Olá, estudante! Como você está? Pronto(a) para mais uma aventura pelos conceitos de análise e projetos de sistemas? Espero que sim. Anteriormente, o nosso foco foi em requisitos, UML, testes e implantação e manutenção de software. Você se lembra como foi legal? Agora, iniciando esta primeira lição da parte III de nossa disciplina, você estudará as questões que envolvem os princípios para projeto de interface com o usuário.
Você conhecerá alguns fatos considerados verdades, que chamamos de premissas, do tipo: as pessoas cometem erros. Além disso, as pessoas têm preferências diferentes de interação. Então, cabe a você, enquanto Técnico(a) em Desenvolvimento de Sistemas, seguir esses princípios para o projeto de interface com o usuário, para que ele tenha uma experiência empolgante e feliz utilizando o seu software. Você também se sentirá realizado(a) devido à entrega de um projeto de ótima qualidade e que trará satisfação para o seu cliente. Pronto(a) para entrar nesse mundo de interface com o usuário?
Você já utilizou um aplicativo, software ou site e ficou chateado(a) durante a interação com esse sistema? Ou, pelo menos, achou difícil ou complicada a navegação? Então, você verá, ao longo desta lição, que os princípios para o projeto de interface com o usuário te ajudarão a fazer com que você e outras pessoas que utilizam da tecnologia não passem pela situação que você passou. Além dos problemas que já mencionei, esses princípios também resolvem algumas questões, como diminuir ou acabar com a dificuldade de encontrar informações relevantes e confusões na interação com os sistemas de computador.
Os princípios para o projeto de interface com o usuário te guiam, Técnico(a) em Desenvolvimento de Sistemas, no caminho para a melhoria da usabilidade, da acessibilidade, da consistência visual e, principalmente, da experiência do usuário. No entanto, como esses princípios podem fazer isso por você? A resposta é que eles te proporcionam diretrizes para simplificar a interface, fornecer feedbacks adequados, criar layouts intuitivos, facilitar a entrada de dados e promover a eficiência na realização de tarefas.
Por isso e por outros motivos, você verá no item “Conceitualização” desta lição o motivo pelo qual se deve seguir os princípios apresentados, pois, assim, eles asseguram uma experiência positiva para os seus usuários.
No case fictício desta lição, vou te apresentar uma situação para que você possa analisar e compreender a utilização de princípios para o projeto de interface com o usuário. Você conhecerá a empresa Fashion Express, que enfrentava problemas com a alta taxa de abandono dos carrinhos de compras virtuais dos produtos e, consequentemente, a baixa conversão de vendas no site. Você constatará que o motivo pelo qual essa situação vinha acontecendo era porque havia muita confusão na navegação e a experiência do site como um todo foi considerada confusa e pouco intuitiva pelos usuários.
Após a descoberta do motivo para a alta taxa de abandono e falta de conversão, a equipe de design do site decidiu aplicar os princípios para o projeto de interface com o usuário para resolver esse problema e melhorar a experiência do usuário. Nesse caso, a equipe se voltou principalmente às questões relativas à simplicidade, à consistência, ao feedback adequado, à navegação intuitiva e ao mobile-friendly, essa última que foi a otimização da interface para dispositivos móveis, considerando o aumento do uso de smartphones para compras on-line.
Com a implementação dessas melhorias baseadas nos princípios para o projeto de interface com o usuário, a Fashion Express observou resultados positivos, como a redução significativa da taxa de abandono do carrinho de compras do site, resultando no aumento da conversão das vendas. Outro aspecto percebido pela equipe foi a melhora na experiência geral de compra relatada a partir de feedbacks dos usuários: “Agora encontramos os produtos de maneira mais fácil, com uma navegação intuitiva e uma interface que nos proporciona confiança e eficiência” (relato de um cliente).
Após a apresentação de case fictício, que, com certeza, já aconteceu com empresas reais, em maior ou menor grau, devido à fidelidade com o mercado atual, você, Técnico(a) em Desenvolvimento de Sistemas, consegue medir o quanto a aplicação de tais princípios para o projeto de interface com o usuário podem resolver problemas e melhorar a experiência do usuário em um e-commerce, por exemplo, e em qualquer outro site, sistema ou aplicativo.
Agora, apresentarei os conceitos que te ajudarão a compreender os Princípios de interface com o usuário. Eu não poderia deixar de conceituar a principal palavra dentro desse assunto, que é interface.
Barbosa e Silva (2010) definem a interface como a parte do sistema que compreende toda a porção do sistema com a qual o usuário mantém contato físico (motor ou perceptivo) ou conceitual durante a interação. Esse contato físico pode e acontece mediante o hardware e o software utilizados durante a interação, tais como:
Teclado.
Mouse.
Joystick.
Microfone.
Caneta.
Câmera.
Agora que você entendeu o conceito de interface, eu te apresentarei alguns conceitos específicos.
No momento em que você começar o projeto de interface do seu software, você precisa lembrar que criar uma interface de qualidade requer colocar o usuário no centro do processo de design. Sendo assim, a pergunta que você deve ter em mente é: para quem esse software será feito? Vivemos em um mundo bastante diverso em relação às características e às experiências. Sendo assim, o sucesso de uma interface está diretamente ligado à capacidade de compreender as necessidades, as expectativas e os contextos dos usuários, pois, assim, você garante que as suas interações sejam efetivas, eficientes e agradáveis.
Você pode já ter visto algumas definições sobre usabilidade de sites, softwares e aplicativos de dispositivos móveis. Contudo, eu te apresentarei uma definição de Barbosa e Silva (2010) que coloca a usabilidade relacionada à facilidade de aprendizado e uso da interface, bem como a satisfação do usuário em decorrência desse uso.
Você também pode se situar na questão de usabilidade juntamente com a experiência de usuário, pois, ao definir os critérios de qualidade de software, considera-se um conjunto de atributos que se relacionam com o esforço necessário para o uso de um sistema interativo e com a avaliação individual desse uso por um conjunto específico de usuários (ISO, 1991).
Apesar de ser um assunto bem importante no desenvolvimento de software, há alguns anos, não se encontrava muitas informações sobre o assunto. Foi somente de alguns anos para cá que é possível encontrar mais facilmente materiais relacionados à acessibilidade de sistemas computacionais, sites, aplicativos etc.
Durante a interação com uma interface, o usuário emprega diversas habilidades sensoriais e cognitivas. Ele utiliza a habilidade motora para manipular os dispositivos de entrada, como teclado, mouse ou tela sensível ao toque. A visão, a audição e o tato são acionados para perceber e interpretar as respostas do sistema, que são emitidas como saída desses dispositivos. Além disso, o usuário emprega a capacidade cognitiva, de interpretação e raciocínio, para compreender, e não apenas identificar as respostas do sistema.
Segundo Barbosa e Silva (2010), a acessibilidade atribui igual importância às pessoas com e sem limitações na capacidade de movimento, percepção, cognição e aprendizado. Portanto, quando você se preocupa com esse critério em seu projeto, seja ele um software desktop, sistema web ou aplicativo para dispositivo móvel, você está permitindo que mais pessoas possam perceber, compreender e utilizar o seu sistema, conseguindo usufruir do apoio computacional oferecido por ele.
A consistência desempenha um papel fundamental no design de uma interface, pois busca estabelecer padrões visuais e de interação que são reconhecíveis e previsíveis para o usuário. Todavia, como você, Técnico(a) em Desenvolvimento de Sistemas, poderá identificar se um design de interface é consistente? Basta que você analise os elementos, como botões, ícones e cores, a fim de averiguar se eles são utilizados de maneira uniforme em diferentes partes do sistema, proporcionando uma experiência coesa e familiar.
Esse processo faz com que o usuário se sinta confortável e confiante ao utilizar a interface, reduzindo a curva de aprendizado e a necessidade de relembrar como executar determinadas ações. Além disso, a consistência contribui para a eficiência (que será mais bem explicada em um item próprio), pois os usuários podem transferir o próprio conhecimento de uma parte da interface ou módulo do sistema para outra interface em outro módulo, realizando tarefas de forma mais rápida e precisa.
Quando se fala em projetos de interface para o usuário, são cruciais os papéis que o feedback e o retorno de informações podem trazer para o usuário, porque, ao ter mecanismos para fornecer respostas claras e imediatas às ações realizadas por ele, garantindo que ele compreenda o status e o resultado das interações, você está aumentando a confiança e, principalmente, a compreensão que os usuários têm sobre como o seu projeto funciona e atua. Outros aspectos importantes do feedback e do retorno de informações são evitar erros e fornecer uma sensação de controle sobre a interface. Mensagens de confirmação, indicadores visuais e sonoros e feedbacks de erro e carregamento são exemplos muito utilizados de elementos de feedback e retorno de informações que podem (e devem) ser implementados sempre de forma clara, contextual e no momento oportuno, pois melhoram a experiência do usuário e facilitam o uso da interface.
Por que você deve buscar a eficiência dentro de um projeto de interface para o usuário e como identificar que ela existe? Sempre que você tem uma ideia ou necessidade de construir uma interface para um sistema computacional, você deve buscar sempre projetar uma interface que permita aos usuários realizar as tarefas de forma rápida, minimizando o esforço e o tempo necessário para completá-las. Isso envolve a simplificação de fluxos de trabalho complexos, a redução de etapas desnecessárias e a automação de tarefas repetitivas.
Ao otimizar a eficiência do seu projeto de interface, os seus usuários poderão realizar as atividades de maneira mais produtiva, o que resulta em uma maior satisfação e melhor aproveitamento do sistema. Além disso, essa eficiência conquistada contribui para a redução de erros. Considere sempre a eficiência como um dos princípios-chave de um bom projeto de interface para o usuário, fazendo com que ele consiga sempre alcançar os próprios objetivos de maneira eficiente dentro dos seus sistemas.
A estética e o apelo visual desempenham um papel significativo em projetos de interface para o usuário, pois uma interface bem projetada visualmente é capaz de atrair a atenção e despertar o interesse dos usuários desde o primeiro contato.
Quando se fala em estética, estou me referindo ao uso de elementos visuais, como layout, cores, tipografia (uso das fontes) e imagens, a fim de criar uma aparência agradável e harmoniosa. Além disso, uma interface com um apelo visual eficaz contribui para uma experiência envolvente e memorável, tornando a interação mais agradável para o usuário sempre com o equilíbrio entre a estética e a usabilidade, pois a interface deve ser visualmente atraente, mas também funcional e intuitiva, garantindo que elementos visuais não comprometam a compreensão e a eficácia do sistema.
Após conhecer os princípios para projeto de interface com usuário, uma boa forma de praticar e assimilar melhor a informação é realizar uma análise de interfaces existentes, selecionando uma interface já existente de um aplicativo, site ou sistema digital, e aplicar os princípios vistos nesta lição para avaliar se o foco está realmente no usuário, incluindo usabilidade, acessibilidade, consistência, feedback e retorno das informações, eficiência e estética.
Mas como, professor? Escolha uma interface e a observe em detalhes, identificando elementos de interação, como botões, menus e campos de entrada. Em seguida, você poderá avaliar se a interface atende aos princípios de usabilidade, verificando se é fácil de aprender, usar e se lembrar dos recursos disponíveis. Você pode, também, analisar a consistência visual e de interação, procurando por padrões de design que se repetem em diferentes partes da interface.
É válida, também, a análise da presença, ou não, de um feedback adequado, observando se as ações do usuário são confirmadas, se as mensagens de erro são claras e se o status das operações é comunicado de forma adequada.
Por fim, você poderá analisar a estética e o apelo visual da interface, observando a harmonia do design, a escolha das cores, a tipografia e o uso de elementos visuais atrativos.
Fazendo essas práticas, você terá a oportunidade de aplicar os conhecimentos teóricos sobre os princípios para o projeto de interface com o usuário de maneira prática, desenvolvendo as suas habilidades de análise crítica e contribuindo para o aprimoramento de interface existentes.
Deixo algumas dicas sobre sites/sistemas para você fazer essas análises:
BARBOSA, S. D. J.; SILVA, B. S. da. Interação Humano-Computador. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
ISO. ISO/IEC 9126:1991. Software engineering - Product quality. [S. l.: s. n.], 1991. Disponível em: https://www.iso.org/standard/16722.html. Acesso em: 21 ago. 2023.