O rádio atravessou gerações, enfrentou novas mídias, como TV, Internet, mas manteve-se em atividade, principalmente, pela facilidade de manuseio, transporte popularidade, e redução de custo para a aquisição.
Nos dias atuais o rádio se consolida como uma mídia mais ainda poderosa, pois atuando em conjunto com outras mídias como, por exemplo, a internet, passa a levar a sua informação a todo e qualquer lugar do planeta em tempo real.
Devido a esta flexibilidade de acesso o uso na escola da mídia rádio, pode auxiliar o desenvolvimento da comunicação dos alunos, proporcionando uma maior integração, colaboração e motivação entre todos os participantes envolvidos em uma programação que apresente como objetivos a melhoria da autoestima, da disciplina dos alunos, do desenvolvimento da comunicação e expressão, das relações sociais, entre outras, tornando-se assim um aliado importante na execução do trabalho pedagógico do professor.
"O rádio é um meio de comunicação e pode ser utilizado em sala de aula como um excelente recurso didático que estimula e favorece na leitura e a produção de texto que hoje está sendo uma grande problemática enfrentado por nós professores. Nas escolas onde o rádio é utilizado foi verificado que os alunos melhoram a leitura e produção de texto. Ele deve ser utilizado por todos os professores de qualquer disciplina. Além de trabalhar com programas de rádio devemos criar uma rádio na escola, pois ela também favorece a leitura e a produção de texto dos nossos educando". Relato
Para um Professor da Escola Municipal de Ensino Fundamental Anita Garibaldi, o maior desafio é encontrar maneiras de colocar a rádio em prática utilizando equipamentos precários. Mesmo assim, enfrentando tal problema, entendemos ser a Rádio de grande valor para o ambiente escolar, funcionando como mediador com a escola.
Podemos citar sete experiências de diversas localidades do país que transformam o rádio em educação, selecionadas pelo Centro de Referências em Educação Integral e Portal Aprendiz.
O Programa Nas Ondas do Rádio foi criado em 2004, pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, que utilizou o programa como base para a criação da Lei Educom – Educomunicação pelas ondas do rádio, sancionada no ano de 2005, que prevê que as escolas da rede possam adotar a prática radiofônica em seu projeto pedagógico. O programa oferece os equipamentos necessários para a implementação de rádios escolares, estimulando que o processo de planejamento e gestão do instrumento faça parte do currículo da unidade. As rádios escolares são destinadas a todos alunos, professores e comunidade, que podem utilizá-la para apresentar programas de informação, entretenimento, músicas e prestação de serviço, sendo também um espaço onde o professor pode divulgar as atividades desenvolvidas na sala de aula.
Na zona leste da cidade de São Paulo, os grupos de teatro que integram o espaço Centro Cultural Arte e Construção realizam a divulgação das atrações culturais que ocorrem no espaço por meio de uma caixa de som instalada na bicicleta do Instituto. A bike-rádio circula pelas feiras, Centros Educacionais Unificados (CEUs), escolas e espaços culturais e, atualmente, é um instrumento oficial de divulgação coletiva e de envolvimento do grupo com a comunidade local.
No município de Horizonte (CE), o projeto Radioescolas começou a utilizar o rádio em dez unidades escolares, para assim abrir a discussão sobre os direitos da infância e da adolescência, fomentando a promoção da democracia, da liberdade de pensamento, da responsabilidade social, da autonomia e do protagonismo juvenil. Cada escola ganhou espaço para criar e veicular sua peça radiofônica no intervalo entre as aulas. Essa dinâmica se manteve até 2011, quando o projeto conseguiu uma parceria junto à radio local, a Horizonte FM (104,9). Com isso, além do diálogo estabelecido no interior das escolas, esses jovens tornaram-se propulsores de uma comunicação ativa com os ouvintes, em horários fixos – todas as terças e quintas, das 15 às 16h.
Em Santarém, cidade ao oeste do estado do Pará, organizações ligadas à igreja católica, inspiradas pelo Movimento de Educação de Base (MEB) e da pedagogia popular do educador Paulo Freire, criaram uma rádio para oferecer aulas aos jovens e adultos analfabetos. Esse modelo durou até os anos 80. Com a ampliação do acesso à escola, o projeto também mudou seu foco. Em vez de aulas, hoje o Projeto Rádio pela Educação traz os estudantes de escolas da rede pública da região para dentro do estúdio da Rádio Rural Santarém, onde eles apresentam, toda segunda, quarta e sextas-feiras, um programa de 30 minutos, com catorze sessões que tratam da realidade amazônica e trazem a voz de crianças e adolescentes, professores e lideranças comunitárias das zonas urbana e rural para o debate. Apoiado pela Secretaria Municipal de Educação, o projeto contempla ainda um guia pedagógico educomunicativo aos professores, uma rede de repórteres educativos formada pelos alunos, rádios internas nas escolas, um núcleo de radioatores e outro de leitores.
Desde 2012, a Escola Dom Anselmo Pietrulla, no município de Capivari de Baixo, em Santa Catarina, vem desenvolvendo uma rádio escolar que impacta diretamente o currículo e a aprendizagem dos estudantes. Com o apoio de uma pesquisadora da Universidade Estadual de Santa Catarina (Udesc), as crianças e pré-adolescentes produzem diferentes peças radiofônicas a partir dos conteúdos da sala de aula. Juntos, investigam pautas e trazem à programação – que é diária – , informações tanto de interesse dos alunos, quanto do corpo docente e direção.
Desde que a Escola Municipal de Ensino Fundamental Dr. José Pedro Leite Cordeiro, localizada na Cidade Kemel, extremo leste de São Paulo, passou a viabilizar atividades de educounicação, o intervalo das aulas nunca mais foi o mesmo. Em meio a usual barulheira das crianças, estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental tocam uma rádio escolar, a rádio Cordeiro. Autônomos para criar e desenvolver as pautas, os estudantes são apoiados pela coordenadora pedagógica e professores da instituição, convidando as turmas a problematizar o papel da mídia, a escola e a próprio protagonismo estudantil na comunidade escolar e no entorno. A rádio, que começou com a adesão ao Programa Ampliar, criado pela Secretaria Municipal de Educação em 2011, já virou rotina e parte integrante do plano político pedagógico da escola. Hoje, para além das pautas da escola e de interesse dos estudantes, são narradas histórias do próprio bairro e sobre saídas pedagógicas pela cidade; uma turma, inclusive, relatou na rádio a participação em um debate com a ex-senadora Marina Silva, no Galpão Cultural, localizado em São Miguel Paulista.
Na Bahia, Hamilton de Oliveira, o DJ Branco, comanda o “Evolução Hip Hop”, que acessa 13 mil ouvintes por segundo na Rádio Educadora FM, emissora pública do estado. No programa, o DJ apresenta canções do Hip Hop nordestino e discute temas de importância cidadã. “Funcionamos como um programa que faz, informalmente, monitoramento de políticas públicas, de direitos humanos, cidadania, direito à cidade, o que é consumo, violência e Estado”, explica o DJ. Branco. Ele, que também é arte educador e oficineiro, promove a interação da rádio com escolas públicas de Salvador e, na comunidade, realiza o “Evolução Hip Hop nos Bairros”, quando transmite o programa direto de um espaço público na capital ou em uma cidade vizinha. Nele, os bate-papos e apresentações de música acontecem em palco montado com artistas locais.