A história da educação dos surdos está marcada por um momento sem precedentes: o Congresso de Milão. Esse evento foi um divisor de águas e contribui para o estabelecimento de um mito que, nos tempos atuais, permanece vivo no pensamento de muitos professores de surdos, fonoaudiólogos e familiares: a ideia de que a Língua de Sinais dificulta e/ou impede a aprendizagem da língua oral.
De acordo com Skliar (1997) e Sacks (1998), o Congresso Internacional de Educadores de Surdos, realizado em 1880, na cidade de Milão, na Itália, foi um marco na vida dos surdos, um “holocausto linguístico” que silenciou os surdos por mais de cem anos, provocando na comunidade surda um retrocesso acadêmico. Na escola para surdos, o ensino das disciplinas escolares – como História, Geografia e Matemática – deixou de ser o objetivo central do currículo, e “com isso houve uma queda no nível de escolarização dos surdos” (GOLDFELD, 1997, p. 28). A prática pedagógica reduziu-se ao ensino da língua oral. As aulas se voltaram às técnicas de treinamento oral, com vistas à reabilitação do aluno surdo. Essa prática excluiu o aluno surdo do sistema escolar, limitando-lhe o aprendizado dos conteúdos escolares.
No referido Congresso, educadores e pesquisadores de destaque da época, como Alexandre Graham Bell, votaram pela proibição da Língua de Sinais e “[...] os próprios surdos foram excluídos da votação” (SACKS, 1998, p. 40). É importante salientar que, naquela época, os professores surdos representavam aproximadamente 50% do quadro de docentes das escolas de surdos da Europa.
A escolha do método oral para educar as crianças surdas foi motivada por fatores linguísticos, filosóficos e religiosos. Como explica Skliar (1997, p. 109), as questões educacionais não foram determinantes na argumentação para a escolha do método de ensino mais adequado aos surdos.
[...] a Itália ingressava um projeto geral de alfabetização e, deste modo, se tentava eliminar um fator de desvio linguístico – a língua de sinais –, obrigando também as crianças surdas a usar a língua de todos; por outra parte, o Congresso legitimava a concepção aristotélica dominante, isto é, a ideia da superioridade do mundo das ideias, da abstração e da razão – representado pela palavra – em oposição ao mundo do concreto e do material – representado pelo gesto –; por último, os educadores religiosos justificavam a escolha oralista, pois se relacionava com a possibilidade confessional dos alunos surdos [...].
A primeira escola para surdos no Brasil foi fundada em 1857 (data anterior ao Congresso de Milão), na cidade do Rio de Janeiro, e recebeu o nome de Instituto Nacional de Surdos-mudos, atual Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES).
O professor surdo francês Ernest Huet veio ao Brasil com o propósito de ensinar crianças surdas. Ele utilizava a Língua de Sinais e ensinava outras disciplinas do currículo.
O Brasil, sintonizado com a tendência mundial estabelecida a partir do Congresso de Milão, em 1911, impôs o oralismo como a metodologia para o ensino das crianças surdas brasileiras. O método oral adotado possuía caráter clínico e buscava a reabilitação oral. Para que a reabilitação oral fosse bem-sucedida, era necessário: detectar precocemente a surdez e intervir no caso; usar protetização com o aparelho auditivo, de acordo com a perda auditiva da criança; orientar os pais a oferecerem experiências linguísticas orais aos filhos; tratar com o fonoaudiólogo o trabalho com a comunicação oral.
De acordo com Reis (1997), a Língua de Sinais, mesmo sendo proibida oficialmente, nunca deixou de ser usada pelos alunos surdos nos banheiros, pátios e corredores da escola, longe do olhar dos professores.
Figura 1: Língua de Sinais
A partir da década de 1960, o pesquisador americano Willian Stokoe publicou um artigo que tratava da estrutura da Língua de Sinais americana (ASL) e do sistema de comunicação visual, mostrando que ASL era uma língua tal qual as línguas orais.
Os baixos índices de aprendizagem dos surdos motivaram discussões acerca de outras formas de comunicação para esse grupo de alunos. Como alternativa ao oralismo, surgiu a filosofia da “Comunicação Total”. Nessa linha filosófica, como escreve Goldfeld (1997, p. 29), são utilizadas “[...] todas as formas de comunicação possíveis na educação de surdos, por acreditar que a comunicação e não a língua deve ser privilegiada”.
Na Comunicação Total, a Língua de Sinais não é vista como característica natural da comunidade surda. Ela é posta como um recurso linguístico, uma estratégia para a comunicação, e não como uma língua verdadeira, com todos os componentes linguísticos que descrevem uma língua legítima.
Por volta das décadas de 1980 e 1990, surge o bilinguismo na educação de surdos, que traz em seu bojo o conceito de comunidade surda, como explica Goldfeld (1997, p. 39):
O bilinguismo tem como pressuposto básico que o surdo deve ser Bilíngue, ou seja, deve adquirir como língua materna a língua de sinais que é considerada a língua natural dos surdos e, como segunda língua, a língua oficial de seu país. [...] O conceito mais importante que a filosofia Bilíngue traz é de que os surdos formam uma comunidade, com cultura e língua próprias.
A filosofia bilíngue não exclui o aprendizado da modalidade oral da língua, simplesmente a oralidade deixa de ser o único objetivo a ser perseguido. Por essa concepção, entende-se que o aluno surdo não precisa dominar a oralidade para ser inserido na escola e aprender os conteúdos formais.
As três filosofias educacionais descritas se alternaram na condução da educação dos surdos e abordaram a aquisição da linguagem de formas diferentes. É preciso considerar que, mesmo tendo um tempo datado, as três abordagens não são sequenciais e uma não superou a outra.
Na contemporaneidade, a abordagem oralista ganhou força em função dos avanços tecnológicos e das consequentes possibilidades que os aparelhos de amplificação sonora individual (AASI) e as próteses de implante coclear disponibilizaram para o surdo comunicar-se oralmente. Segundo Lichtig et al. (2003, p. 1-2), o implante coclear “[...] é um dispositivo eletrônico que busca desempenhar a função das células ciliadas, fornecendo a estimulação elétrica às células ganglionares espirais remanescentes no nervo auditivo da cóclea”. O implante coclear não é recomendado para todos os surdos e os candidatos ao implante são submetidos a um processo de avaliação demorado, realizado por uma equipe multiprofissional, para avaliar as possibilidades ou não de receber o implante. Há controvérsias entre a comunidade surda, que luta pelo direito de permanecer surda, com a sua língua e cultura preservadas, e a comunidade ouvinte, que vê no implante coclear a possibilidade de o surdo desenvolver a oralidade e “deixar de ser surdo”.
Capovilla et al. (2001, p. 1536) mostra que, nos Estados Unidos,
[...] apesar da falta de dados, a indústria argumenta que, para o Estado e a sociedade, em vez de continuar usando os recursos públicos do orçamento para custear as consequências da surdez, seria mais eficaz custear programas de implante coclear que atacariam a origem do problema, ou seja, a própria surdez.
Figura 2: Implante coclear
No Brasil, vem crescendo o número de surdos implantados. A possibilidade de realizar a cirurgia gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e a promessa de acabar com a surdez fizeram aumentar a procura pelo implante coclear, mesmo diante dos riscos do processo cirúrgico.
Quanto à Filosofia da Comunicação Total, esta se mostra presente na prática pedagógica dos professores de surdos, quando utilizam a Língua de Sinais apenas como uma estratégia de ensino, com o objetivo de a criança surda adquirir a Língua Portuguesa.
A filosofia bilíngue encontra adesão de muitas escolas para surdos, mas tais escolas seguem as mesmas estratégias de ensino usadas para alunos ouvintes, desconsiderando aspectos da cultura surda presentes na escola, em função do uso da Língua de Sinais. Para Fernandes (2003, p. 120), a educação bilíngue precisa ser alicerçada:
em diretrizes que priorizem uma pedagogia para surdos na educação linguística, na composição curricular, no envolvimento da comunidade surda na proposta curricular, na participação efetiva de profissionais surdos no processo educacional, no distanciamento de modelos clínicos que submeteram o acesso ao conhecimento ao domínio da oralidade [...].
Assumir uma escola para surdos ou uma escola comum, com alunos surdos incluídos, tendo uma proposta bilíngue, ainda é um desafio a ser superado.
Fonte: a autora
De acordo com Sander (2008, p. 32-33):
Ao nascer, já nos primeiros meses de vida, a criança ouvinte, por meio das suas relações sociais mediadas pela linguagem, entra no mundo do conhecimento. A criança surda, por apresentar a privação do sentido da audição, decorrente da surdez, não consegue receber as informações sonoras disponíveis no meio social, especialmente a criança surda que tem surdez pré-linguística e não teve nenhuma experiência com a língua falada. Essa criança necessita ser imersa o mais precocemente possível em ambientes linguísticos onde a língua de sinais seja a língua de comunicação empregada. Além de interlocutores adultos usuários da língua de sinais, a criança precisa conviver com pares da mesma idade para brincar e soltar a imaginação, a fantasia e o faz-de-conta usando a sua língua natural, pois assim ela terá possibilidades de adquirir o conhecimento.
Sacks (1998) pontua que poucos surdos são filhos de pais surdos usuários da Língua de Sinais e, desde cedo, recebem informações cotidianas em Língua de Sinais, o que garante um desenvolvimento adequado de linguagem.
Aprender a falar exige um trabalho de reabilitação intenso e Sacks (1998, p. 43) argumenta afirmando que “as pessoas profundamente surdas não mostram em absoluto nenhuma inclinação inata para falar. Falar é uma habilidade que tem de ser ensinada a elas, e constitui um trabalho de anos [...]”.
Durante um período da história, a pessoa surda foi descrita com características negativas. Alguns autores afirmavam que as pessoas surdas mostravam um aprendizado lento e que, no processo de ensino e aprendizagem, necessitavam de material concreto e muita repetição para aprender, era indicado frequentarem dois anos a mesma série escolar e, frequentemente, eram descritas como: nervosas, agitadas, antissociais. Na atualidade, os surdos que apresentam tais características, na maioria das vezes, é porque não conseguem se comunicar.
Sacks (1998, p. 130) escreve que “a surdez em si não é o infortúnio; o infortúnio sobrevém com o colapso da comunicação e da linguagem”. Crianças surdas necessitam do contato o mais cedo possível com usuários da Língua de Sinais.
Luria e Yudovich (1987) consideram a linguagem como fundamental para o desenvolvimento.
A linguagem, que encerra a experiência de gerações, ou da humanidade, falando num sentido mais amplo, intervém no processo do desenvolvimento da criança desde os primeiros meses de vida. Ao nomear os objetos e definir, assim, as suas associações e relações, o adulto cria novas formas de reflexão da realidade na criança, incomparavelmente mais profundas e complexas do que as que ela poderia formar através da experiência individual. Todo esse processo da transmissão do saber e da formação de conceitos, que é a maneira básica com que o adulto influi na criança, constitui o processo central do desenvolvimento intelectual infantil (LURIA; YUDOVICH, 1987, p. 11).
Os referidos autores investigaram os gêmeos Yura e Liosha, que apresentavam atraso no desenvolvimento de linguagem. Na creche, eles foram separados de turma. O objetivo da separação foi desafiá-los a interagir com outras crianças. Quando estavam na mesma classe, não se relacionavam com as demais crianças, ficavam próximos um do outro e se ajudavam em situações de comunicação.
Luria e Yudovich (1987, p. 30) informam:
Até os dois anos de idade, os gêmeos não falaram absolutamente nada; com um ano e meio só diziam “mamãe” e “papai”. Aos quatro anos, sua linguagem consistia num pequeno número de sons pobremente distinguidos, que empregavam no brinquedo e na comunicação.
As crianças eram os caçulas dos sete filhos de uma família e tinham contato com livros “[...] Apesar de tudo, não aparentavam retardamento. Eram bons, alegres, enérgicos, travessos, abertos e carinhosos. Seus movimentos eram bastante rítmicos e vivos e mostravam harmonia” (LURIA; YUDOVICH, 1987, p. 31).
Nos primeiros dez meses de pesquisa, os pesquisadores constataram melhora significativa na tentativa de interação verbal das crianças. A separação de Yura e Liosha provocou neles a necessidade de falar com outras pessoas, e só a comunicação não verbal não era suficiente para o entendimento dos colegas pertencentes ao grupo.
A necessidade de comunicação para participar das brincadeiras levou-os a interagir com o grupo.
Sander (2008, p. 35) afirma que “um dos gêmeos, o Yura, considerado o mais fraco, recebeu um programa de ensino que tinha como objetivo desenvolver a linguagem de forma adequada”. A criança recebeu um treinamento verbal intensivo e “[...] após dez meses de instrução, a comunicação verbal da criança passou a ter outra forma” (LURIA; YUDOVICH, 1987, p. 51).
O trabalho intensivo com a linguagem aplicado com Yura mostrou bons resultados já no terceiro mês de experiência, deixando-o à frente do irmão em relação à linguagem narrativa.
Luria e Yudovich (1987, p. 55) relatam que:
Com dez meses de experiência, aparecia em ambos os gêmeos a linguagem narrativa, mas o gêmeo A, que tinha sido reeducado, começa agora a adquirir formas complexas de linguagem narrativa, não vinculadas à situação imediata. Enquanto que, no gêmeo de controle B, a linguagem narrativa continuava ligada mais intimamente à situação imediata e, normalmente, não se separa dela.
Com a conclusão dessa pesquisa, Luria e Yudovich (1987, p. 80) mostram que a linguagem é determinante na formação intelectual: “[...] os meninos agora encontravam-se em condições de distanciar-se da situação imediata e de subordinar a sua atividade a um projeto formulado verbalmente, estabelecendo assim uma relação nova com essa situação”.
A pesquisa evidencia a importância da mediação à necessidade dos gêmeos relacionarem-se com o grupo, de modo a comunicar-se com os colegas e serem compreendidos por eles.
De acordo com Sander (2008, p. 37):
A norma imposta na nossa sociedade é a de ouvir e falar. Até o final da década de 1980 os alunos surdos que não conseguiam adquirir essas habilidades eram obrigados a transitar em um mundo com menores possibilidades, tanto sociais quanto acadêmicas. O insucesso escolar recaía sobre o surdo e não se consideravam as condições linguísticas que lhe eram ofertadas.
Contrariando o que tinha dito até a década de 1920 sobre a educação dos surdos, Vygotsky (1997, p. 353) escreve, na década de 1930, que:
os estudos psicológicos (experimentais e clínicos) demonstram concordar que, no estado atual da pedagogia dos surdos, a poliglossia (domínio de diferentes formas de linguagem) constitui o caminho que não se pode evitar é mais frutífero para o desenvolvimento linguístico e a educação da criança surda.
O autor não defende o oralismo puro nem a Língua de Sinais, ele apenas propôs o uso de diversas linguagens ao aluno surdo, entre as quais essa língua aparece com destaque.
Vygotsky (1997) argumenta que as leis do desenvolvimento são iguais para todas as crianças, pontuando que naquelas com deficiência existem peculiaridades na organização sociopsicológica que requerem do professor a busca por caminhos alternativos e recursos especiais de ensino.
Figura 3: Professor e aluno com surdez
Não é o déficit em si que traça o destino da criança. Esse “destino” é construído pelo modo como a deficiência é significada, pelas formas de cuidado e educação recebidas pela criança, enfim, pelas experiências que lhe são propiciadas.
Fonte: Góes (2002, p. 99).
Para uma criança que nunca ouviu, não viveu a experiência da percepção auditiva do som, o silêncio não é “penoso”.
Segundo Sacks (1998, p. 45):
Devido a uma mutação, um gene recessivo vingou por 250 anos na ilha de Martha’s Vineyard, Massachussets, a partir da chegada dos primeiros colonizadores surdos na década de 1960. [...] a incidência de surdez aumentara para uma em cada quatro pessoas. Em resposta a essa situação, toda a comunidade aprendeu a língua de sinais, havendo livre comunicação entre surdos e ouvintes.
Vygotsky (2002) assegura que a escola tem uma função importante na vida da criança e ainda observa que a criança, antes de vir para a escola, traz conhecimentos a respeito das diversas disciplinas trabalhadas nesse ambiente, porém esses conhecimentos são empíricos e, só a partir do seu ingresso na escola, ela passa a lidar com outro tipo de conhecimento, o científico.
Para Smolka e Nogueira (2002, p. 78-79), a escola é “[...] um lugar institucional, a qual é atribuída uma função específica, de instruir, de trabalhar o conhecimento historicamente produzido, de possibilitar a participação das crianças nesse processo de produção”. Portanto, a escola tem a função de transformar os conhecimentos cotidianos em científicos.
Já foi confirmado por diversos autores (SACKS, 1998; SKLIAR, 1997, 1998; LACERDA, 2006; CAPOVILLA, 2008) que as crianças surdas possuem o mesmo nível de inteligência das crianças ouvintes, porém é necessário que elas tenham acesso ao conhecimento por meio de uma língua visual. A surdez deverá marcar apenas a necessidade de utilizar recursos diferenciados de ensino para o aluno surdo e não configurar-se como um empecilho ao seu aprendizado.
Figura 4: Libras – um idioma que se vê / Fonte: Sellani − Ilustrador Surdo (2008).
As línguas de sinais são percebidas e emitidas diferentemente das línguas orais, que são de modalidade oral auditiva, portanto percebidas auditivamente e construídas e emitidas oralmente, enquanto as línguas de sinais são da modalidade gestual-visual, articulam-se espacialmente e são percebidas de forma visual. As línguas de sinais apresentam regras gramaticais que as tornam línguas verdadeiras e possíveis de serem estudadas.
Segundo Quadros e Karnopp (2004), muitas pessoas pensam que as Línguas de Sinais são universais, mas, na realidade, cada país tem a sua organização da Língua de Sinais e, como a língua oral, tais línguas se associam aos aspectos culturais de cada país.
Essa concepção ainda faz parte do senso comum. As pessoas normalmente perguntam se as Línguas de Sinais não são universais. Há quem questione por que as Línguas de Sinais não são universais, como se esse fato fosse óbvio. Pode-se contrapor tal concepção, argumentando que as mesmas razões que explicam as línguas faladas se aplicam à diversidade das Línguas de Sinais. Portanto, cada país apresenta a sua respectiva Língua de Sinais.
Fonte: Quadros e Karnopp (2004, p. 33).
Outro entendimento proveniente do senso comum é que as línguas de sinais só podem transmitir informações concretas. Isso não é um fato. Pouquíssimos sinais que compõem a LIBRAS são icônicos, isto é, mantêm uma relação de semelhança com o dado da realidade a que se referem. Na grande maioria, os sinais são arbitrários, ou seja, convencionados pelos seus usuários. Os sinais arbitrários que compõem a Língua de Sinais são ferramentas competentes para veicular qualquer ideia, da mais elementar a mais complexa.
Figura 5: Alfabeto Libras
Figura 5 - Alfabeto Libras
Fonte: NOGUEIRA; CARNEIRO; SOARES (2017, p. 113).
No Brasil, a Língua de Sinais passou a ser uma língua oficial em 2002, por força da Lei Federal n.º 10.436, cuja regulamentação ocorreu com o Decreto n.º 5626/05.
A criação dessa Lei e sua regulamentação trouxeram inúmeros benefícios para a comunidade surda, em especial no âmbito escolar. Tais medidas oficiais garantem que a LIBRAS faça parte do currículo dos cursos de formação de professores, tanto em nível médio como em nível superior, e ainda do curso de fonoaudiologia. Dessa forma, fica assegurada a formação de profissionais capazes de entender as especificidades linguísticas e educacionais de alunos surdos, embora o cumprimento de tal determinação legal não assegure que o aluno que cursar a referida disciplina venha, necessariamente, a se tornar bilíngue. Quadros (2006, p. 24) observa:
[...] Os professores que tiverem tido a disciplina de língua de sinais na graduação possivelmente não serão fluentes na LIBRAS para ministrar aula diretamente nessa língua, mas já terão desconstruído alguns dos mitos sobre os surdos e sua língua.
É importante que diferentes profissionais da educação tenham conhecimento sobre a LIBRAS para orientar os pais quanto à sua importância e todas as possibilidades de desenvolvimento do aluno surdo.
De acordo com o IBGE, há 2,3 milhões de pessoas com algum grau de surdez no Brasil.
Para aprimorar seus conhecimentos, leia o texto na íntegra. Acesse aqui: agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/31445-pns-2019-pais-tem-17-3-milhoes-de-pessoas-com-algum-tipo-de-deficiencia
Fonte: IBGE (2021, on-line). Acesso em: 28 de mar. 2023.