Mensagem de um pensador
Por: Mateus Lima Barros
Por: Mateus Lima Barros
Estamos diante de uma das maiores pandemias da história, provocada por uma nova doença, o COVID-19, gerada pelo Sars-CoV-2, um vírus com alta capacidade de transmissão. E, por ainda não haver nenhuma medicação eficaz contra esse vírus, o isolamento social tornou-se um dos principais meios seguros de prevenção, como recomenda a Organização Mundial (OMS).
Devido a essa situação, houve mudanças bruscas na rotina de milhões de pessoas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, como a suspensão de atividades em vários setores econômicos e educacionais.
Na questão do ensino, como alternativa emergencial, para buscar minimizar os atrasos no calendário letivo, diversas escolas e universidades começaram a aderir ao uso de mecanismos digitais para produzir aulas e tarefas on-line. Esse meio alternativo de ensino, porém, gera inúmeros debates a respeito da qualidade e efetividade conteúdo produzido. Observa-se a redução no nível de concentração do aluno e falta de experiência de alguns professores com essa metodologia de ensino.
O principal ponto a ser considerado, contudo, trata-se da exclusão de diversos estudantes no Brasil, já que há indivíduos que não possuem as ferramentas necessárias para realizarem o estudo de forma virtual; ou por não possuírem aparelhos eletrônicos (principalmente computador pessoal); ou pelo fato de não haver, nas suas residências, acesso à internet. Tal fato evidencia o enorme quadro de desigualdade social, ainda presente, no Brasil.
Como exemplo, uma pesquisa divulgada em 2018, pelo Comitê Gestor da Internet, aponta que mais de 1/3 da população brasileira sofre com a denominada “exclusão digital”, com 39% dos domicílios não tendo internet disponível. Este índice, porém, pode chegar aos 70% se considerarmos somente as classes D e E.
Dessa forma, por um lado, as aulas on-line parecem ser uma boa opção para diminuir as atuais demandas educacionais decorrentes do isolamento social. Entretanto, por outro lado, mesmo na chamada Era Digital, o caminho técnico escolhido pode prejudicar muitos estudantes, visto a nítida desigualdade digital presente no Brasil.
É evidente, portanto, a necessidade de se reanalisar a proposta até então sugerida por tais instituições de ensino. Assim, a busca por alternativas hábeis ao ensino, na modalidade à distância, deve ser incentivada, mas de tal modo que considere a população mais desfavorecida. Visando-se, assim, diminuir os impactos da exclusão digital, que nesse momento acarreta, também, em um novo modelo de exclusão educacional.
REFERÊNCIAS
MELLO, Daniel. Mais de um terço dos domicílios não tem acesso à internet. Agência Brasil, São Paulo, 24 de julho de 2018. Disponível em : https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-07/mais-de-um-terco-dos-domicilios-brasileiros-nao-tem-acesso-internet. Acesso em 26 de abril de 2020.