Gestão pode ser definida como uma ação que busca manter as relações sinérgicas entre pessoas, organizações estruturas organizacionais e os recursos existentes.
No âmbito do gerenciamento de riscos, a gestão envolve as atividades coordenadas para direcionar e controlar uma organização em relação ao risco (ABNT, 2009a).
O gerenciamento de riscos tem por objetivos o aumento da ocorrência da probabilidade e do impacto dos eventos positivos; e, a redução da probabilidade e o impacto dos eventos negativos no projeto, processo, organização e na saúde do trabalhador.
A ABNT ISO 73:2009, além de fornecer as definições utilizadas no gerenciamento de risco, incentiva uma compreensão das atividades relacionadas à gestão de riscos e à padronização de termos na gestão de riscos em processos e atividades.
O gerenciamento de riscos é específico da aplicação. Em algumas circunstâncias, pode ser necessário complementar o vocabulário deste Guia. Onde os termos relacionados ao gerenciamento de risco são usados em um padrão, é imperativo que seus significados pretendidos no contexto do padrão não sejam mal interpretados, mal interpretados ou mal utilizados (ABNT, 2009a).
A ABNT ISO 73:2009 é um guia genérico e é compilado para abranger o campo geral de gerenciamento de riscos, sendo os termos organizados relacionados ou relativos:
• Ao risco.
• À gestão de risco.
• Ao processo de gestão de riscos.
• À comunicação e à consulta.
• Ao contexto.
• À avaliação dos riscos.
• A identificação de risco.
• À análise de risco.
• À avaliação de risco.
• Ao tratamento de risco.
• Ao monitoramento e à medição.
A gestão de risco segue a partir de um processo de priorização, onde os riscos com a maior perda (ou impacto) e maior probabilidade de ocorrência são tratados primeiro e os riscos com menor probabilidade de ocorrência e menor perda são tratados em ordem decrescente.
Na prática, equilibrar o processo de avaliação do risco e os recursos utilizados para mitigar os riscos com uma alta probabilidade de ocorrência pode ser difícil, e a comparação da menor perda versus um risco com perda elevada, ou a menor probabilidade de ocorrência, pode ser mal processada.
O gerenciamento ideal de risco minimiza os gastos (ou mão de obra ou outros recursos) e também minimiza os efeitos negativos dos riscos.
Aplicar os recursos destinados ao gerenciamento de riscos em outras áreas vistas como mais lucrativas nem sempre é o melhor negócio.
Fonte: os autores.
Termos Utilizados em Gerenciamento de Riscos
A partir da ABNT (2009a), entre os principais termos utilizados, destacamos:
• Estrutura de gerenciamento de riscos: conjunto de componentes que fornecem as bases e os arranjos organizacionais para a concepção, implementação, monitoramento, revisão e melhoria contínua do gerenciamento de riscos em toda a organização.
• Política de gestão de risco: declaração das intenções gerais e direção de uma organização relacionada ao gerenciamento de riscos.
• Plano de gestão de riscos: esquema dentro da estrutura de gerenciamento de riscos especificando a abordagem, os componentes de gerenciamento e recursos a serem aplicados à gestão de risco.
• Processo de gerenciamento de risco: aplicação sistemática de políticas, procedimentos e práticas de gestão para as atividades de comunicação, consultoria, estabelecimento do contexto e identificação, análise, avaliação, tratamento, monitoramento e revisão do risco.
• Contexto externo: ambiente externo em que a organização busca alcançar seus objetivos:
• O ambiente cultural, social, político, jurídico, regulamentar, financeiro, tecnológico, econômico, natural e competitivo, seja internacional, nacional, regional ou local.
• Principais impulsionadores e tendências que tenham impacto nos objetivos da organização.
• Relações com o contexto externo, e percepções e valores de partes interessadas externas.
• Contexto interno: ambiente interno em que a organização busca alcançar seus objetivos:
• Governança, estrutura organizacional, funções e responsabilidades.
• Políticas, objetivos e estratégias que estão em vigor para alcançá-los.
• As capacidades, entendidas em termos de recursos e conhecimentos (por exemplo, capital, tempo, pessoas, processos, sistemas e tecnologias).
• Sistemas de informação, fluxos de informação e processos de tomada de decisão (tanto formal como informal).
• Relações com o contexto interno, e percepções e valores de stakeholders internos.
• A cultura da organização.
• Padrões, diretrizes e modelos adotados pela organização.
• Forma e extensão das relações contratuais.
• Critérios de risco: termos de referência contra os quais o valor de um risco é avaliado. Os critérios de risco são baseados em objetivos organizacionais e externo e contexto interno, podendo ser derivados de padrões, leis, políticas e outros requisitos.
• Tratamento de risco: processo para modificar o risco. O tratamento de risco pode envolver:
• Evitar o risco, decidir não iniciar ou continuar com a atividade que origina o risco.
• Assumir ou aumentar o risco para prosseguir uma oportunidade.
• Remover a fonte de risco.
• Alterar a probabilidade.
• Alterar as consequências.
• Compartilhar o risco com outra parte ou partes [incluindo contratos e financiamento de risco.
• Mantendo o risco por decisão informada.
Tratamentos de risco que lidam com consequências negativas, às vezes, são chamados de “mitigação de risco”, “eliminação de risco”, “prevenção de riscos” e “redução de risco”. O tratamento de risco pode criar novos riscos ou modificar os riscos existentes.
• Prevenção de riscos: decisão informada de não se envolver ou retirar uma atividade para não ser exposta a um risco particular. A prevenção de riscos pode ser baseada no resultado da avaliação de risco e/ou obrigações legais e regulamentares.
• Reveja: atividade empreendida para determinar a adequação, adequação e eficácia do assunto para atingir os objetivos estabelecidos. A revisão pode ser aplicada a uma estrutura de gerenciamento de risco, processos de gerenciamento de risco, risco ou controle.
• Relatório de risco: forma de comunicação destinada a informar partes interessadas internas ou externas específicas fornecendo informações sobre o estado atual do risco e sua gestão.
Não podemos deixar de destacar o gerenciamento de riscos intangíveis onde são identificados riscos com probabilidade de 100% de ocorrência e ignorados pela organização, dada incapacidade de sua identificação. Por exemplo, o risco de envolvimento de processo pode ser um problema quando procedimentos operacionais ineficazes são aplicados. Estes riscos reduzem diretamente a produtividade dos trabalhadores, diminuem a relação custo-eficácia, rentabilidade, serviço, qualidade, reputação, valor da marca e qualidade dos ganhos. A gestão de riscos intangíveis permite que o gerenciamento de riscos crie valor imediato a partir da identificação e redução de riscos que reduzam a produtividade (HILLSON; SIMON, 2012).
Princípios e Métodos
Risco é definido como a possibilidade de ocorrência de um evento afetar negativamente a realização de um objetivo. Portanto, o risco em si tem a incerteza, nesse contexto, o Gerenciamento de Riscos auxilia em seu controle e monitoramento.
Cada empresa ou organização busca aplicar métodos e técnicas adequados a sua realidade, levando a diferentes componentes de controle interno e, consequentemente, a diferentes resultados.
De forma geral, as metodologias utilizadas contemplam os seguintes elementos executados em uma ordem semelhante a:
1. Identificar e caracterizar ameaças.
2. Avaliar a vulnerabilidade de ativos críticos à ameaças específicas.
3. Determinar o risco (ou seja, a probabilidade esperada e as consequências de tipos específicos de ataques em ativos específicos).
4. Identificar maneiras de reduzir esses riscos.
5. Priorizar medidas de redução de risco.
Segundo o PMBOK (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE, 2013), o gerenciamento dos riscos aplicado ao projeto inclui os processos de planejamento, identificação, análise, planejamento de respostas e controle de riscos de um projeto, em que:
• Planejar o gerenciamento dos riscos – consiste em definir como conduzir as atividades de gerenciamento dos riscos de um projeto.
• Identificar os riscos – identificação dos riscos que podem afetar o projeto e documentação das suas características.
• Realizar a análise qualitativa dos riscos - priorização de riscos para análise ou ação posterior a partir da avaliação e combinação de sua probabilidade de ocorrência e impacto.
• Realizar a análise quantitativa dos riscos - análise numérica do efeito dos riscos identificados nos objetivos gerais do projeto.
• Planejar as respostas aos riscos - desenvolvimento de opções e ações para aumentar as oportunidades e reduzir as ameaças aos objetivos do projeto.
• Controlar os riscos – implementação de planos de respostas, acompanhamento dos riscos identificados, monitoramento dos riscos residuais, identificação de novos riscos e avaliação da eficácia do processo de gerenciamento durante todo o projeto.
Destaca-se que esses processos interagem entre si e com os de outras áreas, o que exige uma equipe capacitada e multidisciplinar para a execução das atividades relacionadas ao gerenciamento de riscos.
No que diz respeito aos princípios da gestão de riscos, a Organização Internacional de Normalização (2007), do inglês ISO - International Organization for Standardization, identifica os seguintes princípios de gestão de riscos, onde o gerenciamento de risco deve:
• Criar valor - os recursos gastos para mitigar o risco devem ser menores do que a consequência da inação.
• Ser parte integrante dos processos organizacionais.
• Faça parte do processo de tomada de decisão.
• Abordar explicitamente a incerteza e os pressupostos.
• Ser um processo sistemático e estruturado.
• Basear-se na melhor informação disponível.
• Ser customizável.
• Levar em consideração os fatores humanos.
• Seja transparente e inclusivo.
• Ser dinâmico, iterativo e sensível à mudança.
• Ser capaz de melhoria contínua e aprimoramento.
• Ser reavaliado continuamente ou periodicamente.
Segundo a NBR ISO 31000 (ABNT,2009), o sucesso da gestão de riscos depende da eficácia da estrutura de gestão que determina os fundamentos e os arranjos que deverão ser aplicados a toda a organização e em todos os níveis. A estrutura auxilia na gerência eficaz dos riscos por meio da aplicação do processo de gestão em níveis e considerando as especificidades da organização. A estrutura assegura que a informação sobre riscos seja relatada de forma adequada e possa ser utilizada como base nos processos decisórios, sendo clara as responsabilidades em todos os níveis da organização.
A estrutura do gerenciamento de risco é formada pelos seguintes componentes:
1. Mandato e comprometimento.
2. Concepção da estrutura para gerencias riscos.
3. Implementação da gestão de riscos.
4. Monitoramento e análise crítica da estrutura.
5. Melhoria contínua da estrutura.
Na Figura 1 é apresentada a inter-relação e a interatividade dos componentes da estrutura do gerenciamento de risco.
Figura 1 - Relacionamento entre os componentes da estrutura para gerenciar riscos
Fonte: NBR ISO 31000 (ABNT, 2009).
De acordo com a ABNT (2009b, p. 5).
A gestão de riscos pode ser aplicada a toda uma organização, em suas várias áreas e níveis, a qualquer momento, bem como a funções, atividades e projetos específicos. Embora a prática de gestão de riscos tenha sido desenvolvida ao longo do tempo e em muitos setores a fim de atender às necessidades diversas, a adoção de processos consistentes em uma estrutura abrangente pode ajudar a assegurar que o risco seja gerenciado de forma eficaz, eficiente e coerentemente ao longo de uma organização.
Figura 2 – Gerenciamento de risco
Fonte: adaptado de Wikia ([2017], on-line)
Todas as atividades de uma organização envolvem risco. As organizações gerenciam o risco, identificando-o, analisando-o e, em seguida, avaliando se o risco deve ser modificado pelo tratamento do risco, a fim de atender a seus critérios de risco. Ao longo de todo este processo, elas comunicam e consultam as partes interessadas e monitoram e analisam criticamente o risco e os controles que o modificam, a fim de assegurar que nenhum tratamento de risco adicional seja requerido. Esta Norma descreve este processo sistemático e lógico em detalhes.
Fonte: NBR ISO 31000 (ABNT, 2009).
De acordo com o padrão ISO 31000 (ABNT, 2009b) - Gerenciamento de Riscos - Princípios e diretrizes de implementação, aplicado no Brasil nos termos da ABNT 31000 – Gestão de Riscos – Princípios e Diretrizes, o processo de gerenciamento de risco pode ser realizado em várias etapas conforme descrito a seguir:
1. Estabelecimento do contexto:
a. Identificação de risco em um domínio de interesse selecionado.
b. Planejamento o restante do processo.
c. Mapeamento:
• Do escopo social da gestão de riscos;
• Da identidade e os objetivos da partes interessadas;
• Da base sobre a qual os riscos serão avaliados, restrições.
d. Definição de um quadro para a atividade e uma agenda de identificação.
e. Desenvolvimento de uma análise dos riscos envolvidos no processo.
f. Mitigação ou Solução de Riscos usando recursos tecnológicos, humanos e organizacionais disponíveis.
2. Identificação dos riscos potenciais
Os riscos são eventos que, quando desencadeados, causam problemas ou benefícios e por isso, a identificação do risco pode começar com a fonte dos problemas.
• Análise de origem – as fontes de risco podem ser internas ou externas ao sistema, que é o alvo do gerenciamento de riscos. No caso de fontes externas, deve-se usar a mitigação em vez de gerenciamento, pois, por sua própria definição, trata-se de riscos com fatores de tomada de decisão que não podem ser gerenciados, como o clima, as partes interessadas em um projeto, os funcionários de uma empresa.
• Análise de problemas - os riscos estão relacionados a ameaças identificadas e estas podem existir com diferentes entidades de acionistas, clientes ao governo. Quando a fonte ou problema é conhecido, os eventos que uma fonte pode desencadear ou os eventos que podem levar a um problema podem ser investigados.
Para Hopkin (2012), o método escolhido para identificar os riscos depende de fatores como cultura, prática e conformidade da indústria e são formados por modelos ou o desenvolvimento de modelos para identificação de origem, problema ou evento. Os métodos mais comuns de identificação de risco são:
I - Identificação de risco baseada em objetivos. II - dentificação do risco baseada em cenários.
III - Identificação de risco baseada em taxonomia. IV - Verificação de risco comum.
V - Rastreamento de risco.
3. Avaliação de risco
Avaliação dos riscos quanto à sua gravidade de impacto potencial e a probabilidade de ocorrência. A dificuldade fundamental na avaliação de risco é determinar a taxa de ocorrência, uma vez que a informação estatística não está disponível em todos os tipos de incidentes passados, sendo escassa no caso de eventos catastróficos, dada a sua infrequência e para os ativos intangíveis dadas suas características. A avaliação dos riscos deve, portanto, produzir informações para que as decisões de gerenciamento de risco possam ser priorizadas nos objetivos globais da empresa.
4. Tratamento dos riscos
Consiste na seleção de uma ou mais opções para modificar os riscos e a implementação dessas opções que podem fornecer novos controles ou modificar os existentes. Tratar riscos envolve um processo cíclico composto por: avaliação do tratamento de riscos já realizado; decisão se os níveis de risco residual são toleráveis; se não forem toleráveis, a definição e implementação de um novo tratamento para os riscos; e, avaliação da eficácia desse tratamento.
Uma vez que os riscos forem identificados e avaliados, todas as técnicas para gerenciar o risco se enquadram em uma ou mais dessas quatro principais categorias:
• Evitar (eliminar, retirar ou não se envolver).
• Redução (otimizar - mitigar).
• Compartilhamento (transferência - terceirizar ou segurar).
• Retenção (aceita e orçamento).
5. Monitoramento e análise crítica
Devem ser planejados como parte do processo de gestão de riscos e envolver a checagem ou vigilância regulares. Podem ser periódicos ou acontecer em resposta a um fato específico. As responsabilidades relativas ao monitoramento e à análise crítica devem ser claramente definidas e os processos de monitoramento e análise crítica da organização devem contemplar todos os aspectos do processo da gestão de riscos visando:
• A garantia da eficácia e eficiência dos controles.
• A obtenção de informações adicionais para melhorar o processo de avaliação dos riscos.
• A análise dos eventos e outros fatores como forma de aprendizado.
• A detecção de mudanças no contexto externo e interno, incluindo alterações nos critérios de risco e no próprio risco, as quais podem requerer revisão dos tratamentos dos riscos e suas prioridades.
• A identificação dos riscos emergentes.
6. Registros do processo de gestão de riscos
As atividades de gestão de riscos devem ser rastreáveis e os registros não apenas cumprem essa função como também fornecemos fundamentos para a melhoria de metodologias e ferramentas ou ainda, todo o processo.
Os resultados da análise de risco e os planos de gerenciamento devem ser atualizados periodicamente para avaliar se as medidas de controle em vigor ainda são aplicáveis e efetivas e se há possíveis mudanças que possam impactar negativamente na plano de gerenciamento em execução.
• ISO 9001:2015 – Sistema de gestão da Qualidade: Requisitos. Norma internacional que especificas requisitos para implementação e operação de um Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ). Disponível em: <https://files.comunidades.net/lodineimarchini/iso2015_versao_completa.pdf>.
• ISO 14001:2015 – Sistemas da Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para uso. Norma internacional, pertencente à série de normas ISO 14000, que especifica requisitos para implementação e operação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA). Disponível em: <http://www. ciesp.com.br/wp-content/uploads/2015/09/dma-iso-14001-2015-v4. pdf>.
Fonte. os autores.
Este tópico estabelece os requisitos para o gerenciamento dos riscos ocupacionais e medidas de prevenção em Segurança e Saúde no trabalho - SST. Este material se baseia na NR-01 e em casos de operações insalubres ou de alta periculosidade as NR-15 e 16 devem ser analisada.
O gerenciamento de riscos ocupacionais (GRO) consiste em identificar e avaliar os riscos existentes, potenciais e futuros no ambiente de trabalho e seu processo de desenvolvimento envolve:
Execução de um Programa de Gerenciamento de riscos (PGR);
Evitar riscos ocupacionais;
Identificar perigos e possíveis lesões ou agravos à saúde;
Avaliar os riscos ocupacionais indicando o nível de risco;
Classificar os riscos ocupacionais para determinar a necessidade de adoção de medidas de prevenção;
Implementar medidas de prevenção, de acordo com a classificação de risco e na ordem de prioridade pré-estabelecida;
Acompanhar o controle dos riscos ocupacionais;
Entre outras informações sobre os requisitos dessa norma, acesse: NR-01;
Fonte: NR-01 (2023)
Assista ao vídeo sobre PGR - o substituto do PPRA.
A maioria dos acidentes do trabalho ocorre não por falta de legislação, mas devido ao não cumprimento das normas de segurança. (VENDRAME, 2001)
Nova Norma: ISO 45001-DIS
A International Organization for Standardization (ISO) publicará um novo padrão proposto para sistemas de gestão de segurança e saúde no trabalho (SST): ISO 45001- DIS. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o ISO 45001 seguirá a estrutura padrão do sistema gerenciamento, com requisitos que objetivam permitir que uma organização possa fornecer um ambiente de trabalho seguro e saudável, evitando lesões relacionadas ao trabalho e/ou saúde física, com melhoria proativa do desempenho da gestão de saúde e segurança ocupacional.
O padrão ISO 45001 utilizará a mesma estrutura comum, definições e texto básico utilizados para as revisões atuais da norma ISO 14001 e ISO 9001, padrões de sistema de gestão ambiental e de qualidade, que está em consonância com o chamado Anexo SL; que são as regras que regem o desenvolvimento de todos os padrões de gerenciamento ISO. Dessa forma, a estrutura do padrão terá a seguinte composição:
1. Escopo.
2. Referências normativas.
3. Termos e definições.
4. Contexto da organização.
5. Liderança.
6. Planejamento.
7. Apoio, suporte.
8. Operação.
9. Avaliação de desempenho.
10. Melhoria.
Diferenças ISO 9001:2015 - ISO 14001:2015 - ISO 45001:DIS
Todos os padrões para sistemas de gerenciamento seguirão a estrutura anteriormente mencionada e também nesta ordem e com estas palavras, no entanto, dentro dessas cláusulas, distinguem-se subcláusulas que diferem por assunto, como “qualidade” ou “ambiente”. Por meio de subcláusulas adicionais ou palavras-chave modificadas, o padrão é específico para este tópico (ISO, 2018).
Para mostrar como isso funciona, no quadro 1 é apresentada uma comparação entre os padrões ISO 9001:2015, 14001:2015 e 45001:DIS, onde as adições ou os termos modificados estão marcados em vermelho (ISO, 2018)
Quadro 1 – Comparação entre os padrões ISO 9001:2015, 14001:2015 e 45001:DIS
Fonte: ISO (2018, tradução nossa).
Uma vez que o ISO 45001 tenha sido aceito como padrão oficial, a certificação OHSAS 18001 será retirada e as organizações com a certificação mais antiga terão que fazer uma aplicação separada para obter uma certificação para ISO 45001, ILO-OSH, ou para outros padrões aceitos após o vencimento de sua certificação existente.
A decisão de uma organização de adotar um determinado padrão geralmente se baseia, por exemplo, em sua própria política, nos requisitos do cliente, etc. Em alguns países, os esquemas de certificação aplicados à OHSAS 18001 podem ser adaptados ao ISO 45001.
Analisar os riscos significa compreender como funcionam e ter informações para antecipar os eventos e evitar, minimizar ou mitigar suas consequências. Para tanto existem diferentes técnicas que são escolhidas individualmente ou combinadas, e aplicadas de forma a atender às necessidades de cada organização ou empresa.
As técnicas ou metodologias possuem características específicas, pontos fortes e fracos, algumas avaliam as causas e outras as consequências, constituindo análises qualitativa ou quantitativa ou ainda uma combinação das duas.
Além das técnicas e métodos de análise, é necessário o uso de ferramentas de gestão para a compreensão e análise dos dados a serem utilizados no processo decisório. O Ciclo PDCA, círculo/ciclo de Deming ou ciclo de Shewart, é uma metodologia de gestão em quatro passos, criada por Walter Andrew Shewart nos anos de 1920 e é a ferramenta mais utilizada em diferentes níveis e funções da organização, como também é facilmente adaptada a diferentes situações, podendo ser utilizada até para a gestão da sua vida pessoal.
Ciclo PDCA
A ferramenta Ciclo PDCA tem por objetivo a melhoria do nível de gestão por meio do controle de processos e atividades, implementando uma padronização nas informações e reduzindo as possibilidades de erros nos processos decisórios. E ainda, a melhoria contínua dos processos ou das etapas de um processo, tendo relação direta com os fundamentos da cultura japonesa referente à melhoria contínua, a Filosofia Kaizen, que busca identificar as causas e implementar as soluções para os problemas. O processo consiste em atividades planejadas, que se repetem e não têm um fim pré-determinado.
PDCA é a sigla (em inglês) para as etapas da metodologia:
P: do verbo“Plan”, ou planejar (metas, objetivos, métodos, procedimentos e padrões), ou seja, estabelecer um plano.
D: do verbo “Do”, fazer ou executar (as tarefas planejadas), colocar o planejamento em prática.
C: do verbo “Check”, checar, analisar ou verificar (os resultados das tarefas executadas), ou seja, comparar os resultados da prática com o planejado.
A: do verbo “Action”, agir de forma a corrigir eventuais erros ou falhas, ou implementar ações para adequação das diferenças do planejamento inicial.
A figura 3 traz a representação o ciclo PDCA com cada uma de suas fases especificadas.
Figura 3 - Ciclo PDCA
Fonte: Portal Administração (2017, on-line)³.
O Ciclo PDCA Aplicado à SST
Ao aplicar o ciclo PDCA em segurança e saúde do trabalho, você perceberá que o ciclo não será diferente, uma vez que segurança constitui-se de uma série de ações com o objetivo de prevenir e evitar acidentes no ambiente de trabalho. O ciclo PDCA na segurança do trabalho é o norte para a preservação da vida.
P = Plan / Planejamento
O planejamento consiste no estabelecimento de um plano com base nas diretrizes da empresa, contemplando os objetivos, os caminhos e os métodos a serem seguidos; identificação e correção dos problemas encontrados, por meio de uma ação corretiva eficiente. Nessa primeira etapa deve constar a descrição do(s) problema(s), as questões que deverão ser respondidas, as previsões de respostas às questões e o desenvolvimento de um plano de ação.
O ponto de partida deve ser o mapeamento das atividades e pontos de risco à SST, a partir da identificação dos problemas, das prioridades de ação, medidas de proteção utilizadas, fontes de informação e divulgação, criação de programas de prevenção, metas e prazos para implementação das medidas.
D = Do / Executar
Nessa etapa o planejamento deve ser colocado em prática, ou seja, é a execução do plano de ação de acordo com o plano pré-estabelecido, sendo que quaisquer alterações necessárias no plano devem ser anotadas e avaliadas na próxima fase, juntamente com as outras informações e observações coletadas no processo. Devem estar claras as respostas às perguntas:
• O que fazer? – executar as ações planejadas.
• Quem vai fazer? – pessoa ou equipe que executará a ação.
• Onde? – local de execução da ação.
• Quando? – respeitar os prazos estabelecidos.
• Por quê? – os executores devem conhecer as razões da execução do processo.
• Como? – respeitar aos critérios de execução estabelecidos.
• Quanto? – referência à execução dentro dos custos planejados.
O responsável pela execução do plano de ação deve seguir à risca o que foi proposto na primeira etapa, assim evitará que imprevistos e erros aumentem a estatística negativa do processo.
Implantação de equipamentos de segurança, placas de sinalização, folhetos informativos, procedimentos e programas, cursos de formação para novos funcionários ou para operação de novos equipamentos, por exemplo, atendem ao plano previsto para aumento da SST, assim como o estabelecimento de advertências e punições aos que não cumprirem as regras, evitando a ocorrência de eventos não desejados.
C = Check / Verificar
A verificação da etapa de execução consiste na identificação de diferenças entre executado e planejado, e comparação com as previsões feitas no planejamento no intuito de avaliar se os objetivos propostos foram alcançados ou não.
No caso de SST, a comparação do executado com o planejado pode ser realizada pela identificação no número de acidentes ocorridos no período de execução do plano de ação ou pela ausência deles e pela observação do cumprimento das etapas e dos objetivos.
A = Act / Ação
Nessa etapa são realizadas as ações para correção das falhas encontradas no processo ou capazes de prevenir as causas dos problemas para que não possam acontecer novamente.
A identificação de objetivos não cumpridos dentro das metas estabelecidas indica que a correção dever ser realizada e o Ciclo PDCA reiniciado. É assim que se renova o projeto e podem ser estabelecidos programas de prevenção de acidentes, procedimentos de segurança, alteração de arranjo físico, substituição de profissionais, implantação de novas tecnologias, exclusão de fatores que incorrem para o erro, entre outros.
É nessa etapa que o ciclo se reinicia sendo caracterizado pelo processo de melhoria contínua. Ela envolve a busca de soluções para eliminação dos problemas e a escolha da que seja mais efetiva, além do desenvolvimento dessa execução.
O ciclo deve ser repetido, passando pelas quatro etapas até que um plano de ação efetivo e consistente seja implementado para alcançar os objetivos esperados.
Ao utilizar o ciclo PDCA você não deve:
1. Fazer sem planejamento.
2. Parar após uma volta.
3. Executar e não verificar.
4. Não implementar ações corretivas.
5. Não pessoas qualificadas para execução.
6. Não dominar os métodos.
As mudanças implementadas pelo Ciclo PDCA podem ser reversíveis: podem retornar ao estágio inicial sem afetar o sistema ou processo; ou, irreversíveis: aquelas que não poderão ser desfeitas.
Outro fator de extrema importância é o fato de que o profissional responsável pela elaboração e execução do Ciclo PDCA tenha conhecimento da metodologia e da organização ou empresa na qual será aplicada.
A cada volta acontece um progresso e desta maneira nunca se voltará ao mesmo ponto nas mesmas condições.
Gerenciar a saúde e a segurança raramente pode ser alcançado por intervenções pontuais sendo necessária uma abordagem sustentada e sistemática e isso nem sempre exige uma gestão formal de saúde e segurança. As diferentes metodologias utilizadas contém as etapas: Planejar, Fazer, Verificar e Agir. O Ciclo PDCA ajuda a alcançar um equilíbrio entre os sistemas e aspectos comportamentais da gestão. Também trata de saúde e segurança gestão como parte integrante da boa gestão em geral, em vez de como um sistema autônomo.
As descrições de alto nível podem variar, dependendo da organização, processo, ou setor analisado, sendo que o plano deve ser adequado a cada situação.