Historia de Faro

No século XVIII, o local onde se ergue o palácio era ocupado por uma área ajardinada e um pequeno edifício residencial, que pertenciam ao Bispo de Faro. De acordo com o investigador Vilhena Mesquita, o Morgado de Estói terá sido fundado entre 1750 e 1777, pelo marechal de campo Francisco José Moreira Pereira de Carvalhal Vasconcellos Brito Osório Batávias de Pereira Coutinho, cujos rendimentos vinham principalmente do Morgado de Lagos.[10] Francisco de Carvalhal Vasconcellos estava integrado na alta nobreza e tinha ligações à família real, e terá visitado por diversas vezes o Palácio Nacional de Queluz, que o poderá ter inspirado a construir uma casa apalaçada nos seus terrenos em Estoi, que terá herdado em 1782.

O investigador Francisco Lameira argumentou, no seu artigo Contributos para o estudo da arquitectura setecentista algarvia: A Quinta de Estoi, publicado em 2005 na revista Monumentos, que nos princípios do século XIX as denominações de Palácio de Estoi e Jardim de Estoi não correspondiam precisamente à mesma propriedade. Assim, além do Jardim existiria um outro imóvel, a Quinta de Estoi,[3] cujas obras tiveram início entre 1782 e 1783, sob a responsabilidade de Mateus Vicente de Oliveira, que também foi responsável pelo Palácio Nacional de Queluz, o qual tem algumas semelhanças com o Palácio de Estói. Esta quinta, que foi a base do futuro palácio,[1] foi descrita como «uma fazenda com casas magníficas, um jardim correspondente, diferentes hortas e terras de semeadura regulando tudo para magnificiência e recreio com belas e famosas ruas unindo os prédios com um passadiço de óptimos lances de escadas da cantaria, feitas das entradas e pórticos das ruas com robustos pilares».[3] Vilhena de Mesquita integrou a construção da quinta num contexto de grandes mudanças sociais e económicas no Algarve após o Sismo de 1755, com o progressivo aburguesamento dos antigos quadros oligárquicos, mais abertos às novas ideologias liberais, enquanto que as antigas famílias nobres viram o seu poder reduzido, tendo-se recolhido nas suas propriedades do interior.[10] Ao mesmo tempo, verificou-se um grande desenvolvimento económico na região, com o aumento da produção pesqueira e agrícola, impulsionada pelos transportes marítimos para Lisboa e o estrangeiro.[10] Durante o domínio napoleónico de Portugal, a quinta foi palco de uma recepção ao general francês Maurim, organizada por Francisco de Carvalhal e Vasconcelos.




Fotografia do Palácio de Estói, publicada no jornal Algarve Illustrado, em 1880.