Jesus manso e humilde de coração,

Vós que desde toda a eternidade habitais no coração do Pai,

Vós que, no ventre da Virgem, vos deixastes moldar um coração como o nosso,

Vós amado Filho do Pai que nos amastes com o coração de um homem,

Vós que derramastes vosso coração para a miséria dos homens e mulheres, sofrendo de corpo e alma,

Vós que viestes não para os que têm saúde, mas para os doentes,

Vós que escutastes os corações aflitos,

Vós que acolhestes aqueles que labutaram sob o peso do fardo,

Vós que os aliviastes com seu Coração manso e humilde,

Vós que mudastes o coração de pedra em um coração de carne,

Vós que permitistes que o discípulo amado repousasse em seu Coração,

Vós que permitistes que ele ouvisse as batidas do seu Coração,

Vós que nos chamastes para amar como Vós nos amais,

Vós que sofreste em vosso Coração e em vossa carne ultrajes e cusparadas, açoitamento e humilhação, o carregar a cruz e a crucificação,

Vós cujo Coração foi perfurado,

Vós que nos amastes até o fim,

Vós, o ressucitado, que na ferida do vosso lado, nos introduzistes em uma nova vida,

Vós que espalhastes pelo dom do Espírito vosso amor nos corações dos crentes,

Vós que suscitastes testemunhas do vosso amor por toda a terra,

Jesus manso e humilde de coração,

Nós, médicos de todo o mundo, queremos ir à vossa escola:

para levar-vos como nosso modelo e como nosso guia, como nosso mestre e nosso amigo, como nosso Senhor e nosso Deus, queremos extrair do vosso Coração a graça de amar como Vós nos amastes e servir nossos irmãos como Vós os servistes.

Coração de Jesus, coração que bate profundamente em nossos corações e em toda vida humana criada à sua imagem e semelhança,

Concede-nos reconhecer a dignidade de toda a vida humana, proteger e cuidar dela, aliviá-la e curá-la.

Coração de Jesus, coração que se permitiu ser moldado no coração de Maria,

Concede-nos um coração de sabedoria e inteligência que se baseie na palavra de Deus, discernimento e virtude para amar e servir.

Coração de Jesus, que trabalhou com as mãos dos homens, amou com o coração de um homem,

Concede-nos colocar a vosso serviço e dos nossos irmãos as habilidades, para buscar com um coração sincero o progresso ajustado para cuidar dos que sofrem.

o de Jesus, coração que se inclina sobre nosso coração,

Dá-nos um coração de compaixão para não nos afastarmos da miséria de nossos irmãos sofredores e para dar a alegria de servir antes de sermos servidos.

Coração de Jesus, perto de quem encontramos descanso,

Dá-nos um coração de oração para extrair do seu amor, doçura e paz, a força para seguir corajosamente a nossa missão e sabedoria para aceitar as nossas limitações humanas.

Coração de Jesus, perfurado na cruz,

Dá-nos um coração de humildade: que das nossas próprias feridas e fraquezas possamos aceitar a fragilidade dos que nos rodeiam e as atitudes adequadas para aliviá-los. Dái-nos reconhecer nossos erros e aceitar a ajuda de nossas famílias e cônjuges, nossos filhos e nossos pacientes, os cuidadores. Permita-nos prosseguir juntos na busca pelo bem comum.

Coração de Jesus, do qual brotam sangue e água,

Dá-nos um coração de sabedoria e fortaleza para colocar todos os nossos talentos e habilidades a serviço da vida eterna e da boa nova da salvação.

Coração de Jesus, sinal do amor do Pai, fonte da qual brota o Espírito

Derrama caridade em nossos corações para que, por nossas ações e palavras, possamos responder ao vosso chamado para amar, cuidar e servir nossos irmãos e irmãs doentes, encorajar, liderar e fortalecer os membros de nossas equipes e famílias de cuidados como vós nos tem servido, cuidado e amado.

Através do Coração Imaculado de Maria, nós, médicos de toda a terra, nos dedicamos ao seu Coração para em tudo amá-lo e serví-lo.

Jesus, manso e humilde de coração,

fazei do nosso coração semelhante ao vosso...

Sábado, 22 de junho, às 07:00 h (horário de Brasília), o Papa Francisco recebeu a Federação Internacional de Médicos Católicos, cujos membros vieram a Roma para a cerimônia de Consagração ao Coração Sagrado de Jesus.

DISCURSO DO SANTO PADRE FRANCISCO PARA A FEDERAÇÃO INTERNACIONAL DAS ASSOCIAÇÕES DE MÉDICOS CATÓLICOS (FIAMC), QUE SE ENCONTRA ROMA PARA CELEBRAR A CONSAGRAÇÃO AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS.

Cardeal

Sr. Presidente

Caros irmãos e irmãs!

Saúdo-o e agradeço ao Cardeal Turkson pelas suas amáveis ​​palavras. Apreciei que, neste seu encontro, vocês desejaram realizar um ato particular de consagração ao Sagrado Coração de Jesus, e asseguro-lhes minha oração para que seja frutífera para cada um de vocês. Eu gostaria de compartilhar alguns pensamentos simples com vocês.

As primeiras comunidades cristãs muitas vezes apresentavam o Senhor Jesus como um "médico", destacando a atenção constante e compassiva que ele tinha por aqueles que sofriam de todos os tipos de doenças. A missão consistia, antes de tudo, em aproximar-se dos doentes ou portadores de deficiências, especialmente por que eram desprezados e marginalizados. Dessa maneira, Jesus quebra o julgamento de condenação que muitas vezes rotulou o doente como pecador; com esta proximidade compassiva, manifesta o infinito amor de Deus Pai pelos filhos mais necessitados.

O cuidado dos doentes, portanto, aparece como uma das dimensões constitutivas da missão de Cristo; e por esta razão, permaneceu assim também na Igreja. Nos Evangelhos é evidente a forte ligação entre a pregação de Cristo e os gestos de cura que Ele realiza para com aqueles que são "atormentados por várias doenças e dores, endemoninhados, epilépticos e paralíticos", Mateus (4,24).

Igualmente importante é a maneira pela qual Jesus cuida dos doentes e dos que sofrem. Ele muitas vezes toca essas pessoas e se deixa tocar por elas, mesmo nos casos em que seria proibido. Assim ele faz, por exemplo, com a mulher que durante anos sofreu de hemorragias: Jesus se sente tocado, percebe o poder de cura que sai através dele, e quando essa pessoa confessa de joelhos o que ele fez, ele diz: “Filha, sua fé salvou. Vai em paz "(Lc 8:48).

Para Jesus, curar significa aproximar-se da pessoa, mesmo que às vezes haja quem deseje impedi-lo, como no caso do cego Bartimeu, em Jericó. Jesus o chamou e pergunta: "O que desejes que eu faça por você?" (Mc 10, 51). Pode ser surpreendente que o "médico" pergunte à pessoa que sofre o que se espera dele. Mas isso destaca o valor das palavras e do diálogo na relação de cuidado. Para Jesus, curar significa entrar em diálogo para despertar o desejo do ser humano e o doce poder do Amor de Deus, operando através do seu Filho. Porque curar significa iniciar uma jornada: um caminho de alívio, consolação, reconciliação e cura. Quando uma certa cura é dada com amor sincero pelo outro, o horizonte da pessoa que está sendo tratada é ampliado, porque o ser humano é um: é a unidade de espírito, alma e corpo. E isso é claramente visto no ministério de Jesus: Ele nunca cura uma parte, mas a pessoa inteira, integralmente. Às vezes partindo do corpo, às vezes do coração - isto é, perdoando seus pecados (veja Mc 2: 5) - mas sempre para curar tudo.

Finalmente, o cuidado de Jesus coincide em levantar a pessoa e enviar aquele que se aproximou e cuidou. Há muitos doentes que, depois de serem curados por Cristo, se tornam seus discípulos e seguidores.

Portanto, Jesus se aproxima, cuida, cura, reconcilia, chama e envia: como podemos ver, Jesus se aproxima das pessoas oprimidas por enfermidades com um relacionamento pessoal, rico, não mecânico e não distante do enfermo.

Portanto, Jesus se aproxima, cuida, cura, reconcilia, chama e envia: como podemos ver, aquele que tem pessoas oprimidas por enfermidades e enfermidades é um relacionamento pessoal, rico, não mecânico e não distante para ele.

E é a esta escola de Jesus médico e irmão do sofrimento que vocês são chamados médicos, crentes Nele, membros de sua Igreja. Chamado para torná-lo perto daqueles que estão passando por provações por causa da doença.

Vocês são chamados a cuidar com delicadeza e respeito pela dignidade e integridade física e mental das pessoas.

Vocês são chamados a ouvir atentamente, a responder com palavras adequadas, que acompanham os gestos de cuidado, tornando-os mais humanos e, portanto, também mais eficazes.

Vocês são chamados a encorajar, consolar, elevar, dar esperança. Não se pode ser curado e curado sem esperança; Nisto somos todos carentes e gratos a Deus, que nos dá esperança. Mas também grato aos que trabalham na pesquisa médica.

Nos últimos cem anos, o progresso foi enorme. Existem novas terapias e inúmeros tratamentos sendo testados. Todas essas curas eram impensáveis ​​em gerações passadas. Podemos e devemos aliviar o sofrimento e educar todos para se tornarem mais responsáveis ​​pela sua saúde e pela saúde dos vizinhos e parentes. Devemos lembrar também que a cura significa respeitar o dom da vida desde o início até o fim. Nós não somos os donos: a vida é confiada a nós, e cuidar com delicadeza e respeito pela dignidade e integridade física e mental das pessoas.

A vossa missão é ao mesmo tempo um testemunho da humanidade, um modo privilegiado de mostrar, de nos fazer sentir que Deus, nosso Pai, cuida de cada pessoa, sem distinção. Para isso, ele também quer usar nosso conhecimento, nossas mãos e nosso coração, para curar e curar todo ser humano, porque ele quer dar vida e amor a todos.

Isso exige competência, paciência, força espiritual e solidariedade fraterna. O estilo de um médico católico combina profissionalismo com a capacidade de colaboração e rigor ético. E tudo isso beneficia tanto os doentes quanto o ambiente em que você trabalha. Muitas vezes - como sabemos - a qualidade de um departamento é dada não tanto pela riqueza do equipamento com o qual está equipado, mas pelo nível de profissionalismo e humanidade do primário e da equipe médica. Vemos isso todos os dias, tantas pessoas simples que vão ao hospital: "Eu gostaria de ir ao médico, àquele médico - Por quê? - Porque sentem a proximidade, sentem a dedicação ".

Ao renovando-se continuamente, referindo-se e alimentando-se das fontes da Palavra de Deus e dos Sacramentos, o médico poderá cumprir bem a sua missão. O Espírito Santo lhe dará o dom do discernimento para enfrentar situações delicadas e complexas e comunicar as palavras certas da maneira correta e o silêncio justo no momento justo.

Queridos irmãos e irmãs, sei que vocês já fazem isso, mas peço que rezem por aqueles estão sob os vosso cuidados e pelos vossos colegas colaboradores. Não esqueça de rezar por mim também. Obrigado

Franciscus

Cidade do Vaticano

22 de junho de 2019