Chegou a hora de avaliar, e é justamente isso que vamos analisar nesta secção: quais são os momentos em que a avaliação aparece durante o processo de EAD? E o que analisamos em cada um desses momentos?
O novo cenário de EAD torna obrigatória a necessidade de repensar o processo de ensino e de aprendizagem, provocando, por isso, adaptações na forma como se avalia.
Mais do que nunca as tarefas devem estar ligadas ao desenvolvimento do currículo, com especial enfoque nas áreas de competências do Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória (PA), bem como nos perfis profissionais, sempre que aplicável, e, por isso, a forma tradicional de avaliar apenas conhecimentos mostra-se, novamente, inadequada.
A avaliação deve ser um processo integrado no desenvolvimento do currículo, com o objetivo central de ajudar os alunos a aprender melhor, designadamente dando-lhes um feedback de qualidade.
O envolvimento dos alunos na avaliação desenvolve a consciência sobre as aprendizagens, a forma como as adquirem e promove a autonomia e a capacidade de reflexão. Para o desenvolvimento da autonomia e da autorregulação têm de ser dadas instruções claras e simples sobre os objetivos a atingir, com tarefas desafiadoras, mas concretas e significativas, com os recursos a utilizar, os momentos de ponto de situação e os prazos a cumprir.
Também os critérios de avaliação e respetivos níveis de desempenho (rubricas de avaliação) ajudam os alunos a autorregularem a sua aprendizagem e a saberem com clareza o que se pretende que aprendam e como vão ser avaliados.
A problemática da avaliação das aprendizagens é recorrente no contexto educacional e está fortemente associada às concepções de ensino e de aprendizagem vigentes em cada momento, as quais condicionam não só a incidência com que se privilegia uma ou outra função da avaliação – função diagnóstica, função formativa ou função sumativa – mas também os instrumentos e técnicas utilizados com objectivos avaliativos.
Outros aspectos, como a natureza da avaliação praticada, de carácter mais quantitativo ou mais qualitativo, ou a fiabilidade dos instrumentos usados, bem como questões de natureza ética como a prática do plágio e da cópia são também objecto de discussão. No contexto das novas práticas de EAD em modalidade online, acresce às problemáticas atrás referenciadas, o debate em torno do rigor e legitimidade da avaliação de estudantes a distância.
No vídeo 1 poderá assistir a uma apresentação sobre o processo de avaliação no EAD.
Vídeo 1 - Webinar - Estratégias de avaliação online
Preditiva, formativa e Sumativa
O campo da avaliação no ensino e formação cobre uma grande variedade de formas que procuram, genericamente, avaliar se os objectivos de aprendizagem foram realizados.
A avaliação entendida como uma ação pedagógica necessária para a qualidade do processo ensino-aprendizagem, deve cumprir, basicamente, três funções didático-pedagógicas: função diagnóstica (ou preditiva), função formativa e função sumativa (Tabela 1).
A função diagnóstica da avaliação refere-se à identificação do nível inicial de conhecimento dos alunos naquela área, bem como a verificação das características e particularidades individuais e grupais dos alunos, ou seja, é aquela realizada no inicio do curso ou unidade de ensino, a fim de constatar se os alunos possuem os conhecimentos, habilidades e comportamentos necessários para as novas aprendizagens. É utilizada também para estimar possíveis problemas de aprendizagens e suas causas.
A função formativa é aplicada no decorrer do processo de ensino-aprendizagem servindo como uma forma de controlo que visa informar sobre o rendimento do aluno, sobre as deficiências na organização do ensino e sobre os possíveis alinhamentos necessários no planeamento de ensino . A avaliação formativa é uma importante ferramenta de estímulo para o estudo, uma vez que a sua principal utilidade é apontar os erros e acertos dos alunos e dos professores no processo de ensino-aprendizagem. Esse tipo de avaliação é basicamente um orientador dos estudos e dos esforços dos professores e alunos no decorrer desse processo, pois está muito ligada ao mecanismo de retro-alimentação (feed- back) que permite identificar deficiências de aprendizagem e reformular atitudes.
A avaliação sumativa visa classificar os alunos segundo os seus níveis de aproveitamento do processo de ensino-aprendizagem. É realizada ao final de um curso, período letivo ou unidade de ensino, dentro de critérios previamente impostos ou negociados e geralmente tem em vista a promoção de um grau para outro.
As funções da avaliação deveriam ser aplicadas de forma interdependente. Assim, a função diagnóstica só terá sentido se estiver referida como ação inicial do processo didático-pedagógico que serve para apontar o caminho a ser seguido no processo de ensino-aprendizagem, constantemente retro-alimentado pelos dados da função formativa de forma ao ensino se manter alinhado aos objetivos educacionais e, finalmente, classificar os alunos segundo o grau de aproveitamento dentro dos critérios de rendimento pré-estabelecidos. Infelizmente, essa forma de avaliar é raramente utilizada na nossa realidade educacional, tendo a avaliação um caráter meramente classificatório e descontextualizado.
Em suma, uma boa interligação dos diferentes tipos de avaliação irá ajuda-lo em todo o processo de acompanhamento dos seus alunos.
Tabela 1 - Tipos de avaliação
Como vimos anteriormente, esse tipo de avaliação procura identificar o ponto de partida e pode responder a diferentes perguntas:
Que conhecimentos prévios possuem os meus alunos?
Quais são as características individuais dos meus alunos?
Quais são as características do grupo?
As ferramentas de que dispomos para poder fazer o diagnóstico são múltiplas e perfeitamente adaptadas ao ambiente online. Aqui estão algumas possibilidades:
Poderá ser utilizado um teste para verificar se os alunos têm bases suficientes para poder assimilar os conteúdos que serão trabalhados no curso, e caso não os tenham, podemos reforçar esses pontos através de material complementar que podemos incorporar na sala de aula virtual.
Uma revisão do perfil dos alunos, em conjunto com um questionário inicial podem ajudá-lo a fazer um mapa dos seus alunos: qual é a experiência profissional prévia? Estudos anteriores? Onde vivem? Disponibilidade horária?
Uma sessão de boas-vindas pode ajudá-lo a medir as expectativas, a atmosfera inicial do grupo, etc. Ou porque não propor um fórum de apresentação?
Como pode ver, o universo online oferece todas as opções para conhecer quem está do outro lado, modificando a interação face a face, com um amplo leque de possibilidades.
Como já assinalamos, a importância que a avaliação formativa tem, não só para os alunos, mas também para os professores, faz-nos dedicar um ponto específico e rever aqui os diferentes tipos de atividades que podem ser propostas.
As opções que existem para realizar uma avaliação formativa eficaz, podem ser agrupadas em três categorias:
Material produzido pelos alunos: diário de aula, relatórios, autoavaliações, resumos, casos práticos, portfólio electrónico, blog, atividades colaborativas, estudos de caso, projetos, trabalhos escritos ou multimídia, teste e mini-testes.
Debates e discussões em grupo: intervenções em fóruns, laboratórios, apresentações e sessões práticas.
Presença e participação nas sessões síncronas: observação do envolvimento dos participantes nas sessões ao vivo.
Para cada tipo de atividade, os tutores contam com diferentes ferramentas na sala de aula virtual que podem auxiliar na monitorização e na avaliação. O Moodle e o Teams possuem estas ferramentas.
É importante que as atividades sejam programadas e pensadas de forma a que o aluno saiba a todo o momento o que fazer, como fazer, quando entregar e como será a avaliação.
Num ambiente online, a clareza na hora de desenhar as atividades é fundamental, lembre-se que o aluno estará sozinho em casa ao enfrentá-la e embora possa recorrer ao professor tutor através dos fóruns, e-mail, ou chat, é importante que o aluno tenha todas as informações disponíveis na descrição da atividade.
No vídeo 2 poderá ver algumas estratégias de como utilizar a avaliação formativa na sala virtual.
Vídeo 2 - Estratégias para a avaliação formativa
Quase tão importante quanto o desenho correto de uma atividade formativa é o resultado dessa atividade e as informações de retorno - feedback - que o aluno recebe. Se a função da avaliação vai além da atribuição de uma nota numérica, como já analisamos anteriormente, este aspeto do processo deve ser gerido com muito cuidado.
Qualquer Campus Virtual possui uma ferramenta que permite fazer comentários às atividades que os alunos entregam. Embora os sistemas possam variar dependendo das plataformas que os suportam, todos incluem pelo menos uma seção para introduzir a nota numérica ou um comentário, tal acontece no moodle. Nalgumas LMS existe uma seção para incluir os comentários de texto ou um arquivo anexo (poderá carregar o seu próprio documento com as explicações sobre a correção, ou comentar no próprio arquivo do aluno e devolvê-lo modificado), outras permite incorporar áudios e até mesmo uma correção em vídeo.
Qualquer que seja o meio escolhido, é especialmente importante na comunicação online ter cuidado com a forma e o conteúdo da correção: lembre-se que, embora um diálogo possa ser estabelecido posteriormente e o aluno possa contatá-lo para qualquer esclarecimento, a mensagem que eles recebem é inicialmente unidirecional, e deve aproveitar esse momento de comunicação para transmitir adequadamente todas as informações de que precisa.
O objetivo da sua correção é ajudar no processo de formação, para isso damos-lhe algumas orientações:
Identificar os aspectos positivos: há sempre algum ponto em que pode dar um reforço positivo (nem que seja o aluno ter conseguido acertar no nome).
Apontar de forma clara e adequada os aspectos incorretos, fornecendo ideias para a correção e orientando o aluno para que encontre as informações de que precisa (indicando a seção do Campus Virtual ou disponibilizando novos recursos no centro de documentação, por exemplo).
Respeitar os tempos de correção: tanto os dos aluno quanto os seus: o feedback ajuda o nosso aluno a continuar a avançar, deve chegar durante o processo de formação, e não esperar pelo final, pois não serviria o objetivo pretendido.
Se necessário, uma sessão ao vivo ou um fórum pode ajudá-lo a dar uma resposta conjunta e incentivar a participação dos alunos.
Cuide da apresentação e do formato. Seja especialmente cuidadoso com a verificação ortográfica e gramatical.
Se vai fazer uma correção que inclua vídeo ou áudio, preste atenção ao tom: o aluno recebe a correção em casa e não pode intervir, então a mensagem deve transmitir as informações de forma adequada.
Personalize as correções sempre que possível: identificar o aluno pelo nome e consultar as informações pertinentes que tem sobre ele, ajudará a melhorar o relacionamento e a confiança.
Verifique a evolução do aluno, com os dados que se encontram registados na plataforma, para o poder informar do seu progresso, ou das dificuldades que encontra nas sucessivas correcções.
No vídeo 3 poderá assistir a uma resumo sobre feedback.
Vídeo 3 - Porque dar feedback?
Terminamos com umas notas curtas sobre a avaliação final. Às vezes será a única experiência cara a cara que os seus alunos terão, e noutras eles usarão uma ferramenta de computador para poder fazer a avaliação a partir de um computador, mas em qualquer caso o objetivo é poder avaliar o nível adquirido pelos alunos ao longo do curso.
Muitas vezes a nota obtida neste teste será apenas uma parte da avaliação completa, já que a avaliação formativa pode e deve fazer parte dessa nota final, por isso é importante que seus alunos saibam, desde o início, o peso desta avaliação, o seu formato e os critérios de avaliação a usar.
O formato do exame final pode ser muito variado, e incluir questões de escolha múltipla e/ou desenvolvimento, casos práticos, problemas e/ou exercícios ..., mas deve ser consistente com o foco da unidade curricular: projete esta avaliação para verificar se os alunos alcançaram os objetivos que determinou no início do curso.
A avaliação deve ser um processo integrado no desenvolvimento do currículo, com o objetivo central de ajudar os alunos a aprender melhor, designadamente dando-lhes um feedback de qualidade.
A problemática da avaliação das aprendizagens é recorrente no contexto educacional e está fortemente associada às concepções de ensino e de aprendizagem vigentes em cada momento, as quais condicionam não só a incidência com que se privilegia uma ou outra função da avaliação – função diagnóstica, função formativa ou função sumativa – mas também os instrumentos e técnicas utilizados com objectivos avaliativos.
Uma boa interligação dos diferentes tipos de avaliação irá ajuda-lo em todo o processo de acompanhamento dos seus alunos.
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