Exposição

O urânio está presente nos alimentos, na água e no ar, porque é um componente natural do solo. As concentrações ambientais são função da sua distribuição diferencial em minerais e a sua redistribuição por processos naturais (vento, dissolução, erosão hídrica, precipitação, acção vulcânica) e actividades humanas (exploração mineira de qualquer metal pesado, processamento de minério de urânio para aplicações energéticas e militares, processamento de minério de fosfato em ácido fosfórico e de fertilizantes, queima de carvão). A exposição humana é normalmente mais elevada através dos alimentos e da água (quantidades semelhantes) e os mais baixa no ar ambiental.

Exposição Ambiental

Alimentos e Ingestão Diária

A maior parte do urânio nos alimentos é considerado como sendo um resíduo, pois a maioria das plantas e dos animais não bioconcentram urânio. Esta opinião é apoiada pela observação de que as concentrações de urânio diminuem em níveis tróficos superiores. A quantidade diária de urânio ingerida através dos alimentos foi estimada em 0,02-0,04Bq/dia (0,9-1,5 mg/dia) tendo como base estudos extensivos sobre alimentação. As maiores concentrações foram encontradas em vieiras (690-1046ng/g), rim de bovino (70 ng/g), cebola (69 ng/g), salsa (60 ng/g), sal (40 ng/g) e carne bovina (26 ng/g). Existem grandes diferenças entre os valores relatados quando associados a medidas correctas de preparação de alimentos (limpeza e remoção de superfícies vegetais exteriores). Essas etapas de lavagem reduzem resíduos superficiais de urânio, reduzindo assim a quantidade de urânio ingerida.

Água

A ingestão de urânio presente na água e a sua dose de radiação é muito semelhante ao constatado nos alimento, no entanto depende muito da fonte. As concentrações de urânio tendem a ser menores na superfície do que em águas subterrâneas, observando-se que as águas superficiais raramente excedem o limite da EPA de 30mg/L, enquanto que as águas subterrâneas possuem concentrações potencialmente maiores e com duração mais longa. O urânio difunde-se nas águas superficiais e subterrâneas, principalmente, através da dissolução e da natural erosão de rochas e solo. Os factores que controlam a mobilidade para a água são a concentração de urânio no solo, potencial de oxidação-redução, pH, características dos agentes complexante e natureza das matérias absorventes.

Solo

O urânio está presente na maioria das rochas e do solo como um mineral comum. A fracção de massa média é de aproximadamente 2×10-6 (0,05 Bq/g). As concentrações não são uniformemente distribuídas, tendendo a ser mais baixas em rochas básicas (basalto, por exemplo) e maior em rochas ácidas e granito. Áreas adequadas para a exploração mineira de urânio e prata, podem exceder os valores atrás referenciados.

Ar

O urânio presente no ar pode ter várias origens, entre as quais, a ressuspensão de partículas contendo urânio, presentes em solos com abundância deste. Por outro lado, acidentes em centrais nucleares, assim como, as detonações nucleares, também contribuem para este fenómeno.

Exposição no Meio de Trabalho

A exposição ocupacional ao urânio envolve, principalmente, a inalação de misturas de compostos de urânio com solubilidade em água variando entre <1 mgU/L (para os óxidos) para >300.000mgU/L (para o nitrato de uranilo). O tamanho das partículas é uma característica chave para a retenção pulmonar. Os trabalhadores mais expostos são tipicamente os que estão envolvidos na extracção e processamento do ciclo do combustível de urânio ou na produção de armas com o mesmo. As concentrações de urânio no ambiente de trabalho são reguladas para evitar sobre-exposição. Outros grupos com exposições relativamente desregulamentadas e um elevado perigo, são os indivíduos envolvidos na produção ou utilização de fertilizantes fosfatados ou na produção de vidro ou cerâmica vitrificada. (Nordberg, GF et al, 2007)