Neste espaço, trazemos alguns depoimentos encontrados em nossa pesquisa, coletados em nov./2018 por meio de entrevistas individuais com 16 docentes efetivos do IFTM Campus Uberlândia. Todos os nomes aqui expostos são pseudônimos.
Efetivamente, eu não vejo isso sendo construído, a integração, realmente a integração. Eu não vejo isso sendo construído. Em nenhum curso que eu conheço dentro da instituição. Tem atividades. A gente tem atividades integradoras, é uma situação. Mas, um ensino realmente integrado eu desconheço. (Pedro – bacharel)
Porque muitas vezes a gente vê o integrado como matrícula, que faz um curso só, dois em um. Mas, eu entendo que o integrado, ele é muito além disso. Ele é o integrar conteúdos, integrar áreas do conhecimento. Então, eu acho que o integrado é você poder trabalhar Matemática, Química e disciplina de Solos, com Bovinocultura, isso é o integrar. (Gabriel – bacharel)
Eu acho que integrar ou trabalhar de forma interdisciplinar deveria ser pra qualquer instituição, pra todo mundo. Saber dialogar com o outro, com a disciplina do outro. Construir o integrado deveria ser o padrão. O nosso diferencial seria apenas um foco profissional aí no meio disso tudo, uma área profissional. (Beatriz – licenciada)
O professor tem que sair da casinha, tem que ir além da sua ementa e conhecer as ementas dos outros, para ver aonde você pode entrar. Se você é professor da área básica, o que eu posso ajudar na área técnica, e vice versa. [...] Então, não é simplesmente entrar na sala de aula e dar o conteúdo. [...] O que a gente tem que ter de diferencial é vontade. Vontade de entender o todo, para realmente isso poder ser chamado de integrado. (Mariana – bacharel)
É trabalhar junto, mas um dentro do outro, não é soma soma, pra mim.
– Ah, eu dou minha disciplina de Ensino Médio lá no curso de Alimentos, vou levar um textinho de alimentos aqui, que trata dessa temática deles.
Não. Isso pra mim não é integração, isso é uma tentativa de se chegar a isso sem dar grandes passos. (Laura – licenciada)
A avaliação muitas vezes não é integrada, cada um dos seus currículos ou conteúdos fazem avaliações próprias. Então, eu penso que para haver uma integração real tudo isso teria que ser integrado, né? Teria que ter integrado a comunicação entre esses conteúdos, avaliações integradas. Não só as disciplinas, não só a cara, não só o nome do curso, entendeu? (João – licenciado e bacharel)
A falta às vezes dessa nossa cultura da integração, então quando você propõe uma atividade integrada é muito difícil de ela acontecer. A atividade integrada ela tem que partir de uma equipe, e não de um professor. (Ana – bacharel)
Problema com tempo, eu tenho muito problema com tempo aqui [...] então, é uma correria, muitas das vezes a gente planeja fazer atividades e elas não acontecem. [...] Eu acho que são problemas estruturais, operacionais, problemas de tempo, logística. (Lucas – licenciado e bacharel)
Depois, quando vieram mais cursos, eu, realmente, não tenho conseguido aprender tanto como eu já aprendi em uma área. Por isso que eu defendo... eu quero ser um professor de uma ou duas áreas técnicas, de poucas áreas. Não é fácil ser professor de tantas áreas porque não tem como eu investir tudo que eu gostaria. (Felipe – licenciado)
Tem muitos professores com muita resistência, muitos. [...] geralmente professor que está pra aposentar, ok? E professor que, de fato, acha que dar aula numa escola, é concursado, não tem que fazer muito sacrifício não. Vai lá, dá aula daquele conteúdo, pronto, acabou e tá tudo muito bem. (Laura – licenciada).
Alguns, mas é por conta da visão que esses alguns têm, e entendem como uma atividade a mais e não uma atividade que poderia ser a menos. (Sarah – bacharel)
Tem os que são muito abertos e tem os resistentes, como tudo, né. [...] Mas, eu acredito que não é uma resistência pela integração, eu vejo que é uma resistência pelo desconhecimento do que vem a ser a integração. (Ana – bacharel)
Nós não temos unanimidade. Essa é uma verdade. A integração, ela está cada vez mais forte, mas ela está cada vez mais forte por causa de uma política institucional. Não por causa do desejo dos colegas. (Bruno – bacharel)
INSTITUTO FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
Programa de Pós-graduação em Educação Profissional e Tecnológica – ProfEPT
1ª turma de 2017/2
Título: Análise contrastiva de concepções de integração de ensino entre docente licenciados e docentes bacharéis atuantes em cursos técnicos integrados ao ensino médio do IFTM Campus Uberlândia
Mestranda: Sthéfany Araújo Melo
Orientador: Prof. Dr. Welisson Marques