Gênero

Animação

Utiliza-se esse termo para designar formas de cinema nas quais o movimento aparente é produzido de maneira diferente da simples tomada de cena analógica. A técnica mais frequente consiste em fotografar, um por um, desenhos cujo encadeamento produzirá automaticamente a impressão de movimento, em virtude do “efeito phi”. (1)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.


Aventura

A aventura é o que advém, o que vai acontecer. O termo antigo em francês (século XI) designa um gênero, de início literário, é desenvolvido no século XIX por autores como Júlio Verne, Fenimore Cooper ou Jack London, depois cinematográfico. Todavia, diferentemente do gênero como o faroeste, o gore, a ficção científica, cuja definição é relativamente simples, é difícil marcar os limites precisos do filme de aventuras, que não se define nem pelo cenário preciso, nem por um tipo de personagem, nem por uma relação particular com a adaptação, etc. (1)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.

Burlesco

A “bourlé”, em francês renascentista, é uma grande brincadeira (a burla italiana), e a palavra burlesco não mudou de sentido desde então. Trata-se sempre, e especialmente nas artes do espetáculo, de designar um gênero fundado na multiplicidade e no encadeamento de piadas, de farsas, geralmente de mau gosto (difamantes, degradantes) (1)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.


Comédia

Peça de teatro que consiste originariamente (na era clássica) em uma intriga entre personagens de baixa condição, provida de um final feliz e submetida à verossimilhança (diferentemente do gênero como a tragédia). Tais peças provocam, geralmente, o riso, daí o sentido atual. No cinema, é um gênero definido de modo fraco, com contornos vagos, mas universal. (1)

Comédia (c. 510 a.C.). Narrativa alegre destinada a entreter em vez de ensinar. Suas origens podem ser encontradas na Grécia antiga. 

Uma comédia é um drama — ou uma narrativa — destinado a divertir ou encantar. Costuma apresentar um final feliz para o protagonista; tende a se passar em ambientes familiares e usa linguagem coloquial, frequentemente bajulando a plateia com um senso de superioridade em relação aos personagens.

Ao contrário da tragédia, sua contraparte, a comédia ainda se mantém firme no século XXI, e não apenas no drama. Chegou até mesmo a inspirar novas formas de arte, como a comédia stand-up. (2)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.

(2) ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander, Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.

Documentário

Uma montagem cinematográfica de imagens visuais e sonoras dadas como reais e não fictícias. O filme documentário tem, quase sempre, um caráter didático ou informativo, que visa, principalmente, restituir as aparências da realidade, mostrar as coisas e o mundo tais como eles são. (1)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.


Drama

O termo designa, a princípio, o conjunto do gênero teatral, por oposição ao lirismo e à epopeia. A partir do século XVIII (Diderot), ele nomeia um gênero intermidiario entre a tragédia e a comedia. O drama é quase sempre particularizado: drama burguês, drama histórico, drama romântico. (1)

No cinema a palavra serve para qualificar nos primeiros catálogos os temas não cômicos e não documentários. Ele designa uma ação no mais das vezes violenta ou patética, na qual se enfrentam personagens históricas e socialmente inscritas em um espaço crível. Mesmo se elementos cômicos são suscetíveis de ser integrados a ação, o caráter dominante de ser sempre a gravidade. (1)

Drama (c. 534 a.C.). Tipo de espetáculo no qual uma história é encenada para entreter.  (2)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.

(2) ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander, Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.

Épico, epopeia

A epopeia é o gênero literário que consiste em contar (por oposição ao drama e ao lirismo). O poema heroico, que é sua primeira manifestação é, portanto, o ancestral do romance. A epopeia exalta, por sua narrativa sintética, um grande sentimento coletivo (religioso ou poético). Ela escolhe, portanto, no mais das vezes, um herói mais ou menos lendário, que encarna um ideal ou realiza uma ação notável. (1)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.


Fantasia (fantasme)

A fantasia é, em psicanálise, um cenário imaginário onde o sujeito está presente e que figura, de maneira mais ou menos deformada pelos mecanismos defensivos da censura, a realização de um desejo.

Fantasia e filme de ficção são produções do pré-consciente, mesmo se a fantasia está mais diretamente ligada ao sistema do inconsciente e o filme ao do consciente. O filme é uma organização lógica, e do mesmo modo a fantasia é, de saída, organizada em uma história relativamente coerente, com seus encadeamentos de ações e seus personagens, seus lugares e momentos. Assim, a fantasia consciente (devaneio diurno — oposto à fantasia do inconsciente e às fantasias originárias) foi considerada o regime de percepção psíquico mais próximo do estado fílmico (Metz 1977) (1)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.

Ficção

A ficção é uma forma de discurso que faz referência a personagens ou ações que só existem na imaginação de seu autor e, em seguida, na do leitor/espectador. De modo mais geral, é ficção (do latim fingo, que originou também a palavra "figura") tudo o que invertido como simulacro.

O discurso ficcional coloca um problema de pragmática, ou seja, de relação entre produtor e receptor do discurso. Esse discurso, com efeito, não deve, a princípio, ser levado a sério; ele não engaja aquele que o profere como um julgamento ou uma proposição da linguagem da vida real. Ele procede do processo de "ficcionalização" (Odin 2000), modalidade que se aplica à estrutura enunciativa do filme, segundo a qual o enunciador não intervém como “eu-origem real”, e sim como origem fictícia. O ato de enunciar não assume os engajamentos normalmente requeridos por esse ato (Searle 1982), sem por isso ter a intenção de enganar o interlocutor (a ficção não é uma mentira, é um simulacro da realidade que o espectador percebe como tal) (1)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.

Terror

Segundo Ernst Bloch (O princípio da esperança), o terror é o grau dos “afetos negativos”, nos quais o objeto, que surge de modo inteiramente repentino, não deixa lugar para a indeterminação nem para o sonho. Na ordem do espetacular, o terror é um gênero antigo; podem se ligar certos efeitos buscados, por volta de 1790, nas “fantasmagorias” da lanterna mágica de Robertson. No entanto, foi no cinema que esse gênero desabrochou como tal — consequência lógica do forte efeito da realidade que caracteriza o filme (citemos apenas o subgênero do filme “de vampiros”) (1)

(1) AUMONT, Jacques e MARIE, Michel. Dicionário Teórico e Crítico do Cinema. Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. 5 ed., Campinas, SP: Papirus, 2012.

Tragédia

Tragédia (c. 534 a.C.). Drama sobre sofrimento que pode oferecer alívio emocional para o público. Uma tragédia é um drama — ou, por extensão, uma narrativa — que culmina num final desastroso para o protagonista. Numa tragédia típica, o protagonista é admirável mas imperfeito. O curso dos acontecimentos leva a uma conclusão inevitável, decorrente de seu caráter e da situação. As tragédias de Ésquilo, Eurípedes e Sócrates ainda são consideradas obras canônicas.  (1)

(1) ARP, Robert (Editor). 1001 Ideias que Mudaram a Nossa Forma de Pensar. Tradução Andre Fiker, Ivo Korytowski, Bruno Alexander, Paulo Polzonoff Jr e Pedro Jorgensen. Rio de Janeiro: Sextante, 2014.