46) Biomantas ou Telas Vegetais e retentores de sedimentos - Recuperação de áreas degradadas.

Como é feita a recuperação de áreas degradadas?

 

Áreas degradadas são aquelas que contam com ecossistemas danificados, transformados ou inteiramente destruídos pela ação humana e o dever de recuperá-las está previsto na Constituição Federal.

Devido às atividades de mineração, desmatamento e disposição de resíduos, as áreas degradadas contam com a presença de processos erosivos, ausência e diminuição de cobertura vegetal e dificuldade no reestabelecimento de um equilíbrio sistêmico.

Dependendo do grau em que a área foi afetada, é possível empregar diversas técnicas de recuperação que possibilitam sua regeneração.

 

A recuperação de áreas degradadas

A recuperação de uma área degradada tem por objetivo permitir que o espaço danificado volte a contar com recursos bióticos e abióticos suficientes para que se mantenha em equilíbrio. Ela deve prever a sua nova utilização em consonância com um plano de uso do solo preestabelecido. Tal plano de recuperação deve ter como princípios o uso sustentável dos recursos naturais e a preservação dos ecossistemas como diretrizes para a recuperação.

Dependendo do nível de degradação, a área pode sofrer uma restauração visando o retorno a um estado intermediário estável. A área também pode passar por uma reabilitação, na qual sofre um retorno ao estado intermediário das condições da vegetação. Por fim, poderá sofrer uma redestinação ou redefinição, quando a presença humana é necessária para auxiliar o processo de restauração.

Para promover o processo de recuperação primeiramente é preciso identificar o local e o tipo de ecossistema a ser restaurado. É necessário também identificar o agente causador da degradação e se existe a necessidade de intervenções indiretas para a restauração. Para a recuperação são empregadas diversas técnicas que serão aplicadas de acordo com as condições da área degradada.

 

Tipos de recuperação

 

A – Condição da Regeneração Natural

 

De acordo com o nível de degradação é possível que uma área se regenere naturalmente. No entanto, para que isso ocorra é necessário superar algumas barreiras que podem prejudicar o processo de regeneração, tais como: ausência de sementes para a colonização do local, falha no desenvolvimento de mudas jovens, falta de simbiontes, polinizadores, dispersadores, entre outros.

Este método vem sendo amplamente indicado no caso de recuperação de áreas de preservação permanente.

 

B – Plantio por sementes

 

O plantio de sementes é outra técnica de regeneração. Para que seja bem sucedida, é preciso que seja empregada sob condições mínimas que permitam o processo de regeneração, favorecendo o recrutamento de embriões vegetais e permitindo a substituição de simbiontes e polinizadores faltantes.

 

C – Plantio de mudas

 

O plantio de mudas é uma das técnicas mais onerosas, do ponto de vista financeiro, porém uma das mais efetivas para regenerar uma área degradada.  O plantio de mudas nativas, em geral, apresenta índices de alto crescimento, após 2 anos, em geral, a área já se encontra reestabelecida e em equilíbrio.

 

O papel do gestor ambiental na recuperação

 

O gestor ambiental é um profissional que reúne tanto conhecimentos técnicos quanto habilidades para coordenação de projetos ambientais. Assim, no que se refere à recuperação de áreas degradadas, sua expertise se torna essencial, na medida em que é capaz de avaliar a regeneração da área, bem como gerenciar ações a serem tomadas junto a outros profissionais.

 

Com as diretrizes impostas pelo Novo Código Florestal, as áreas ambientalmente protegidas demandam uma atenção em especial no que se refere aos casos de regeneração, em especial as áreas de reserva legal e áreas de preservação permanente. Deste modo, a demanda por este profissional tende a ser crescente nos próximos anos.

1) Definição: 

As biomantas ou telas vegetais são esteiras constituídas de fibras vegetais desidratadas que são entrelaçadas por meio de costuras de fios, látex natural, colas ou ainda grelhas de polipropileno.

Protegem o solo da erosão superficial retendo a umidade por mais tempo.

Essa retenção propicia condições mais adequadas de germinação e desenvolvimento das espécies vegetais semeadas, além de fornecer nutrientes, pois, são degradáveis e servem de fonte de matéria orgânica para o solo, auxiliando em sua estruturação.

Podem ser fabricadas utilizando diversos produtos tais como: celulose, sisal, fibra de coco, juta, colmo de diversas plantas, etc.

Cada clima e cada tipo de solo deve ser tratado de maneira diferenciada com a Biomanta mais adequada para aquele solo e/ou clima.

Além de evitar a erosão superficial, proporcionam sombreamento e também a retenção da umidade no solo, quando se implanta o trabalho de reconstituição vegetal facilita a germinação de sementes no local. 

Protege o solo contra impacto direto da chuva e mantêm boa umidade e proteção das sementes lançadas.

As biomantas podem ser aplicadas em qualquer declividade ou tipo de solo; diretamente sobre a superfície que se deseja proteger com finalidades estéticas, ambientais e para estabilização de solos desde que não muito íngremes ou instáveis. 

A composição, degradabilidade, gramatura, e resistência das biomantas é variável e deve adequar-se às necessidades dos projetos de recuperação e proteção ambiental específicos, já que esses se destinam a diferentes necessidades e situações. 

1.1) Objetivos  de se aplicar a Biomanta:

Proteção imediata contra o efeito dos agentes erosivos, processos de deslocamento e  mobilização de partículas como: áreas recém terraplenadas, taludes de corte e aterro, dunas não estabilizadas, margens de rios e canais, áreas com recobrimento deficiente da vegetação, proteção de dispositivos de drenagem, áreas de disposição de resíduos industriais, aterros sanitários e quaisquer superfícies de solo desprotegidas contra a ação dos processos erosivos.

As biomantas podem ser aplicadas diretamente sobre a superfície que se deseja proteger com finalidades estéticas, ambientais e para estabilização de solos. A composição, degradabilidade, gramatura, e resistência das biomantas é variável e deve adequar-se às necessidades dos projetos de recuperação e proteção ambiental específicos, já que esses se destinam a diferentes necessidades e situações.

1.2)O que é bioengenharia

A bioengenharia é um ramo da engenharia que aplica os princípios da biologia e da engenharia para solucionar problemas e desenvolver soluções inovadoras em diversas áreas, como saúde, meio ambiente, agricultura, alimentação e energia. A bioengenharia combina conhecimentos das ciências biológicas, como genética, fisiologia e microbiologia, com técnicas e metodologias da engenharia, como modelagem, simulação, análise de dados e prototipagem.

Na área de saúde, a bioengenharia desenvolve soluções para problemas médicos, como próteses, implantes, equipamentos de diagnóstico, terapias genéticas e engenharia de tecidos. Na área de meio ambiente, a bioengenharia desenvolve soluções para mitigar e remediar impactos ambientais, como tratamento de resíduos, monitoramento de poluição, recuperação de solos contaminados e conservação de recursos naturais. Na agricultura e alimentação, a bioengenharia desenvolve tecnologias para aumentar a produtividade, a qualidade e a segurança dos alimentos, além de melhorar a eficiência dos processos agrícolas. Na área de energia, a bioengenharia desenvolve soluções para produção de biocombustíveis, aproveitamento de biomassa e fontes renováveis de energia.

A bioengenharia é uma área em crescimento e tem grande potencial para trazer soluções inovadoras para muitos desafios que a sociedade enfrenta atualmente.

A bioengenharia é uma área bastante interdisciplinar e abrange diversos subcampos, como engenharia biomédica, engenharia ambiental, engenharia agrícola, engenharia de alimentos, engenharia de energia, entre outros. Dessa forma, a bioengenharia tem aplicação em diversas áreas, como já mencionado, desde a área da saúde até a área ambiental.

Na área da saúde, a bioengenharia tem um papel fundamental no desenvolvimento de tecnologias e soluções inovadoras que ajudam no diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças. Essas soluções podem ser dispositivos médicos, sistemas de monitoramento de saúde, medicamentos, técnicas de engenharia de tecidos, entre outros. A bioengenharia também tem sido utilizada na pesquisa e desenvolvimento de terapias genéticas, que buscam corrigir ou prevenir doenças a partir da manipulação do material genético do paciente.

Na área ambiental, a bioengenharia tem sido aplicada em projetos de recuperação de solos contaminados, tratamento de água e esgoto, produção de biocombustíveis, monitoramento de poluição, entre outras soluções. A bioengenharia também tem sido utilizada na conservação de ecossistemas, no desenvolvimento de técnicas para recuperação de áreas degradadas e na gestão de recursos naturais.

Na área agrícola, a bioengenharia tem como foco o desenvolvimento de tecnologias para aumentar a eficiência dos processos agrícolas, reduzindo os impactos ambientais e melhorando a produtividade. A bioengenharia também tem sido utilizada no desenvolvimento de alimentos mais saudáveis, seguros e nutritivos, além de soluções para a conservação e armazenamento de alimentos.

Na área de energia, a bioengenharia tem como objetivo a produção de biocombustíveis a partir de biomassa, como resíduos agrícolas, florestais e urbanos. A bioengenharia também tem sido utilizada no desenvolvimento de tecnologias para a produção de energia a partir de fontes renováveis, como energia solar, eólica e hidráulica.

Em resumo, a bioengenharia tem um grande potencial para trazer soluções inovadoras para muitos desafios que a sociedade enfrenta atualmente, desde a área da saúde até a área ambiental e energética. A interdisciplinaridade é um dos pontos fortes dessa área, já que a combinação de conhecimentos da biologia e da engenharia pode trazer soluções únicas e eficazes para problemas complexos.

Metodologia Executiva Simplificada :

1 - Ancoragem superior

2 - Preenchimento de erosões com retentores de sedimentos tipo Bermalonga®

3 - Construção de bermas artificiais

4 - Preparo do solo (coveamento e semeio)

5 - Ancoragem inferior

6 - Grampeamento longitudinal

7 - Grampeamento transversal

8 - Efeitos da vegetação na estabilidade de taludes

Passos para a recuperação e proteção de taludes com biomantas antierosivas

2) Como as biomantas chegam a obra :

As biomantas chegam a obra geralmente em rolos que podem ser facilmente empilhados e distribuídos em caminhões e carretas, facilitando a distribuição em grandes quantidades e sendo uma carga relativamente leve.

Caminhão carregado de Biomanta (Rolos)

CAMINHÃO CARREGADO COM BIOMANTA

3) Para que servem :

As biomantas servem para facilitar o plantio em taludes de alta declividade e locais onde existe a formação de processos erosivos.

4) Metodologia Executiva :

4.1) Limpeza, acerto, preparo e regularização do terreno do talude :

Após a conclusão do serviço de terraplenagem, uma vês quantificado e definido a área da aplicação da Biomanta, faz-se a fixação de cordas para trabalho de rapel acopladas a dispositivos trava quedas, onde todos os funcionários são atados a uma linha de vida para permitir trabalhar de maneira ágil e segura em taludes íngremes. 

É desejável que a superfície do talude esteja a mais regularizada possível, para que as biomantas possam ficar totalmente aderidas à superfície. O acerto e regularização podem ser feitos manualmente ou mecanicamente, buscando eliminar os sulcos erosivos, o 

preenchimento dos espaços vazios e a ancoragem dos sedimentos soltos. As concavidades do terreno e as negatividades dos taludes devem ser removidas ou minimizadas, para evitar a formação de novos focos erosivos, desmoronamentos e escorregamentos.

Conclusão dos serviços de terraplenagem mecanizada

LIMPEZA E REGULARIZAÇÃO DO TALUDE

4.1.1) Preparo do solo e semeio :

Após a regularização da superfície do talude e o sistema de drenagem estiver construído, inicia-se o preparo do solo, que consiste em efetuar o micro-coveamento, ou seja, covas pequenas umas próximas das outras e de profundidade suficiente, de maneira a reter todos os insumos a serem aplicados, como fertilizantes, corretivos, mulch, adesivos e sementes. Estes insumos podem ser aplicados manualmente ou por via aquosa (hidrossemeadura). A  quantidade dos insumos a ser aplicada deve ser previamente estabelecida pelo técnico responsável pelo projeto.

4.2) Eliminação de ravinas, erosões, buracos e vegetações:

A equipe desce o talude, aterrando todas as voçorocas, regularizando o terreno, tirando as imperfeições e os desníveis, de uma forma a procurar deixar o talude liso e sem vegetações remanescentes.

Eliminação de Ravinas e Voçorocas

Regularização do Talude

   4.3) Execução do coveamento do talude:

A medido que é feita a regularização e o aterro das ravinas e voçorocas, a equipe verifica a necessidade de se elaborar o coveamento do talude. O coveamento é bater com a enxada ou chibanca no talude gerando pequenos sulcos, deixando o talude homogêneo e de certa forma com cavidades que irão facilitar durante a semeadura manual ou a aplicação das sementes através de hidrossemeadura que garante melhor eficiência e produtividade.

Detalhe do Microcoveamento

Coveamento do talude, operação executada com uso de enxada.

 Espaçamento entre covas de 10 cm, com profundidade de 5 cm. 

coveamento seguido de semeadura manual.

 4.4) Plantio da Semente:

O plantio da semente ou do coquetel de sementes, deve ser feito de uma maneira homogênea, garantindo a cobertura das sementes em toda a superfície do talude, seja de forma manual ou através de hidrossemeadura, garantindo uniformidade na germinação das sementes.

As sementes a serem utilizadas deverão conter referências à porcentagem de pureza e ao poder germinativo. A seleção das espécies deve basear-se em critérios de adaptabilidade e do clima da região, rusticidade, capacidade de reprodução e perfilhamento, velocidade de crescimento e facilidade de obtenção de sementes.

4.4.1) Gramíneas: 

Apresentam crescimento rápido, baixa exigência em fertilidade do substrato e alta capacidade de perfilhamento. Contribuem para a sustentabilidade do sistema através do fornecimento de matéria orgânica, devido a sua grande capacidade de produção de biomassa.

4.4.2) Leguminosas: 

Apresentam alta capacidade reprodutiva, baixa exigência em fertilidade e melhoram as características do substrato através da fixação biológica de nitrogênio atmosférico. Devido às características de desenvolvimento do sistema radicular, favorecem a estabilidade das camadas mais profundas do solo.

As espécies aqui apresentadas pertencem a duas famílias botânicas: as gramíneas e as leguminosas. Devido à similaridade quanto às suas características de interesse elas serão descritas e agrupadas conforme segue:

4.4.3) Caminhão hidrossemeador

Plantio de semente através de Hidrossemeadura

Caminhão hidrossemeador

Talude coveado e hidrossemeadura em execução

Aplicação de hidrossemeadura com utilização de bomba

e caminhão hidrossemeador

4.4.4) Relação de Espécies e sementes :

Apresentamos a seguir o quadro de espécies e quantidades utilizadas no processo de hidrossemeadura realizado com frequência na região Sudeste do Brasil que tem apresentado grande índice de germinação e brota.

A quantidade e proporção de sementes poderá variar de acordo com o tipo de local,

material do talude e inclinação, após a avaliação pelo técnico responsável,

pequenos ajustes em função da brota e germinação poderão ser feitos

para adequação do coquetel de sementes a ser aplicado no local.

4.4.5) Quantidades totais de espécies e sementes :

A mistura a ser aplicada é dimensionada para 5.000 litros de água, correspondente à carga de aplicação para 1.000 m² de superfície de talude, por via aquosa (hidrossemeadura). A adubação de cobertura deverá ser realizada de 45 a 60 dias após a germinação, mediante avaliação técnica.

Insumos básicos / Quantidade (Kg/ha)

4.5) Aplicação das Biomantas

As biomantas vêm acondicionadas em bobinas. A aplicação deve ser iniciada pelo topo do talude, desenrolando-se a 

bobina, fixando-a e moldando-a sobre uma valeta escavada com 10 cm de largura e 10 cm de profundidade, deixando ultrapassar 20 cm além da valeta. 

Detalhe de como se apresenta a biomanta

Tem sido utilizado em obras de engenharia em substituição dos tradicionais dispositivos de drenagem superficiais. É constituído de fibras vegetais desidradatas que passam por uma prensagem, formando um cilindro flexível e muito resistente, parecido com um charuto.

É interessante que as fibras vegetais retém sedimentos, mas permitem a passagem da água, não colmatam com facilidade e se enterrados no chão também  podem ser utilizados como um dreno longitudinal profundo.

São leves, a fibra vegetal tem densidade aproximada de 100 kg/m3, sendo de fácil manuseio, que permite transporte manual para locais de difícil acesso.

Tem grande capacidade de reter e absorver umidade sendo sua capacidade de absorção de até cinco vezes o seu peso em água. Podem ser fabricados e encontrados no mercado nos diâmetros de 40cm, 50 cm e 60 cm de comprimento de 1,60m a 10,00 m de comprimento, absorve cerca de  100 litros de água e pesa em torno de  20kg cada peça.

É flexível, facilmente moldável no local onde será aplicado, permitindo dobras e curvas podendo acompanhar as curvas de nível do talude, porém quando prensado, reduz parcialmente o volume.

A ancoragem é realizada com o grampeamento da biomanta no fundo da valeta e em seguida é aplicado solo compactado manualmente.

4.5.2) Detalhe da fixação da Biomanta na Crista do Talude :

Observem que escavamos uma canaleta ou valeta circular com cerca de 20 cm de diâmetro médio onde aplicamos a biomanta fixadas com grampos metálicos na forma de "U" onde aterramos a canaleta ou valeta fechando com a própria biomanta deixando a crista do talude sempre mais alta evitando facilitar a descida d´água durante a chuva.

Fixação da Biomanta na Crista do Talude

Charuto de fibra utilizado para reter a força d´água e sedimentos, atuando como uma canaleta de caminhamento de água

Retentor de sedimento cilíndrico

Aplicam-se  fertilizantes e sementes, dobra-se os 20 cm excedentes da biomanta sobre a valeta e promove-se sua fixação com grampos com espaçamento mínimo a cada 40 cm, em toda a extensão da largura da biomanta. Esta fixação no topo do talude é preponderante para a performance do produto.

Hidrossemeadura entre os retentores de sedimento

 4.6) Aplicação da Biomanta :

Concluído o plantio das sementes, devemos transportar a biomanta para o local mais alto e aplicá-la de preferência de cima para baixo. A biomanta vegetal, pode ser confeccionada de vários materiais diferentes, todos de origem vegetal 

Transporte manual da biomanta até o local mais alto do talude para aplicação

Aplica-se  a biomanta na berma  e deixa rolar talude abaixo

As bobinas devem ser estendidas (desenroladas) sempre no sentido da declividade do talude. 

Sua fixação, bem como a quantidade e especificação dos grampos, deve seguir a recomendação técnica estabelecida no projeto, em função do material e inclinação do talude. 

Os transpasses laterais das biomantas devem ser de 3 a 5 cm, e a sobreposição (transpasse) longitudinal deverá ser de no mínimo 5 cm. O grampeamento nos transpasses deverá ter espaçamento mínimo de 30 cm.

4.6.1) Aplicação da biomanta no talude:

 O aplicador desce desenrolando a biomanta e executando o grampeamento, mantendo-a sempre rente ao solo.

O processo de semeio é realizado anteriormente à instalação e fixação das biomantas antierosivas.

Desenrolando a Biomanta

Colocar uma ao lado da outra com transpasse ou não, depende do projeto e do local.

4.6.2) Aplicação de charutos ensacados de fibra vegetal ou retentores de sedimento:

Os charuto ensacados de fibra são facilmente encontrados no mercado também conhecidos como retentores de sedimento são de fácil instalação, não necessitando de equipamentos ou técnicas especiais. Para ser instalado requer fixação, com estacas de madeira, bambu, aço ou ainda estacas vivas. Em alguns casos deve-se fazer uma valeta (berço) para que os retentores de sedimento alcancem sua maior eficiência com relação a resistência da força das chuvas e impedindo erosão.

 

Este berço poderá ter de 5 a 20 cm de profundidade, de acordo com as dimensões do retentor de sedimento e condições do local ou do talude onde será aplicado.

Apresentamos abaixo algumas das aplicações bem sucedidas do Charuto ensacado de fibra vegetal ou retentores de sedimento:

4.6.2.1) Construção de Bermas artificiais :

Os retentores de sedimento podem ser utilizados para reduzir o comprimento dos taludes, agindo como bermas artificiais em taludes de grande inclinação e de grande comprimento. A instalação é feita no sentido transversal à  declividade, formando um cordão em nível. Os retentores de sedimentos devem ser fixados cuidadosamente, havendo a necessidade de se fazer uma valeta para encaixá-lo adequadamente, evitando que os sedimentos passem por baixo do produto. A fixação é feita com grampos de aço, madeira ou bambu, tendo comprimento suficiente para atingir o solo coeso.

Detalhe das Bermas Artificiais feitas com retentores de sedimento

Retentores de sedimento colocados ao longo do talude para reduzir 

a velocidade da água da chuva.

Detalhe do talude com a aplicação dos  retentores de sedimentos tipo charutos feitos fibras vegetais feitos para funcionar como uma berma artificial

Detalhe da descida da biomanta com auxílio do rappel

Perfil longitudinal do talude com a aplicação dos  retentores de sedimentos tipo charutos feitos fibras vegetais feitos para funcionar como uma berma artificial

4.6.2.2) Retentores de sedimentos tipo charuto:

São aplicados transversalmente ao sentido do fluxo e a declividade do talude, os Retentores de sedimentos serão fixados com grampos de aço, bambu ou madeira, cujos comprimentos serão suficientes para atingir o solo mais coeso. Deve-se proceder a abertura de uma valeta de encaixe de cerca de 1/3 do diâmetro do Retentores de sedimentos tipo charuto, evitando a passagem dos sedimentos por sua base e proporcionando maior aderência com o solo. 

Detalhe da aplicação dos retentores de sedimento do tipo charuto

4.6.2.3) Interface do solo:

 A interface de pilares de concreto ou madeira, afloramentos rochosos, árvores de grande porte, dentre outras estruturas rígidas com o solo é uma área suscetível à erosão em função da percolação da água. Os retentores de sedimento tipo charuto aplicados nesta interface reduz o impacto da água, proporcionando estabilidade e prolongando a vida útil de tais estruturas. A aplicação poderá ser feita com retentores no diâmetros 40 cm ou 20 cm, dependendo da área a ser protegida, deve-se procurar 

envolver a estrutura rígida para evitar contato direto com o solo, e a proteção deve ser em toda a interface. Os retentores de sedimento tipo charutos podem ser aplicados em qualquer sentido, sendo fixados ou amarrados da maneira mais eficiente, inclusive utilizados para obturação de grandes erosões e voçorocas no local da aplicação de solo ou do solo ensacado. 

Interface da madeira com o solo.

4.6.2.4) Estruturas rígidas:

Aplicados no tardos do gabião revestidos pela biomanta, facilita a saída de água que geram empuxo ativo no tardoz das estruturas de gabião reduzindo a pressão interna da altura da coluna d´água, diminuindo as cargas atuantes atras dos gabiões.

4.6.2.5) Drenos profundos e sub-superficiais:

 Fazer a escavação das valas na profundidade projetada, utilizando brita e areia no  fundo e nas laterais da vala, aplicando os Charutos retentores de sedimento ensacados com fibra vegetal, no centro, podendo ser uma ou mais fileiras, dependendo do diâmetro utilizado. Os Charutos retentores de sedimento ensacados com fibra vegeta deve ficar bem protegido, evitando o contato com o ar, o que garantirá a longevidade do produto

    

Canaletas para funcionar como DLP - DRENOS HORIZONTAIS LONGITUDINAIS PROFUNDOS,

 utilizando os charutos retentores de sedimento

4.6.2.6) Retenção de óleos e materiais flutuantes :

São aplicados transversalmente ao sentido do fluxo e a declividade do talude, os Retentores de sedimentos tipo charuto, serão fixados com grampos de aço, bambu ou madeira, cujos comprimentos serão suficientes para atingir o solo mais coeso. Deve-se proceder a abertura de uma valeta de encaixe de cerca de 1/3 do diâmetro do Retentores de sedimentos tipo charuto, evitando a passagem dos sedimentos por sua base e proporcionando maior aderência com o solo.

Retenção de óleos e graxas e direcionamento de fluxo

Exemplo de utilização de barreiras com  Retentores de sedimentos tipo charuto

4.7) Fixação das Mantas Vegetais:

4.7.1) Grampeamento da Manta :

Quando a biomanta estiver aplicada sobre o talude, iremos executar o grampeamento da manta em malha quadrada de forma a evitar que a biomanta crie pontos que fiquem sem contato com o solo. Este grampeamento é feito de preferência com grampos de aço CA-50. 

A boa fixação das biomantas garantirá o sucesso do trabalho. Esta fixação poderá ser feita com grampos de aço, madeira, bambu ou polivinil, de tamanhos e formas variadas, devendo ser aplicada conforme detalhado em projeto, de acordo com as características específicas do local a ser protegido ou recuperado.

TIPOS DE GRAMPOS DE FIXAÇÃO QUE PODEM SER UTILIZADOS PARA AS BIOMANTAS

É importante salientar que quanto melhor for à fixação da biomanta ao solo, maior segurança será conferida ao projeto. A fixação inadequada da biomanta gerará dificuldade para que a vegetação a ultrapasse o que poderá gerar focos erosivos no local de má aderência, devido ao escoamento livre da água na superfície do talude, sem contato com a biomanta.

Biomanta aplicada sobre o talude

4.7.2) Traspasses laterais e longitudinais para as biomantas :

O número de grampos por unidade de área depende da inclinação do talude, suscetibilidade à erosão, tipo do material, segurança requerida para o local e regularização da área.

Os taludes já totalmente regularizados exigem menor rigor na fixação. Taludes parcialmente regularizados, sem regularização, de grande inclinação ou com grande suscetibilidade à erosão, devem utilizar um maior número de grampos por área.

Em solos não coesos e arenosos deverão ser utilizados grampos mais compridos.

TRANSPASSES LATERAIS PARA BIOMANTAS

TRANSPASSES LONGITUDINAIS PARA BIOMANTAS

Os esquemas a seguir mostram como fixar adequadamente as biomantas, de acordo com a inclinação dos taludes (H:V).

FIXAÇÃO DAS BIOMANTAS EM FUNÇÃO DA INCLINAÇÃO DOS TALUDES

Aplicação dos grampos de aço

Biomanta Aplicada no Talude

Taludes já protegidos com biomantas antierosivas

Drenagem e biomantas antierosivas aplicadas emtaludes de corte

Local: Mineroduto

4.8) Reforço de semeadura manual ou hidrossemeadura:

Após a fixação da biomanta com grampos de aço, fazemos uma nova aplicação manual de semeadura ou até mesmo  a hidrossemeadura, dependendo da acessibilidade local. Isso ajuda a promover uma melhor aderência da manta no solo bem como melhora a qualidade e do percentual de germinação efetivo das sementes. Fazemos este processo dependendo do tipo de manta que foi empregado, pois em alguns casos não é necessário este reforço.

Hidrossemeadura em cima da biomanta aplicada

Dependendo da situação poderá ser executado o solo grampeado verde 

com chumbadores mais profundos com placa e porca 

para locais onde o talude tem problemas de estabilidade

4.9) Adubação e irrigação até a brota:

Geralmente após 1 mês de feito a última etapa, faz-se uma vistoria no local para verificação da brota e do plantio, dependendo do resultado e necessário algum trabalho pontual, principalmente nos locais onde a germinação não aconteceu da mesma forma homogênea. Podendo ser feita uma adubação complementar nestes pontos bem como uma melhora na semeadura que teve baixa densidade de brota e de plantas. Isso requer um valor complementar a ser agregado a obra e é sempre bom combinar antes com o cliente o procedimento de aferição e pagamento.

Irrigação após a brota

4.10) Antes e depois

Vemos nesta foto a vegetação com 90 dias após a aplicação com excelente aspecto nutricional e de recuperação da área degradada.

Antes e depois

Instalação de biomantas antierosivas em canais e cursos d’água

VISTA FRONTAL EM PERSPECTIVA 

SEÇÃO LONGITUDINAL DA INSTALAÇÃO DE BIOMANTAS EM CURSOS D´ÁGUA

Proteção de cursos d’água e reservatórios com retentores de sedimento

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LUIZ ANTONIO NARESI JUNIOR

Luiz Antonio Naresi Júnior é engenheiro civil com ênfase na área de Saneamento, possui pós-graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, Analista Ambiental pela UFJF (Universidade Federal de Juiz de Fora), e em Engenharia Geotécnica pela UNICID (Universidade Cidade de São Paulo). É especialista em obras de Fundação Profunda, Contenções de Encosta, Obras de Artes Especiais, Projetos de Contenção, Infraestrutura Ferroviária e Rodoviária. Atualmente é sócio da ABMS (Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica), diretor do Clube de Engenharia de Juiz deFora (MG) desde 2005, participa como voluntario pela ABMS como apoio a defesa civil de Belo Horizonte, Professor da Escalla Cursos para Mestre de Obras (CEJF / CREA/MG), consultor de fundação pesada e geotecnia, comercial e assessor da diretoria da Empresa  ProgeoEngenharia Ltda

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