Introdução

Diante de um cenário mercadológico de maior complexidade e que requer grandes esforços, sejam eles físicos ou mentais, a ergonomia, a partir da análise do trabalho e seus desdobramentos, se destaca no intuito de adaptar o ambiente de trabalho e a realização das tarefas ao homem, visando melhorias quanto às condições físicas e psicológicas na realização de suas atividades profissionais, conforme Anjos, Nóbrega e Maribondo (2005). Ressaltando que, entre a tarefa prescrita e a atividade realizada existe uma lacuna a ser estudada, pois, a atividade costuma superar aquilo que foi prescrito, seja por conta de imprevistos ou mesmo pela percepção aprimorada do profissional durante a execução da mesma, remetendo a afirmativa de que em todo trabalho existe uma dimensão cognitiva, inclusive no trabalho manual que por muito tempo foi considerado desprovido de saber.

Em interlocução com a análise ergonômica está a Psicologia do Desenvolvimento que apoia-se, principalmente, na teoria Piagetiana, ratificando que o ser humano no decorrer de sua vida amplia a complexidade de seus esquemas cognitivos a partir das situações experienciadas pelo mesmo. Os esquemas tratam-se de "estruturas mentais" constituídos da seguinte forma:

Esse processo ocorre repetidamente durante toda a vida do ser humano. Vergnaud, dando continuidade aos estudos de Piaget, enfatizou a importância da "situação" para a formação de conceitos. Portanto, cada vez que o indivíduo interage com o meio externo e se depara com um problema novo, desenvolve novas competências para solucioná-lo e amplia a complexidade de suas estruturas cognitivas. E, de acordo com a proposta da DP, esses esquemas podem ser ampliados a partir da observação de indivíduos em situações reais e tal ação corresponde à sua metodologia de investigação, a análise do trabalho.

Assim como as situações, suas características, e as atividades possuem grande relevância na DP, as mediações realizadas em meio aos processos também são de suma importância para o desenvolvimento das competências profissionais.

Ressaltando que, para o dito desenvolvimento, é levado em consideração o contexto onde se está inserido e sabendo das inúmeras possibilidades do mesmo, é fato que o elemento “mediação” e, consequentemente, a preparação do responsável pela sua realização, é fator diferencial para o êxito do processo de aprendizagem.

Mediante o exposto, vale salientar que no que diz respeito à didática, existe um diferencial entre as didáticas tradicionais e a profissional. As primeiras colocam em destaque o sujeito e a sua capacidade de assimilar o conhecimento, portanto, a atividade está subordinada ao saber. Quanto à DP, o saber está subordinado à atividade, apoiando-se na constatação de que, em sua origem, a aprendizagem acompanha a atividade (Pastré, 2006).

Nesse contexto, a didática das disciplinas baseia-se na transmissão e aquisição de saberes, enquanto que, a didática profissional se centra na aprendizagem das tarefas (atividades) e com interesse no desenvolvimento dos adultos, seguindo a forte perspectiva de que os mesmos encontram seu desenvolvimento no trabalho.