2/2019

08/08 – Apresentação do grupo e plano de trabalho [Prof. Anderson Nakano]

Estudo do período da filosofia de Bertrand Russell que vai do seu artigo seminal sobre a denotação até as suas primeiras análises da reconstrução da experiência do senso comum a partir da noção de acquaintance.

15/08 – Russell, 1905: On Denoting [Rodrigo Lima]

Russell considera a questão do mecanismo referencial das descrições definidas na posição de sujeito. Sentenças como "o atual rei da França não é calvo" trazem problemas, dada a possibilidade de inexistência do sujeito da predicação. Para Russell - e esta é a pedra de toque do artigo - a forma gramatical de sentenças do tipo "o atual rei da França ..." nos engana, uma vez que sua forma lógica é outra que a simples atribuição de um predicado a um sujeito. A verdadeira forma lógica da sentença envolveria, segundo Russell, uma afirmação de existência e de unicidade de um objeto que satisfaz a descrição definida.

22/08 – Russell, 1912: The Problems of Philosophy, Cp. 1-3 [Bruno Poli]

1. [Aparência e Realidade] Os sense-data não são nem idênticos nem são propriedades de objetos físicos.

2. [A existência da Matéria] Aceitar a existência de matéria (totalidade dos objetos físicos) é uma hipótese mais simples que não aceitá-la - rejeição do solipsismo.

3. [A natureza da Matéria] Só há conhecimento inferencial e relacional dos objetos físicos.

05/09 – Russell, 1912: The Problems of Philosophy, Cp. 4-6 [Arthur Chermont]

4. [Idealismo] Rejeição do idealismo ontológico. A "refutação" repousa na denúncia da confusão entre a sensação e seu objeto (cf. o artigo de Moore abaixo).

5. [Conhecimento por contato e conhecimento por descrição] Distinção entre dois tipos de conhecimento de coisas. O conhecimento por descrição nos permite ir além dos limites da nossa experiência privada. Enunciação do princípio fundamental da análise das proposições que contém descrições: "Toda proposição que podemos compreender tem de ser completamente composta de constituintes com os quais estamos em contato".

6. [Sobre a indução] Deve haver princípios gerais que podem ser conhecidos, e pelos quais pode-se estender o conhecimento. Indução é um princípio que deve ser aceito a priori, pois não pode ser provado ou refutado pela experiência. Tal princípio permite não apenas a continuidade da ciência como também sustenta crenças ordinárias.

12/09 – Moore, 1903: The Refutation of Idealism [Alexandre Katz]

Moore identifica o alvo de sua refutação com o idealismo ontológico, que afirma ser o universo algo puramente espiritual. Em seguida, explica a maneira pela qual a refutação será efetuada. Trata-se de mostrar que a proposição berkeleyana "Esse est percipi", imprescindível para todo e qualquer idealismo, é falsa. O passo fundamental da refutação de Moore é a distinção entre a sensação e o objeto da sensação. Na sequência do texto, Moore mostra que tanto a "Teoria do Todo Orgânico" quanto a "Teoria do Conteúdo" fundam-se em confusões conceituais que acabam por ofuscar tal distinção.

19/09 – Russell, 1912: The Problems of Philosophy, Cp. 7-9 [Pedro Zerwes]

7. [O nosso conhecimento de princípios gerais] Há uma série de princípios, da qual o princípio de indução é um exemplo, não-passíveis de prova pela experiência, mas autoevidentes. Por essa razão, eles têm o mesmo grau de certeza que as suas instâncias, ao contrário das proposições obtidas por indução. De tais princípios o conhecimento é a priori.

8. [Como o conhecimento a priori é possível] Toda proposição conhecida a priori enuncia uma verdade universal e necessária. Exemplos: lógica e aritmética. Tal verdade não é sobre nossa constituição psíquica (contra o psicologismo), mas sobre a realidade. Esta realidade não é mental ou física: habita um "terceiro reino".

9. [O mundo dos universais] Toda verdade envolve universais, e portanto todo conhecimento acerca de verdade envolve acquaintance com universais. Também preposições e verbos dizem respeito a universais. A rejeição das "ideias abstratas" (Berkeley e Hume) é refutada pela consideração da relação de semelhança enquanto universal (rejeição do nominalismo). Universais não estão na mente (rejeição do conceitualismo).

26/09 – Apresentação de trabalho Russell e Wittgenstein: apontamentos para uma defesa de Russell [Ms. Lucas Saran]

10/10 - Russell, 1912: The Problems of Philosophy, Cp. 10-12 [Gabriel Zulli]

10. [O nosso conhecimento dos universais] Há universais que são conhecidos por contato e outros que o são apenas por descrição. Há ainda universais que não são conhecidos nem por contato, nem por descrição. Conhecidos por contato: qualidades sensíveis, relações espaciais e temporais, relação de semelhança, relações de relações. Todo o conhecimento a priori lida exclusivamente com as relações de universais (ex: 2+2=4). Todas as suas aplicações, porém, a particulares envolvem a experiência e contém um elemento empírico. Podemos ser conduzidos a tais proposições primeiramente por indução e só depois por demonstração (como ocorre usualmente no conhecimento matemático). Podemos também conhecer uma proposição geral sem poder fornecer uma única instância sua (ex: todos os produtos de dois inteiros, que nunca foram e nunca serão pensados por qualquer ser humano, são maiores que 100").

11. [Sobre o conhecimento intuitivo] Russell edifica a sua teoria do conhecimento de verdades. Há na forma imediata e derivada. A imediata consiste no conhecimento intuitivo, o que é conferido pela auto-evidência. Exemplos: (1) princípio da indução e princípios lógico-aritméticos; (2) princípios éticos; (3) juízos de percepção (do simples e do complexo); (4) juízos de memória. A memória tem graus de auto-evidência que correspondem aos graus da sua fidedignidade. Não pode haver memória totalmente falsa.

12. [Verdade e falsidade] Russell edifica sua teoria da verdade. Três requisitos: (1) deve admitir a falsidade; (2) verdade ou falsidades são propriedades da crença; (3) verdade e falsidade dependem algo fora da crença. Refutação da teoria da verdade como coerência e adoção de uma teoria correspondentista. A necessidade de permitir a falsidade leva à teoria do juízo como relação múltipla entre o sujeito e os constituintes do complexo que o juízo afirma existir. Se tais constituintes formam de fato um complexo, o juízo é verdadeiro. No caso oposto, ele é falso.

17/10 - Russell, 1912: The Problems of Philosophy, Cp. 13-15 [Pedro Jones]

13. [Conhecimento, erro e opinião provável] Def. de conhecimento: crença verdadeira, intuitiva ou inferida (psicologicamente ou logicamente) de conhecimento intuitivo, do qual se segue logicamente. Def. de erro: o mesmo no caso de a crença ser falsa. Def. de opinião provável: crença que não é nem conhecimento, nem erro.

14. [Os limites do conhecimento filosófico] O conhecimento filosófico tem limites. Refutação da tentativa hegeliana de conhecimento da Realidade Absoluta. O conhecimento filosófico não difere essencialmente do conhecimento científico: ambos possuem uma parte pura (a priori) e uma parte empírica.

15. [O valor da filosofia] Desconstrução da perspectiva pragmática do saber. O valor da filosofia reside em que suas questões alargam a nossa concepção do que é possível, fazendo nossa mente contemplar, de modo imparcial, um universo de novas alternativas que desmancham o egoísmo inveterado.

24/10 - Russell, 1912: On matter [Thiago Estivelet]

31/10 - Russell, 1912: On matter [Arthur Chermont]

14/11 - Russell, 1912: On matter [Bruno Poli]

A recusa do solipsismo e a consequente admissão da existência da matéria pelo argumento da simplicidade, adotado nos Problems of Philosophy, já não parece mais cogente. Duas razões para isso: i) a teoria mais simples pode não ser a verdadeira; ii) pode haver mais de uma teoria simples. O problema da matéria é posto em termos da questão: "qual o fundamento para admitir coordenadas hipotéticas?". Dois caminhos são ofertados para defender a existência da matéria: 1) Inferencialista, via Princípio da Razão Suficiente / Uniformidade da Natureza; 2) Construtivista, via admissão de sense-data possíveis.