Por Guilherme Schelb
Uma característica marcante dos abusos sexuais contra crianças e adolescentes é sua prática no ambiente familiar. Em sua grande maioria, os abusos são praticados por um homem, conhecido da vítima ou de sua família. Os autores de abuso mais frequentes são o pai, padrasto, tios, primos mais velhos, vizinhos e amigos do pai ou de irmão da vítima.
Em outros tipos de abuso, a mulher pode ser a maior abusadora, especialmente abusos físicos contra crianças e adolescentes.
Embora o homem seja autor mais frequente da violência sexual contra crianças e adolescentes, é preocupante a crescente prática e participação de mulheres em abusos sexuais, especialmente mãe, madrasta, tia, babás e empregadas domésticas.
É importante estar atento, também, aos casos cada vez mais frequentes de meninas adolescentes que abusam de crianças e adolescentes mais jovens.
É crescente o registro de abusos sexuais praticados por adolescentes contra crianças, especialmente quando se permite que adolescentes fiquem responsáveis pela vigilância e guarda de crianças sem nenhum acompanhamento de adultos. Por exemplo, em acampamentos permite-se que jovens fiquem responsáveis por crianças de 4 a 12 anos de idade. Em famílias, primos adolescentes cuidam de crianças bem mais novas durante longo tempo, sem a supervisão dos responsáveis. Infelizmente, o longo convívio de adolescentes e crianças sem a supervisão de adultos possibilita a prática de muitos abusos sexuais, ao permitir que pessoas imaturas sejam responsáveis pelo cuidado dos mais novos.
Caso real – Ao lavar as roupas do filho, a mãe percebeu uma marca diferente na parte detrás da cueca. Analisando melhor, identificou que era esperma. Descobriu que o filho de 8 anos de idade era abusado pelos amigos da rua, adolescentes de 14 a 16 anos de idade, com quem convivia sem nenhum acompanhamento, e com anuência dela.
Muitas vezes a família da vítima desconhece o abuso. Amigos, vizinhos ou parentes podem praticar a violência sem que o pai ou mãe da vítima sequer desconfie. Por isto, é muito importante conhecer melhor as pessoas que estão em contato direto com seus filhos.
Não há uma idade mínima para sofrer abusos sexuais. Há casos de bebês que foram vítimas de violência. Meninos e meninas são igualmente abusados, embora as estatísticas revelem uma maior incidência de casos contra meninas.
É preciso considerar que muitas crianças não são vítimas diretas do abuso, mas ao presenciar ou perceber que irmão ou amiga é abusado, sofrem profundo abalo psicológico.
A criança ou adolescente exposto a uma situação de violência, mesmo não sendo vítima direta, pode sofrer grave trauma psicológico e mudar o seu comportamento natural em decorrência da situação vivida. Por isto, é muito importante estar atento ao comportamento de crianças e adolescentes.