de pílulas e anticoncepcionais.
Fonte: https://shre.ink/tiposdeanticoncepcionais