Começaremos esta semana assistindo a dois vídeos do Dr. James O'Donovan. Ele é um médico britânico e pesquisador em saúde pública, com doutorado pela Universidade de Oxford e passagens por Harvard e Stanford. Ele atua como Diretor de Pesquisa da Community Health Impact Coalition, professor na Icahn School of Medicine at Mount Sinai (EUA) e consultor da OMS. É também um influente educador digital, com um canal no YouTube voltado à educação em saúde, que ultrapassa 400 mil inscritos. Reconhecido por promover equidade em saúde e combater desinformação, O'Donovan combina prática clínica, pesquisa acadêmica e comunicação digital para ampliar o acesso a informações de saúde confiáveis.
O que é o autismo? Bem, o autismo, ou Transtorno do Espectro Autista, é uma condição que afeta o funcionamento do cérebro de uma pessoa — especialmente em termos de como ela interage com os outros e como experimenta o mundo ao seu redor.
Não é algo que desaparece ou que precisa ser curado — é apenas uma forma diferente de pensar e de vivenciar a vida.
Pessoas com autismo podem apresentar alguns dos seguintes sintomas ou sinais:
Dificuldades de interação social: por exemplo, podem ter dificuldade para se comunicar com os outros, seja falando ou usando expressões faciais e gestos. Fazer contato visual ou entender uma piada pode ser desafiador para alguém com autismo.
Preferência por rotinas e repetição: muitas vezes gostam que as coisas permaneçam iguais e podem se sentir muito estressadas se sua rotina mudar. Comportamentos repetitivos, como balançar-se para frente e para trás ou repetir certas frases, podem ser observados.
Sensibilidades sensoriais: isso significa que sons altos, luzes fortes ou até mesmo certas texturas podem ser desconfortáveis ou até dolorosos. Além disso, podem focar intensamente em interesses específicos — como hobbies ou assuntos pelos quais são extremamente apaixonados, a ponto de quererem falar ou pensar apenas nisso.
Quando dizemos que o autismo é um espectro, isso significa que ele afeta cada pessoa de maneira diferente. Algumas precisam de muita ajuda nas atividades do dia a dia, enquanto outras precisam de muito pouco. Tudo depende de onde elas se encontram nesse espectro.
Algumas pessoas perguntam: E quanto à Síndrome de Asperger ou autismo de alto funcionamento?
Antigamente, a Síndrome de Asperger era considerada separada do autismo, mas hoje é reconhecida como parte do espectro — só que numa forma mais branda. Pessoas com esse diagnóstico antigo podem ser descritas como tendo autismo de alto funcionamento, ou seja, enfrentam menos desafios e conseguem, por exemplo, falar, ler e escrever, mas ainda assim vivenciam o mundo de maneira única.
Outras pessoas perguntam: Qual a diferença entre autismo e TDAH?
Embora autismo e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) possam parecer semelhantes — pois ambos dificultam a concentração e a interação social —, são condições diferentes. O TDAH não faz parte do espectro do autismo, mas uma pessoa pode ter os dois. E, se alguém tem um deles, há uma chance maior de que um familiar próximo possa ter o outro.
Mas o quão comum é o autismo?
O autismo não é tão raro. Aproximadamente 1 em cada 44 crianças nos EUA é diagnosticada com a condição. É mais comum em meninos do que em meninas, por razões que ainda não compreendemos completamente.
Quando surgem os sinais do autismo?
Geralmente aparecem entre 1 ano e meio e 3 anos de idade. Isso pode incluir coisas como: a criança não responder ao próprio nome, não apontar para objetos ou falar menos do que outras da mesma idade. Esses sinais precoces ajudam os pais a buscar apoio o quanto antes.
Também é possível que uma pessoa só descubra que tem autismo na vida adulta, sem nunca ter sido formalmente diagnosticada na infância. Se você acha que isso se aplica a você, procure um profissional de saúde.
Muitas pessoas querem saber como suas vidas podem ser diferentes se forem autistas. E a resposta é: o autismo é apenas uma forma diferente de viver. Pessoas com autismo podem ter vidas plenas e felizes, formar relacionamentos e alcançar seus objetivos — talvez apenas precisem de um pouco mais de apoio em algumas áreas.
O mais importante é lembrar que o autismo não é uma doença nem algo que precisa ser consertado — é apenas parte de quem a pessoa é.
Segue abaixo a tradução completa da transcrição do vídeo:
🎵 [Música]
Olá, gatinho! Tudo bem, gatinho?
Tem dever de casa? Escrever uma redação sobre ser incrível?
Isso parece incrível! Mas espere...
Na verdade, está escrito "autismo".
Ah, o que é isso?
Bom, vamos mergulhar e responder a uma pergunta importante:
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
🔍 Zoom in!
Primeiramente, o Transtorno do Espectro Autista, ou TEA, não é uma doença e não precisa ser consertado.
É simplesmente uma maneira diferente de experimentar o mundo.
Algumas pessoas autistas podem achar situações sociais difíceis,
enquanto outras têm uma incrível capacidade de foco,
de reconhecer padrões ou de pensar de forma criativa.
Mas o que causa o autismo?
Algumas pessoas acreditam que o autismo é causado por vacinas,
más práticas parentais ou dieta,
mas isso não é verdade.
Pesquisas mostram que o autismo é principalmente genético,
ou seja, muitas vezes ocorre em famílias.
Cientistas já identificaram centenas de genes ligados ao autismo,
muitos dos quais afetam o desenvolvimento do cérebro.
Mas como isso funciona?
Bem, em uma pessoa autista, algumas áreas do cérebro têm conexões extras,
o que pode fazer com que luzes fortes, ruídos altos ou certas texturas sejam muito intensos.
É por isso que algumas pessoas autistas são mais sensíveis ao ambiente.
Por outro lado, algumas áreas podem ter menos conexões,
o que torna coisas como entender sinais sociais ou processar a linguagem mais desafiadoras.
Cientistas também acreditam que crianças autistas podem passar por um crescimento cerebral acelerado no início da vida,
especialmente em áreas ligadas às emoções e à percepção sensorial.
Mas aqui está o ponto: cada pessoa autista é diferente,
então seus padrões cerebrais também são únicos.
Aliás, o modo como as diferentes regiões do cérebro funcionam também influencia.
Por exemplo, o córtex pré-frontal, que ajuda na tomada de decisões e no comportamento social,
se desenvolve de forma diferente em indivíduos autistas,
às vezes levando a habilidades incríveis de resolução de problemas.
A amígdala, que processa as emoções, pode ser mais ativa,
o que pode explicar por que algumas pessoas autistas têm reações emocionais intensas ou ansiedade.
O cerebelo, responsável pelo movimento e coordenação,
também afeta habilidades sociais — o que pode explicar por que algumas pessoas autistas têm dificuldade para ler expressões faciais.
Além disso, a química cerebral também tem papel importante.
Pesquisas sugerem que muitas pessoas autistas têm níveis mais altos de serotonina (influenciando o humor e comportamentos repetitivos)
e níveis mais baixos de ocitocina (que afeta vínculos sociais e conexões emocionais).
No entanto, essas variações diferem de pessoa para pessoa.
Mas compreender o autismo não é só sobre o cérebro —
é sobre criar um mundo onde as pessoas autistas sejam aceitas e apoiadas.
Respeitar suas preferências de comunicação é um ótimo começo —
algumas podem preferir mensagens de texto em vez de falar,
ou precisar de mais tempo para processar conversas.
Ao mesmo tempo, ser paciente e de mente aberta faz toda a diferença.
Pequenas mudanças, como diminuir o ruído de fundo ou reduzir a iluminação,
podem ajudar pessoas autistas a se sentirem mais confortáveis em diferentes ambientes.
E o mais importante: precisamos nos opor ao bullying.
Pessoas autistas muitas vezes são incompreendidas ou excluídas,
simplesmente por se comunicarem de forma diferente.
Mas isso não significa que não queiram amizades.
É essencial tratá-las com igualdade, escolhendo a bondade,
falando contra injustiças e garantindo que todos se sintam valorizados.
Em vez de tentar mudá-las,
devemos focar em tornar a sociedade mais inclusiva.
Lembre-se, amigos: o autismo não precisa ser corrigido —
mas a forma como tratamos as pessoas autistas certamente precisa.
🧠 Hora do Curioso:
Você sabia que algumas pessoas com autismo apresentam hiperlexia?
Sim! É a habilidade de ler em um nível muito acima da idade ou das habilidades cognitivas esperadas.
🖍️ Hora do Desenho:
O desenho do dia vai para Joshu Mayer!
Espero que você tenha aprendido algo novo hoje.
Até a próxima!
Sou eu, Dr. Binocs, saindo de cena! 🎩
—
🐱 "Então, o que você aprendeu hoje, Kitty?"
— "Que autistas também são fantásticos!"
🧠✨
TEA: Individualidade e Neurodiversidade
Individualidade no espectro do autismo
TEA: Dificuldades na comunicação e interação
Uso da linguagem para comunicação
Interpretação literal da linguagem
TEA: Comportamentos autolesivos
No livro Source Coding: my beginnings, Bill Gates descreve aspectos de sua infância e sua vivência com o autismo. Ele relata as dificuldades que enfrentava na escola e nos relacionamentos com seus pais. Alguns professores acreditavam que ele deveria repetir o ano, enquanto outros defendiam que ele avançasse uma série. Assista à entrevista a seguir, na qual ele compartilha brevemente sua experiência dentro do espectro autista.
Entrevistador: Quando falamos sobre seu foco pessoal, achei uma das partes mais interessantes a forma como você começa a falar sobre algo que hoje seria diagnosticado como estando no espectro do autismo. Usando suas próprias palavras: “Se eu crescesse hoje, provavelmente seria diagnosticado no espectro do autismo”. Na época da sua infância, o fato de que alguns cérebros processam a informação de maneira diferente não era amplamente compreendido. Quando você percebeu que seu cérebro funcionava de forma diferente, de maneira mais intensa?
Bill Gates: Bem, eu sabia que havia algo diferente. Dou o exemplo de quando nos pediram na sexta série para escrever um trabalho. Eu escolhi o estado de Delaware, um estado pequeno dos Estados Unidos. Acabei entregando um trabalho de 200 páginas, enquanto os outros alunos entregaram trabalhos de 5 a 10 páginas. Fiquei um pouco envergonhado — tipo, será que exagerei nisso?
Os professores ficavam sempre um pouco confusos, pois eu era muito capaz, mas também muito distraído. Teve professor que chegou a dizer que eu deveria avançar uma ou duas séries. Outros diziam que eu deveria repetir o ano para amadurecer mais. Minhas habilidades sociais, especialmente com pessoas da minha idade, com exceção de alguns meninos nerds como eu, demoraram muito a se desenvolver.
Então, eu tinha vantagens como esse foco intenso, mas também tinha déficits. Meus pais e professores ficavam um pouco perplexos. Tive sorte de ter ido para uma escola particular onde consegui transformar essa capacidade em uma força.
Entrevistador: Foi difícil decidir escrever sobre a possibilidade de estar no espectro do autismo?
Bill Gates: Achei que poderia ser útil para as pessoas que recebem esse diagnóstico hoje. Às vezes, o diagnóstico ajuda porque a pessoa pode aprender mais sobre si mesma e sobre outras pessoas. Mas também pode ter um lado pejorativo. Me preocupo que isso possa limitar alguém. Eu não tive isso — embora meus pais tivessem que lidar com o fato de que eu causava certa tensão, me opondo a eles. Eles me mandaram para um terapeuta.
Mas nunca houve um diagnóstico. O terapeuta apenas dizia: “Você está perdendo seu tempo, seus pais estão do seu lado, você está confuso”. E ao longo de um ano ele conseguiu me convencer de que eu estava brigando pelas razões erradas com eles. Ele me aplicou alguns testes de QI e me disse que meu estilo mental poderia ser algo positivo.
Hoje o mundo é diferente. As crianças não têm tanta liberdade para sair e explorar ou ir atrás de tempo no computador por conta própria. Eu tive pais que deram bons exemplos, tinham bons valores, mas também me deram liberdade, além de me colocarem numa escola excelente.
Voltando à entrevista do psicólogo Rodolfo Dib, selecionei alguns pontos-chave. Dê uma olhada nesta página, onde ilustrei no formato de quadrinhos algumas falas que julguei interessantes, relacionados a mitos e equívocos frequentes em relação ao TEA.