Terapia Nutricional Domiciliar



Criado por: Nicolly Rodrigues e Mayara Santos; Edição e Revisão: Wesley Sales e Eduarda Araújo

Publicado 14/12/2021 Última modificação 20:39 AM

O que é terapia nutricional domiciliar?

A terapia nutricional domiciliar (TND) pode ser definida como assistência nutricional e clínica ao paciente em seu domicílio. Tem como objetivo recuperar ou manter o nível máximo de saúde, funcionalidade e comodidade do paciente, e está associada à redução de custos assistenciais. A TND pode ser instituída em regime oral, enteral ou parenteral (1).

Quando a TND deve ser indicada?

A indicação de TNPD (terapia nutricional parenteral domiciliar) e TNED (terapia nutricional enteral domiciliar) é similar à indicação hospitalar, já que no domicílio dá-se continuidade ao atendimento já iniciado no hospital.

Dentre as principais indicações de TNED destacam-se: doença inflamatória intestinal, neuropatias, queimaduras, desnutrição, disfagia, paciente gravemente enfermo com múltiplas enfermidades, quimioterapia e radioterapia [2].

Na TNPD, as indicações podem ser: síndrome do intestino curto, câncer, isquemia mesentérica, pancreatite grave necrosante, fístula digestiva, obstrução mecânica do intestino delgado inoperável, enterite actínica, síndrome de má absorção, hiperemese gravídica, fibrose cística, pacientes em pré-operatório com desnutrição moderada ou grave, doença de Crohn grave, dentre outras [3].


Critérios de seleção para aprovação da TND

As condições básicas para um paciente ser encaminhado para o domicílio [1, 4]:

  • · Presença de estabilidade hemodinâmica e metabólica;

  • Se o domicílio fornece condições de higienização e manipulação de dieta;

  • Se há local apropriado para armazenamento da TN indicada;

  • Se há telefone, água potável, luz e refrigeração adequada;

  • Presença de um cuidador responsável e capacitado;

  • Se há condições de transporte adequado;

  • Para o provimento da TND, é necessária a atuação de uma equipe multiprofissional de terapia nutricional, com médico, enfermeiro, nutricionista e farmacêutico;

  • Para que todo processo seja feito, deve-se ter a aprovação de alguma fonte pagadora, seja privada ou pública.

Quais seus benefícios

A TND possui muitos benefícios [5]:

  • Custo-benefício satisfatória, pois os custos de uma internação hospitalar (espaço físico, mão de obra hospitalar, ocupação indevida de equipamentos e utilitários básicos e de alta tecnologia) são altos associados à internação prolongada.

  • É segura, pois em meio hospitalar existe maior risco de adquirir infecção hospitalar e outras patologias daquele ambiente;

  • A TND evita hospitalização recorrente ou prolongada;

  • Possui maior interação com a família, e isso gera maior conforto ao paciente.

Responsáveis pela TND

Os familiares desempenham papel vital nos cuidados aos pacientes em TND e, principalmente, na administração da nutrição. Quando devidamente treinados e preparados para a tarefa, se sentem competentes, prestando cuidados eficazes. Os familiares permanecem em tempo integral junto ao paciente e realizam diariamente, além das tarefas ligadas à alimentação, os demais cuidados ao doente [4].

Os profissionais orientam de forma clara, objetiva e adequada à escolaridade dos familiares. As intervenções devem ser multiprofissionais, envolvendo membros da equipe especializada. Os médicos ou a equipe nutricional do hospital devem determinar a indicação para a terapia nutricional enteral domiciliar (TNED) ou para terapia nutricional parenteral domiciliar (TNPD) antes da transferência para o domicílio

Orientações para realizar a TND

1. Conservação e manipulação das dietas

  • Organizar a dieta e os utensílios em local limpo, seco e de fácil acesso;

  • Verificar o prazo de validade da dieta;

  • Local de manipulação da dieta: limpo e sem objetos que pode contaminar;

  • Lavar as mãos com água corrente, sabão neutro e álcool 70%;

  • Higienizar a embalagem com água corrente e álcool 70%.

2. Preparação das dietas (liquidas e em pó)

  • Dieta líquida: agite bem antes de usar; após aberta, armazenar na geladeira no máximo por 24horas (retirar da refrigeração 30min antes de administrar);

  • Dieta em pó: utilizar água filtrada ou fervida (já em temperatura ambiente), para dissolver; seguir orientações sobre quantidades de água e pó; Homogeneizar no liquidificador ou mixer; após aberto, deve ser consumido em até 30dias.

3. Administração da dieta

  • Lavar as mãos com água corrente, sabão neutro e álcool 70%;

  • Separe o material necessário e siga as orientações dos profissionais;

  • Verifique se a sonda está bem fixada e, com a seringa, lave-a com 20ml de água;

  • Incline o paciente em ângulo de 45° a 90°;

  • A dieta deve ser administrada em temperatura ambiente e no gotejamento prescrito, para evitar desconfortos;

  • Após a administração, lave a sonda com uma seringa de 20ml de água;

  • Após a administração, mantenha o paciente nessa posição por 30min, para evitar engasgo ou broncoaspiração.

4. Manutenção do aparato técnico

  • Lave a sonda antes e depois da administração, com uma seringa de 20ml de água;

  • Limpe diariamente a região externa da sonda com água, sabão neutro e álcool 70%, e seque bem;

  • Troque o equipo a cada 24horas;

  • Troque frequentemente a fixação da sonda;

  • Em caso de entupimento: procure os profissionais.

5. Higiene do cuidador

  • Cabelos presos, ou protegidos com touca, lenços ou redes;

  • Usar roupas limpas no preparo da dieta;

  • Manter unhas curtas e limpas;

  • Higienizar as mãos e antebraços com água e sabão, e secar com toalha limpa;

  • Não fumar, tossir, falar ou espirrar durante o preparo da dieta;

  • Usar luvas se estiver com as mãos machucadas (cortes ou feridas).


Referências

1. DeLegge MH, Ireton-Jones C. Home care. In: Gottschlich MM, DeLegge MH, Mattox T, Mueller C, Worthington P, eds. The ASPEN nutrition support core curriculum: a case-based approach - the adult patient. Silver Spring: American Society for Parenteral and Enteral Nutrition;2007. p. 725-39.

2. Marian M, Mcginnis C. Overview of enteral nutrition. In: Gottschlich MM, DeLegge MH, Mattox T, Mueller C, Worthington P, eds. The ASPEN nutrition support core curriculum: a case-based approach - the adult patient. Silver Spring: American Society for Parenteral and Enteral Nutrition;2007.

3. Mirtallo JM. Overview of parenteral nutrition. In: Gottschlich MM, DeLegge MH, Mattox T, Mueller C, Worthington P, eds. The ASPEN nutrition support core curriculum: a case-based approach - the adult patient. Silver Spring: American Society for Parenteral and Enteral Nutrition;2007.

4. Silver HJ, Wellman NS, Galindo-Ciocon D, Johnson P. Family caregivers of older adults on home enteral nutrition have multiple un met task-related training needs and low overall preparedness for caregiving. J Am Diet Assoc 2004;104:43-50.

5. Krahn M. Principles of economic evaluation in surgery. World J Surg 1999;23:1242-8.

6. Prodiet. Nutrição Enteral Domiciliar: Orientações e cuidados. 2019. Disponível em: <https://prodiet.com.br/blog/2019/05/28/nutricao-enteral-domiciliar-orientacoes-e-cuidados/>. Acesso em: 2 dez. 2021.