A educação digital pretende contribuir para a transformação digital das Escolas, para a aprendizagem ao longo da vida, para o desenvolvimento profissional dos docentes, bem como para uma educação e formação inclusivas de elevada qualidade para todos. Neste sentido, torna-se fundamental que cada escola conceba e implemente um Plano de Ação para o Desenvolvimento Digital da Escola (PADDE).
O PADDE deverá ter/tem por base o quadro conceptual dos documentos orientadores desenvolvidos pela Comissão Europeia, designadamente o DigCompEdu e o DigCompOrg, no âmbito dos quais se desenvolveram ferramentas de diagnóstico: Check-IN e SELFIE, respetivamente. A ferramenta de diagnóstico Check-In permite aos docentes auto-percecionar as suas competências digitais, ou seja, acerca do que são capazes de realizar com o digital em determinado contexto. Enquanto que a ferramenta de diagnóstico SELFIE permite obter informação acerca das práticas pedagógicas e organizativas com o digital nas organizações educativas.
A partir destes documentos definiram-se 3 dimensões a ter em conta na elaboração do PADDE, onde o digital deve ser integrado transversalmente: organizacional, pedagógica e tecnológica e digital.
Organizacion
As questões de liderança relacionam-se com a visão dos líderes da organização educativa para a integração do digital nos vários níveis de atuação. Trata-se, basicamente, da existência de uma estratégia para a integração do digital nos diferentes processos da organização e que conduzem à melhoria da qualidade da educação na escola.
As questões do trabalho colaborativo relacionam-se com a existência de uma cultura de colaboração promovida pela existência de medidas específicas do ponto de vista organizativo. São medidas que conduzem à existência de redes de colaboração e de comunicação, facilitadas pelo digital e que permitem a partilha de informação e de experiências, dentro e fora dos limites da organização.
As questões do desenvolvimento profissional dos recursos humanos da escola na área do digital relacionam-se com a existência de um plano de formação adequado à melhoria da competência digital dos recursos humanos da escola e à integração de modelos pedagógicos inovadores que permitam alcançar melhores resultados educativos e escolares. A criação de ecossistemas de desenvolvimento digital deverá considerar que a capacitação dos docentes e de outros profissionais de educação terá um papel determinante no alicerçar da integração transversal das tecnologias de informação e comunicação. Com esta integração pretende-se potenciar os processos de inovação através do digital, nas escolas e adequá-las aos contextos e desafios atuais da nossa sociedade.
As questões de desenvolvimento curricular e avaliação relacionam-se com a tomada de decisão no que à planificação do processo de ensinar diz respeito. A integração do digital, numa perspetiva inovadora, trará ao processo de ensino e aprendizagem um conjunto de ferramentas que poderão melhorar de forma evidente os processos educativos. Neste aspeto, o digital disponibiliza muitas ferramentas que permitem dar feedback aos alunos, centrando as práticas avaliativas numa lógica de apoio ao progresso individual do processo formativo do aluno.
As questões de práticas pedagógicas relacionam-se com a utilização de pedagogias que utilizam o digital para promoverem ambientes potenciadores de aprendizagens de qualidade e a autonomia dos alunos ao longo dos seus percursos formativos. Na seleção das pedagogias mais adaptadas aos objetivos de aprendizagem, deve atender-se a uma formulação, planificação e implementação da utilização de tecnologias digitais em diferentes fases do processo de aprendizagem.
As questões da utilização de recursos educativos digitais relacionam-se com a identificação, avaliação e seleção de recursos digitais pelos professores, tendo em consideração o objetivo específico de aprendizagem, o contexto, a abordagem pedagógica e as características dos próprios alunos, respeitando as regras de direitos de autor quando utilizam, modificam e partilham recursos.
As questões de infraestrutura, equipamentos e acesso à Internet centram-se na existência de uma infraestrutura adequada, fiável e segura (por exemplo, equipamentos, software, recursos informativos, ligação à Internet, assistência técnica e espaços físicos). Estes elementos podem permitir e facilitar o desenvolvimento de práticas inovadoras de ensino, aprendizagem e avaliação.
As questões das plataformas digitais relacionam-se com a existência de plataformas de gestão de processos e de gestão de ensino e aprendizagem.
Considerando as três dimensões a ter em conta na elaboração do PADDE, as equipas deverão integrar na sua constituição o diretor do AE/Ena, que a lidera, um professor com larga experiência e conhecimento das infraestruturas tecnológicas do AE/Ena e, ainda, um professor pertencente às lideranças intermédias do AE/Ena com capacidade trabalho colaborativo, de mobilização juntos dos pares, com larga experiência de utilização do digital no processo de ensino e aprendizagem e na participação em projetos nacionais e internacionais.
Estes três elementos, participarão num curso de formação, dinamizado pelo Embaixador Digital agregado ao respetivo CFAE.
Para além destes três elementos, as EDD poderão integrar outros elementos, a definir de acordo com cada contexto específico. Recomenda-se que estas equipas incluam na sua constituição docentes que, no diagnóstico Check-In, ficaram posicionados no nível 3 de proficiência digital.
Estes docentes colaborarão, nos seus AE/Ena, no processo de conceção, implementação, acompanhamento, avaliação e reformulação do PADDE.
Com a realização do curso de formação, pretende-se apoiar as escolas na elaboração do PADDE em contexto colaborativo com outras escolas do mesmo CFAE e na promoção de estratégias e de ações integradoras do digital nas rotinas e nas várias dimensões da organização educativa.
No decorrer da formação, as EDD terão oportunidade:
- refletir acerca da integração nos processos organizativos, pedagógicos e tecnológicos de ferramentas e ambientes digitais, promotores da qualidade do processo educativo;
- conceber e implementar um PADDE no contexto das respetivas escolas, a partir de diagnósticos com o Check-In e SELFIE.
- integrar comunidades de prática, suportadas em trabalho colaborativo e interdisciplinar, estimulando a reflexão, a partilha e a utilização crítica do digital em contexto educativo.
No sentido de obterem uma visão global da integração e apropriação das tecnologias digitais nas AE/Ena, as EDD poderão tirar vantagem na auscultação das comunidades educativas, através da ferramenta de diagnóstico SELFIE, assente no Quadro Europeu para Organizações Educativas Digitalmente Competentes (DigCompOrg).
Para uma melhor compreensão dos resultados dos diagnósticos, sugere-se que o AE/Ena promova, internamente, momentos de reflexão e discussão, envolvendo o órgão de gestão, as lideranças intermédias, professores, alunos, pais e encarregados de educação e autarquias, por forma a conhecer e compreender melhor as práticas e dinâmicas de integração do digital na organização.
Desta forma, de acordo com os objetivos e indicadores definidos, será possível analisar a necessidade de integrar novas ações ou proceder a reajustes. Assim, podem as escolas, a partir de uma reflexão interna sobre a integração das tecnologias e das competências digitais dos seus docentes, elaborar os seus PADDE, instrumento de trabalho fundamental de apoio à tomada de decisão e à monitorização do trabalho em curso, na área do digital.
O Embaixador Digital constitui um dos elementos-chave na implementação do PATD, nomeadamente no que se refere ao acompanhamento e apoio às escolas, na conceção, elaboração e implementação dos respetivos PADDE.
O PADDE deve ser um instrumento de reflexão e mudança de práticas nas organizações educativas, pelo que a sua elaboração deverá procurar potenciar os processos de inovação através do digital, nas escolas, e adequá-las aos seus contextos e aos desafios atuais da sociedade. Nesse sentido, deverão ser definidas metas e planeadas ações para concretizar o PADDE, bem como mecanismos de monitorização que possam aferir o progresso e verificar os resultados, como fatores fundamentais para o sucesso da Escola. Recomenda-se que sejam acauteladas e previstas as respostas a situações, relacionadas com necessidades pontuais de implementação do ensino a distância ou de ensino híbrido.
A monitorização do progresso da implementação do PADDE apresenta especial importância na aferição da concretização dos seus objetivos.
A Escola deve aferir o grau de realização das ações definidas no plano, bem como o seu impacto na consecução dos objetivos, inicialmente estabelecidos.
Recomenda-se a construção de mecanismos de acompanhamento, que deverão aferir o impacto das ações definidas no PADDE, no que se refere ao desenvolvimento das dimensões nele inscritas. Para isso, os AE/Ena contam com o apoio do Embaixador Digital.
Uma vez consolidadas as ações e os objetivos, recomenda-se que os diversos agentes educativos voltem a realizar um diagnóstico de autorreflexão. As diferenças entre os resultados obtidos, no início e no fim da implementação do PADDE, ajudarão na sua reformulação e na identificação de novas áreas prioritárias de intervenção.
Recolha de evidências – a partir da informação recolhida por processos de diagnóstico (Check-IN e SELFIE) e tendo em conta o histórico da escola;
Definição de objetivos, tendo em conta a análise dos dados recolhidos na fase de diagnóstico – interpretação e reflexão sobre os resultados alcançados;
Planeamento, cronograma de ações e implementação, de acordo com as prioridades definidas;
Comunicação – divulgação à comunidade do trabalho em curso;
Monitorização das ações e avaliação – aferição e adequação dos níveis de implementação e consecução dos objetivos definidos no plano.