COVID:19: A Pandemia e seus impactos no mercado de Engenharia

Por: Weslley Matheus de Oliveira

O mês é maio, o ano 2020. E se há seis meses atrás alguém descrevesse o cenário global de hoje, dificilmente seria levado a sério. Lojas e fronteiras? Fechadas. Empresas e governos? Em crise. O mercado e as pessoas? Com medo. Incerteza se tornou palavra-chave no planeta inteiro. Assim como pandemia, isolamento social e coronavírus. Não seria nada difícil passar o restante deste texto falando sobre a desafiadora – para dizer o mínimo – situação que a Covid-19 tem imposto às nossas instituições e sociedade como um todo. Contudo, nosso foco aqui é trazer luz a um ponto especifico e talvez um tanto menos badalado na mídia: Quais serão, e estão sendo, os impactos desta pandemia para o mercado da engenharia?

Ao passo que lanço essa pergunta, admito que sua resposta não é tão imprevisível – um cenário com projeções de severo encolhimento da economia global não deixa muito espaço para otimismo. Todavia, ao menos no contexto da engenharia, esse pensamento reflete o esperado para o curto prazo, mas em uma perspectiva de longo, e talvez médio, prazo, é razoável manter expectativas positivas para recuperação.

O que temos visto no contexto das necessárias medidas sanitárias adotadas para a contenção da Covid-19 – e que, muito provavelmente, continuaremos a ver no curto prazo – é uma acentuada desaceleração das indústrias, seja por causa das reduções e/ou restrições da força de trabalho, problemas nas cadeias de suprimento e distribuição ou da falta de demanda. Então, como existe uma significativa dependência, seja direta ou indireta, de várias áreas da engenharia da atuação das indústrias, o que vemos como resultado é um desaquecimento geral, sendo, mesmo para áreas com menores impactos diretos, impossível não ser afetado pelas impressionantes mudanças no contexto.

Vale também dizer que este será um período especialmente difícil para as pequenas e médias empresas, que possivelmente não têm capital suficiente para passar por este período com poucas oportunidades de negócio. O que não é o caso das grandes empresas, com mais recursos para resistir à crise, tendo em geral, melhores perspectivas.

Falando agora do médio prazo, aqui é onde, do ponto de vista de vários especialistas, a palavra incerteza tem a maior força sobre a situação do mercado, pois não há como saber de que forma as pequenas e médias empresas sairão da crise. Para as grandes empresas, no entanto, esse deverá ser um momento de, talvez tímida, retomada. Não é de se esperar grande confiança do mercado neste período.

Em vista dos grandes desafios – e grandes percas – enfrentados por muitos neste momento, muitos dos olhares sobre o longo prazo mostram um panorama positivo. 2019 foi um ano de crescimento no mercado nacional, pode-se esperar um retorno para esse ritmo de negócios dado o tempo suficiente para o mercado passar pelas consequências da pandemia. As diversas áreas da engenharia têm um papel importante na geração de empregos e retomada econômica, sendo assim, não seria assustador pensar em incentivos do governo para o setor.

A crise causada pela pandemia global está sendo um golpe duro para o mercado e a economia global, sendo muito difícil considerar um cenário sem consequências severas de curto e médio prazo para a maioria dos governos e empresas. É no longo prazo, então, que se vê hoje a possibilidade mais realista de retomada completa da economia.

Apesar de todos os pesares, as áreas de tecnologia e inovação estão vivendo um momento onde se espera delas grandes coisas, talvez não em crescimento econômico, mas com certeza em soluções e respostas para as diversas adversidades vividas por todos nestes dias de poucas certezas. Desafios sempre foram o combustível para a engenharia, e não há porque ser diferente desta vez, a confiança de todos é o que nos faz ver nosso papel, não em esperar as respostas, mas sim em criá-las nós mesmos.

REFERÊNCIAS

ZOGBI, Paula. Construção civil sofre efeitos do coronavírus, mas analistas veem luz no fim do túnel. InfoMoney, 31 de março de 2020. Disponível em: <https://www.infomoney.com.br/mercados/construcao-civil-sofre-efeitos-do-coronavirus-mas-analistas-veem-luz-no-fim-do-tunel/>. Acesso em 3 de maio de 2020.

IAQUINTA, Rodrigo Ferrari. Os impactos do coronavírus na construção civil. Estadão, 14 de abril de 2020. Disponível em: <https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/os-impactos-do-coronavirus-na-construcao-civil/>. Acesso em 3 de maio de 2020.

POSICIONAMENTO INSTITUTO DE ENGENHARIA NA COVID-19. Instituto de Engenharia, 27 de abril de 2020. Disponível em: <https://www.institutodeengenharia.org.br/site/2020/04/27/posicionamento-instituto-de-engenharia-na-covid-1/>. Acesso em 3 de maio de 2020.

PARADA, Javier. COVID-19’s impact on the engineering & construction sector. Deloitte, 1 de abril de 2020. Disponível em: <https://www2.deloitte.com/global/en/pages/about-deloitte/articles/covid-19/understanding-the-sector-impact-of-covid-19--engineering---const.html>. Acesso em 3 de maio de 2020.

COVID-19: WHAT IT MEANS FOR ENGINEERING AND CONSTRUCTION. PwC, c2020. Disponível em: <https://www.pwc.com/us/en/library/covid-19/coronavirus-impacts-engineering-construction.html>. Acesso em 3 de maio de 2020.