Projetos de Qualificação de área (Doutorado)

A Cartografia das estruturas denominativas com verbo chamar no Português Brasileiro

Projeto de Qualificação de área - doutorado

Gilcélia de Menezes da Silva

No LaCaSa, pretendo realizar um estudo sincrônico sobre a estrutura gramatical do verbo chamar, quando denominativo, procurando descrever a grade argumental desse predicador nas atuais construções de denominação do português brasileiro contemporâneo. O projeto tem como objetivo investigar, em uma abordagem cartográfica, as estruturas de denominação com o verbo chamar, com o intuito de averiguar qual a arquitetura das denominativas atestadas nos estágios atuais do português. Além disso, pretende-se realizar um estudo comparativo com as formas denominativas já atestadas em estágios passados da língua (Menezes da Silva, 2010), procurando, dessa maneira, contribuir com a análise a ser realizada em um estudo diacrônico das construções denominativas do português para a tese de doutoramento.

A Cartografia tem se mostrado um campo de pesquisa bastante promissor dentro da teoria de Princípios e Parâmetros com o propósito de investigar mais detalhadamente a estrutura da sentença. Assim sendo, para este estudo sincrônico das denominativas com chamar, estamos assumindo os pressupostos dos estudos cartográficos, ou seja, entendemos (i) que o middlefield, isto é, o espaço da flexão, é composto por mais de 30 categorias funcionais; (ii) que a hierarquia das projeções funcionais na estrutura frasal é universal; e (iii) que os advérbios ocupam a posição de especificadores únicos de projeções funcionais distintas, conforme Cinque (1999; 2002) e Rizzi (1997) para a periferia esquerda da sentença.

Em Menezes da Silva (2010) e em Menezes da Silva e Paixão de Sousa (2009) demonstrou-se que no início do século XV o chamar transformava-se no principal predicador denominativo, substituindo os outros predicadores. Ex.: dizer {aquelle a que dizen Terreno - CGE-1344}– transitivas; haver {E este avia nome Ricaldo - CGE}-estativas. Esta mudança de predicador mostrou-se interessante para compreendermos a evolução nos padrões de ocorrência de chamar quanto à expressão argumental e à ordem relativa entre seus argumentos. No século XVI, o principal padrão de ocorrência dos argumentos de chamar nas denominativas acompanhava as características da gramática do Português Médio. Apontamos uma alta incidência de sujeitos agentes nulos, com o argumento com papel temático de Designando (Y) ocupando a posição de proeminência discursiva, à esquerda do verbo e o argumento com papel temático de Denominação (Z), em posição pós-verbal, resultando na ordem [Y V Z].

Assim sendo, investigar a ordem dos constituintes das denominativa em relação aos advérbios presentes nessas estruturas nos permitirá observar o movimento desses constituintes, principalmente o movimento do Designando (Y) e do verbo.

Portanto, um estudo comparativo das estruturas de denominação em diferentes estágios da língua se faz necessário, uma vez que, com este estudo, poderemos desenvolver um panorama mais detalhado sobre as mudanças gramaticais que ocorreram nas denominativas com chamar (nos séculos XV e XVI) e como essas mudanças afetaram a grade argumental desse verbo nas etapas atuais da língua.

Orientador: Prof. Aquiles Tescari Neto

"Como o Rei (...) estes nossos dois reis, nome e verbo (...) per razão da excelência e alto ofício que têm, governam e regem todolas linguagens da terra." (João de Barros, 1540)