Fontes:


As fontes pesquisadas e agora apresentadas foram jornais do século XIX, provas de concursos e ofícios e correspondências, além de documentos manuscritos identificados na Biblioteca Nacional e no Arquivo Geral do Rio de Janeiro.

O tema em comum e que se constituiu no descritor principal dessa pesquisa foram os professores primários. Assim sendo, foram identificados, selecionados e, quando aplicável, digitalizados todos os documentos que se relacionassem com eles. A partir dessa seleção foram criadas tabelas com as digitalizações a fim de facilitar a organização das fontes, dando, inclusive, uma melhor visibilidade ao conteúdo de cada documento.

Os jornais se constituem como uma fonte significativa para as pesquisas em história da educação, pois nos permitem perceber aspectos relacionados ao movimento da ação humana na sociedade, suas demandas, as atividades dos professores públicos e primários, continuidades e descontinuidades, tensões educacionais. Eles proporcionam ao pesquisador conhecer a realidade cultural de uma época, especialmente quando pesquisamos o século XIX. Assim, a História da profissionalização docente perpassa pelo conhecimento da produção dos saberes especializados e, consequentemente, pelos veículos de divulgação, tais como jornais, pois eles nos ajudam, inclusive, a compreender as formas de organização dos professores, tendo como base as relações deles com o Estado e com o seu próprio trabalho. Os mais de 1000 anúncios de jornais nos deram a possibilidade de conhecer o movimento do trabalho docente em consonância com o movimento da sociedade da época a partir do momento em que professores davam visibilidade ao seu trabalho dando a conhecer à sociedade seus saberes, seus direitos, seu perfil docente. Da mesma maneira, o estado, assumindo o controle da organização da instrução pública, dava publicidade aos seus atos oficiais.

Os ofícios e correspondências trocados entre agentes do poder público e professores primários nos dão uma noção de como a burocracia estatal relacionada à educação se dava, como o trabalho do professor era realizado, quais eram os seus deveres, de que maneira eles se resguardavam na tentativa de demonstrar o cumprimento de suas obrigações legais. Também foi possível identificar, dentre os 452 documentos digitalizados, momentos de tensões educacionais na medida em que eles tinham seu trabalho reportado, quando eram substituídos por motivos tais como demissão ou morte, dentre outras situações.

Os 39 documentos manuscritos identificados na Biblioteca Nacional e no Arquivo Geral do Rio de Janeiro nos permitiu compreender de que maneira Sergipe se encaixava nas ações e tomadas de decisões ocorridas no âmbito educacional, bem como de que forma elas interferiam no trabalho docente, especialmente quanto às tensões educacionais geradas a partir de ações burocráticas. Decisões advindas da instância política e legislativa, tomadas à distância, interferiam diretamente no trabalho do professor gerando continuidades, descontinuidades, aperfeiçoamento da burocracia estatal, mas também tensões, pois o professor precisaria se adaptar a quaisquer mudanças ocorridas em instâncias superiores.

Não somente a legislação, mas as provas de concursos (foram identificadas 35 provas de professores primários) realizados por professores primários nos permitem descortinar os saberes necessários à prática docente no século XIX, mais especificamente, na década de 70, após a criação do Atheneu Sergipense, instituição de ensino secundário de Sergipe. As provas demonstram que o professor era avaliado em seus saberes, porém elas deixam claro que o saber cultural era amplamente valorizado, pois as questões religiosas eram valorizadas no processo seletivo em detrimento dos saberes curricular e disciplinar.

Ressalto que todo registro humano possui uma intencionalidade, portanto é preciso relativizar as “verdades” explicitadas nas fontes, contrapô-las, agir como um verdadeiro detetive em busca de uma possível versão dos fatos.



Fontes Pesquisadas: