CALENDÁRIO ACADÊMICO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROJETO DE MUSICALIZAÇÃO INFANTIL
Docente Responsável: Elisama Gonçalves
E-mail: elisamamus@yahoo.com.br
EMENTA: Favorecimento da apreciação, sensibilização e aprendizagem musical a partir da musicalização com introdução à flauta doce. Desenvolvimento da sensibilização, integração e interiorização da linguagem musical, proporcionando condições para estimular a criatividade, o movimento corporal a socialização no convívio social de forma lúdica e musical. Possibilitar o contato com o instrumento de maneira criativa, estimulando a livre expressão. Construir a identidade em interação com a música como expressão humana, artística e cultural
Desenvolvimento Auditivo
- Dominar os parâmetros do som
- Memorizar e reproduzir melodias
- Identificar os parâmetros quando combinados (ex. altura + intensidade)
- Identificar o naipe dos instrumentos da orquestra
- Automatizar a ordenação das notas musicais
- Reconhecer formas simples (AB, ABA)
- Reconhecer e identificar os timbres dos instrumentos percussivos
- Executar a escala de Dó maior e menor
- Executar canções com voz e movimentos corporais sem perder a pulsação
- Memorizar e reproduzir células rítmicas em compassos variados (2/4, 3/4, 6/8)
- Manter a unidade maior de tempo (macrobeat) e a menor unidade de tempo (microbeat) durante toda a música
- Imitar movimentos de dança/corporais dentro de compassos variados
- Manter a pulsação dentro de andamentos acelerando e ralentando
- Andar obedecendo a pulsação com mudança de andamento
- Criar símbolos de grafia musical não-convencional
- Elaborar arranjos simples
- Criar efeitos sonoros
- Criar sons variados para histórias sonorizadas
- Criar movimentos corporais que representem as partes de uma música ou canção (forma)
- Criar e executar movimento sonoro com a voz e com as mãos
- Criar melodias com voz ou instrumento (metalofone, piano)
- Explorar a flauta doce de maneira criativa, desmontando a flauta e buscando sons diferentes, soprando, raspando ou golpeando em todas as suas partes
- Fazer música com as várias sonoridades descobertas
- Reger os colegas
- Cantar com expressividade
- Cantar de forma afinada
- ReaIizar improvisações melódicas no instrumento
- Tocar metalofones e xilofones
- Utilizar as baquetas com maior precisão e controle
- Tocar em conjunto com caráter expressivos diversos
- Interagir com práticas e repertórios musicais da cultura infantil
- Conhecer e aprender a tocar a flauta doce
- Conhecer suas possibilidades técnicas e sonoras
- Desenvolver a coordenação motora
- Tocar com boa postura
- Executar o dedilhado de forma correta e com fluência
- Respirar de forma adequada à execução da flauta doce
- Tocar canções do repertório infantil, da tradição oral, dentre outros
- Participar das atividades musicais
- Manter a atenção durante as orientações dos(as) professores(as)
- Utilizar os instrumentos com cuidado
- Desenvolver a sociabilidade no trabalho em grupo
- Respeitar as regras de convivência com os colegas e a professora
- Expressar ideias e sentimentos ao interagir com as atividades propostas
A prática de conjunto envolve diversas formações musicais e com alunos de diferentes faixas etárias e níveis de conhecimento musical. Por meio dessa prática grupal, o ensino instrumental torna-se mais dinâmico e prazeroso. A prática musical, devido à interação, e às experiências proporcionadas pela mesma, comporta diversos benefícios de interação social e de construção da personalidade. Segundo Cruvinel, “uma maior interação do indivíduo com o meio e com o outro, estimula e desenvolve a independência, a liberdade, a responsabilidade, a auto- compreensão, o senso crítico, a desinibição, a sociabilidade, a cooperação, a segurança e, no caso específico do ensino da música, um maior desenvolvimento musical como um todo” (Cruvinel, 2005, p. 80).
Os professores devem incentivar o aluno para que ele perceba que o seu problema não é apenas o “seu problema”, mas sim um problema partilhado por outros colegas, onde, ao analisar a dificuldade de um colega pode encontrar a resolução para a sua (Cruvinel, 2005), e isso acaba por resultar num maior desenvolvimento dos mesmos.
Um dos maiores benefícios que a prática musical conjunta pode proporcionar é o aumento da compreensão musical dos alunos, devido às diversas situações proporcionadas pelo conjunto, bem como a motivação e a competição de forma saudável (Cruvinel, 2005). O ensino de música em grupo acaba por ser um agente de socialização, responsabilidade e solidariedade, devido às experiências que o mesmo proporciona ao grupo que o pratica.
Execução instrumental e vocal: O tocar em conjunto nessa faixa-etária adquire um caráter expressivo, com execução de dinâmicas e andamentos variados. Os alunos já conseguem realizar improvisações melódicas no instrumento, cantar canções de maneira mais afinada junto com movimentos corporais. O professor deve propor dinâmicas onde o aluno rege os colegas, decidindo sobre as entradas e dinâmicas. Os arranjos coletivos também são muito úteis na construção do pensamento musical, estético e na autonomia de tomada de decisões. Nessa etapa também começaremos, aos poucos, a iniação à flauta doce. Os alunos deverão tocar as notas sol, lá, si e dó.
As atividades de criação e improvisação envolverão a criação de símbolos musicais criados pelas crianças para representar ritmos, alturas e duração, a exploração sonora do espaço / meio ambiente / corpo, a criação de efeitos sonoros simples para histórias sonorizadas, criação de movimentos corporais que representem as partes de uma música ou canção, criação de gráficos de movimento sonoro de altura, duração e intensidade, dentre outras. Também poderão ser realizadas atividades de composição coletiva e construção de instrumentos, descritos anteriormente.
REPERTÓRIO: Na prática de conjunto o repertório é composto de canções didáticas, canções para prática instrumental em conjunto com instrumento de teclas e as direcionadas para a prática da flauta doce. Essas últimas, devem ser escolhidas levando em conta o nível dos alunos e as notas que conseguem tocar. O professor deverá criar arranjos com canções diversas, relacionadas à temática do semestre.
Jogos de escuta: Estes jogos, além de divertidos, permitem aguçar a escuta voltada para uma percepção das qualidades sonoras. Podem ser realizados vários jogos, como por exemplo o guia sonoro, em que um(a) aluno(a) tem de seguir, de olhos fechados, o seu par, que vai caminhando pela sala realizando um som qualquer.
Sonorização de histórias, poemas, fotos e paisagens: As histórias, poemas e fotos são capazes de servir como disparadores de um trabalho que pode ser muito enriquecedor, desenvolvendo aspectos de integração de linguagens e criação musical em qualquer idade. Para um trabalho de sonorização ou improvisação a partir de uma foto, poema, ou outra fonte é importante pensar como podem ser realizadas essas sonoridades com os instrumentos (no caso, a flauta doce) que se tem em mãos. Como podem ser representados determinados ruídos e sons que aparecem nessas histórias e ambientes? O que é possível, ou não, realizar? Depois desse levantamento, é necessário pensar em que ordem apresentar os sons escolhidos, realizando uma composição ou pensando numa estrutura para uma improvisação. Essas são atividades que possibilitam o desenvolvimento da fantasia e da imaginação sonora, como ressaltadas por Rogério Costa (2008) e Violeta Gainza (2002), além de permitirem uma aproximação com o instrumento e com a linguagem sonora de maneira lúdica e integradora.
Jogos de improvisação: As improvisações demandam que os instrumentistas estabeleçam uma relação direta com seus instrumentos, sem a mediação de uma partitura e também podem desenvolver a fantasia e a imaginação sonora, permitindo focar sua atenção na sonoridade, na fluência do discurso elaborado, assim como usufruir de uma maior liberdade na execução, expressando-se mais livremente (COSTA 2008).
Desde os primeiros sons explorados e as primeiras posições aprendidas, é possível improvisar, criar variações rítmicas, bem como articulações e pequenas frases melódicas. Com um pouco mais de notas, é possível improvisar com as notas de uma melodia que esteja sendo trabalhada, com uma progressão harmônica determinada (Ex. I-IV-V-I).
Composição e registro: O registro de maneira não convencional, integrado com um processo de composição ou de apreciação, também deve ser encarado como um momento criativo, lúdico. O trabalho de registro e notação não convencional contribui para promover a aproximação com a notação contemporânea, além de proporcionar uma tomada de consciência das características do acontecimento sonoro (KOELLREUTTER apud BRITO, 2003,
p. 181). Os eventos sonoros são registrados de maneira imprecisa, aproximada. Podem surgir desenhos, gráficos, formas geométricas, multidirecionais, fugindo da linearidade. Podem ser usados materiais diversificados como: grafite, giz de cera, massinha, folhas, palitos, pedras, barbante e, como suportes, papéis variados e o próprio chão, promovendo uma ampliação das possibilidades expressivas, além da integração de linguagens.
Murray Schafer (1992) também afirma nunca tratar de notação tradicional no início do aprendizado dos alunos. Ele incentiva-os, desde o começo, a compor e desenvolver sua própria notação, elaborando suas hipóteses pessoais sobre notação e registro. À medida que as composições vão ficando mais elaboradas, ou que os alunos vão se dando conta de que as suas notações não estão sendo suficientemente precisas, surge o momento de se introduzir a notação convencional.
BRITO, Teca Alencar de. Koellreutter Educador: o humano como objetivo da educação musical. São Paulo: Peirópolis, 2001.
. Música na Educação Infantil: propostas para a formação integral da criança. São Paulo: Peirópolis, 2003.
COSTA, Rogério Luiz Moraes Costa. O músico enquanto meio e os territórios da livre improvisação. 179 p. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica) - Pontifícia Universidade Católica, São Paulo, 2003.
Cruvinel, F. M. (2005). Educação musical e transformação social - uma experiência com ensino coletivo de cordas. Goiânia: Wolnwy Unes.
FREIXEDO, Claudia Maradeiro. Caminhos criativos no Ensino da flauta doce: amplicando práticas e repertório. Universidade Estadual do Paraná, IV Simpósio Acadêmico de Flauta Doce da EMBAP, 2017
GAINZA, Violeta Hemsy de. Pedagogía Musical. Dos décadas de pensamiento y acción educativa. Buenos Aires: Lumen, 2002.
KOELLREUTTER, Hans-Joachim. O ensino da música num mundo modificado. In: KATER, Carlos (org.) Cadernos de Estudo: Educação Musical no 6, Belo Horizonte: Atravez / EMUFMG / FAPEMIG, 1997.
PERIC de FREITAS, Maria Thereza. A fala como música no jogo dramático: um caminho resultante da ampliação da experiência estética na prática pedagógica. 277 f. Tese (Doutorado em Música) - Escola de Comunicações e Artes da USP, São Paulo, 2013.
SELF, George. New sounds in class. London: Universal Edition, 1967.
SCHAFER, R. Murray. O Ouvido Pensante. Tradução Marisa Trench de O. Fonterrada, Magda R. Gomes da Silva, Maria Lúcia Pascoal. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1992.
VERTAMATTI, Leila Rosa Gonçalves. Ampliando o repertório do coro infanto- juvenil: um estudo de repertório inserido em uma nova estética. São Paulo: Editora UNESP; Rio de Janeiro: FUNARTE, 2008.