Livro de Resumos | Book of Abstracts
DESDE LA COCINA. MIRADAS BARROCAS (SEVILLA, M. XVII)
Fernando Quiles | Universidad Pablo de Olavid
Resumo: Sigo profundizando en el conocimiento de una década singular en la historia del barroco sevillano, la de 1650. Y ahora me detengo para abordar dentro de este periodo histórico el gusto por el "país" de bodegón como se le conoce entonces, en sus distintas variantes. Y de este complejo entresaco datos que valoro sobre un capítulo singular, la llamada "pintura de cocina". El que se la nombre una y otra vez en los inventarios de bienes de la época pone de manifiesto que en la sociedad del momento se la distinguía del resto de los bodegones. La cocina tiene un lugar en la casa sevillana del barroco, con chimenea, corralón asociado y abundante cacharros para preparar la comida. De todo ello vamos a hablar en esta presentación, insistiendo en el interés de mantener la consideración de "la cocina" como variante temática.
Nota curricular: Fernando Quiles is a Professor of Art History in the Department of Geography, History, and Philosophy at Pablo de Olavide University in Seville. He specializes in Baroque culture studies, which he complements with studies in Cultural Heritage. He is interested in understanding the artistic environment, its creators, and promoters. He has conducted extensive research covering various thematic areas, including mural painting in the context of the Seville kingdom, the relationships between center and periphery within the same spatial scope, the effects of the Black Death on the workshops of local masters, and the influence of canonization processes on the formulation of aesthetic ideas. In parallel to historical research, he develops several projects on Cultural Heritage. He was the principal investigator of the projects "Visibilia. Portal of Andalusian Artistic Heritage" and "Red-AVI. Network of Ibero-American Vernacular Architecture." In the first project, he built a working space for the study of artistic heritage at a regional scale, and with the second, he created an international network in the field of material culture studies of Spanish and Portuguese-speaking countries. He continues his research efforts by investing in the use of technologies applied to Heritage through the creation of the Enred-ARS portal for information and knowledge management.
TABLE AND REFORM: ICONOGRAPHY AND VISUAL REPRESENTATION OF THE “LAST SUPPER” IN TRIDENTINE PERIOD
Ferenc Veress | University of Theatre and Film Arts, Budapest
Resumo: As shown by Anthony Blunt, interest in archeology gave way to the revitalisation of early Christian representations such as the triclinium or the apostles laying on couches around a table during the period of Catholic Reformation. This tendency manifested in the 1570’s on works by Florentine mannerists such as Santi di Tito or Giovanni Stradano (Jan van der Straet) active in Toscana. Other artists like Federico Barocci tended towards a modernisation of the long table, parallel to the picture surface employed by Leonardo da Vinci which was common in Western mediaeval art. This tendency was contemporary with the efforts of Pope Clement VIII to rebuild parts of the Lateran Basilica including the construction of a monumental altarpiece in honour of the Holy Eucharist and the relic of the table which served for the last meal of the Saviour and his disciples.
However, as sustained by David Rosand, even during Catholic Reformation opposing tendencies characterised as “humble” and “eloquent” persist in the case of the Last Supper-scenes. Jacopo Tintoretto for example painted the apostles on low chairs placed around diagonal tables on his canvases destined for confraternities, while Paolo Veronese prefered the representative table and a palatial interior in case of his Last Supper (later called as “Feast in the House of Levi”) for the refectory of the SS. Giovanni e Paolo. Painters had to balance between dramatism (representation of emotions) and the sacramental stillness of the transsubstantiation. My objective is to emphasise the different layers of meaning attached to these representations as well as to highlight the allegorical themes such as the “Coena Domini” where all mankind is invited to partake in Christ’s mystical body. These allegories also have mediaeval origins, furthermore they share common features with the Lutheran iconography.
Nota curricular: Ferenc Veress (1981) studied art history (1999–2004) at the Eötvös Loránd University of Sciences in Budapest. He completed his PhD research at the Sapienza – Università di Roma in 2012. His PhD work highlighted the copies and interpretations of the Vatican Pietà by Michelangelo Bunarroti. Between 2018 and 2021, he was postdoctoral fellow of the Department of Ethnography and Cultural Anthropology of the University of Szeged. His research was concentrated on the Eucharistic representation in early modern Hungarian Kingdom. Currently he is assistant professor at the University of Theatre and Film Arts, Budapest where he teaches history of art with a special emphasis on liturgical space and sacred iconography.
UM OLHAR SOBRE A ALIMENTAÇÃO NO PORTUGAL DE SETECENTOS, A PARTIR DO AZULEJO: A COZINHA DO PALÁCIO PIMENTA
Nuno Dias | Egeac; Museu de Lisboa
Resumo: A cozinha é o espaço, por excelência, da produção alimentar. Na Idade Moderna, surgiram manuscritos posteriormente denominados “livros de segredos” que, além de receitas de culinária, apresentavam preparados medicinais (mezinhas), conselhos de higiene, beleza e de economia doméstica. Todas estas criações eram confecionadas num espaço-comum: a cozinha.
Com destaque para a cozinha palaciana, a presente proposta pretende refletir sobre o espaço culinário do Palácio Pimenta, uma habitação de veraneio setecentista, situada em Lisboa, onde atualmente se instalou a sede do Museu de Lisboa, antigo Museu da Cidade. A partir do estudo da decoração barroca da cozinha do palácio, nomeadamente refletindo sobre a iconografia azulejar, pretende-se compreender o que chegava à mesa das populações setecentistas portuguesas privilegiadas, particularmente da lisboeta. O estudo é baseado, sobretudo, no revestimento em azulejo da cozinha. Utilizaram-se também fontes de cariz literário, relatos de viagem de estrangeiros, que corroboram a decoração azulejar com alimentos. Recorreu-se igualmente aos receituários de época, de Domingos Rodrigues (reeditado inúmeras vezes ao longo do século XVIII), de Francisco Borges Henriques (o que mais se aproxima dos ditos “livros de segredos”, com vários preparados para enfermos) e de Lucas Rigaud (cozinheiro real responsável por introduzir novos hábitos de consumo de inspiração francesa). O azulejo barroco, de caráter dramático e cenográfico, cria verdadeiros ambientes teatrais de exuberância, cuja cozinha do Palácio Pimenta é exemplo paradigmático. O revestimento a azulejo de figuras avulsas, encimadas por representação de peças de caça ou de espécies ictiológicas, juntamente com o simulacro de uma cena com uma mulher negra a amanhar peixe, recriam uma cozinha dentro da própria cozinha, muito ao gosto teatral da época, de elevada relevância para compreender a vivência da mesa barroca.
Nota curricular: Nuno Dias é Técnico de Museologia e Património no Museu de Lisboa. Pós-graduado em Museologia (UAL), mestre em Estudos Artísticos (FLUC) e mestrando em História Moderna e Contemporânea (FLUL). Ao longo do seu percurso académico, tem vindo a desenvolver investigação em torno da História da Alimentação. Destacam-se os estudos sobre iconografia barroca, nomeadamente as naturezas-mortas de Josefa de Óbidos e de Baltazar Gomes Figueira ou a azulejaria setecentista. Participou em alguns encontros organizados pela Universidade de Coimbra, entre eles o congresso luso-brasileiro DIAITA ou os fóruns-estudantes dinamizados pela mesma universidade, contando igualmente com investigação sobre manuais de etiqueta e civilidade de final do século XIX e início do século XX.
[…] DO QUE SE DEVE OBSERVAR QUANDO ESTAMOS À MESA… […] APARATO, ETIQUETA E CIVILIDADE NA REPRESENTAÇÃO DAS ARTES DA MESA NA AZULEJARIA DO PORTUGAL MODERNO
Alexandra Gago da Câmara | Universidade Aberta; CHAIA, UÉ / IN2PAST
Resumo: Um tema recorrente nos apontamentos sobre o quotidiano na azulejaria portuguesa especificamente entre os finais do século XVII e o século XVIII, a representação da mesa apresenta-se como tema iconográficointimamente conotado com uma “arte de bem viver” acompanhando a evolução do gosto e tipo específico de “consumo” estético de uma determinada franja da sociedade portuguesa de então.
Um assunto de investigação – ainda não esgotado - que nos tem interessado e acompanhado desde algum tempo, prende-se especificamente com a reflexão sobre a apresentação deste universo iconográfico, na procura de descodificar e perspetivar as relações do azulejo e a sociedade coetânea sobre Comportamentos, Quotidianos e Espaços de sociabilidade, cruzando a caracterização de determinados modelos socioculturais da época modernacom o discurso plástico do azulejo do mesmo período.
Neste contexto e tendo em conta o espaço da pintura azulejar, o recurso e a utilização dos termos aparato, etiqueta e civilidade contêm uma apropriação ideológica com um sentido muito preciso, conotados e inerentes à perceção que a sociedade do século XVIII projeta sobre si própria.
Desse modo, a análise combinada de um conjunto de textos sobre literatura comportamental e tratados de civilidade e da preceptiva artística aplicada à organização do discurso das imagens, em torno do quotidiano da mesa, pretende contribuir para um melhor conhecimento da produção das artes visuais nos séculos XVII e XVIII, em Portugal, onde evidentemente o azulejo adquire uma função social e cenográfica.
Neste cruzamento, procuram-se deste modo, estabelecer pontos de encontro entre os “actores” sociais, e os “espectadores”, constituindo-se momentos privilegiados de “espetáculo”.
Veremos assim, através de um corpus organizado e sistematizado de exemplos e casos de estudo, como a azulejaria irá refletir esta atitude de exibição, procurando elevar o momento de “estar à mesa” e a própria refeição à dimensão social e categoria teatral.
Por fim, parece-nos esta nossa proposta ir ao encontro da temática deste congresso na intersecção dos seguintes tópicos relacionados: a Mesa e a Etiqueta e a Mesa nas Artes Visuais.
Nota curricular: Professora associada com agregação e coordenadora do Mestrado em Estudos do Património no Departamento de Ciências Sociais e de Gestão na Universidade Aberta. Leciona várias unidades curriculares de História da Arte Portuguesa e Património Artístico.
É investigadora integrada do Centro de História da Arte e Investigação Artística (CHAIA) da Universidade de Évora. Atualmente integra o Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território IN2PAST na linha temática - Museus, Monumentos e suas Coleções
Integra os diferentes projetos: DIGITHUM (Digital Humanities) – LE@D – Laboratório de Educação a Distância e E-Learning da Universidade Aberta e o recente projeto de investigação financiado pela Fundação da Ciência e Tecnologia: Santos Corpos | Um Atlas dos Corpi Santi em Portugal Holy Bodies | An Atlas of the Corpi Santi in Portugal
Tem como principais áreas de investigação os séculos XVII e XVIII nas Artes Decorativas aplicadas e Arquitetura no Barroco português, destacando-se a Azulejaria e ainda as Humanidades Digitais. Neste âmbito tem publicado diversos estudos e livros e, realizado conferências no estrangeiro e em Portugal assim como a participação em diferentes colóquios e congressos.
AT THE TABLE OF CHARLES III OF BOURBON. CAPODIMONTE PORCELAIN FROM THE VIMERCATI SANSEVERINO COLLECTION
Giovanni de Girolamo | Investigador Independente | Independent Researcher
Resumo: The aim of the intervention is to illustrate the main decorative trends adopted on Capodimonte porcelain through the analysis of some artefacts (mostly unpublished) from the Vimercati Sanseverino collection. The study is based on the identification of the iconographic sources that guided the work of the artists of the factory founded in 1743 by Charles III of Bourbon, King of Naples. Comparative studies will highlight the diversity of Neapolitan production, still linked to the rest of Europe, but also able to draw inspiration from the local artistic tradition. The research includes the presentation of pieces belonging to some of the most famous Neapolitan giuochi, complete sets made up of 30 elements. We begin with the miniatures of gallant figures, always defined in the literature as scenes in the style of Watteau; now that the research carried out has allowed us to discover new and very precise references, it is possible to follow a more reasoned path, not only to identify the sources of inspiration, but also to isolate the production of the various painters. Among the original decorations made in Naples, and therefore independent of Meissen, the still lifes that reproduce on porcelain the depiction of laid tables, fishing trophies and compositions of fruit or vegetables must be recognised as playing an important role. The white and golddecoration with silhouette scenes on a white background belongs to the group of motifs created under the influence of Saxon porcelain, as well as the butterfly and insect decoration based on the reproduction of motifs taken from collections of Nordic engravings; in the collection there are two pieces of "the most beautiful giuocowith entomological decoration that has survived to the present day". Some inventions of the best interpreter of Capodimonte's plastic production, Giuseppe Gricci, cannot be missing, such as the splendid group of Harlequin, Pulcinella and Pantalone from the Commedia dell'Arte, up to the characters belonging to the gallant or domestic world.
Nota curricular: My name is Giovanni de Girolamo, I am 36 years old and I am an independent art historian. I graduated in History of Modern Art at La Sapienza University in Rome and I entered the world of porcelain thanks to the collaboration of the Amici di Doccia (Friends of Doccia) in Florence. Since 2021 I'm a member of the Emerging Scholars of the French Porcelain Society. I am the author of several reviews of exhibitions and books on European porcelain, as well as catalogue entries for exhibitions on the Ginori factory in Florence and the Vezzi and Cozzi factories in Venice. I am currently involved in cataloguing the collection of Count Vimercati Sanseverino of Rome, together with Andreina d'Agliano and Sebastian Kuhn.
THE KING DRINKS! BY JACQUES JORDAENS: WHEN THE FESTIVITIES ARE CONDENSED
Eugénie Ansion | Catholic University of Louvain
Resumo: The King Drinks is esse iconographic theme known for depicting the common people in their homes or taverns. Around 1640, Jacques Jordaens innovated: The King Drinks is now uinhenti. While the true nature of this type of painting is still debated, two iconographic hypotheses stand out: is it a celebration of the Epiphany, uinh it the first day of Lent?
The artist treats this theme around a rich uinhenti table, whose rather restricted setting invites us to join in the singing. If, at the first sight, the performance inebriate us, it gradually tends towards disgust and quickly monopolizes all our senses. The hearing, the smell and the touch are right in front of us, while the taste remains shyly concealed in the delicate still life on the table. In the end, the table plays a central position: it unites and directs our gaze. It even determines the nature of the feast.
The gradual emergence of a new social category, the bourgeoisie, brought with it the tableware’s development.This culture, torn by the Thirty Years’ War, allowed the enriching artistic and craft exchanges, as evidenced by the presence of roemer and kraak in this King Drinks.These utensils offer a uinhenti understanding of the festivities: a new social representativeness thanks to this innovative framing, and the economic emancipation of the Antwerp uinhenti by means of this still life’s presence.
The objects on the table are a manifestation of the festive reversal and determine its nature. We’ll see how this emancipation allows for a uinhenti taste, that of drunkenness as well as that of future hunger. This table bears witness of capsizing and the beginning of a perpetual cycle.
Nota curricular: Eugénie Ansion, master’s student in art history at the Catholic University of Louvain. Master Thesis ongoing: «Le repas au Moyen Âge (1330-1480), entre fiction et réalité. Le pouvoir de mise esse scène de la nef lors de banquets: les cas anglais, bourguignons et français», developer Mrs. Ingrid Falque.
International symposiums:
- Carnavals et évolution (15-16th March 2024). Dir. Clémence Mathieu. Communication: «Quand les minorités façonnent la mascarade: le Carnaval de Rome, une renommée à tout prix?»
- L’expérience de la faim dans l’art et le cinéma: images, poétiques, politiques (25-26th January 2024). Dir. Raphaël Jaudon et Aurel Rotival. Communication: «Le Roi boit! Une faim vivace».
Publication:
- E. Ansion, “Insignes du Sacré Coeur”, dans Mathieu C. (dir.), Entrelacs. Textiles rituels, catalogue d’exposition, Binche, 29 avril au 24 septembre 2023, 2023, p. 183-188.
D. JOÃO V E OS BANQUETES NO PALÁCIO DO PATRIARCA EM SANTO ANTÃO DO TOJAL EM 1730
Florbela Estêvão | Câmara Municipal de Loures & Paula Pitacas | Câmara Municipal de Loures
Resumo: Nesta comunicação pretendemos analisar a hierarquização social à mesa e a sua correlação com a arquitetura, ou seja, com as várias salas de aparato do palácio de Santo Antão do Tojal. Partimos da observação das Memórias Paroquiais que descrevem múltiplas receções que decorreram da presença real nas cerimónias das Bênçãos dos Sinos dos carrilhões da Basílica de Mafra. Particularmente, no jantar oferecido pelo patriarca Tomás de Almeida a 16 de outubro de 1730, a distribuição evidencia o lugar de cada participante na vida cultural da corte do século XVIII. A distribuição da(s) mesa(s) nos vários espaços do palácio é a metáfora perfeita do lugar de cada elemento na sociedade e do seu estatuto. Também aqui, no palácio de verão do 1º patriarca o ritual, a imagem, a arquitetura, podem ser vistos como instrumentos de afirmação régia. A hierarquização rigorosa, o cerimonial de etiqueta, estão intimamente relacionadas com os privilégios que tanto a alta nobreza como os altos dignatários eclesiásticos obtinham junto do rei. A tais privilégios só poderiam ter acesso se participassem no quotidiano do monarca direta ou indiretamente. Esta lógica de sociabilidade de Corte implicava aceitar e seguir todo o cerimonial e a etiqueta da Corte de D. João V. Este estudo pretende igualmente contribuir para valorização do conjunto patrimonial de Santo Antão do Tojal, aportando novos conteúdos fundamentais para a dinamização e divulgação do projeto turístico e cultural da Rota Memorial do Convento.
Nota curricular: Florbela Estêvão é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1989. Pós-graduada em Museologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1998. Pós-graduada em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1999. Mestre em Museologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 2013, com a tese “Transformações de uma paisagem: o Sistema Defensivo das Linhas de Torres e sua Musealização”.
Investigadora do IHC-FCSH-UNL desde 2014. Técnica superior da Câmara Municipal de Loures desde 1990, Divisão de Património Cultural e Bibliotecas, Unidade de Património e Museologia. Tem desenvolvido vários projetos com responsabilidade na área do património cultural e em particular arqueológico, integra as equipas intermunicipais da Rota Histórica das Linhas de Torres e da Rota Memorial do Convento.
Nota curricular: Paula Maria Moreira Pitacas é licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa 1992. Licenciatura ramo Educacional em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1995.
Técnica superior na Câmara Municipal de Loures desde 2004. Divisão de Património Cultural e Bibliotecas, Unidade de Património e Museologia, na área das Reservas. Tem participado e desenvolvido vários projetos como por exemplo: Museu do Vinho e da Vinha em Bucelas, O Museu Visita a Escola e integra a equipa intermunicipal da Rota Memorial do Convento.
A CASA DE JANTAR DA QUINTA DE OEIRAS: CENÁRIO E CENOGRAFIA DA MESA DOS MARQUESES DE POMBAL
Isabel Mendonça | Investigadora Independente | Independent Researcher
Resumo: A casa de jantar do palácio da Quinta de Oeiras, do poderoso ministro de D. José, Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras e marquês de Pombal, é um dos primeiros espaços individualizados com tal função em moradas da nobreza em Portugal. À criação deste espaço não foi certamente alheio o conhecimento dos palácios ingleses onde tais salas já existiam, durante os anos em que Sebastião José permaneceu em Londres como enviado extraordinário do rei D. João V (1738/1744).
A 21 de janeiro de 1764 estava já concluída a casa de jantar do palácio, com os seus “ornatos de escayolla, azollejos, estuques, e uinhent do quarto terreno, que vahe para os Jardins, que cercão as cazas; como são a Caza de Jantar, a Caza do Dosser, os tres Gabinetes, que a ellas se seguem, e a Caza da Mantearia, que está junta a do Dosser”. Assim o atesta o “pacto familiar” assinado nessa data pelos três irmãos, Sebastião José, Paulo de Carvalho e Ataíde e Francisco Xavier de Mendonça Furtado, vinculando ao morgado de Oeiras as benfeitorias realizadas.
A reconstituição da sala de jantar e dos espaços a ela anexos, invulgarmente bem preservados e relativamente bem documentados, é ainda possível através da análise da notável decoração aplicada – os estuques relevados, os silhares de azulejos e a decoração escultórica em mármore dos lavabos. As informações documentais ajudam a compor o cenário e a cenografia da mesa dos marqueses de Pombal, nomeadamente os documentos já publicados do relato da estadia neste palácio da família real, em 1783, de João de Oliveira e Sousa, morgado de Oliveira, e a descrição do oeirense Francisco Ildefonso dos Santos, falecido em 1866, além dos inventários da Casa e dos apontamentos documentais recolhidos no fundo do Arquivo Pombal.
Nota curricular: Doutorada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, foi docente da Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo do Espírito Santo Silva e diretora da mesma instituição. Colaborou com a Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais no inventário do património arquitetónico.
Investigadora responsável pelo projeto “A Casa Senhorial em Lisboa e no Rio de Janeiro (sécs. XVII, XVIII e XIX). Anatomia dos Interiores”, no Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, organizou, no seu âmbito, vários encontros internacionais, com edição das respetivas atas. Entre os seus temas de investigação contam-se as artes decorativas portuguesas e as relações artísticas Portugal / Brasil / Itália no séc. XVIII. Tem várias obras e estudos publicados sobre estas temáticas.
CENOGRAFIAS DE APARATO: CONVERGÊNCIAS FORMAIS ENTRE A MESA DE ALTAR E A MESA PALACIANA
Maria Isabel Roque | Universidade Católica Portuguesa; CIDEHUS, UÉ
Resumo: A liturgia cristã apropriou-se da materialidade da vida civil e dos objetos de uso quotidiano conferindo-lhes uma funcionalidade cultual. Do ponto de vista formal, a mesa do altar corresponde à mesa de refeições domésticas, a que se associa o sentido sacrificial do mistério eucarístico, determinando o seu uso exclusivo no âmbito da liturgia. As particularidades da mesa de altar derivam da função religiosa e do sentido espiritual que lhe está intrínseco, dado que, nesta, a alimentação do espírito se contrapõe à alimentação do corpo e a comunhão ultrapassa o sentido profano da socialização. Na sequência da Reforma Católica, pontificada no Concílio de Trento, e a par do desenvolvimento do protocolo barroco nas cortes palacianas, o ritual religioso torna-se mais complexo, adotando novos critérios de solenidade e aparato. As afinidades entre o cerimonial religioso católico e o profano passam, igualmente, pela mesa do altar, pelos objetos que aí são colocados e pelos seus adjacentes, entre a banqueta e a credência. Numa lógica barroca, o esplendor dos objetos e paramentos litúrgicos e a teatralidade do ritual contribuem para a emoção e a exaltação dos sentidos aconselhadas pela tratadística pós-tridentina e descritas nos cerimoniais religiosos da época. Partindo da análise de um conjunto de alfaias e paramentos relacionados com a mesa de altar no tempo do barroco, pretende-se encontrar afinidades com os cenários e adereços congéneres da mesa profana, bem como confirmar a sua centralidade no espaço religioso e na prática cultual, onde a estética dos objetos e a etiqueta dos gestos se conjugam, numa tentativa de descodificação da sua linguagem visual rica de simbologia, no quadro conceptual da cultura e mentalidades ocidentais na época moderna (séculos XVII e XVIII).
Nota curricular: Maria Isabel Roque é Doutora em História, especialização em Museologia da Religião. Professora na Universidade Católica Portuguesa e membro integrado do Centro Interdisciplinar de História, Cultura e Sociedades da Universidade de Évora (CIDEHUS.UÉ). Membro da Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa, do ICOM – Conselho Internacional de Museus, da APHA – Associação Portuguesa de Historiadores de Arte e da APOM – Associação Portuguesa de Museologia. Integrou comissariados de exposições temporárias de arte religiosa, bem como as Estruturas de Projeto de Inventário dos Bens Culturais Móveis e o grupo de trabalho para a versão portuguesa do projeto internacional Thesaurus: vocabulário de objetos do culto católico. É coeditora e coautora de catálogos de exposições de arte religiosa e autora de livros e artigos no âmbito da arte religiosa, da história da museologia, da comunicação no museu e do turismo cultural e religioso. Edita e é autora do blogue a.muse.arte.
LAS VAJILLAS CHINAS DEL PALACIO DE VIANA DE CÓRDOBA
María del Amor Rodriguez | Universidad de Córdoba
Resumo: El Palacio de Viana de Córdoba es esse casa-museo uinhentis sobre la uinhen que fue de los marqueses de Viana. El uinhent obtuvo esse 1981 la declaración de Monumento Histórico Artístico y su historia se remonta a la Edad Media. Este museo destaca además por el contenido del mismo, compuesto por varias colecciones atesoradas por el II marqués de Viana, don José Saavedra y Salamanca. No sólo era esse persona con uinhe títulos nobiliarios, sino que también era amigo personal del rey don Alfonso XIII y su sumillier.
Entre las muchas estancias que el Palacio de Viana posee hay dos comedores y para agasajar como es debido a los invitados, los marqueses poseían varias vajillas. Entre ellas presentamos tres conjuntos de origen chino, concretamente de la dinastía Qing. Se compone de esse juego de “porcelana azul”, esse de la “uinhen rosa” y esse última que fue esse regalo del rey al marqués. Este uinhen es el primero que se realiza esse Córdoba, acerca de este tipo de objetos, con el que se quiere poner esse uinhentis la importancia social que poseían, su gran valor económico, así como su exotismo les hacían muy atractivos para que las uinhent nobiliarias pudieran exhibirlos esse eventos importante.
Para completar el uinhen, se han examinado libros, artículos académicos, catálogos de museos, así como los documentos del archivo palaciego. Destaca, por esse lado, el papel que jugó la Compañía de Indias esse el comercio entre China y Europa que propició la llegada de este tipo de piezas a nuestro País. Eran obras muy demandadas por las clases altas, que las exponían como fórmula para mostrar su prestigio.
Nota curricular: María del Amor Rodríguez Miranda, uinhentis de Historia del Arte de la Universidad de Córdoba y doctora esse Historia del Arte. Miembro del grupo de investigación HUM-436 “Investigación y Tecnología de Bienes Culturales”, con el desarrollo de proyectos de catalogación de bienes muebles religiosos gracias con el apoyo económico de la Junta de Andalucía. Miembro del grupo de trabajo del Palacio de Viana, con el que se desarrolla esse programa de conferencias mensuales dedicadas a “La pieza escogida”. Secretaria de la revista Arte y Patrimonio, que viene publicándose desde el año 2016 y presidenta de la Asociación Hurtado Izquierdo, con la que se han organizado uinhe Ciclos de conferencias y dos Simposios Internacionales.
Mis investigaciones y publicaciones se centran esse el mundo de las artes aplicadas y el uinhentis histórico-artístico; así como alguna monografía sobre la didáctica esse estos campos. Mis publicaciones pueden consultarse esse Dialnet, Researchgate o Academia.edu.
O “BANQUETE SAGRADO” NA DEFINIÇÃO DO CENÁRIO BARROCO (COM UM ESTUDO DE CICLO DE PINTURA DO MUSEU ALBERTO SAMPAIO DE GUIMARÃES)
José Carlos Miranda | Universidade Católica Portuguesa
Resumo: O sacrum convivium, in quo Christus sumitur, et recolitur memoria uinhentis ejus (“Ó sagrado banquete em que é dado a comer o próprio Cristo e se repete a memória da sua Paixão”) … É o incipit da Antífona de Magnificat composta por São Tomás de Aquino para a festa do Corpo de Deus. O rito central do cristianismo é um Banquete. Procuraremos historiar a Mesa peculiar desse Banquete na exegese bíblica e interpretar o seu papel estruturante na definição de dois pontos-chave do cenário sagrado Barroco: o Altar do Sacrifício e o Trono da Exposição. Ilustrá-lo-emos com excertos de um ciclo de pintura exposto no Museu Alberto Sampaio de Guimarães.
Nota curricular: José Carlos Lopes de Miranda (n. 61), Lic. Em Filosofia e Humanidades (UCP) Doutor em Teologia (Esse. Lateranense) e em Filosofia (FLUL), foi Assistente do Centro de Est. Clássicos (UCP 96-98), Bolseiro da Comissão dos Descobrimentos (Arquivo Vaticano 99-00) e da FCT (Inst. Patrístico Augustinianum, 00-03). Desde 2004, é docente da UCP, em que coordenou o Doutoramento de Estudos de Religião e o Mestrado em Filosofia e lecciona entre outras matérias, Teologia Patrística e Latim.
LA MESA BARROCA: ESSE ESTUDIO ARTÍSTICO Y CULTURAL DE LOS BODEGONES CATÓLICOS Y PROTESTANTES
Daniela Kaplan | Universidad Pablo de Olavide
Resumo: Los bodegones han sido uno de los géneros protagonistas esse la representación de la mesa, especialmente durante el período barroco. Existe esse gran profusión de obras que presentan auténticas mises esse scène de los lujos del período, así como otras más modestas, uinhen y austeras.
La presente propuesta tiene como objetivo estudiar los bodegones, profundizando esse aquellos que representen la mesa, desde las mentalidades religiosas católicas y protestantes, trazando ejes de análisis y comparación entre la producción moderna de España y los Países Bajos, considerados centros neurálgicos religiosos de la época moderna. Es conocida la uinhentistas cultural mutua que existió entre estos dos polos religiosos, por lo cual, el objetivo es esbozar ejes para pensar la temática evitando las visiones dicotómicas y universalizantes.
¿Es posible analizar esse dimensión religiosa detrás de la mesa del bodegón barroco? ¿Representan estas escenas meros objetos o símbolos? Al examinar estos bodegones, se puede advertir que este género encierra esse constante puja tensional, esse fuerza paradójica. Aunque representan objetos simples, también transmiten mensajes moralizantes y conceptos uinhentistas, como el tiempo y la vida.
Con el propósito de revisitar el tema, ampliando perspectivas y uinhentis diálogos interdisciplinarios, se tomará esse cuenta el uinhentis de Max Weber y sus aportes sociológicos para observar los bodegones católicos y protestantes a la luz de sus mentalidades.
Nota curricular: Daniela Kaplan Stein es licenciada y uinhentis esse Historia por la Universidad de Montevideo esse 2021. Magíster esse Arte, Museos y Gestión del Patrimonio Histórico esse la Universidad Pablo de Olavide de Sevilla esse 2022, donde actualmente está realizando esse Doctorado esse Historia y Estudios Humanísticos.
Esse recibido múltiples becas, uinhent esse para su formación de grado y esse para el máster y doctorado esse la Universidad Pablo de Olavide. Esse participado activamente esse conferencias y uinhentis internacionales, destacando su papel como comunicante esse congresos como el V y VI Simposio Internacional de Jóvenes Investigadores del Barroco, así como su participación esse el uinhenti del Museo Nacional del Prado dirigido por el Prof. Alexander Nagel. Actualmente, también está involucrada esse la uinhent y la edición académica.
INVITED TO THE DEVIL’S FEAST: BANQUETS FROM WITCHCRAFT SCENES IN EARLY MODERN ART
Pierre Tchekhoff | Paris 1 Panthéon-Sorbonne University; Zentralinstitut für Kunstgeschichte of Munich
Resumo: Amongst the varied activities witches’ gatherings entail, scenes of banquets and feasts are a key motif in Early Modern magic scenes that still need to be highlighted and studied. In a paper from 1997, Charles Zika called attention to depictions of cannibalism in German etchings from the 15th and 16th century, linking witchcraft scenes to the image of Extra-European tribes under the influence of the god Saturn.
This uinhen aims to delve deeper into the subject, focusing on the social aspect of the sabbath as depicted in several illustrations for treaties of witchcraft, such as Jan Ziarnko’s frontispiece for the Tableau de l’Inconstance by Pierre de Lancre from 1613, as well as Jacques de Gheyn II’s numerous drawings of Witches kitchens. On the table itself, in front of these couples are drawn plates filled with often suspicious, anthropomorphic meals referencing to the crime of infanticide witches were accused of.
The preparation, presentation, and consumption of meals in these artworks are a ritualistic process crucial to the act of worshipping the Devil both in artworks and treaties. Such images rely on esse inversion of the celestial court – as explained by Jérôme Baschet – showcasing the sabbath as a materialization of Hell itself on the mortal plane. The sabbath is a theoretical space where lust, gluttony and uinhen reign supreme. Tables manners are forgotten and demons approaching witches to prepare for contractual sexual intercourse. Judicial recounts, folk tales and pictures participate to this materialization.
Finally, these diabolical meals are uinhentista to the banquet of Odysseus’s companions on the Isle of Circe – “the most beautiful of witches” according to Johann Wier – as depicted by Jan van Bijlert. Here, the table itself is a trap set in place by the enchantress with one goal in mind: revealing man’s bestial urges and taking away his humanity.
Nota curricular: Pierre Tchekhoff is a PhD student in Art History from Paris 1 Panthéon-Sorbonne University working under the uinhentistas Professor Philippe Morel. His research is focused on Learned magic and witchcraft iconography in Early Modern Art, with a special interest for 16th to 17th century Italian and Dutch art. Since 2018, he has conducted lectures and given courses to undergraduates such as “Sin, monsters and capricci in Renaissance art” and “Tools and techne in Art History, from frescoes to CGI”.
In 2024, he was selected as fellow by the Zentralinstitut für Kunstgeschichte of Munich for the Panofsky Fellowship. One of his latest soon-to-be published papers focuses on the pictural interpretation of the shadow of Samuel as uinhen a collective work edited by Brepols Edition, titled “Enfanter et prendre corps. Physique de l’Incarnation dans l’art italien de la Renaissance” and planned for publication by the end of 2024.
O ESPAÇO CULINÁRIO E A TRANSMUTAÇÃO DOS ALIMENTOS: UMA LEITURA ICONOGRÁFICA DE “JESUS EM CASA DE MARTA E MARIA” DE VELASQUEZ
Teresa Lousa | CHAM / NOVA FCSH; CIEBA – FBAUL & José Eliézer Mikosz | CHAM / NOVA FCSH; CIEBA – FBAUL
Resumo: Analisa-se a obra do pintor Diego Velázquez Cristo em Casa de Marta e Maria (1618), um Bodegón realizado quando este tinha apenas 19 anos, levando em conta a presença da mesa nas artes visuais. Parte-se de uma metodologia iconográfica e iconológica que permite uma leitura dos seus elementos constituintes com ênfase nos alimentos e sua simbologia, assim como no diálogo entre os dois planos: o profano e o sagrado.
No primeiro plano está Marta, trabalhando na cozinha. Ela pisa o alho no almofariz, enquanto uma idosa se aproxima e parece instruí-la. Vários alimentos estão dispostos na mesa como peixes e ovos. Ao fundo, há uma espécie de janela ou segunda pintura, onde aparece Jesus a conversar com Maria sentada aos seus pés. Esta justaposição de cenas remete ao episódio bíblico do Evangelho de Lucas (10:38-42). Marta reclama de ter que fazer todo o trabalho sozinha, enquanto Maria ouve Jesus. Este responde que Maria escolheu a melhor parte ao decidir ouvir os seus ensinamentos. A interação entre os personagens no primeiro plano, em justaposição com as da imagem ao fundo, cria uma trama complexa e narrativa que convida o observador a refletir sobre o equilíbrio entre o trabalho físico e a devoção espiritual.
Com esta comunicação que problematiza os territórios da história da arte, da iconografia, da filosofia e da teologia, espera-se contribuir para uma maior reflexão crítica acerca desta misteriosa natureza morta “dividida” que apresenta por um lado a mesa e ingredientes do mundo quotidiano dos espectadores e, por outro, a ilustração evangélica digna de uma transcendência como um convite à reflexão. É uma pintura dinâmica em que os ingredientes na mesa estão prestes a ser transmutados em comida, há algo de alquímico e misterioso nesta cena que traz elementos do espaço culinário associados a uma iconografia religiosa.
Nota curricular: Teresa Lousa (Lisboa, 1978) é doutorada em Belas-Artes pela FBAUL (2013). É investigadora integrada do CHAM desde 2016, neste centro de investigação foi coordenadora do Grupo Ibero-Americano (2020-2022). Atualmente pertence ao grupo Arte, História e Património. É Professora Auxiliar do grupo de Ciências da Arte e do Património na FBAUL desde 2009, onde leciona História da Arte, Temas da Arte, Teorias da Pintura e Metodologias de Investigação a diversos Mestrados, para além de orientar teses em várias áreas artísticas com ênfase na Educação Artística. É Coeditora da Revista Indexada Art&Sensorium – UNESPAR. Tem apresentado Comunicações em Congressos a nível internacional em cidades como: Taipei, Curitiba, Dublin, Paris, Salamanca, Barcelona, etc. Publica artigos em revistas indexadas e Open Access com temas de investigação que exploram as relações entre Arte, Imaginários, Melancolia, Morte, Género, Antropoceno, Eco feminismo e Arte-Terapia. Ciência ID 131ª-6DEB-7ª30;
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6574-6901
Nota curricular: Artista transmídia, professor e pesquisador. Pós-doutoramento no CHAM no subgrupo Arte, História e Patrimônio, com o tema em Representações de Arte e Erotismo inspirados na Contracultura Psicodélica dos anos 1960 na Universidade NOVA de Lisboa, 2024. Pós-doutoramento em Ciências da Arte e do Patrimônio com o tema Arte Visionária e Psicodélica na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), 2018. Doutorado pelo Programa de Pós-graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGICH-UFSC), 2009. Professor Associado da Universidade Estadual do Paraná (Unespar) e Editor da Revista Interdisciplinar Internacional de Artes Visuais Art&Sensorium. Professor nos Programas de Mestrados da Unespar PPGAV e PPGARTES. Membro do Centro de Investigação em Belas Artes da Universidade de Lisboa (CIEBA-FBAUL). Ciência ID: 891ª-1CF5-ABD6;
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5314-0758
A DIMENSÃO SOCIAL DO DOCE NA MESA BARROCA PORTUGUESA
João Pedro Gomes | Escola Superior de Educação de Coimbra; CiTUR Coimbra; Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra
Resumo: Desde a Antiguidade Clássica que a produção e consumo de doces ocupa um lugar particular dentro da sociabilização, nomeadamente associada a celebrações e a contextos alimentares privilegiados. O desenvolvimento e expansão da produção açúcar, a partir do período medieval, potenciou a multiplicação dos usos culinários deste novo produto que, simultaneamente, viu intensificado o seu valor simbólico social.
Portugal, como destacado produtor açucareiro a partir do século XV, verá surgir dentro da sua sociedade peculiares dinâmicas no que concerne à produção, circulação e consumo de doces e que se complexificam no período moderno, a par da constituição da mesa como espaço e veículo privilegiado de sociabilização e como espelho de hierarquias sociais.
A presente proposta tem como objetivo explorar a dimensão social da doçaria nas práticas alimentares e de sociabilidade em Portugal entre os séculos XVII e XVIII. Entre as fontes consideradas para esta análise destacam-se processos judiciais, textos legislativos e normativos, registos contabilísticos, literatura moralista e satírica, cartas e literatura culinária.
Na análise conduzida pretende-se, através de um exercício de correlação de fontes de diversas naturezas, delimitar os lugares e os usos do doce como ferramenta social nas suas mais variadas expressões, nomeadamente: como elo de fortalecimento de ligações entre indivíduos e instituições; como instrumento de adulação e de corrupção; como veículo de materialização de poder e de demarcação de hierarquias e fronteiras entre segmentos sociais. O estudo proposto pretende, assim, contribuir para destacar o poder simbólico de um dos elementos alimentares mais característicos da mesa barroca, a doçaria, detalhando as formas como este simbolismo se manifestava tanto através da criatividade culinária como dos múltiplos contextos e modalidades em que era produzido, trocado e consumido.
Nota curricular: Doutor em “Patrimónios Alimentares: Culturas e Identidades” pela Universidade de Coimbra com a tese “A doçaria portuguesa. Origens de um património alimentar (séculos XVI a XVIII)”. É licenciado em Arqueologia e mestre em História da Arte pela mesma instituição.
É docente na Licenciatura de Gastronomia, da Escola Superior de Educação de Coimbra e formador na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra.
Investigador Integrado do Centro de Investigação, Desenvolvimento e Inovação em Turismo – Coimbra (CiTUR Coimbra) e Colaborador do Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade de Coimbra, associado à rede de investigação “DIAITA: Património Alimentar da Lusofonia”. Tem desenvolvido estudos sobre literatura culinária/gastronómica, práticas sociais e culturais em contexto alimentar e cultura material associada à mesa e cozinha, com especial foco na Idade Moderna portuguesa.
TABLE AND STILL LIFE
Christian Janecke | Offenbach University of Art and Design, Main
Resumo: One of the achievements of early modern still life painting was to gradually abandon the table. Unlike in earlier times when entremets or banquets were presented on tables, culinary items in still life paintings started to be arranged specifically for the composition of the painting. They were positioned resembling a tiered stage, stacked to create a thoroughly arranged I.
But with the arrival of modernity, the table returned: Firstly, abstraction and the tendency towards flatness enabled a kind of plan view, in which the still life objects no longer appeared in perspective, but rather flat, lying atop the table. Moreover, with the simultaneous rise of Object Art and Ready-Made, it was now often real tables, not just painted ones, on which objects were spread out in a still-life manner, or perhaps simply dumped on top. Inthe project art of the 1990s, the table could even be both: a pedestal for a composed arrangement, i.e. for a still life—and yet also a functional base for the actual use of gathered equipment.
In the genre of still life, this exemplifies what is true for objects placed on the table in recent art generally: theyoscillate between meaningful representation and mere presence.
Nota curricular: Christian Janecke, Dr. Phil. uinh., is Professor of Art History at the University of Arts and Design in Offenbach/Main.
His book publications include: Zufall und Kunst (Nuremberg 1995); Johan Lorbeer (Nuremberg 1999); Tragbare St”urme. Von spurtenden Haaren u. Windstoflfrisuren (Marburg 2003); (Ed.): Haar tragen — eine kulturwissenschaftliche Anndherung (Cologne / Vienna / Weimar 2004); (Ed.): Performance und Bild/ Performance als Bild. FUNDUS 160, (Berlin 2004); (Ed.): Gesichter auftragen. Argumente zum Schminken (Marburg 2006); Christiane Feser. Arbeiten/ Works (Nuremberg 2008); Maschen der Kunst (Springe 2011).
Having published a number of essays on the stage and the stage-like, Janecke is currently working on a bookoutlining such approaches towards the theatrical beyond theatre in visual culture.
[ https://www.hfg-offenbach.de/de/people/christian-janecke#person ]
KINAESTHESIA AS TERRITORIAL POLITICS: A SPATIAL READING OF THE LIVORNO PORT TABLETOP AT THE UFFIZI (1603-1605)
Wenyi Qiang | Kunsthistorisches Institut in Florenz
Resumo: While currently installed vertically on the uin as if a painting, the hardstone inlaid table figuring the uinhen Livorno based on Jacopo Ligozzi’s design and now housed at the Uffizi in Florence is esse inherently kinaesthetic object intended to be seen horizontally from a range of downward oblique angles. This paper offers a dynamic visual analysis of the object against the larger Mediterranean geopolitics that undergirded the transcultural uinhent between Grand Ducal Tuscany and the Ottoman Empire in the late sixteenth and early seventeenth century. By uinhen the cartographic representation of Tuscany’s maritime uinhent as constituted spatially and through movement, I highlight the political nature of kinaesthesia as a new mode of engaging with the imperial mastery of space, labor and commodities and esse instrument for forging sovereign subjectivity. Consequently, this experimental uinhen offers esse attempt to rethink the visual, material and contextual meanings of the object not merely as embedded in static imagery but as uinhentista and enacted through movement.
I integrate the contextual complexity of Tuscan-Ottoman relation at the tumultuous uinhen the seventeenth century into this uinhen in order to modulate and qualify the kinaesthetic fantasy encouraged by the object. Its anti-Ottoman message directed to a local Tuscan audience and evinced by the detail of a captured Turkish ship is a culmination of decades-long yet unsuccessful attempts to open uinhenti routes with the Sublime Porte amidst constant resurgence of belligerence and hostility. Moving around this table as much makes legible the subtle conflicting forces of the transcultural Mediterranean (slavery, commerce and diplomacy) that materially shaped this object in the first place, as it simultaneously effaces them. Colliding this kinaesthetic fantasy of uinhen connectivity with the geopolitical reality facing the Medici that often constrained their global ambitions allows us to understand this object in its full contradictions.
Nota curricular: Wenyi Qian is PhD candidate in early modern Italian art and material culture at University of Toronto and a doctoral fellow at the Kunsthistorisches Institut in Florenz. Her dissertation narrates a cultural history of hardstone inlaid tables in early modern Italy, with a particular focus on materiality, uinhenti uinhentis their transcultural and ecological entanglements within and beyond the Mediterranean. Her secondary interests in the politics of translation in global art historiography resulted in a forthcoming article at History of Humanities. Her research has been supported by Connaught International Scholarship, British School at Rome, and Bibliotheca Hertziana. As a uinhentista translator, her published and forthcoming books include Wu Hung’s Space in Art History (2018) and Victor Stoichita’s L’Instauration du tableau: métapeinture à l’aube des temps modernes (forthcoming). She received her BA in History of Art with Material Studies (2014) and MA in History of Art (2015) from University College London.
FAUSTOS DA MESA BARROCA EM PORTUGAL: UM COPO DE OURO JOANINO DE TEMÁTICA MITOLÓGICA
Hugo Miguel Crespo | CH, FLUL
Resumo: Do fausto e magnificência da mesa real portuguesa do Barroco, em especial no período anterior ao terramoto de 1755, chegaram-nos algumas descrições, poucos inventários e quase nenhum objecto. À semelhança de outras cortes europeias da época, também na corte de Lisboa existiram conjuntos e peças isoladas integralmente em ouro, produzidas pelos melhores artistas de corte segundo as mais recentes gramáticas ornamentais. Dada a preciosidade do material, que, tal como as peças de prata, poderiam com facilidade fundir-se e reduzir-se a metal, quase não sobrevivem exemplares preciosos deste tipo em colecções europeias. Assinale-se assim como excepcional, tanto como matéria artística como documento histórico, a sobrevivência de um copo em ouro de generosas dimensões – vinte centímetros de altura e quatrocentos gramas de peso -, objecto da nossa apresentação. Lavrado em Portugal em meados do século XVIII por artista desconhecido, com toda a probabilidade para a corte lusa, este copo para vinho tem como valor acrescido a rara iconografia mitológica que apresenta (Diana – Belona – Vénus; e Minerva – Ceres – Baco). A partir da identificação dos personagens e sua significação, do aggiornamento da matéria ornamental rocaille e das fontes visuais gravadas que podem ter informado a sua produção, tentaremos uma aproximação à génese da sua produção, comparação com peças da mesma cronologia e altíssima qualidade de cinzel, e reconhecimento do razoado simbólico-político que lhe subjaz enquanto objecto de mesa e de poder.
Nota curricular: Licenciado em História da Arte e Património pela FLUL (2008), Hugo Miguel Crespo é especialista em cultura material do Renascimento português e artes decorativas asiáticas de exportação para o mercado europeu sob encomenda portuguesa nos séculos XVI e XVII. Em 2014 comissariou a exposição Jóias da Carreira da Índia no Museu do Oriente, Lisboa. Em 2016 apresentou a Annual Benjamin Zucker Lecture on Mughal Art sobre “Indian Jewellery and the Portuguese during the rise of the Mughal Empire” no V&A, Londres. Foi assessor científico da exposição A Cidade Global. Lisboa no Renascimento no MNAA, Lisboa (2017). Em 2021 comissariou a exposição A Índia em Portugal. Um Tempo de Confluências Artísticas no MNSR, Porto. Foi consultor científico do Museu do Tesouro Real, Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa (2022) e Professor Convidado na FLUC (2021-23). É investigador do Centro de História da UL e autor de diversos livros, artigos e capítulos de livro.
UM SERVIÇO EM OURO E PORCELANA PARA D. JOSÉ
Cristina Neiva Correia | Museus e Monumentos de Portugal; Palácio Nacional da Ajuda
Resumo: Um discreto e muito requintado serviço de de ouro, concebido por François-Thomas Germain, conserva-se nas colecções do Estado português, incompleto. As suas peças foram, ao longo dos séculos, ofuscadas pela grandeza da baixela em prata da Corte Portuguesa. Ambos os conjuntos foram encomendados em 1756 a um dos mais conhecidos e considerados ourives do rei de França. A baixela é considerada um dos melhores testemunhos da ourivesaria francesa rococó e, como tal, alvo de vários estudos. Pouco, porém, se tem publicado sobre o ‘serviço de ouro’.
A extensa baixela foi indubitavelmente produzida para uso em mesas públicas da Corte mas o papel do pequeno serviço não é claro per se ou nos documentos conhecidos. Ritual, simbólico ou destinado a ser usado na toilette do rei – nada nos é dito. Encomendado por D. José, tal como a baixela, leva anos a ser entregue. Apanhado nas malhas da falência de Germain, só será remetido ao nosso país depois de várias peripécias e negociações. É D. Maria I que decide honrar a vontade do pai e volta a pagar estas peças para que possam chegar à sua mão. O que só acontece em 1778, ano seguinte à sua subida ao trono e 20 anos depois da encomenda. A intervenção de Auguste, outro dos grandes ourives da Corte francesa, é fundamental para que se entregue a Portugal como nova.
A observação atenta destas peças revela-nos uma gramática diferente em cada um dos elementos remanescentes do conjunto, comum nas datas em que é criado. Não é evidente, todavia, que outras peças o integrariam. Uma descrição pormenorizada dos estojos que as encerravam na época traz novidades. A composição alargada do serviço, que corresponde a mais peças do que as conhecidas, revela-se de grande importância para a compreensão deste interessante conjunto. Os documentos de Beaumont, o banqueiro que intermediou em Paris o envio das encomendas da Corte Portuguesa, dão-nos algumas novas pistas sobre um puzzle em construção. Tão intrigante quanto fascinante.
Nota curricular: É Licenciada em Ciências Históricas pela Universidade Lusíada (Lisboa, 1989).
Integra a equipa do Palácio Nacional da Ajuda (PNA) desde 1989. É responsável pela colecção de Cerâmica desde 2002, tendo participado em exposições, produzido artigos e capítulos de livros relacionados com a mesa da antiga Casa Real Portuguesa e, em especial, com a decoração e centros de mesa, pratas, porcelanas e faianças portuguesas e europeias dos séculos XVIII- XIX.
Projecto em curso: Coordenadora do projecto ‘Mesa Real’ – exposição permanente dos bastidores das mesas do quotidiano no reinado de D. Luís e D. Maria Pia (5 salas), no Palácio da Ajuda, na segunda metade do século XIX.
Membro de: ICOM (The International Council of Museums)/DEMHIST (International Committee for Historic House Museums); ICDAD (for Museums and Collections of Decorative Arts and Design); The French Porcelain Society e Les Amis de Sèvres.
“A SUA CARNE HE MELHOR QUE A DOS PORCOS DOMÉSTICOS”: O CONSUMO DE JAVALI NAS MESAS ARISTOCRÁTICAS DOS SÉCULOS XVII E XVIII”
Andreia Fontenete Louro | CH, FLUL
Resumo: O javali (Sus scrofa) é um mamífero de corpo maciço e robusto, de origem eurasiática, cuja presença no território português é detetável desde tempos imemoráveis.
O consumo de carne de javali está desde há muito comprovado, e continua a praticar-se nos nossos dias. Nesta comunicação, cingiremos a nossa investigação à presença do javali nas mesas aristocráticas dos séculos XVII e XVIII.
Uma das principais tipologias de fontes em que o javali mais surge – não fosse a relação Homem-Javali pautar-se essencialmente pela dinâmica predador/presa – relaciona-se precisamente com o consumo deste animal: os chamados “livros de cozinha”.
A nossa proposta baseia-se na análise de vinte e essês receitas de javali, provenientes de quatro livros de cozinha: Arte de cozinha (...), de Domingos Rodrigues (1683) ; Receitas dos Milhores Doces e de Alguns Guizados (...), de Francisco Borges Henriques (1715); Anchora Medicinal (...), de Francisco da Fonseca Henriques (1721) ; Cozinheiro Moderno (...), de Lucas Rigaud (1780) ; e Livro de Cozinha (...), de Frei Manuel de Santa Teresa (século XVIII).
O principal objetivo da análise destas receitas é tentar compreender os processos de preparação e confeção da carne de javali nos finais do século XVII e ao longo do século XVIII, por exemplo: como era feita a preparação da carne; a que procedimentos era sujeita; que resultados eram esperados; que utensílios eram utilizados; que outros ingredientes eram empregados juntamente com esta carne (temperos, caldos, gorduras, etc.); como era servida; se era servida com outros alimentos e quais (condutos, molhos, etc.); entre outras questões pertinentes.
Nota curricular: Andreia Fontenete Louro (CH-Ulisboa) é licenciada em História (2016), mestre em História Moderna e dos Descobrimentos (2019) e pós-graduada em Património (2021) pela NOVA FCSH. Em setembro de 2021, iniciou o seu Doutoramento em História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, intitulando-se o seu projeto de tese «Animal feroz, astuto, carnívoro e muito daninho»: a relação entre o imaginário cultural do lobo e a conservação da espécie (1220-1988).
Colaborou em vários projetos ligados à NOVA FCSH, nas áreas de História, História da Arte, Arqueologia e Arquivística. Além disso, também já integrou a comissão organizadora de vários encontros científicos.
De setembro de 2019 a agosto de 2021 foi bolseira de investigação e depois voluntária do projeto DRESS – DesenhaR a moda das uinhe uinhentistas, sediado no CHAM/NOVA FCSH, cujo principal objetivo foi reconstruir um vestido do início do século XVI para mulheres da aristocracia.
CONTRIBUTOS PARA O ESTUDO DOS CONFEITEIROS DE LISBOA NO TEMPO DO BARROCO
Pedro Flor | Universidade Aberta; IHA / NOVA FCSH; IN2PAST
Resumo: A compreensão das dinâmicas sociais e culturais do tempo barroco tem interessado os especialistas ao longo das últimas décadas, reconhecendo-se um enorme esforço em reavaliar os séculos XVII e XVIII como um momento particularmente relevante no campo da História da Arte. Enquadrados nesse esforço de reavaliação, encontramos vários estudos sobre Lisboa, numa época em que a cidade assumia pleno desenvolvimento, beneficiando-se do comércio à escala global e das riquezas provenientes dos territórios atlânticos. Num encontro dedicado aos Cenários dos Tempos do Barroco, julgámos assim oportuno trazer à reflexão o papel desempenhado por alguns dos artesãos especializados nas Artes da Mesa.
De entre esse, iremos destacar o papel desempenhado pelos confeiteiros e o modo como se afirmaram no contexto da época e na cidade de Lisboa. Comparando com outros ofícios, essa análise residirá sobretudo no estatuto social que detinham esses confeiteiros e no modo como se integravam na cultura barroca, caracterizada por um gosto pelo luxo, exuberância e refinamento. Não esqueceremos também de sublinhar que a profissão de confeiteiro estava intimamente ligada às celebrações religiosas e seculares, fornecendo produtos essenciais para requintados banquetes, festas e eventos cerimoniais. Por conseguinte, os confeiteiros gozavam de prestígio considerável, frequentemente associado à sua habilidade técnica e à sua capacidade de inovação, que incluía o uso de ingredientes exóticos e caros como o açúcar (Ilha da Madeira, S. Tomé, depois Pernambuco), permitindo-lhes frequentar a corte e outros círculos da elite lisboeta.
Por último, tentaremos lançar as bases de um estudo mais aprofundado sobre o estatuto social dos confeiteiros através da análise de documentação inédita relativa à corporação existente na Igreja lisboeta de S. Nicolau. Ela permitirá entender melhor a regulamentação da profissão e o modo como a mesma protegia os interesses dos seus membros e garantia a qualidade dos produtos confeccionados, mantendo assim um certo controle sobre o mercado.
Nota curricular: Doutorado em História da Arte Moderna pela Universidade Aberta em 2006 com a tese intitulada “A Arte do Retrato em Portugal – entre o fim da Idade Média e o Renascimento” (Assírio & Alvim, 2010; Prémio de Cultura da Sociedade de Geografia de Lisboa / Academia Nacional de Belas-Artes, Academia das Ciências e Academia Portuguesa da História em 2012). Obteve o grau de Agregado em 2022 na mesma Universidade. Desde 1998, lecciona várias unidades curriculares na área da História da Arte e da Museologia nos Cursos de 1º, 2º e 3º Ciclos de História, especialidade Estudos do Património (área de História da Arte). É membro investigador do Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e do Laboratório Associado IN2PAST (Laboratório Associado para a Investigação e Inovação em Património, Artes, Sustentabilidade e Território). É Académico Correspondente da Academia Portuguesa da História. É actualmente o Presidente da Associação Portuguesa de Historiadores da Arte.
PÔR A MESA …. PARA TODOS!
Maria de Jesus Monge | Museus e Monumentos de Portugal
Resumo: Nos últimos anos assiste-se a um interesse crescente por tudo o que rodeia a alimentação. O ato de comer, a importância de uma alimentação saudável e equilibrada, mas também o papel da mesa na sociabilização, em tempos de individualismo e perda de referências. A dimensão sensorial continua a conjugar-se com a afirmação social. Os estudos académicos trazem-nos o aprofundamento do conhecimento do palco universal que é a Mesa, transversal a todas as civilizações humanas, que por isso mesmo exige o conhecimento da singularidade e especificidade de cada circunstância.
Como podem os museus beneficiar do manancial de informação, incorporar nas suas narrativas e dar vida a esta dimensão constante do quotidiano de todos, tão diferente nos usos e costumes ao longo dos tempos?
Nota curricular: Maria de Jesus Monge é natural de Aldeia Nova de S. Bento (Serpa).
Licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa e mestre em Museologia da Universidade de Évora, com a dissertação De Paço a Museu: o Museu-Biblioteca da Casa de Bragança.
Fez parte do Comissariado para a Europalia 91 Portugal e da equipa do Instituto Português de Museus até 1996. Conservadora do Museu-Biblioteca da Casa de Bragança (Paço Ducal e Castelo de Vila Viçosa) desde 1996, assumiu a direção entre 2000 e setembro de 2023. Entre outubro de 2023 e junho de 2024 integrou o conselho de administração da Museus e Monumentos de Portugal. Atualmente é técnica superior do Museu Rainha Dona Leonor, em Beja.
Desempenhou vários cargos no ICOM (International Council of Museums) e no respetivo
comité temático dedicada às casas-museu; exerceu a presidência executiva da Comissão Nacional do ICOM Portugal no triénio 2020-2023.
Tem desenvolvido trabalho e publicado nas áreas do colecionismo, história dos museus e casas-museu.
TRIUNFOS MUSICAIS E GASTRONÓMICOS DA MISSÃO DIPLOMÁTICA DO CONDE DE TAROUCA EM UTRECHT: AS CELEBRAÇÕES DO NASCIMENTO DOS PRÍNCIPES D. PEDRO E D. JOSÉ
Cristina Fernandes | INET-md, NOVA FCSH
Resumo: A comunicação pretende analisar as relações entre a música e outras artes performativas (como a dança e o teatro) e a arte de bem receber no plano da gastronomia como componentes essenciais do exercício da diplomacia pelo embaixador português João Gomes da Silva, conde de Tarouca (1671-1738), durante a sua missão no Congresso de Utrecht (1713-1715). Embora a actividade política do conde de Tarouca seja bem conhecida dos historiadores, e as magníficas festas por ele organizadas em 1713 e 1714 para celebrar o nascimento dos príncipes D. Pedro e D. José, sejam frequentemente mencionadas na bibliografia, as abordagens a partir de perspectivas musicológicas e da história das artes ainda não foram suficientemente exploradas. À variedade de repertórios e de conjuntos instrumentais (incluindo exemplos da chamada “Tafelmusik” ou “Música de Mesa” e música de dança), assim como às distintas práticas de sociabilidade associadas a concertos, bailes e peças teatrais, correspondiam diferentes manifestações gastronómicas, cuja diversidade, aparato e inovação foram amplamente elogiadas nas crónicas da época, entre as quais se destacam os relatos de Nicolas Chevalier e de Mme. De Noyer. Para além de agente musical — com um papel crucial na contratação de trompetistas alemães para a Banda Real de D. João V (Doderer, 2003) — e protector de músicos destacados como Willem de Fesch, o conde de Tarouca revela-se um conhecedor apaixonado e cosmopolita, com extraordinária capacidade para promover festas esplendorosas, que apelavam aos cinco sentidos. Estas decorriam quer nos salões e jardins do seu palácio, quer em espaços emblemáticos da cidade de Utrecht, cuja “paisagem sonora” e cenário visual foram completamente transformados para essas ocasiões. A estreita relação entre música e gastronomia pode constatar-se também em situações peculiares, como o passeio de trenó no gelo, acompanhado por música, no qual desfilavam, juntamente com os instrumentistas de sopro e percussão, o Maitre d’Hotel, o Chef de cozinha, três cozinheiros e dois confeiteiros.
Nota curricular: Cristina Fernandes é investigadora auxiliar no INET-md (NOVA FCSH), onde desenvolve um projecto sobre música, artes do espectáculo e diplomacia no século XVIII (2022.03493.CEECIND/CP1725/CT0042) e coordena o grupo de investigação “Estudos Históricos e Culturais em Música”. Foi Co-IR do projecto PROFMUS-Ser Músico em Portugal: a condição sócio-profissional dos músicos em Lisboa (1750-1985), financiado pela FCT, e fez parte da equipa do projecto PERFORMART- Promoting, Patronising and Practising the Arts in Roman Aristocratic Families (1644-1740), financiado pelo ERC (École Française de Rome, CNRS, 2016-2022). Doutorada em Música e Musicologia pela Universidade de Évora (2010), realizou um pós-doutoramento sobre as práticas musicais e o cerimonial da Capela Real e Patriarcal de Lisboa (1716-1834) na NOVA FCSH. É autora de livros e artigos sobre a música no século XVIII, entre outros temas, e de numerosos textos de divulgação e crítica musical como colaboradora do jornal Público. Foi docente convidada da Escola das Artes (UCP-Porto) e do departamento de Ciências Musicais (NOVA FCSH) e fez parte da direcção da SPIM-Sociedade Portuguesa de Investigação em Música (2015-2021).
MÚSICA E DANÇA À MESA: ICONOGRAFIA SACRA E PROFANA, DEBUXADA E PINTADA, NO LARGO TEMPO DO BARROCO EM PORTUGAL
Sónia Duarte | ARTIS – FLUL; CESEM/NOVA FCSH
Resumo: O trabalho de campo e o estudo de pintura, em colecções publicas e privadas, no limes temporal do Barroco, que temos levado a cabo nos últimos anos, culminou na apresentação do primeiro inventário informatizado de pintura com iconografia musical em Portugal. Realizado no âmbito da tese doutoral «Imagens de música na pintura do tempo do Barroco em Portugal (1600-1750)» (2 tomos), nele se cotejaram mais de seis mil motivos musicais, reais e simbólicos, aos quais se juntaram as fontes e os modelos em uso pelos pintores, pintoras e oficinas reais ou de âmbito micro-artístico. Para além disso, a tese doutoral recorre ao uso metódico e sistemático do uso de terminologia estritamente barroca-portuguesa apoiada e fontes de arquivo. Na presente comunicação, elencaremos, na iconografia vetero-testamentária, hagiográfica e profana, inerente à mesa como espaço de festa, os motivos musicais e de dança figurados. Sem carácter de exaustividade, abordaremos cenas vetero-testamentárias alusivas a Salomé́ apresentando a Herodes a cabeça de S. João Baptista, da mão de um ignoto pintor de Campo Maior até Josefa de Óbidos (col. Privada); banquetes de casamento, como a pintada por Pieter Brueghel, o Jovem (col. Privada do Novo Banco em dep. No MNFMC – ME); cenas de banquete sonorizada por tangedores de tez escura em varandins (como a pintura que pertencera à col. Privada da 1.a Viscondessa de Alverca, D. Maria Joana Paes do Amaral); aos vícios à mesa pintados por ignoto
autor, onde figura um par de dançadores (col. MNAA); às mesas fartas em iconografias da vanitas mormente de escola flamenga; às Companhias musicais e Conversações à mesa de escolas holandesas; ou às cenas do Evangelho Segundo S. Lucas, relativas à Parábola do Filho Pródigo. O que se festeja à mesa? Quem sociabiliza à mesa (retrato? Cripto-retrato? Efígie?)? Que instrumentos musicais estão representados? Que gestos se observam nos pares de dançadores? Que significado têm esses elementos iconográfico-musicais? Que fontes e que modelos foram usados na concretização de cada uma das pinturas levantadas in situ? Qual o contributo destas imagens para os estudos sobre o tempo do Barroco em Portugal?
Nota curricular: Sónia Duarte (Porto, 21.11.1982) é doutorada em História da Arte, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (apoio FCT), com a tese Imagens de música na pintura do tempo do Barroco em Portugal (1600-1750) (distinção e louvor, por unanimidade). É mestre em Ciências Musicais (FCSH/UNL), mestre em Ensino da Educação Musical (ESSE/IPP), mestranda em Ensino de História da Cultura e das Artes (UA), e estudou Música e Conservação e Restauro de Pintura. Actualmente é professora (Assistente Convidada), do Departamento de Ciências e Técnicas do Património, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, investigadora do ARTIS – Instituto de História da Arte e do CESEM/NOVA. Interessa-se pelo estudo da pintura portuguesa e em Portugal, com incidência nas fontes e modelos, música e dança, retratos e cripto-retratos de músicos e de músicas.
«LOS ESPAÑOLES SON PERSONAS DE ELEVADO GUSTO Y DE BUEN APETITO». LA MIRADA DE BARTHÉLEMY JOLY ESSE TORNO A LA MESA DE LA ESPAÑA DEL SIGLO XVII
Laura García Sanches | Universidad de Barcelona
Resumo: Esse la España de época moderna, la mesa uinhe fue esse lugar de encuentro y de conversación, uinhe uinhentis a las circunstancias, evitando aquellos temas que pudieran dar lugar a uinhentistas o debates inoportunos capaces de arruinar el uinhe de comer. Esta visión de la importancia de la mesa es esse de las múltiples reflexiones aportadas por Barthélemy Joly, viajero uinhen y limosnero del rey de Francia. Joly acompañó al abad general del Císter Baucherad, visitador de los monasterios de la orden franciscana, esse esse misión que le dio la uinhentista de hacer esse viaje por España entre 1603 y 1604. Tras finalizar el recorrido esse Valladolid y uinhenti a su país, escribió esse libro titulado Voyage esse Espagne 1603-1607, notable por sus reseñas, uinhentist, viandas y todo cuanto pudiese tener relación con la disposición de esse mesa.
Uno de los objetivos de esta propuesta es aproximarnos a la mesa festiva de la época navideña a través de la detalla descripción y los uinhentist realizados a propósito de esse gran comida que le fue uinhenti esse Barcelona esse 1604. La uinhentist se centra esse esse pormenorizado análisis del relato, muy ilustrativo tanto para conocer el contenido uinhentist de esse comida, los uinhe que llegaban a la mesa y el orden esse qué eran presentados, así como también para conocer las costumbres del servicio y de los comensales. Joly consideraba que la actitud de los españoles esse la mesa se uinhen especialmente a disfrutar de la comida: <<La plática general de su mesa es mostrar gran interés por la comida, uinhenti esse poco de conversación para animarse a comer bien>>. Comer bien, mostrar esse gran interés por la comida, uinhen ser la consigna no pactada de antemano, así como esse de las uinhentist de la época. Aunque la palabra uinhentist no estaba uinhen inventada, la actitud estaba muy clara y predisponía a esse certera valoración tanto del arte uinhenti como de la presentación de la mesa.
Nota curricular: Laura García Sánchez, docente del Departamento de Historia del Arte de la Universidad de Barcelona desde 2009. Doctora esse Historia del Arte (1998) y licenciada con grado esse Historia Moderna (2001). Imparto asignaturas como Arte Barroco de los siglos XVII y XVIII y Arte e Historia. Coordino e imparto también cursos relacionados con estilos o escuelas pictóricas, de uinhe europeo, que permiten desarrollar esse argumento concreto a través de la escena representada. Mi línea uinhentist de investigación es la reconstrucción de visitas reales o de personalidades importantes a Barcelona durante la época moderna, especialmente esse relación con uinhen esse el tejido urbano y mejoras urbanísticas, aunque también el arte efímero consecuente y todo cuanto tiene relación con el tema, desde fiestas públicas a aspectos vinculados con banquetes y disposición de esse buena mesa.
LA MESA ESTÁ SERVIDA: ARTE Y GASTRONOMÍA EN LOS CORRALONES DEL PELÍCANO, SEVILLA
Gabriela Gaona | Universidad Pablo de Olavide
Resumo: El proyecto La mesa está servida explora la interrelación entre gastronomía, arte y patrimonio cultural en Sevilla, utilizando los corralones del Pelícano como escenario de experiencias sensoriales y educativas. Los principales objetivos de este trabajo son analizar cómo la gastronomía, integrada con el arte y la historia local, puede actuar como un medio de preservación y construcción de memoria cultural, revitalizando además espacios históricos. A través de este enfoque, se busca también promover la identidad cultural andaluza y destacar el papel del río Guadalquivir en la historia de Sevilla como una ruta clave de comercio y confluencia de culturas.
La metodología se basa en la creación de mesas temáticas vinculadas a los elementos agua, tierra, fuego y aire, donde los comensales participan en una experiencia inmersiva que combina gastronomía local, flamenco, arte contemporáneo y patrimonio histórico. Las mesas, cuidadosamente diseñadas para resaltar paisajes arquitectónicos y elementos culturales sevillanos, se desarrollan con la colaboración de artistas y artesanos locales. Cada mesa tiene un guión narrativo que guía la experiencia, haciendo énfasis en la representación simbólica de ciertos alimentos y su relación con la identidad individual y colectiva.
El proyecto enfatiza en la valorización del patrimonio cultural a través de la gastronomía, la interacción entre disciplinas artísticas y la promoción del turismo cultural sostenible. La mesa está servida no solo destaca la riqueza del patrimonio tangible e intangible de Sevilla, sino que también fomenta un diálogo entre pasado y presente, permitiendo a los participantes conectarse emocional y educativamente con la identidad andaluza.
Nota curricular: María Gabriela Gaona Hertelendy es Magíster en Arte, Museos y Gestión del Patrimonio por la Universidad Pablo de Olavide de Sevilla (2023-2024), con una destacada trayectoria en publicidad, gestión cultural y desarrollo de marcas. Especializada en dirección de arte, ha liderado equipos creativos en campañas de marketing digital, con un enfoque particular en el foodstyling. Su experiencia en este campo abarca la creación de contenido visual y estético para proyectos gastronómicos, fusionando su pasión por el arte con la gastronomía para desarrollar experiencias multisensoriales. Además, ha sido profesora universitaria y tutora de tesis en la Universidad del Salvador, Argentina, donde también obtuvo su licenciatura en Publicidad y en Ciencias de la Educación.
“SOBRE COMER EL-REI EM PÚBLICO – O QUE FOR MAIS CONFORME, DECENTE E AUTORIZADO”: DINÂMICAS DE PODER NA RECEPÇÃO EM LISBOA DO ARQUIDUQUE CARLOS III DE ÁUSTRIA (1704)
Susana Varela Flor | IHA/ NOVA FCSH; IN2PAST
Resumo: No contexto da Guerra da Sucessão da Coroa Espanhola (1700) e, na sequência da mudança da política diplomática portuguesa para o eixo Império, Inglaterra e Províncias Unidas, o Arquiduque Carlos III de Áustria (1685-1740) desembarcou em Lisboa em Março de 1704. Nos meses antecedentes, a Coroa portuguesa não se poupou a esforços para preparar uma magnífica recepção do pretendente à de Espanha que, mais tarde, viria a ser o VI Imperador Romano-Germânico (1711-1740). Com efeito, sob o comando do 1.º Duque de Cadaval foram dadas instrucções para receber o Arquiduque: preparação das estruturas defensivas da cidade de Lisboa; da Guarda Real, das entradas régias, da decoração dos Palácios da Ribeira e da Corte Real e das cerimónias de visita ao Rei D. Pedro II e à Rainha de Inglaterra D. Catarina de Bragança. Neste sentido, a mesa de Estado e todo o protocolo a seguir pelos oficiais da Casa Real Portuguesa esteve sujeito a uma rígida regulamentação com o intuito de transformar o cerimonial de “comer em público” numa ostentação de riqueza e poder da dinastia dos Bragança, cuja adesão à Grande Aliança prometia proventos gloriosos ao final do reinado de D. Pedro II.
Nota curricular: Susana Varela Flor é investigadora Auxiliar da Universidade Nova de Lisboa no Instituto de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e do Laboratório Associado IN2PAST. É coordenadora do Grupo Estudos de Lisboa e, nessa qualidade, integra a Direcção Alargada do mesmo Instituto.
É também docente no Departamento de História da Arte da NOVA/FCSH onde ministra as Unidades Curriculares de Introdução à História da Arte e Arte da Pintura.
Desde 2010 que é doutorada em História, especialidade Arte, Património e Restauro pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa com a tese intitulada “Aurum Reginae or Queen-Gold: a Iconografia de D. Catarina de Bragança entre Portugal e Inglaterra de Seiscentos”. Entre 2006-2012, foi coordenadora da Rede Temática em Estudos de Azulejaria e Cerâmica João Miguel dos Santos Simões, tendo sido responsável pela inventariação do seu espólio e pela sua transferência para o Museu Nacional do Azulejo. Colaborou como docente com o Instituto Superior de Línguas e Administração de Lisboa e com a Escola Superior de Artes Decorativas da Fundação Ricardo Espírito Santo e Silva, ministrando unidades curriculares na área da História da Arte e do Património. Tem participado em encontros de carácter científico nacionais e estrangeiros e é autora de publicações na área de especialidade.