Roberta, Sislene e Bruna conquistaram espaço no mercado, mas não foi fácil
Em 2022, o empreendedorismo feminino representou 34% dos negócios no Brasil, com mais de 10 milhões de mulheres liderando empreendimentos, segundo dados do Sebrae e do IBGE. Roberta, Sislene e Bruna Maria, são exemplos de determinação feminina em um mercado ainda predominantemente masculino.
Além dos desafios comuns, como a conciliação entre a vida pessoal e profissional e a necessidade de se provar, essas mulheres demonstram que, com criatividade, apoio e determinação, é possível superar obstáculos.
A administradora de empresas Roberta Schneider Cecyn, de 24 anos, se mudou para Santos em 2021, a fim de trabalhar na empresa portuária Real Marine, em regime CLT.
Natural de Paranaguá (PR), ela possui um talento na oratória que é facilmente percebido nos primeiros minutos de conversa. Sua fala pausada, calma e clara - típica de uma boa comunicadora – a incentivou a criar a Expresse Oratória, sua própria empresa de mentoria, a qual concilia atualmente com seu emprego formal.
A fala virou seu negócio ainda quando morava no Sul do país. A necessidade de juntar dinheiro para um intercâmbio que faria no México e o pedido de ajuda de pessoas próximas em melhorar a oratória a fizeram unir o útil ao agradável. “Foi literalmente um pedido de ajuda de pessoas próximas e colegas de faculdade que eu comecei a fazer mentoria, fora que tinha um intercâmbio para fazer em breve”, explica Roberta.
PROJETOS
Durante sua presidência no Rotaract Club de Santos-Porto na gestão 2023-2024, desenvolveu o projeto "Gira o Leme", focado em aprimorar habilidades oratórias dos membros, e co-idealizou o "Projeto Notáveis", que promove a visibilidade feminina. Ela também organizou o "Notáveis Day", um evento que reuniu mulheres empreendedoras para expor seus negócios.
Sislene Lourenço, proprietária da agência de publicidade “100% Mídia”, personifica determinação e coragem. Em meio ao luto e preocupação, ela tomou uma decisão que mudaria sua vida: assumir as rédeas de uma empresa e enfrentar os desafios financeiros que o marido havia deixado. "Eu sabia que não seria fácil, mas não tinha outra opção. Era a única maneira de garantir a estabilidade que meus filhos precisavam", relembra.
A mudança de realidade trouxe uma série de obstáculos. No começo, ela precisou lidar com um mercado predominantemente masculino e com a desconfiança de quem não acreditava na capacidade dela de administrar uma agência de publicidade sozinha. Os anos foram passando e Sislene conquistou clientes, respeito e a segurança financeira que buscava para sua família. Hoje, a 100% Mídia se destaca no setor e é reconhecida como uma agência de qualidade, especializada em varejo, que prosperou pelas mãos de uma mulher que se recusou a ceder às dificuldades. Para ela, o caminho até aqui foi repleto de barreiras, mas também de aprendizado: "Ser mulher e empreendedora não é fácil, mas acredito que minha história pode inspirar outras a não desistirem de seus sonhos."
"Muitos não levavam a sério uma mulher à frente de um negócio de publicidade externa. Tive que me provar todos os dias"
Sislene LourençoHá oito anos, Bruna Maria de Biasso entrou no mercado de cosméticos naturais com produtos inovadores como o xampu sólido. No início, Bruna precisava educar o mercado sobre os diferenciais de seus produtos.
“Ninguém sabia o que eram os cosméticos sólidos. Eu ia para as feiras vender e precisava explicar para cada pessoa o que era, como usava”, lembra.
A pandemia de Covid-19 proporcionou um aumento significativo na demanda, impulsionando temporariamente as vendas: “foi uma loucura, as pessoas queriam algo para cuidar de si. Eu vendia como nunca”, relata. Mas também trouxe desafios na educação do consumidor e adaptação às restrições de sustentabilidade e regulamentações da Anvisa.
Para Roberta, o primeiro desafio é se enxergar como empreendedora capaz de fazer o que sabe e sem se deixar levar por estereótipos. “Eu não falo igual a esses homens de terno, tenho minha espontaneidade”.
Já no ramo de Bruna o maior desafio é a complexidade de fabricar produtos eco-friendly em um país onde apenas 2% do plástico é reciclado e as regulamentações impõem barreiras significativas à produção artesanal sem grandes investimentos.
“Não é legalizado produzir cosméticos de forma artesanal. Sem uma graduação em farmácia, eu não posso fabricar diretamente. Isso me impede de crescer sem terceirizar a produção”, explica.
Gabriela Martinez
Repórter, escritora e editora
João Pedro Guedes
Repórter, escritor e editor
Ana Clara C. Dias Antonio
Repórter, escritora, editora