O IX Encontro de Educação Musical da Unicamp, organizado por alunos e docentes do curso de licenciatura em Música, acontecerá no Instituto de Artes de 18 a 20 de abril de 2016 com a temática “Educação musical e tradições populares no Brasil”.  Esta temática surge a partir de alguns questionamentos desde a tentativa de definir melhor o título do evento: são tradições populares no Brasil ou do Brasil?E o que são tradições populares?

Entendemos que as tradições populares, como a música, a arte em geral, a comida, os folguedos, as vestimentas e as comemorações, que são vivenciadas e transmitidas no Brasilde geração em geração,constituem a diversidade que nos caracteriza e envolvem possibilidades mais abrangentes do que se nos referirmos apenas às tradições populares do Brasil. Nosso país tem um vasto território, cheio de contrastes geográficos e culturais que criam uma imensa riqueza cultural. Porém, o que podemos chamar de “genuinamente brasileiro”? A cultura nordestina, gaúcha, capixaba, paulista, mineira, carioca, amazonense, outras mais ou a somatória de todas elas? E quais as raízes das nossas tradições: indígenas, portuguesas, advindas dos diversos povos africanos, dos holandeses, italianos, alemães, japoneses? Tivemos a vinda de imigrantes de diversas partes  do planeta ao longo de nossa história,que continua no séculoatual: peruanos, bolivianos, colombianos,coreanos, haitianos e outros grupos que o Brasil tem acolhido.

Dentro desse contexto amplamente multicultural, como será que o educador musical tem trabalhado com todos os recursos que a cultura popular brasileira oferece? Será possível trabalhar com brincadeiras, cantigas e jogos que talvez estejam anacrônicos para o contexto atual? Acreditamos que sim, é importante trabalhar com elementos da cultura brasileira, mas pensamos que é essencial contextualizá-los. E questionamos o que priorizar em uma cultura dinâmica, que está em constante e veloz modificação, sendo amplamente influenciada por veículos de comunicação de massa e recursos tecnológicos.

Dá para ensinar cantigas de roda cujas letras contêm ideias tão diferentes das nossas situações cotidianas e até mesmo de ideias atualmente aceitas?Mas o que dizer de propostas que substituem, por exemplo, a letra da música “Atirei o pau no gato” por uma nova versão “Não atire o pau no gato”, para trabalhar conceitos mais coerentes com a atualidade?

E o que dizer de propostas que trabalham com vivências bastante distantes da música transmitida nas rádios e demais veículos de comunicação? Como trazer significadoao ensino do maracatú, por exemplo, em uma escola urbana, onde os alunos desconhecem o contexto da origem ou mesmo o significado mais amplo dessa manifestação popular? 

O que observamos é que os próprios educadores musicais que estão sendo formados nos cursos de licenciatura hoje desconhecem a riqueza que nossa tradições populares brasileiras oferecem para o trabalho de formação musical.