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Quando se pensa sobre a mesa, é comum associarmo-la imediatamente ao ato de comer, às pessoas que nos acompanham e aos alimentos a serem consumidos. No entanto, a mesa vai para além de um simples móvel de suporte; é um objeto material e conceptual, que desempenha um papel vital na sociabilidade, carregando consigo uma riqueza de significados que ao longo da história tem inspirado diversas abordagens.

A vivência da mesa na época moderna (séculos XVII-XVIII) jogava-se na multiplicidade dos seus sentidos e nos ambientes que se geravam em seu entorno. Desde logo, como objeto do quotidiano nos mais díspares ambientes, do palaciano ao da casa do cidadão comum, que congregava sempre em seu torno um conjunto de personalidades e atividades em que ela era, de alguma forma, o centro. 

A mesa palaciana, símbolo do poder de quem a oferecia, suportava variedade e requinte gastronómico, em que estavam bem presentes a estética e a etiqueta.

A mesa é por excelência o lugar da socialização, em que um dos atos mais essenciais à vida se processa e, por tal, reúne duas valências inerentes; a alimentação do corpo e a definição do lugar de cada um na comunidade que habita. É, assim, o lugar mais revelador da vida cultural de uma sociedade e da relação dos homens entre si e consigo próprios.

À mesa, a proximidade física e o confronto com o olhar do outro, proporciona o reforço de laços, mas também de discordâncias. Alianças são firmadas, geram-se amores e desamores, inimigos espreitam. 

A mesa ocidental, de inspiração cristã, refletia também a mensagem de Cristo, que nos Evangelhos fez da mesa o local privilegiado de reencontros, partilhas, inclusão e ensinamento. A pintura das várias cenas bíblicas em que Jesus se senta à mesa, seja nas bodas de Canã, em Casa de Marta e Maria, na Ceia em Emaús ou, na mais emblemática de todas, na última Ceia, reforçava o lugar da mesa como o lugar de verdade e de revelação, na qual a função dos alimentos ganha sentido na partilha com o outro.

A mesa, objeto multifacetado e gerador de grande multiplicidade de atividades, ilustra, assim, de forma extraordinária o cerne do viver humano, na serenidade ou na discordância da convivialidade. Propõem-se os seguintes temas, embora se possam aceitar outros relacionados: 


 

·      A Mesa como Objeto: consideração da mesa enquanto peça de mobiliário, nas suas mais variadas funções, como por exemplo: de jantar, de campanha, de jogo.

 

·      A Mesa do Quotidiano:  a mesa como um espaço de encontro diário, onde rotinas e hábitos alimentares se entrelaçam.

 

·      A Mesa e o Poder: dinâmicas de poder e hierarquia social, que se manifestam através da distribuição dos comensais à mesa e rituais associados.

 

·      Vestir a Mesa:  os serviços de porcelana, vidros, talheres, têxteis e outros elementos da composição estética e funcional da mesa.

 

·      A Mesa e a Etiqueta: normas e convenções sociais que regem o comportamento à mesa em diferentes culturas e contextos históricos.

 

·      A Mesa e a Alimentação: relação entre a mesa e o espaço culinário, incluindo cozinhas e áreas de preparação de alimentos.

 

·      A Mesa e a Festa Sagrada e Profana: como a mesa se torna o centro de celebrações festivas (alfaias e paramentaria litúrgica; o traje, o teatro, a dança, fogos de artifício, música e arte efémera).

 

·      A Mesa na Literatura: as representações e simbolismos associados à mesa em obras literárias.

 

·      Olhares Cruzados sobre a Mesa: as práticas interculturais relacionadas com a gastronomia e suas influências mútuas.

 

·      A Mesa nas Artes Visuais: como foi retratada nas diversas artes, tais como pintura, escultura, azulejaria, têxteis e outras artes decorativas.

 

·      Virtualização da Mesa: possibilidades de recriação e reinterpretação da mesa barroca através das ferramentas digitais.

 

·      A Mesa no Cinema: como a mesa tem sido representada e o seu papel em filmes de estética neobarroca.

 

·      A Mesa Neobarroca: como os princípios estéticos e culturais do Barroco continuam a influenciar representações contemporâneas da mesa.


 

Os resumos devem ter no máximo 300 palavras, referindo objetivos, metodologia e relevância do trabalho para os temas do Congresso.

 

Breve nota biográfica (máximo de 150 palavras).

 

Para apresentar uma proposta, enviar um resumo e uma breve nota biográfica para: temposdobarroco@gmail.com


 

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EN


When discussing the table or the act of being at the table, our immediate thoughts go to the act of eating, the company present, and the food to be shared. However, the table transcends its practical function to become a richly layered symbol, both materially and conceptually, embodying sociability in myriad ways throughout history.

During the modern era (17th-18th centuries), the table's significance unfolded across diverse contexts and environments, from the opulent settings of palaces to the humble abodes of common citizens. Regardless of setting, the table served as a focal point, drawing together a spectrum of personalities and activities, thus assuming a central role in daily life. In palatial settings, the table symbolized power and sophistication, showcasing culinary refinement and adherence to social etiquette.

The table epitomizes socialization, serving as a nexus for fundamental human experiences—the nourishment of the body and the establishment of communal identity within society. As such, it acts as a microcosm of cultural norms and interpersonal dynamics, revealing insights into societal values and individuals' relationships with one another and with themselves.

Inspired by Christian traditions, the Western table echoes the teachings of Christ, who in the Gospels elevated the table to a sacred space for gatherings, sharing, inclusion and teaching. Depicted in various biblical scenes, such as the Wedding at Cana, the home of Martha, the Emmaus supper, and the Last Supper, the table emerges as a locus of truth and reverence, where communal sharing imbues food with deeper meaning.

At the table, physical proximity, and eye contact foster connections, yet may also give rise to discord. It is a space where alliances are forged, love and friendship blossom, and adversaries may surface.

In its multifaceted nature, the table serves as a catalyst for a myriad of human activities, offering profound insights into the essence of human existence, whether amidst moments of serenity or the complexities of social interaction. The following themes are proposed, although other related topics may also be accepted:

 


·      The Table as Object: consideration of the table as a piece of furniture, in its various functions, such as: dining, campaign, gaming.

 

·      The Everyday Table: a space for daily gatherings, where routines and eating habits intertwine.

 

·      Table and Power: dynamics of power and social hierarchy that manifest through table arrangement and associated rituals.

 

·      Dressing the Table: the importance of porcelain, glassware, cutlery, textiles, and other elements in the aesthetic and functional composition of the table.

 

·      The Table and Etiquette: the norms and social conventions that govern behavior at the table across different cultures and historical contexts.

 

·      Table and Food: the relationship between the table and the culinary space, including kitchens and food preparation areas.

 

·      Table and Celebrations (Sacred and Profane): how it becomes the centrepiece of festive celebrations (liturgical implements and vestments, attire,

              theatre, dance, fireworks, music, and ephemeral art.

 

·      The Table in Literature: representations and symbolism associated with the table in literary works.

 

·      Cross-Cultural Perspectives on the Table: Investigating intercultural practices related to the table and their mutual influences.

 

·      Representations of the Table in Visual Arts: how artists depict the table in painting, sculpture, tiles, textiles, and other decorative arts.

 

·      Virtualization of the Table: how the table is reinterpreted and recreated in virtual and digital environments.

 

·      The Table in Cinema: representation and role of the table in neo-baroque movies of different genres.

 

·      The Neo-Baroque Table: How the aesthetic and cultural principles of the Baroque continue to influence contemporary representations of the table.

 


The abstract should have a maximum of 300 words, addressing the objectives, methodology, and relevance of the work to the themes of the Congress.

 

 

Biographical Note (maximum of 150 words).

 

 

To submit a proposal, send an abstract and a brief Biographical Note to: temposdobarroco@gmail.com