Métodos de Administração das Dietas Enterais

Criado por: Gustavo Moraes e Emerson Pamplona; Edição e Revisão: Wesley Sales e Eduarda Araújo

Publicado 22/11/2021 Última modificação 17:39 AM

Terapia Nutricional

Trata-se do fornecimento de nutrientes enterais ou parenterais em fórmulas, com a finalidade de manter ou restaurar o estado nutricional. Nutrição enteral (NE) se refere à nutrição fornecida através do sistema gastrointestinal (SGI) por intermédio de de um cateter, sonda ou estoma que entrega os nutrientes em um ponto distal à cavidade oral. Nutrição parenteral (NP) é o fornecimento de nutrientes intravenosos.

A NE pode ser administrada como um bolus, de modo intermitente ou contínuo. A escolha do método ideal deve se basear no estado clínico do paciente, na situação de vida e em considerações de qualidade de vida. Um método pode servir como transição para outro método à medida que o estado do paciente mudar. Nesse vies, Segundo Dan e Chemin, existem dois métodos de infusão de nutrição enteral por sonda : intermitente e contínua, os quais serão explorados a seguir:

Intermitente

  • Bolus: A seringa de alimentação enteral por bolus pode ser ideal para os pacientes com esvaziamento gástrico adequado e que estão clinicamente estáveis. Recomenda-se infusão com seringa de 100 a 300ml (Dan) de dieta no estômago a cada 3 a 6h (Dan) por pelo menos 2 a 6 minutos, precedida e seguida por irrigação da sonda com 20-30 ml de água potável.

  • Gravitacional: 100 a 300ml (Dan) administrado por gotejamento (60 a 150ml/h) a cada 4 a 6h (Dan) precedida e seguida por irrigação da sonda com 20-30 ml de água potável. Segundo Chemin, é a administração de dieta utilizando equipo com pinça.

  • Com bomba infusora (BI): igual a gravitacional, porém com controle de uma BI.

Orientações gerais para infusão de dieta intermitente:

  1. Similar a nutrição oral.

  2. Distensão gástrica estimula secreção cloridopéptica.

  3. Um aumento na atividade contrátil do estômago com o aumento da taxa de infusão (60ml/min) e volume acima de

350ml causa desconforto

  1. Indicada para pacientes com esvaziamento gástrico normal e com NE domiciliar : permite deambulação.

  2. Iniciar dieta na concentração total a cada 3 – 4h até a meta ser alcançada. IMPORTANTE: monitorar resíduo gástrico e tolerância GI.

  3. Fazer a administração com paciente sentado ou reclinado a 45º para prevenir aspiração.

Dieta intermitente cíclica

Trata-se daquela que permite pausas de 8-12h diurnas ou noturnas. Recomenda-se interrupção noturna para simular a interrupção da alimentação habitual nesse período e para reduzir o crescimento bacteriano intra-gástrico, promovendo a função bactericida do pH do estômago, não bloqueada pela dieta, o que teria implicações na redução das taxas de pneumonia bacteriana hospitalar. No entanto, o benefício da pausa durante a noite pode ser perdido devido a maioria dos pacientes em cuidados intensivos receberem bloqueadores da secreção ácido no estômago.

A administração intermitente não é considerada a melhor opção para pacientes críticos, devido ao uso frequente de sedativos, opiáceos ou outras drogas que diminuem a motilidade gástrica e podem limitar o alcance por dificultar a tolerância ao aporte de nutrientes.


Dieta contínua

Indicada para pacientes que não toleram alimentação intermitente ou para aqueles que necessitam de taxas de infusão menores. Também é sugerida para os pacientes que encontram-se em uso de terapia continua com bomba de insulina para diminuir o risco de hipoglicemia, para testar a tolerância em pacientes graves em fase inicial da terapia, para pacientes com distensão abdominal, refluxo gastroesofágico ou com risco de broncoaspiração ou para controlar a diarreia osmótica.

Dan L. Waitzberg recomenda que seja administrada por gotejamento gravitacional ou, de preferência bomba de infusão. Chemin indica a administração usando bomba infusora por um período de 12- 24 horas. Outrossim, Dan sugere administração de 25 a 125ml/h durante 24h no estômago, duodeno ou jejuno, interrompida a cada 6-8h para irrigação com 20 a 30ml de água. Essa dieta permite maior segurança e confiabilidade de infusão devido a BI.

Ademais, é importante destacar que para o cálculo do tempo de infusão é recomendado considerar as atividades de cuidado como higiene brônquica, fisioterapia e transferência para realização de testes diagnósticos, dentre outros. Essas atividades resultam em até 3 a 4h que devem ser deduzidas das horas totais do dia, com o objetivo de garantir que a quantidade prescrita seja administrada dentro de 24h.

Referências

MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S. ; RAYMOND, J.L. Krause: Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 14ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Pág. 816- 823.

CHEMIN S.M.S.S.; MURA J.D.P. Tratado de Alimentação, Nutrição e Dietoterapia. São Paulo: ROCA - 2ª Ed. 2010.

WAITZBERG, D.L. Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clinica - Rio de Janeiro: Atheneu. 4ª Ed. 2009.