Vivemos em tempos de urgência e ruído, perturbação e perplexidade. Sinceramente, nunca acreditei que veria tempos assim, de polarizações, guerras e crendices, coisas que eu considerava como arcaicas e ultrapassadas. O valor do conhecimento é frequentemente ofuscado pela facilidade das opiniões. É nesse cenário que a universidade surge como espaço de silêncio fecundo, reflexão crítica e transformação profunda.
Vocês são diamantes brutos — cada um com brilho latente, força estrutural imensa e singularidade inegociável. Mas o diamante só revela sua verdadeira beleza depois da lapidação. Esse processo, que exige corte, polimento e paciência, não é tarefa do professor. A ferramenta, por mais precisa e sofisticada, não substitui o trabalho do artesão.
O verdadeiro lapidador é o aluno.
É você quem decide até onde deseja ir. O professor é apenas instrumento, facilitador, provocador — jamais substituto da sua vontade. Ferramentas duras e afiadas, por vezes, podem ferir. Mas sem elas, nenhum brilho emerge.
Não se engane: exigência não é opressão. Altos padrões não são elitismo, são um voto de confiança na sua capacidade. Um professor exigente não é necessariamente inacessível. A verdadeira inacessibilidade está na falta de empenho, na renúncia à curiosidade, no medo da transformação.
Na jornada acadêmica e na vida, só há dois caminhos: ou tudo é aprendizado, ou nada serve para coisa alguma. Cada obstáculo, cada crítica, cada dificuldade é uma oportunidade de lapidar-se mais. Com ética, com coragem, com verdade.
Aos que acreditam que "não entender nada" é justificativa suficiente, lembro: nunca houve tanto acesso à informação. O que falta, muitas vezes, é humildade para reconhecer que o conhecimento exige esforço, constância e renúncia — e que copiar não é aprender.
Empoderar-se não é confrontar por confrontar. É discordar com respeito, defender ideias com base, transformar o incômodo em proposta. Petulância é ruído; empoderamento é construção.
A zona de conforto é um lugar adorável — mas nada cresce lá. E você veio até aqui para crescer.
Lembre-se: estar na universidade pública de excelência é um privilégio raro, fruto de muitas batalhas coletivas. Com ele, vem uma responsabilidade: contribuir, por menor que seja, para que o mundo seja melhor depois da sua passagem por ele. No fim das contas, a lapidação é dolorosa — mas o brilho vale a pena.
Força e coragem. O mundo — mais do que nunca — precisa da sua luz.